Era uma vez um príncipe que saiu pelo mundo à procura de um remédio para seu pai que estava cego. Depois de muito viajar, chegou a uma cidade, onde deparou com uma cena estranha. Um grupo de homens espancava o corpo de um defunto. O rapaz aproximou-se e perguntou aos homens porque faziam aquilo. Responderam que o homem, quando era vivo, lhes devia dinheiro e, por isso, de acordo com o costume da terra, seu cadáver tinha de apanhar. Ouvindo isso, o príncipe pagou todas as dívidas do morto e o mandou enterrar, colocando uma cruz na sua sepultura. Em seguida, recomeçou sua viagem.
Depois de muito andar, encontrou no caminho uma pequena raposa que lhe perguntou: — Onde vai, meu honrado príncipe? Respondeu-lhe o moço: — Ando à procura de um remédio para meu pai que ficou cego. — Para isso, só existe um recurso, disse a raposinha. E preciso colocar nos olhos do seu pai um pouco de excremento de um papagaio do Reino dos Papagaios. Se quiser seguir meu conselho, vá ao Reino dos Papagaios e entre à meia-noite no lugar em que eles se encontram. Deixe, porém, delado os papagaios bonitos e faladores que estão em lindas e ricas gaiolas. Apanhe um papagaio velho e triste que está numa gaiola de pau muito feia. O rapaz ouviu, atenta-mente, as palavras da raposinha e partiu, depressa, para o lugar indicado.