OS CLÁSSICOS RENITENTES — A FEIÇÃO ARCÁDICA

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7.

História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.

 LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica)

Artur Mota (Arthur Motta) (1879 – 1936)

LIVRO SEGUNDO

ÉPOCA DE TRANSFORMAÇÃO (1800-1835)

PERÍODO DE TRANSIÇÃO DOS CLÁSSICOS PARA OS ROMÂNTICOS

Manifestação literária, artística, científica e filosófica

CAPÍTULO II OS CLÁSSICOS RENITENTES — A FEIÇÃO ARCÁDICA

Um historiador francês observou, com bastante argúcia e senso critico, que o século XVIII, em França, caracterizou-se por abundância de versos e escassez de poesia. Predominaram os versejadores e raros foram os poetas.

Algumas exceções, como sempre, escapam ao absolutismo e à rigidez da regra. Basta que nos lembremos de Voltaire e André Ché-nier, entre os poucos que reclamam a ressalva. Mas o conceito pode ser quase generalizado.

Entre nós, no entanto, se observou o contrário, na segunda metade da aludida centúria, quando apareceram as obras do grupo de poetas mineiros e de alguns fluminenses; mas verificou-se a depressão no começo do século imediato.

Simultaneamente, em Portugal, a denominada poesia arcádica pouco relevo adquiriu e manifestou-se acanhada no surto e na inspiração.

Decorre a poesia prosaica desse tempo de um fenômeno de reação contra o mau gosto da escola gongórica. Dai a manifestação do apuro da forma, a tendência aos moldes clássicos, em detrimento da espontaneidade de imaginação. As perífrases e outros processos estéticos congêneres predominavam, estiolando a expressão dos sentimentos e contrariando a sinceridade dos poetas.

Paralelamente a esse retorno às formas clássicas, isentas dos artifícios das tertúlias e das imitações de Marini, Gongora e de outros mais representantes do preciosismo literário, atuou o influxo científico e filosófico, determinando o caráter predominante da poesia filosófica e, sobretudo, da didática, muito em voga tanto em França como em Portugal — as principais fontes onde se abeberava a poesia brasileira.

Era, portanto, fatal que se ressentisse o nosso lirismo desses elementos perturbadores.

De França, vinham principalmente os modelos de Voltaire, J. J. Rousseau, La Motte, Piron, Gresset, Ducis, Dorat, Parny e alguns mais. De Portugal perduravam exemplos de Garção, José Agostinho

de Macedo, Cruz e Silva, Reis Quita, Tolentino, Filinto Elysio, a que se juntava, com real êxito, o lirismo de Bocage. Do próprio Brasil, exerciam influência predominante os poetas da segunda metade do século anterior, isto é, os das denominadas escolas mineira e fluminense, tanto os épicos como os líricos. Santa Rita Durão, Basílio da Gama, Cláudio da Costa, Tomás Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga, Caldas Barbosa, para só citar os melhores, continuaram a ser mestres não excedidos nem mesmo atingidos pelos discípulos.

Dentre os que se mantiveram adstritos aos moldes clássicos, mais rígidos e ferrenhos, podem ser indicados: Januário da Cunha Barbosa, Antônio Joaquim de Melo (2.°), Almeida e Albuquerque, Bastos Baraúna, Santos Reis, Santos Capirunga, Sta. Úrsula Rodovalho, Araújo Guimarães, Guedes de Andrade, Ferreira de Sousa, Aquino e Castro, fr. Santa Gertrudes Magna, Azevedo e Brito.

O primeiro escolheu temas nacionais e tratou-os à maneira clássica, transportando os deuses do Olimpo e figuras da mitologia grega para o Brasil, como se verifica no poema "Nicteroy". O segundo procurou assuntos indígenas para a cantata e o idílio que compôs, sob os títulos: "Os Caetés" e "Itaé". Conservou, porém, os moldes clássicos da pior espécie, tanto na forma como na expressão. Usou de linguagem imprópria e versejou de maneira abominável.

Agradaram a Almeida e Albuquerque a lira anacreôntica e o idílio arcádico; mas a métrica e o engenho não lhe ajudaram a intenção.

Bastos Baraúna, pelas amostras conhecidas, é poeta genuíno.

A rigidez dos processos clássicos prejudicou a inspiração de Santos Reis, Santos Capirunga, Sta. Úrsula Rodovalho e dos outros poetas citados.

Entre os que mais se adaptaram ao arcadismo devem ser mencionados José Bonifácio (Américo Elysio, das "Poesias avulsas"), Elói Ottoni, durante a primeira fase, quando publicou a "Anália de Josino" — talvez a mais legítima expressão da poesia arcádica, depois da "Marília de Dirceu".

Vilela Barbosa também se classifica nesse gênero poético, não só pelas liras, cançonetas e alegorias que escreveu, como mesmo pela cantata "A Primavera".

O Visconde de Pedra Branca (D. Borges de Barros), Natividade Saldanha, M. Alves Branco — admiradores de Filinto Elysio ou de Bocage — e Santos Titara merecem o epíteto de árcades.

Como expressão de lirismo feminino, apareceu Delfina Benigna da Cunha, elogiada por A. Feliciano de Castilho.

São todos poetas secundários que se não recomendam como representantes do arcadismo, entre nós, nem como do gênero clássico, em sua generalidade.

Alguns há de talento e de ilustração, mas nenhum conseguiu elevar e enaltecer o lirismo brasileiro.

José Bonifácio, J. Elói Ottoni, Natividade Saldanha e Borges de Barros são os mais estimados e mais representativos da poesia nacional.

 

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