Miguel Duclós

Respostas no Fórum

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  • Olá CarinaJá deste uma olhada no ebook do Manuel Morente? Ele fala bastante de KantVeja no capítulo XVIIhttp://www.consciencia.org/fundamentosfilosofiamorente17.shtmlO ítem 129 - "A Tarefa de Kant" :smile_mini2:

    em resposta a: é a verdade objeto da ciência? #73923

    Ora, o “perdura no tempo e pode ser medido” é, ao meu ver, justamente o que disse: a repetição dos fenômenos. Numa perspectiva idealista, se você considerar que o mundo se forma para o sujeito a cada vês, é necessário que o fenômeno ocorra de forma regular, ou seja, “perdure”, para que possa ser medido de acordo com os experimentos científicos. O fenômeno em filosofia não é algo raro e surpreendente, falo do conceito filosófico, não no sentido do senso comum.Isso nas ciências naturais, como a física, que mesmo assim pode ter um extrato inteligível, com episódios idealizados para melhor trabalhar com as leis. Na matemática acontece uma questão interessante. A geometria tem uma de suas origens no espaço físico, ou no mundo sensível, a gaia-metria, ou seja, a medição da terra durante as cheias do Rio Nilo. O rio enchia e precisam medir para dividir a terra fértil.Porém o desenvolvimento da matemática vai indo em direção à abstração. No modelo de exposiçao geométrico o que cumpre é a relação de Idéias. Esse é um dos pontos chaves do argumento do empirista Hume no "Essay", quer dizer, a soma dos ângulos de um triângulo é igual à soma de dois retos, mesmo se não haja nenhum triângulo no mundo, porque é assim por definição, pela relação de idéias.Isso dá uma noção do que se tem tido sobre o conceito de verdade, as verdades são referentes e relativas à sistemas conceituais, válidas dentro de certos postulados e relações de enunciados, ou, no caso de certas abordagens perceptivas da realidades, mas não se pode tomar essa verdade nunca como algo 'absoluto'. No caso, essa preocupação extrapolaria o papel da ciência, e isso tem se mostrado um erro: a crença ou otimismo exagerado no poder da razão de conhecer e dos sentidos de perceber, renegando a sua circularidade e limitação, e colocando-se como única válida dentro do discurso sobre o conhecimento.

    em resposta a: é a verdade objeto da ciência? #73918

    “para a ciência é considerado realidade todo o que pode ser captado por nossos sentidos,”Este é um dos pontos-chave da questão. As ciências naturais, que formaram um modelo invejável e bem-sucedido, ocupam-se de fenômenos, e não do ser mesmo das coisas. Retomando a distinção entre fenômeno e coisa em si: fenômeno são as coisas tais quais aparecem ao sujeito, e não as coisas tais quais elas são em si mesmo.A ciência precisa da repetição de fenômenos para extrair suas leis e conceitos. O problema é que isso se contrapõe aos objetos clássicos da metafísica, que estuda o ser. Para a metafísica, o ser não é sensível, mas inteligível, e você conhece verdades de mundo-auto consistentes através do pensamento.Contra o ataque à metafísica, os fenomenólogos e existencialistas focaram justamente no fenômeno, ou seja, no que toca o raio de atenção subjetivo, pretendendo eliminar as discotomias entre ser X aparecer e essência X aparência pela raiz, através da redução fenomenólogica. Mas foi isso que causou uma crise no conceito de verdade, abrindo a brecha para o fortalecimento no relativismo e a reflexão sobre a linguagem.

    em resposta a: Críticas e sugestões, fase atual do fórum #86283

    Os stats do fórum tem mostrado que o movimento aumentou, o mês de fevereiro mostrou uma evolução no número de mensagens e registros em relação ao mês anterior. A maioria dos visitantes são “para-quedistas” vindo através das buscas google. Muitos, porém, fazem o registro mas não mandam mensagens, ou mandam uma ou duas mensagens e somem. De qualquer forma, os stats mostram o fórum vivo e ativo, uma das principais “seções” do Consciencia.org

    em resposta a: Críticas e sugestões, fase atual do fórum #86282

    Bom, aumentei a estrutura de categorias, colocando mais chamadas na Página Principal. Se a coisa vai vingar, só o tempo dirá! Creio também que temos vários tópicos que podem ser movidos para as novas categorias principais, terei de ver isso com mais calma.

    em resposta a: é a verdade objeto da ciência? #73920

    Olá Philipon.Os julgamentos não são via de regra subjetivos? Uma das principais atividades da razão é justamente julgar, a não ser que você admite um julgamento religioso, divino. A fé na verdade revelada é uma das bases do não-relativismo da verdade. Com a separação das esferas de valor, e a ciência usando seus métodos próprios, ficou difícil defender este não-relativismo. O Papa JPII bate contra isto justamente em sua última encíclica.Por outro lado se você admite uma realidade, está adotando talvez uma postura realista, ou seja, de que nosso aparato cognitivo, sensível, intelectual etc é perfeitamente para conhecer uma "realidade" objetiva.Quanto ao cogito do Descartes, é uma lembrança pertinente, este problema proposto no tópico motiva profundamente o projeto cartesiano, mas é pano para manga...

    em resposta a: Críticas e sugestões, fase atual do fórum #86281

    Ehr.. bem, como primeira medida ampla e enérgica sobre as sugestões de mudanças propostas, anuncio que coloquei mais “smileys” e emoticons no Fórum. O Fórum não é chat, obviamente, porém o uso desses ícones é padrão nos softs, e os antigos eram meio feios. Um pequeno ícone de vez em quando pode trazer mais ênfase em mostrar as latentes emoções do debatedor, como no caso abaixo: :) ;) :D ;D >:( :( :o 8) ??? ::) :P :-[ :-X :- :-* :'( :smile_mini2: :vava_mini: :sorry_mini: :rolleyes_mini: :laugh_mini2: :scratch_one-s_head_mini: :bo_mini: :dirol_mini: :lol_mini2: :rofl_mini: :secret_mini: :yahoo_mini: :dance_mini: :unsure_mini: :music_mini: :biggrin_mini2: :lol_mini: :cray_mini2: :fool_mini2: :wacko_mini: :shout_mini: :drink2_mini: :happy_mini: :fool_mini2: :nea_mini: :blush_mini: :happy_mini: :mamba_mini: :mad_mini: :sad_mini: :biggrin_mini: :rose_mini: :blum_mini: :chok_mini: :sad_mini2: :pardon_mini: :drink_mini: :diablo_mini: :unknw_mini: :wacko_mini2: :good_mini: :aggressive_mini: :mocking_mini: :cray_mini: :smile_mini: :laugh_mini: :crazy_mini: :man_in_love_mini: :bye_mini: :clapping_mini: :fool_mini: :beee_mini: :bomb_mini: :music_mini2: :kiss_mini: =8)enjoy!Abs

    em resposta a: Críticas e sugestões, fase atual do fórum #86285

    Olá Brasil, pelo que você fala, essas “ofensas” estão longe de serem pessoais, são apenas reproduções de estereotipos e preconceitos, lugares-comuns, até porque um não conhece o outro, então é muito nervosismo para algo que não deveria atingi-lo. Mas como você mesmo disse, quando a coisa entra nesse nível, vira um loop em que não se para, pois cada um quer dar a “última palavra”. Mas, ei, sobre as questões iniciais que fiz no tópico, algum comentário?Abs

    em resposta a: Iniciando no estudo de Filosofia #86133

    Essa última era para o outro tópico né? Não estou conseguindo mover aqui, vou ver o que dá para fazer. Boa noite.

    em resposta a: Iniciando no estudo de Filosofia #86132

    “Considero ideologia uma forma de estruturação do pensamento que tende a distorcer os fatos com propósitos políticos. Nesse sentido, é negativa, contudo, não a associo a um grupo social em específico, uma vez que há uma profusão de ideologias, nos mais diferentes segmentos da sociedade.”A sua definição então não difere muito da que conheço, que você chamou de frankfurtiana. A sua observação dela não pertencer mais a um grupo é interessante, só que pergunto o seguinte: você parece identificar uma transposição do poder. Tudo bem, mas será que  coisas como "concentração de renda" mudaram alguma coisa? Me parece que não. O tal aumento da classe média foi na verdade um rebaixamento dessa a um grau de pobreza com um pouco mais de poder de compra. As grandes fortunas permanecem, e os que chegam lá já enriquecem por algumas gerações. Novos figurinos não chegam a engrossar o caldo percentual dos afortunados, ao passo que o caldo dos excluídos cresce no mesmo grau de sua alienação e aculturação. Você fala em uso político da ideologia, mas a política não tem mais oposição, não é? Eles mesmos admitem isso, tanto que o descrédito da política é alto: "são todos farinha do mesmo saco", e votar parece inútil. No Brasil temos umas eleições de araque, nas últimas polarizadas por um falso antagonismo entre PT e PSDB, que ambos cumprem a mesma "agenda econômica" e um não desfez as mudanças do outro. Alckmin dizia ao Lula, "você usou o mesmo remédio do PSDB, só que exagerou na dose". Sarney, presidente da ditadura civil, é presidente do Senado, e tudo é feito em nome de jogos de interesses partidários que atendem apenas a graus particulares, ou seja, a sigla não significa mais coisa nenhuma.Sobra a imprensa, não sei se vejo assim. Meu pai também é jornalista, e olha, dá para perceber bem quando um viés é incensado e outro excluído. Seria melhor ver alguns casos específicos. A relação de nomes e produtores da grande mídia é pequena, e quando ela quer impor sua opinião em monobloco, é algo avassalador que afeta a todos nacionalmente, e não há voz dissonante na imprensa. No caso do trabalhismo brasileiro, por exemplo, é assim, é desconstruído e desmerecido, desmontado há muitas décadas.Abraços

    em resposta a: Estabilidade no serviço público #86249

    Liguei as privatizações ao neoliberalismo, e não diretamente à “crise americana”, que se tornou global. As privatizações representaram interesses dos grandes conglomerados empresarias do mundo, já que as nações, o nacionalismo, os estados, mostraram-se já empecilhos ultrapassados, desnecessários para a grande exploração global.A privataria é algo velho que já discuti em outros tópicos. Esta postura que você adota é tão falsa quanto típica. Primeiro que não foram vendidas a preço justo, mas sim a preço de banana, irrisório, e aliás, com leilões de cartas marcadas, isso quando o BNDES quem não financia o dinheiro para eles comprarem estatais. Os lucros exorbitantes de tais estatais já privatizadas mostram isso, lucram em um trimestre muito mais do que o que pagaram. Foi apropriação simples de estruturas montadas com dinheiro de impostos durante dezenas de anos, e feitas com muito esforço do povo.Isso sem falar na entrega estratégica. O caso da vale por exemplo, é emblemático, já que se trata de riqueza do solo brasileiro, que a rigor só poderia pertencer ao povo, representado pelo Estado. Vale era lucrativa assim como a petrobrás que na prática  é privatizada também é. Serem um peso para o Estado não é um bom argumento, ainda mais que a carga não diminuiu e os serviços publicos não aumentaram.Se não fosse uma grande mamata, com mercado fixo e lucros exorbitantes não iam querem comprar. Mas é claro que é, e isso não compensa o que "retorna em impostos" nem em "empregos". Empregos são os de operador de telemarketing, com salário mínimo. A telefonica trouxe até o corpo executivo da espanha. Põe um testa de ferro brasileiro na diretoria e tá-se feito. Mas algo que ninguém mexe é a remessa de lucros pro exterior. A riqueza gerada para o Brasil é certamente menor do que esta, certamente.Atacar privatização não é tomar nenhuma postura radical, tampouco há confusão. Isso já é uma postura meio soberba que é usada para desqualificar o adversário.Você pode focar a resposta, por exemplo, no que você está trazendo para o debate: o motivo da tal "crise financeira". Como se caracteriza essa "desregulamentação"?É interessante que o discurso se renova mesmo quando os fatos explodem, existe sempre uma maneira de redizer o já dito com base em fórmulas supostamente sofisticadas de pensamento, visto como necessários, forçosos e naturais, ao passo que o interlocutor é sempre um burro desinformado, teórico da conspiração etc. É o caso típico aliás do Gianotti, denunciado pela Marilena, no caso dos debates econômicos. O economês da equipe universitária neoliberal pretendia-se tão engomado e sofisticado, que qualquer crítica já estava descartada a priori, por ser desconhecimento dos fatos, postura retrógrada etc.

    em resposta a: Iniciando no estudo de Filosofia #86138

    Ariadne, interessante a mensagem, mas não cheguei a entender se você aceita uma outra conceituação de ideologia que não seja “negativa”. Agora, sobre a "sociedade de informação" não sei se posso concordar. A explosão de acesso à informação não foi acompanhada pela diversificação de pensamento. Na verdade, com toda essa diversidade, a estrutura e as idéias se repetem monotamente, simplesmente porque o estudo sério, a dedicação etc. levam tempo, e o raio do foco da atenção tem ficado mínimo, ou seja, é tanta informação que as coisas são vistas rapidamente, para em seguida passar a outra explosãozinha aqui e ali, e fica tudo na superficialidade. O debate crítico não é mais praticado, e posturas são transformadas em imposturas e reproduzidas segundo o estrategema de quem realmente detem o poder. Um bom exemplo seriam as campanhas publicitárias como as do banco itaú, que põe cartazes dizendo "feito para os baladeiros", feito para os "rappers", para os "boys" etc. Todos servem ao grande capital. E a camiseta do che guevara, os ícones da contra-cultura, são apropriados pelo inventário que buscavam criticar, transformados em opções de consumo e lazer. Posicionamentos autênticos são "estilos", mas vá questionar algo realmente, vai ser diferente realmente, para ver o que acontece!? Simples: exclusão.Além disso tivemos um desmonte feroz da educação, da formação com base no humanismo clássico, nas sólidas bases e alicerces do pensamento, para uma educação voltada para uma babel degenerada de uma sociedade de consumo egoísta e competetiva, ou seja, para suprir vagas de "mercado" onde as carnes disponíveis tem que entrar na máquina de moer e gerar lucro dos detentores do poder, com profissões relevantes como "designer de unhas" e "passeador de cachorro" etc.Veja no jornalismo. A grande mídia é controlada por poucos grupos, isso globalmente. O noticiário é totalmente ideológico, tanto no foco da notícia quanto no tratamento. O talento é sufocado para dar lugar a engomadinhos adequados e a-críticos.Quanto ao "proletariado" fazer isso, penso que você tem razão. É como eu já disse, a pessoa é de oposição enquanto está sem a fatia do bolo, quando consegue, quer manter, excluindo outros. O bom é mandar, viajar, ter serviços etc. Acho que o PT foi um bom exemplo disso. A pessoa se "nobiliza" pela ascenção ao poder. O povão aliás é conservador em maioria, admira e quer ser da elite.Abs

    em resposta a: Estabilidade no serviço público #86253

    Ariadne, antes da chamada “crise”, houve mais de uma década do chamado “neoliberalismo” que dizia que o negócio era apequenar o Estado, que o Estado é oneroso, isso e aquilo, que o negócio é a liberdade de mercado. As mudanças estruturais do FHC, a privataria, que entregou o lucro dos os serviços públicos ao lucro de máfias internacionais, foi feito tomando como base esse discurso, via equipe de economia da PUC-RIO, doutrinada nos EUA.A Crise financeira de 1929 de nova iorque aconteceu por causa do liberalismo clássico, que levou ao "crack" da bolsa. Para corrigir o erro, foi criado o keynesianismo, que defendia o intervencionismo do Estado na Economia. Décadas mais tarde, a situação se repetiu, os neoliberais e piratas financeiros levaram à crisa internacional, e medidas intervencionistas do estado foram adotadas sem grandes delongas pelos grandes "países capitalistas" como EUA e UK; chegaram mesmo a escrever que os eua por isso são o maior país socialistas do mundo. Nada onera tanto a produção real quanto a especulação feita em cima dela, através do jogo da bolsa etc. Outra coisa é a ilusão romântica de um capitalismo primevo e clássico, defensor da livre iniciativa: Ou seja, o sujeito poderia deixar de ser empregado e abrir seu próprio negócio. Dizem que hoje não conseguem por causa da forte carga tributária, mas a verdade é que os grandes conglomerados do "mercado", no qual circula o grosso do dinheiro, são intocáveis: ninguém pode concorrer com eles. Como você pode concorrer com a coca-cola? Com o "leão de judá cola"? Como você pode abrir uma empresa de tele? Só dá monopólios que tem carteira de clientes fixas e compulsivas, lucro garantindo e portanto fazem o que bem entendem, ainda mais que o Estado é dominado e serve ao interesses dessas elites, que financiam campanhas etc (basta ver o lucro dos bancos). Estes monopólios não admitem verdadeira concorrências e são tão pesados quanto qualquer poder estatal.Artigos sobre a "crise":http://outubro.blogspot.com/2008/09/crise-de-vergonha.htmlhttp://outubro.blogspot.com/2008/04/ditadura-global-provoca-fome.htmlAbs

    em resposta a: Iniciando no estudo de Filosofia #86136

    Outro ponto interessante é que Marx é usado mesmo por quem o critica. Por exemplo, todo o vocabulário é incorporado para defender o que Marx quer atacar. Ou seja, supor a existência do “capitalismo” é ser marxista, mesmo que indiretamente. Há quem diga inclusive que Marx apenas apelidou a realidade incurável de “capitalismo”. Discordâncias apaixonadas e históricas a parte não podem tirar de Marx seu lugar solar no campo do pensamento, tanto mais que algumas das mentes mais dedicadas e brilhantes do século XX escreveram sob sua influência direta, para o bem ou para o mal…

    em resposta a: Iniciando no estudo de Filosofia #86135

    “Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo diferentemente, cabe transformá-lo”Esta frase de Marx é escrita no texto A Ideologia Alemã, como vocês sabem. O que Marx está criticando é justamente o idealismo alemão. A Alemanha na época era muito mais atrasada e provinciana que a França. Na França ocorreu a Revolução Francesa, e o Marx, com o materialismo dialético, critica os idealistas alemães por julgarem que sua revolução no campo do pensamento era mais importante do que a revolução francesa. Sobre isso tem outra frase emblemática "não é a consciência que determina a existência, mas a existência que determina a consciência". Ou seja, a revolução copernicana, que muda o foco da abordagem da realidade para o sujeito, e que chegou ao auge com Fichte, teria sido muito pretensiosa por considerar-se mais importante que as mudanças factuais da sociedade que os franceses haviam chegado.Na História da Filosofia, são apontados algums momentos em que a filosofia emerge do seu "castelo de cristal" do pensamento e passa a dialogar vivamente com a sociedade, o ensino exotérico de retórica no Liceu  é um deles, o marxismo é outro. Sartre afirmou que o "marxismo é a filosofia insuperável de nosso tempo" justamente porque as circunstâncias que o geraram ainda não foram superadas. Isso levou à criação da figura do "intelectual engajado", aquele que sai da esfera de diálogo interno com outros filósofos especializados e dá sentido isso a partir de um debate amplo e popular com a sociedade. Chegou a aceitar certas deturpações da doutrina existencialista quando esta virou "moda", justamente para que pudesse se efetivar na realidade. Isso é explicado no resumo que ele fez "O Existencialismo é um humanismo".A questão que gerou a filosofia de Marx é a exploração do trabalho e a desigualdade social. Claro que Marx tinha uma proposta para isso, porém a bombástica frase para o papel dos filósofos toca em todos estes problemas, que geram a dicotomia entre teoria e a práxis marxista. Sem praxis, a filosofia fica sem sentido.Apesar de ter defendido que o desenvolvimento do capitalismo fatalmente levaria ao socialismo, Marx denunciou os outros socialistas na Internacional da época, como os socialistas utópicos, criando uma distinção radical com base na revolução, e assim definindo o comunismo marxista: sem ruptura, não haveria possibilidade de transformação. Os socialistas portanto defenderiam uma igualdade "de araque" ao tentar implementa-la pacificamente. Quando o pit bull tá com dente o osso no butim, não larga facilmente, e as mudanças seriam sempre atenuantes que não mudariam o cerne da questão da exploração. Veja o caso do Brasil, a remessa de lucros pro exterior, as grandes elites, os latifúndios, mantém-se há séculos. A República velha precisou portanto ser tirada atrávés da revolução armada: sem a revolução, a canalha não sai do poder. O mesmo ocorreu com a Revolução francesa. O problema é o que se segue das revoluções, depois de conquistar o poder, tornam-se elas próprias merecedoras das críticas que a geraram, o terrorismo jacobino, ou então a burocratização do partido e o totalitarismo de Stálin, com execução sumária de qualquer oposição etc. O bom mesmo, ironicamente falando, é mandar, ou seja: os excluídos são "esquerda" enquanto excluídos, quando tomam o poder, tornam-se conservadores.O assunto desconstrucionismo é um tópico interessante, mas que ficou em paralelo aqui. Seria melhor se a Ariadne iniciasse-o em outro tópico (sem nenhuma patrulha), mas parece que tem a ver também com a questão da aplicação prática da filosofia.Sobre a ideologia ela é no contexto marxista, essencialmente negativa. A ideologia é o uso das idéias para a manipulação da consciência. A idéia como unidade deixa de representar a realidade para impor os interesses da classe dominante. Todo o esforço da "tomada de consciência" é, justamente o de "desconstruir" a ideologia. O livro O que é a ideologia? da Marilena Chaui explica bem este conceito importante, e pode ser lido em uma tarde. Tem em ebook na Internet.Abs

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