A LENDA DO FILÃO DE OURO

LENDA DO FILÃO DE OURO

Dentre as narrativas, que vão passando de geração em geração, merece registro a que se refere a um filão, encontrado por um escravo.

Conta-se que, há uns noventa anos, faleceu em Goiás um preto descobridor casual de um veeiro na serra da Barreira do Norte, a dois quilômetros da cidade.

Vivendo já no tempo em que a mineração estava em abandono, fora incumbido, pelo seu senhor, de tirar lenha no mato e vendê-la, em cargueiros, na cidade. No exercício desse mister descobriu o filão; do que guardou segredo.

Tencionando aproveitá-lo para gozar uma pouco de liberdade, conseguiu folga, contanto que cada sábado entregasse ao senhor determinada quantia.

Freqüentou, pois, o filão, extraiu ouro, vendeu-o a um ourives conhecido, do qual exigiu promessa de segredo; e cada sábado entregava ao seu senhor a quantia determinada, sobrando-lhe sempre muito dinheiro para gastar à toa.

Passava vida alegre, em pagodes; e quando o dinheiro ia acabando, recorria de novo à sua mina.

Meses e anos decorreram assim. Ninguém jamais o surpreendeu na mina, porque sabia despistar, e o local era alto e ermo, na serra.

Mas, um segredo desta ordem não se conserva por muito tempo; e o senhor veio a saber que o escravo estava explorando um filão rico.

Chamando o preto à sua presença, exigiu que lhe confiasse o segredo da mina. Obteve, porém, uma informação falsa; e, verificado o logro, enfureceu-se, espancou-o e im-pôs-lhe, sob ameaça de morte, a declaração da verdade.

O servo obstinou-se, porém, em guardar segredo; de modo que foi barbaramente açoitado, a ponto de não poder sobreviver.

Veio um padre confessá-lo; e aconselhou-o a aquiescer à vontade do seu senhor. Este conselho aceito, o preto prontificou-se a dar informação exata. Assim morreria em paz.

Resolveu-se, pois, transportá-lo numa rede, para ir indicando o caminho; porque, segundo êle dissera, de outro modo ninguém acharia o veeiro, que estava bem escondido e tapado com uma lage.

Foram indo pela estrada real da Barreira do Norte, e galgando os pedregais da serra. Êle, embora falando com dificuldade, ia indicando a rota.

Aceleraram a marcha, porque o escravo estava prestes a expirar. Mas, foi em vão. Antes de saírem da estrada, o preto já não era do número dos vivos. E ali está, até hoje, a cruz que assinala o lugar em que faleceu.

Depois disto, fizeram-se pesquisas, deram-se buscas infrutíferas na serra. Tudo em vão.

As chicotadas iníquas, que cortaram o corpo do infeliz escravo, foram como um candente magma sobreposto ao filão. Ninguém mais o pôde aproveitar.

Victor Coelho de Almeida: Goiás: Usos, Costumes, Riquezas Naturais. 1944, pp. 104-106.

Fonte: Estórias e Lendas de Goiás e Mato Grosso. Seleção de Regina Lacerda. Desenhos de J. Lanzelotti. Ed. Literat. 1962

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