As 3 lebres, conto infantil de charada

No Brasil, Sílvio Romero publicou uma versão, “O matuto João”, XXXV do “Contos Populares do Brasil”. Teófilo Braga regista uma outra versão, “A princesa que adivinha”, conto 56, com a inicial: — “atirei no que vi, matei o que não vi”, repetida na história brasileira, na italiana de Pittré (“Novelle popolari tos-cane”, o soldatino): — ” Tirai-ai-chi-viddi, Chiappai-chi-non-viddi. “Cosquin, “La prin-cesse et les trois fréres”, (“Contes populaires Lorrains”). Muitbi popular na Espanha, com a presença nos velhos folcloristas. Numa coleção recente, “Cuentos Populares Españoles”, do prof. Aurelio M. Espinosa (Stanford Univer sity, U.S.A.) há quatro variantes, de Córdoba, Toledo e duas de Granada, “El acertijo” (Vol I°, pp. 40, 43, 45, 48.1932). Na versão cordobesa: — “Tiré ar que vi, maté ar que no vi. Em to das, o episódio da visita noturna e guarda de provas. É o Mt. 851 de Aarne-Thompson, The Princess who Cannot Solve tke Riddle, não se ajustando os elementos que constituem as adivi nhações catalogadas no “Motif-Index”, Vol-III E’ conhecida em toda América. J. Alden Mason recolheu três variantes em Porto Rico, “Journal of American Folk-Lore”, vol. XXIXo n.° 752, 753 e 754, p. 497. 1916.

AS TRÊS PERGUNTAS DO REI – Contos de Adivinhação

Gonçalo Fernandes Trancoso, 1515-1596, "Histórias de Proveito e Exemplo", edição antológica pelo prof. Agostinho de Campos, Lisboa pp. 77-90, 1921, XII da coleção, XVII no original.

Teófilo Braga, "Contos Tradicionais do povo Portuguez", pp. 86-89, II» da ed. de 1883, publica um resumo, registando (pp. 157-158, 1°) uma versão popular, "Frei João sem Cuidados". Sílvio Romero recolheu uma variante brasileira de Sergipe, "O Padre sem Cuidados", pp. 250-252, "Contos Populares do Brasil", Rio de Janeiro, 1897. Já era divulgado no século XII, figurando no "Anecdotes historiques, légendes et apologues tirés du recueil inédit d’Etienne de Bourbon", edição de Lecoy de la Marche, comentado pelo conde de Puymaigre, "Folk-Lore", pp. 239-252, Paris, 1885. No conto de Estêvão de Bou-rbon o Rei intima a um sábio para que responda a três perguntas sob pena de multa excessiva. A primeira é: — onde se encontra o centro da terra? Dá o sábio resposta idêntica ao hortelão português. A segunda, quanta átom contêm o mar, foi respondida semelhantemciiU ao que disse o moleiro, na versão popular dl Teófilo Braga, conto 71. No "Patrafiuelo" dl Juan Timoneda, (n.° 14) da época de Tran coso, há igualmente um Rei que recebe o co/.l« nheiro do abade, julgando-o em pessoa, para i i tisfazer a três problemas. O segundo é o mm» mo sobre o centro da terra. O último é a curió j identificação. Franco Sachetti, contemporâneo dl Dante, regista novela 4.a, versão tradicional nu Itália e repetida, com deformações, por Pitré, (1) Imbriani, Michel Zezza. Anderson, reunindo extenso material, publicou o completo "Kaiser und Abt", volume XLII das "Folk-Lore Com munications", Helsinki, Finlândia. É o conhe cido tema "The King and the Abbot" dos fol cloristas ingleses e norte-americanos. Geoffey Chaucer, "The Canterbury Tales."

Na classificação dos tipos de contos popula res, de Antti Aarne, figura como o Mt. 922. No Método, hoje clássico, de Aarne-Thompson, o conto de Trancoso é: — Mt. 922, H685 e H52II, para as respostas. Sobre a medida de altura do céu, não há entre as catalogadas pelo erudito professor da Universidade de Indiana. A ver são popular de Teófilo Braga é: — Mt. 922, H691. 1. 1, H704 e H5241. Todas as respostas estão registadas no volume III do "Motif-Index of Folk-Literature", de Stitt Thompson, colhidas em fontes alemãs e da Europa do Norte. Creio, pelo exposto, que a página de Trancoso i literária, com aproveitamento parcial de uma "estória" corrente na península. A fonte (ouse universalizou é a do conto de Teófilo Braga cujas transformações são encontradas em quási todos os folclores do Mundo. (C. CASCUDO)

O FIEL PEDRO – Historinhas de Príncipe

Diz que era uma vez um príncipe que se estava, banhando num rio quando perdeu pé e se ia afogando quando um rapaz, vendo-o em perigo, saltou para dentro da água e salvou-o. Ficaram muito amigos, o príncipe e Pedro, aprendiz de sapateiro. Andavam sempre juntos e o príncipe convidou o amigo para que deixasse de ser remendão e viesse viver com êle no palácio. Pedro não quis mas todos os dias procurava um ao outro para caçar, pescar ou passear pelos bosques.

O VELHO QUERECAS – Conto curto infantil do folclore

O VELHO QUERECAS

ERA uma moça solteira e muito animosa que ficou órfã de pai e mãe e sem ter onde se abrigar. Na cidade havia uma casa abandonada porque apareciam almas do outro mundo e ninguém queria lá ficar uma noite. A moça lá foi ter e arranjou as coisas para dormir. Perto da meia-noite ouviu um barulho no forro do quarto, gemidos e uma voz gritando: eu caio! eu caio! eu caio!

 Pois cai logo, disse a moça. Caiu uma perna e o barulho começou a ouvir-se mais forte o a voz gritando: eu caio! eu caio! eu caio!

A Bela Adormecida – versão Perrault

UM príncipe amava a caça de tal sorte que viva sempre nas florestas e tapadas, procurando peças. Uma vez perdeu-se num bosque e caiu a noite antes que lograsse sair dele. Lá pela noite cerrada encontrou a cabala de um lavrador que agasalhou como pôde, dando-lhe de cear e conver sando. Pela manhã, o príncipe viu por cima do arvoredo as torres de um castelo desconhecido e perguntou quem ali morava. 0 lavrador respondeu que era história velha do tempo antigo. O príncipe insistiu para saber e o velho Ilha contou.