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robledoMembro
Prezado Élio
Foi valiosa a sua inserção de Espinosa, um dos mais brilhantes filósofos de todos os tempos, nesta discussão.
Gostaria, porém, de acrescentar um adendo às suas colocações:
Espinosa via o homem e a natureza como partes integrantes de um todo indissociável (assim como via alma e corpo como dois modos de uma mesma realidade). Neste sentido ele se distanciou drasticamente do pensamento analítico cartesiano e poderíamos dizer, em linguagem contemporânea, que à sua maneira era um pensador holista, ou melhor, sistêmico.
O livre-arbítrio é inconciliável com a sua perspectiva, na medida que é um conceito de matriz individualista.
Todavia não devemos esquecer que Espinosa considerava a infelicidade dos homens fruto da natureza dos objetos de paixão e desejo que estes escolhiam para si (Tratado da Correção do Intelecto).
Desta forma, para este filósofo, o homem era responsável pela sua felicidade ou infelicidade e não um joguete nas mãos de uma vontade maior.Até mais.
robledoMembroPara mim, muitas vezes, é desconfortável tentar discutir acerca da probabilidade de Deus, de sua natureza e sua influência naquilo que chamamos vida.
Este assunto se reveste de tal profundidade metafísica e se vê envolto em tamanho número de tabus, dogmas, superstições, simbolismos, doutrinas, crendices, polêmicas e preconceitos que parece difícil achar o fio da meada, produzindo um debate que seja construtivo e esclarecedor.
Além disso, a discussão sincera e amadurecida leva cada um de nós a rever as suas posições, sejam elas quais forem, tendo em mente que é bastante possível e até esperado que algumas de nossas convicções estejam, seja de forma parcial ou total, calcadas em princípios insuficientemente sólidos para lhes garantir a longevidade.
Como este tema está ligado às convicções mais profundas de cada indivíduo (que determinam a lente pela qual enxergaremos o mundo e interpretaremos a realidade cognoscível), a sua discussão suscita acirradas disputas, onde dificilmente os participantes abrem mão de suas posições.
Em virtude destes aspectos, me perguntava se não seria possível desviar deste caminho, neste debate.
Pelo visto, não é.
Se me perguntassem se eu acredito em Deus, eu responderia que não.
Acreditar não, eu afirmaria categoricamente, sem a menor sombra de dúvida, que Deus existe. Para mim isto é mais certo do que o fato de que eu existo da maneira como penso existir. Esta seria, na minha opinião, a mais “real” de todas as “realidades”. Mais real que a hora em nossos relógios, que o azul que vemos no céu, que a chuva que cai, que o alimento que comemos, que a vida que vivemos, que o desejo que possuímos, que o Sol que nos aquece e ilumina, que a Lua que nos assiste, que o tempo que passa, enfim, que as palavras que jogamos ao vento.
Diriam que isso é Fé. Eu, particularmente, não sei. Embora utilizemos as palavras Fé e Razão como antônimos, eles na verdade não o são. Qual a melhor definição de Fé? Qual a melhor definição de Razão? Eu não sei. Para toda a fé existe uma razão. Toda a razão gera uma fé. Vivemos em um tempo em que tudo é “relativo”, embora alguns insistam em não querer ver isso.
De onde nasce a minha convicção?
É simples. Na minha percepção da realidade que nos cerca, eu vejo harmonia e ordem, beleza e continuidade, razão e sentido.
Percebendo assim as coisas, fica difícil acreditar que o caos possa gerar a ordem ou que a harmonia se crie do acaso, assim como é difícil imaginar um prédio que seja erguido por si só, da combinação aleatória de um monte de tijolos, areia e cimento.
Isto me leva a acreditar que há uma razão inteligente por detrás das forças que atuam na criação e manutenção da Natureza e é esta Inteligência Superior que chamamos, entre outros nomes, de Deus.
Creio que é nessa concepção de Inteligência que Einstein, Planck e outros cientistas acreditavam.
A antropomorfização e institucionalização da figura de “Deus” nada mais é que uma representação tacanha de algo que transcende em muito a nossa capacidade intelectual, linguagem e cognição ordinária (deste ponto de vista, criamos Deus à nossa imagem e semelhança).
Penso que a coerência existe dentro do ateísmo quando, na percepção do ateu, a realidade é vista como caos, desordem e desarmonia. Não vejo coerência em um pensamento que concebe um Universo que é harmonioso (vide Teoria das Supercordas) por uma gratuita casualidade.
Com relação à natureza e a ação de Deus na “sua” criação, qualquer especulação (embora seja da nossa natureza especular) nada mais é que dissertar sobre as “sombras da caverna” e, talvez, os místicos, as religiões e os Livros Sagrados, quando estudados com suficiente discernimento, deixando de lado preconceitos, possam nos esclarecer mais à respeito deste assunto do que a nossa Ciência.
A Fé, do ponto de vista ortodoxo (religioso), não é tão imprescindível na questão de definir se Deus existe (ou não), mas sim no momento de sabermos que sentido dará às nossas vidas a consciência (ou inconsciência) que tomamos como certa em nossas vidas da Sua existência (ou inexistência).robledoMembroMceus
Fazendo uso de sua excelente colocação, creio que podemos reconduzir o debate, primeiramente, respondendo à pergunta:
Como definiríamos “necessidades” para nós, humanos?Até mais.
robledoMembroPrezado Carlos
Acredito, movido pela minha razão e percepção do mundo, na existência de um Princípio Inteligente, criador de todas as coisas, identificado por muitos nomes, dentre eles, Deus (desconhecia que isso fosse um sintoma patológico).
Concordo consigo quando fala que o fato de um monte de gente “respeitável” acreditar em algo não torna, necessariamente, este algo real. Porém, para uma pessoa que se expressa normalmente pelas palavras e frases dos outros, me espanta que, numa clara demonstração de parcialidade, considere as suas referências melhores do que as minhas.
Talvez o que torne as suas inúmeras citações tão melhores seja o fato de que elas se alinham com a “sua” verdade.
Não quero gerar mais polêmica, nem animosidades, porém acho que seria mais interessante se o debate prosseguisse com exposições lógicas e não com clichês ateístas.
Ficaria bastante agradecido se V. Sª., expondo as suas idéias, não me agredisse pessoalmente, pois, fazendo isso, o teor de suas colocações fica diminuído.Sem rancores.
Robledo
P.S.(1): Como definiríamos Razão?
P.S.(2): Muitas de suas citações, não sei se você reparou, são críticas à religião institucionalizada e não à idéia de Deus (leia “Zadig” e “A Princesa de Babilônia” de Voltaire como complemento à sua citação do mesmo – você pode encontrar este e outros livros on-line no site http://www.uol.com.br/cultvox/home.htm).
robledoMembroÀ propósito, voltemos à pergunta.
robledoMembroPrezado Alex
Concordo consigo e ainda acrescento que esta prática (de usar frases desconectadas de seu contexto) parece adequada ao discurso político contemporâneo, onde se pretende passar meias verdades (mentiras) como se fossem verdades, mas não ao debate filosófico.
Podemos dizer que Aldous Huxley era tachado por muitos “intelectuais” como místico. No livro “O Diálogo”, de Peter Kreeft (escritor cristão), ele aparece em um diálogo imaginário como defensor de um panteísmo.
Em livros como “A Filosofia Perene”, “O Céu e o Inferno” e “As Portas da Percepção” ele se afirma como alguém que acredita convictamente em que a realidade transcende à percepção ordinária do homem.
Embora fosse um escritor que contestasse a rigidez maquinal e asfixiante da sociedade de sua época, incluindo nisso a própria figura repressora da religião constituída e a aridez do materialismo cientificista, não podemos atribuir a ele a pecha de racionalista, pragmático ou ateu.
Deixado isso claro e vendo que Aldous Huxley não pode ser enquadrado, necessariamente, como testemunha à favor do ateísmo, o que será feito dele? Passará a fazer parte do grupo de pessoas ignorantes, débeis, fracas e irracionais que defendem a idéia da existência de Deus, assim como, Isaac Newton, Albert Einstein, Max Planck, Baruch Espinosa, Renée Descartes, Kepler, Bacon, Galileo, Pascal, etc…?Espero que não.
Até mais.
robledoMembroRazão e Fé
Aproveitando o hiato que se abriu no debate, com polarizações do tipo “com Deus” e “sem Deus” ou Razão X Fé, vejo que é oportuno falar sobre o assunto.
Em séculos passados, onde a Igreja Romana exercia o seu poder com mão de ferro, moldando o Ocidente ao seu bel prazer, até as concepções de mundo eram por ela ditadas.
O indivíduo ao se confrontar diariamente com toda uma sorte de fenômenos, encontrava a explicação para os mesmos na interpretação “bíblica” dos fatos.
Muitos diriam que o que fazia com que as pessoas (crentes) acreditassem nas interpretações da Igreja acerca do mundo era a sua ignorância e eu, particularmente, considero isto uma visão tacanha da situação.
O que se coloca como explicação é que a “Fé” em Deus cegava as pessoas de tal forma que elas não conseguiam fazer uso da sua “Razão”.
A “Fé” , na verdade, não era somente votada a Deus, mas também na crença de que os auto instituídos depositários da “verdade” tinham autoridade reconhecida para explicar os fenômenos naturais, considerando a sua resposta como válida, independente da precisão da mesma. Em outras palavras, na dúvida, se recorria aos “doutores” da época.
Hoje é diferente, os “doutores” são outros, mas aquilo que chamamos de “Razão”, para mim, parece “Fé” disfarçada.
Vejamos um exemplo simples:
Há anos atrás tivemos a divulgação em larga escala da famosa Teoria do Big Bang para explicar a origem do universo. Quase todas as pessoas tidas como esclarecidas aceitaram a citada teoria como verdadeira.
Aceitamos a veracidade dessa informação, por que à luz da nossa “Razão”, ela respondia à ancestral pergunta?
Se todos respondermos que sim, é obvio que a grande maioria estará mentindo, porque os complexos conceitos de Física Teórica e Astrofísica que dão sustentação ao Big Bang, são dominados por uma minoria. O restante aceita esta (e outras) complexa abordagem científica por ter “Fé” na autoridade das pessoas que se manifestaram sobre o assunto.
Eu por meu turno não contesto o Big Bang (até porque, à luz da minha ignorância, parece ser uma teoria bem “razoável”), mas contesto aqueles que querem me vender a idéia de que a “Fé” moderna pode ser chamada de “Razão”, o que seria uma ignorância maior do que a minha.Até mais.
robledoMembroPrezado Márcio
Embora reconheça as suas preciosas contribuições nesta discussão, sou obrigado a discordar de algumas de suas colocações.
Tentarei abordar apenas algumas destas discordâncias, pois você lança uma série de frases que poderiam gerar novos debates (por serem interessantes), sem se aprofundar em nenhuma.
Antes de começar quero fazer uma afirmação que, creio, repetirei à exaustão: enquanto ferramenta para compreender o nosso Universo, devemos levar a Ciência em uma mão. E a Epistemologia Contemporânea em outra.
Não podemos considerar somente os resultados da Ciência, mas sim os meios que nos fazem alcançar o conhecimento científico. Esse conhecimento só se torna sensato quando considera, à luz da Filosofia da Ciência (vide Popper, Kuhn, Lakatos, etc…), a sua fragilidade, parcialidade, pessoalidade e efemeridade.Seguindo adiante:
– Explicar a capacidade cerebral humana parece uma tarefa árdua para a concepção evolucionista. Porque em um cenário onde toda a forma viva é explicada e justificada pela simples competição e conseqüente sobrevivência do mais apto, como explicar o desenvolvimento de faculdades que, pelo menos à primeira vista, parecem notadamente desvinculadas desta primícia, se é que não lhe constituem um entrave.
Não diria que nosso aparato neurológico é excedente, mas sim aparentemente diverso desta matriz biológica que a priori governa as nossas vidas. Digo “aparentemente” deixando em aberto a lacuna da possibilidade de descobrirmos futuramente razões especificamente (e não conjecturas) biológicas para este fato.
Dizer que isto se deve ao ambiente altamente competitivo em que nos desenvolvemos, além de parecer um programa político neoliberal, é leviano. Não existe razões para supor que a competição na nossa espécie tenha sido maior que em outras. Talvez, pela aptidão tecnológica precoce, tenhamos até tido algumas facilidades.
Não quero com isso afirmar a nossa origem divina e nem dar munição para fanáticos, apenas afirmar que para mim esta questão não está explicada pelo paradigma científico vigente e permanece em aberto.– Não consigo ver com clareza, no mundo, essa determinação unária e síncrona à qual você se refere.
A chamada Globalização é fruto de uma diretriz econômica, sendo que o seu reflexo cultural é mais conseqüência que causa.
À primeira vista, temos uma aldeia global que parece direcionar seus esforços conjuntamente.
Estendendo um pouco mais a visão vislumbramos um painel de supranacionalidade política que tem como único objetivo remover as barreiras nacionais ao livre fluxo do capital. De modo que este movimento unário e síncrono não é natural, senão forjado e implantado sistematicamente nos últimos trinta anos.
Estendendo esta visão hegemônica econômico política, temos a respectiva contra-parte cultural que, necessariamente, obedece aos mesmos princípios que moldam as primeiras.
Tudo isso, é claro, é tema para outro debate.
Por outro lado, no campo da Filosofia, da Teologia e da Ciência temos uma certa efervescência de novas concepções que questionam os seus respectivos paradigmas atuais, me levando a acreditar que, nos próximos anos, teremos muitas mudanças nos alicerces da civilização como a conhecemos.
Para quem duvida da força das idéias para mudar o mundo (seja para melhor ou pior) veja a história.– Definitivamente não posso aceitar a idéia da vida como experiência do acaso como base de discussão (premissa aceita como verdadeira). Nós nem discutimos este assunto. Não existe lógica que afirme isso que não possa ser refutada.
Refaço uma velha pergunta: a vida e aquilo que conhecemos como universo tem sua origem em um processo aleatório ou em um princípio inteligente?
Se questionarmos isto é necessário para determinarmos um sentido, ainda que fictício, para a vida, eu não sei, mas, seguindo assim, tornamos essencial chegar ao consenso se Deus existe ou não nesta discussão, entretanto existe um fórum específico para o assunto. Como faremos isso?
Descartamos esta questão ou a encaramos?– Com relação à chamada vida não-biológica:
Posicionamos, anteriormente, neste debate, a vida como evento biológico e que poderia ter, além dessa dimensão, atributos metafísicos.
Deve ficar claro que julgamos metafísico o que vai além do “físico”, não no sentido de sobrenatural, mas no sentido de além daquilo que “conhecemos como físico”, intuindo que o nosso conhecimento do ser como ente físico é limitado. A Metafísica teria aqui a ação de deduzir racionalmente aquilo que a Biologia atual não poderia determinar, devido às suas limitações.
A abordagem metafísica, aqui, não teria a intenção de eliminar, mas sim de complementar o nosso conhecimento biológico.
Quando colocamos a idéia de existir uma vida além da vida física como ela é conhecida e aceita, chamá-la de não-biológica talvez não seja a terminologia adequada, mesmo que se pretenda dizer que seja um evento que não pode ser estudado à luz da Biologia atual.
Caracterizar esta vida não-biológica através da comparação com o que determinamos como vida biológica (seja lá o que for isso), usando termos qualitativos subjetivos (melhor, pior ou igual) também não acrescenta nada sólido ao debate (talvez o melhor adjetivo seria “diferente”, mas quem poderia afirmar com certeza?).
As abordagens da questão de uma vida além da morte são mais determinadas pelos referenciais pessoais do que pela questão em si.
Poderíamos formular a questão de forma mais adequada: “A vida se extende além daquilo que costumamos chamar de morte?” A resposta mais sensata será: “É óbvio que sim?”
Mesmo meu corpo se desagregando como unidade sistêmica, ele ainda faz parte do ciclo biológico como ele é conhecido.
Aí poderíamos perguntar: “A consciência individual possui uma vida que se extende além da falência orgânica?”
Para responder a isso teríamos que definir que fatores tornam uma consciência individual e a distinguem das outras e isto já é outro tema extenso, onde também não há consenso.
Os ateus positivistas afirmam categoricamente que é mais fácil acreditar que questionar.
Nesta hierarquia eu acrescentaria que é mais fácil duvidar que acreditar.Estamos gerando uma série de ramificações do tema principal, diluindo o debate, além de repassar questões já discutidas sem acrescentar nada de novo. Embora muitos temas sejam interessantes e correlatos, não podemos desenvolver todos ao mesmo tempo.
Sugiro que discutamos um tópico de cada vez, estabelecendo quais tópicos são importantes e qual a ordem que vamos abordá-los, sempre determinando a sua pertinência em relação ao tema principal.
Aguardo comentários.Até mais.
robledoMembroPrezado Márcio
– Não consigo enxergar as matrizes comportamentais biológicas como dispositivos que são acionados em dados momentos, ao serem requisitadas. Vejo estas forças como influências contínuas.
Em uma frase escrita anteriormente, que deve ter passado desapercebida, enfoquei o fato de que muitos destes mecanismos naturais estariam deslocados no nosso convívio social contemporâneo, confundindo situações modernas com situações primitivas.
No momento que menosprezamos a ação do homem moderno e glorificamos os outros animais, esquecemos que, talvez, a nossa agressividade e competitividade exacerbada seja fruto de uma herança biológica, onde, em tempos passados, estas qualidades poderiam ser o diferencial entre viver ou morrer, hoje são características extemporâneas.– Pela Teoria da Evolução, os seres vivos não evoluem até sua extinção, mas esta é fruto de uma adaptação deficitária em relação às necessidades impostas pelo ambiente. A mesma afirma sempre, veementemente, a sobrevivência do mais apto.
– Conceber a vida, mesmo no âmbito da Natureza, como um evento determinado pela aleatoriedade (acaso), no meu entender, é uma posição pessoal, visto que é calcada em uma visão empírica positivista que não pode ser considerada absoluta, mas sim passível de discussão.
– Considero que a utilização da palavra “milagre” é inadequada, porque ela traz em si a idéia de fenômeno sobrenatural (embora eu saiba que a conotação que você deu à palavra não tenha sido esta).
– A forma negativa da pergunta não traz nenhum subsídio extra, pois, embora concorde em parte com a sua justificativa, ela é bastante pessoal e subjetiva e peca por considerar como válida uma particularidade nebulosa de um todo ainda não definido.
– Não entendi o que quer dizer movimentação unária e síncrona.
– De que maneira a Tecnologia pode dar sentido à Vida?
– A questão referente à nossa capacidade cerebral é demasiadamente vaga.
A nossa capacidade é excedente em relação ao quê? Em sendo, por quê? Processo altamente competitivo, por quê?
Somo a isto as perguntas que já formulei para o Vinny, as quais espero resposta:
“* O nosso aparato neurólogico não superou (ou desviou-se) em muito as nossas necessidades de manutenção da espécie? Considerando isto verdadeiro, este fato seria conseqüência de um erro na aleatoriedade biológica ou uma adaptação necessária?
Havendo erro, ele poderia nos custar a extinção?*Em que ponto da nossa história (e por quê?) teria havido o desvio parcial da atividade intelectual da aplicação tecnológica para a busca do conhecimento por si mesmo? Qual(is) o(s) evento(s) que teria(m) motivado este fato?
A nossa curiosidade é fruto de uma falha genética?
Sempre fomos assim? Em caso contrário, em que momento e por quais motivos se processou esta mudança? Seria a curiosidade gratuita uma falha genética?”P.S.: Interessante a frase de Stephen Hawkins. Em várias tradições, Deus é descrito como aquele que É.
robledoMembroA questão da existência de Deus, no meu pensar, deveria começar a ser discutida com a seguinte pergunta: “O Universo, como o conhecemos, é fruto da aleatoriedade ou de um princípio inteligente?”.
Calcar a refutação da existência de Deus em um molde de crítica ao modelo judaico-cristão tradicional e à forma vulgar de sua antropomorfização é reduzir o pensamento religioso humano ao papel Teocrático que a Igreja Romana desempenhou na Europa Medieval, principalmente se considerarmos que, nesse contexto, o povo europeu não possuía o maior refinamento cultural, técnico e religioso do planeta.robledoMembroPrezado Tarcísio
Antes que eu me esqueça…
Tenho uma dúvida em relação a este tema específico de discussão.
O enunciado: “Por que “deus deve ser bom”?” me confunde.
Levando em conta a sua afirmação: “Deus não existe”, discutir se este ser que não existe não possui um atributo (a bondade), ao meu ver, parece paradoxal.
Por favor, esclareça isso.Até mais.
robledoMembroPrezado Tarcísio
É com enorme prazer que o congratulo por ter encontrado a resposta definitiva para a questão da existência de Deus, questão esta que se extende por séculos e séculos de polêmica.
Evidentemente, pelo fato de V. Sª. ter afirmado categoricamente que Deus não existe , em um Forum de Filosofia, acreditamos que tenha desenvolvido o devido arcabouço que dê sustentação à sua afirmativa.
Sendo assim, ficaríamos agradecidos se V. Sª compartilhasse conosco a sua erudição, explanando aqui, mesmo que sucintamente, todo o processo investigativo que o levou a tal conclusão.
Caso tudo isso não passe de uma brincadeira, eu de minha parte, o perdôo.Até Mais
P.S.: À propósito, sem querer criticar o seu brilhantismo, o tema levantado por V.Sª. não estaria mais adequadamente alojado se houvesse sido colocado na área específica para a discussão da Existência de Deus?
robledoMembroA chamada Globalização do mundo atual atende à um dos pré-requisitos da agenda neoliberal, criada por economistas norte-americanos, fortemente influenciados pelos liberalismo econômico clássico, no intuito de fazer frente à crise econômica deflagrada na década de 70.
É necessário reconhecer que a Globalização tem como cunho principal a remoção dos obstáculos nacionalistas ao livre trânsito do capital e a consecução de seus objetivos. As ramificações culturais desta ação de abertura dos países é, desta maneira, condicionada aos aspectos econômicos que lhe deram origem.
Desse modo, assim como vemos a pasteurização cultural da economia hegemônica em moldes facilmente vendáveis (percebemos que, no liberalismo pleno, nem a cultura e a arte podem opor obstáculos ao capital), vemos também a disseminação (ou imposição) deste modelo como exemplo de prosperidade (a economia mais próspera possui um exemplo de cultura a ser seguido) para todos os países.
É inegável o fato que tivemos aspectos positivos neste período, mas devemos estar atentos para perceber que, no modelo mundial vigente, todos os esforços estão voltados para o capital e não para o ser humano.robledoMembroMárcio
Parabéns pela iniciativa.
Acho que trarei todas as minhas mensagens e aquelas que gostei mais para este espaço.Brincadeira.
Até mais.
robledoMembroPrezado Márcio
Interessantes colocações.
Unindo as pontas:
Sentido da vida
– Enquanto sentido = significado, trabalhamos um termo subjetivo, que trás a idéia de subordinação, porque determinando “um” significado, que se pretende comum a toda a vida (ou somente aos animais? ou somente aos humanos?) este envolveria um princípio condicionante (poderia ser a evolução ou a criação ou outra coisa qualquer) que seria o meio de se chegar a uma definição de finalidade. Aqui evoco a idéia, citada anteriormente, de que nesta abordagem o Sentido(Significado) da Vida envolveria uma ação passivadora à qual estaríamos condicionados.
A concepção de vida, aqui, é um símbolo o qual tentamos atribuir significado.
A utilização dos símbolos como forma de comunicação é algo tipicamente humano e afim com a linguagem do nosso inconsciente. Podemos dizer então que a identificação da vida com um símbolo e a busca de um significado para este símbolo é, necessariamente, um fruto da nossa mente, não encontrando eco na natureza, da maneira como ela é percebida objetivamente pelos nossos sentidos (só humanos se interessam por metafísica!).
Considerando isto como verdadeiro, esta transformação de um conceito de vida em entidade intelectual multifacetada obedece à uma excentricidade neurológica ou à uma percepção (ou intuição/instinto) subjetiva (metafísica) da natureza?– Por sua vez, enquanto sentido = direção, caminho; não importam somente os agentes condicionantes (genes, clima, evolução) do homem, mas também a sua ação em relação ao meio (ação ativa em relação à vida).
Antes de discutirmos o Livre-Arbítrio (até que ponto temos liberdade de determinar nossas ações ou até que ponto temos ação ativa em relação ao meio – individual e coletivamente), penso que é importante descobrirmos até que ponto dominamos os nossos pensamentos, desejos e ações, tendo conhecimento e compreensão destes.
Creio que todos concordam com o fato de que agimos de tal forma em relação ao mundo (positiva ou negativamente) que alteramos drasticamente o meio em que vivemos. Temos aqui 2 conclusões: de um lado o homem exerce um poder diferenciado no nosso planeta , que lhe permite manipular a sua realidade e o seu meio e de outro que ele sofre as condicionantes de um Determinismo Histórico, por ele mesmo gerado.
É importante perceber aqui que qualquer previsão pessoal para o futuro da espécie se funde com uma idéia (também pessoal e subjetiva) de trajetória (linear, não-linear, ascendente, descendente, estável, instável, etc…).Uma abordagem não elimina a outra.
Se alguém mais concordar comigo, parece que temos alguma coisa.Até mais.
P.S.: Se o atribuir significado à vida é fruto da nossa mente, não poderíamos atribuir o sentido que quiséssemos? E tanto mais verdadeiro seria este sentido quanto mais conduzíssemos as nossas ações em direção à ele?
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