Aladim e a
Lâmpada Maravilhosa
FÁBULA ORIENTAL
Ilustrado por SÉRGIO
Fonte: Ed. Melhoramentos
Esta é a estória famosa de Aladim. e
do gênio aprisionado na lâmpada maravilhosa. Um pobre órfão ignorado ganha
fortuna e amor, mas só após muito ter lutado consegue ficar senhor do que por
magia lhe foi dado.
— Aladim! Aladim! Venha para casa!
—gritava o pai o dia inteiro, chamando o menino que não saía da rua.
Mas Aladim só pensava em brincar com os outros garotos
e pouca atenção prestava ao pai, que era velho e doente.
O pai morreu, mas a vida de Aladim
continuou a mesma. Passava o tempo todo nas ruas brincando com os amigos. Foi
assim a:r o dia em que um homem estranho se dirigiu a ele, dizendo:
— Você é Aladim, o filho do alfaiate?
— Sim, sou eu, mas meu pai morreu — espantou-se o
garoto. E ~ í;= surpreendido
ficou quando o estranho começou a lamentar-se:
— Pobre do meu irmãoI Eu que vim da
África para revê-.: meu sobrinho querido, abrace o irmão do seu pobre pai.
O desconhecido continuou contando a
Aladim que se ocuparia dele e lhe daria muitas riquezas. O rapaz estava quase
para responder preferia continuar brincando com os amigos, quando o
desconhecido disse que iria falar com a mãe de Aladim no dia seguinte.
De fato, o desconhecido apareceu na casa
da mãe de Aladim, deu-lhe algumas moedas de ouro e explicou quem era.
acrescentando:
—
Sou muito rico e não tenho
filhos," quero educar Aladim para ser me herdeiro. Preciso apenas de seu
consentimento para levá-lo comigo.
— Que estranho! Meu marido nunca falou em nenhum
irmão…
— Isso deve ser porque sempre vivemos um
longe do outro — disse o homem. — Gostaria de voltar para minha terra levando
meu sobrinho comigo.
Aladim não estava com vontade de viajar com o tio,
pois preferia brincar na rua com os amigos. A mae, porém, considerava o
oferecimento do cunhado como uma grande oportunidade, por isso aconselhou o
filho a ir e melhorar de fortuna. Aladim partiu com o tio.
Viajaram sem parar até chegarem a uma
grande floresta junto a uma montanha. Aladim sentia-se muito cansado, mas,
quando quis repousar, o tio ordenou-lhe:
—
Vá apanhar lenha para acender o
fogo e eu mostrarei a você coisas maravilhosas.
—
Que coisas? — indagou o rapaz, que
não estava com muita vontade de ir buscar a lenha.
—
Chega de perguntas! Vá depressa
buscar a lenha. Fique sabendo que não sou seu tio, sou um poderoso mago
africano. Se você não obedecer, transformo-o num pedaço de madeira para fazer
fogo.
Ao ouvir aquelas
palavras, Aladim, que já estava desconfiado de que o homem não era mesmo seu
tio, assustou-se e saiu a correr em busca da lenha. Voltou em seguida e acendeu
um grande fogo.
E puxa pra cima, se feche ou se abra e abracadabra
somente co’ a rima: o pesado é leve com esta magia, a pedra se eleve de noite
ou de dia.
Assim que as chamas subiram, o mago aproximou-se o
mais possível do fogo e pronunciou em voz alta palavras misteriosas:
O pó de três dentes de cinco serpentes; do coelho a
pata e um rabo de rata com incenso queimamos enquanto cantamos a canção da
magia, de noite ou de dia:
Conforme o mago falou, no lugar do fogo
apareceu uma grande pedra com uma argola de ferro. Mesmo assustado, Aladim não
pôde deixar de perguntar:
— Como fez isso, mago?
—
Segredo profissional, meu filho.
Esta pedra esconde a entrada de um subterrâneo cheio de riquezas. Se você
descer lá, pode apanharo que quiser. Para mim, traga uma velha
lâmpada que encontrará no chão.
O rapaz puxou a pedra pela argola e ela
se moveu facilmente. Embaixo havia um buraco e uma escada.
Mas Aladim se mostrava muito assustado e sem vontade
de descer. O mago lhe deu um anel mágico, dizendo que era para protegê-lo se
tivesse necessidade, e acrescentou:
— Não tenha medo, Aladim; li nos livros
mágicos que você é o único ser humano
que pode descer nessa caverna.
Aladim começou a descer pela escadaria,
que parecia interminável. Conforme andava, sentia frio. Do fundo da gruta
vinha uma estranha luz pela qual Aladim se guiava. Continuou a descer. A
primeira coisa que encontrou, no fundo, foi a lâmpada que o mago lhe pedira.
Admirado exclamou:
— Que lâmpada velha e sujai Para que
ele faz questão de uma coisa dessas?
Aladim nunca tinha visto pedras preciosas, por isso
não podia reconhecê-las. Mas sabia que elas costumavam ser acomodadas em
estojos pelos joalheiros. Por isto procurava as caixinhas de veludo onde elas
deveriam estar. Como não encontrou nada assim, achou que o mago o tinha
enganado. Resolveu, porém, colher alguns frutos que pendiam das árvores e que
lhe pareceram de vidro colorido. Eram rubis, safiras e brilhantes, pois ele estava
no jardim encantado, sem o saber. Com os bolsos cheios de jóias, tomou o
caminho de volta, para indagar ao mago onde estavam escondidos os tesouros que
lhe prometera em troca dá lâmpada.
A escada era tão longa que, quando chegou
lá em cima, Aladim apenas pensava em ir embora e pediu ao mago:
— Ajude-me a sair deste buraco !
— Dê-me a minha lâmpada, depois eu o ajudo.
— Ajude-me primeiro, depois eu
lhe dou a lâmpada.
Mas o mago continuou insistindo:
—
Primeiro me dê a lâmpada.
—
Não! *
—
Sim!
—
Não!
—
Pela última vez eu o aviso: me dê
essa lâmpada!
—
Tire-me daqui primeiro!
O mago,
furioso, recolocou a pedra na entrada, dizendo:
— Pois fique aí para sempre.
O pobre Aladim desesperou-se, achando que
nunca mais iria poder sair dali. Chorava muito triste, esfregando os olhos com
as mãos
De repente surgiu diante dele um ser
estranho, que disse:
— Ordene, meu senhor ! Aladim, estonteado com aquilo,
indagou:
— Quem é você?
— Sou o escravo do anel. Você esfregou o anel quando
limpou os olhos e esse é o sinal para que eu me ponha às ordens do dono do anel
encantado. Ordene, meu senhor!
— Quero voltar para casa — pediu Aladim.
— Assim será feito, meu senhor.
Ditas estas palavras, como em sonho,
Aladim encontrou-se em sua casa.
Aladim contou tudo à mãe e mostrou-lhe as estranhas
pedras que colhera das árvores do jardim encantado, explicando:
— Não havia tesouro nenhum, só estas pedrinhas e esta
lâmpada velha.
—
Vou limpar a lâmpada para vendê-la
— disse a mãe. — Assim compraremos alguma coisa para comer.
Pensando nas dificuldades por que passara
com o mago, e no medo de ficar preso para sempre na caverna, Aladim comentou:
— Pena papai não estar mais conosco, para ver como vou
me
modificar e me tornar um filho modelo.
A mãe o abraçou e o beijou, dizendo:
— Você é um bom menino. Quando eu tiver terminado
de polir a lâmpada, você vai vendê-la no mercado.
Mal a mãe tocou na lâmpada, surgiu diante deles
um ser enorme, duas vezes maior do que o escravo do anel, e disse
—
Sou o gênio da lâmpada, nada me é
impossível, ordene Aladim saltou de alegria. Batendo palmas, exclamou:
—
Que maravilhai Gênio, arranje o
almoço para nós.
—
Isso você podia ter pedido ao
gênio do anel! Mas afinal, já que estou aqui, vou servir-lhe as comidas mais
raras.
Ao ver
surgir o banquete, Aladim cantou:
Tudo o que desejar o gênio me dará, é só eu ordenar e
a lâmpada brilhará.
Nem sei o que pedir, se um castelo no ar, a roupa de
um grão-vizir, é só eu ordenar!
Passaram-se os anos.
Aladim tornou-se homem e o gênio continuou obedecendo-o. Nesse tempo em toda a
China se falava da beleza de Budur, a filha do imperador. De fato ninguém a
vira, pois, quando ela passava pelas ruas, vinham à frente guardas, que
ordenavam:
— Fechem todas as portas e janelas, que a Princesa
Budur vai passar
Mas um dia Aladim resolveu espiar e
descobrir se a princesa era assim tão linda como diziam. Ficou apaixonado e
disse à mãe:
—
Ponha as pedras preciosas do
jardim encantado em uma cesta, leve-as ao imperador e peça-lhe a filha em
casamento para mim.
— Mas, meu filho, o imperador não vai aceitar — ponderou
a mãe.
—
Aceita, sim! Mas espere, falta um
guardanapo de linho para cobrir a cesta… Gênio da lâmpada, preciso de você.
—
Ordene, meu senhor! Quer que eu
derrube uma montanha? Construa uma cidade? Destrua a China? Que esvazie o mar?
— Quero apenas um guardanapo de linho para cobrir esta esta — disse Aladim.
— E você chama o gênio da lâmpada para isso? Peça-me
todas as riquezas da terra…
— Apenas um guardanapo e…
—
…e que seja pequeno, não é?
Tome-o e cubra a cesta — disse
o gênio, mal-humorado.
A mãe de Aladim tentou convencê-lo a
desistir da idéia de casar com a princesa. Mas ele continuou insistindo. A mãe
cedeu e foi para o palácio com a cestinha debaixo do braço. Lá ficou esperando
horas e horas. Por fim um ministro, pensando que se tratava de uma pobre mulher
que precisava de algum auxílio do imperador, mandou-a entrar. Ela o seguiu
muito humilde, sempre carregando a cesta coberta com o guardanapo de linho, e
disposta a enfrentar as conseqüências do pedido absurdo que o filho a obrigava
a fazer.
Curvou-se diante do imperador e disse
— Majestade, meu filho Aladim
manda-lhe este presente..
— De que se trata?
Camarões frite
inhos de andorinha? — indagou o
imperador, erguendo o guardanapo.
Mas, ao ver o que a cesta continha
ficou deslumbrado e ofereceu:
—
Em retribuição a este presen:r
darei a Aladim o que ele me pedir.
— Ele pede sua filha em casam ente
— Está concedido — disse o im^
No dia do casamento houve festa em toda a China. Antes
da cerimônia, Aladim esfregou a lâmpada e o gênio apareceu:
—
Que você quer desta vez? Uma
pitada de sal? Um fio de linha?
—
Quero que você me construa um palácio
em frente ao do imperador.
— Nao digal Um palácio completo?
— E que seja todo de ouro maciço 1
—
Afinal você me pede um trabalhe
importante] — respondeu o gênio.
Cada manha, quando o imperador olhava
para o palácio de Aladim em frente ao seu, pensava no rico casamento que a
filha fizera e senlia-se muito contente. A bela Budur e Aladim viviam
felizes no palácio de ouro. Em toda a China falava-se de Aladim como um
jovem sábio e generoso. Ele, por sua vez, sentia-se
seguro tendo às suas ordens o gênio da
lâmpada e o gênio do anel.
A felicidade dos dois jovens era
completa, mas durou pouco. Aladim precisou viajar devido a uma guerra. Budur
ficou só, no palácio. Um dia a princesa foi atraída até a janela por um
estranho pregão que vinha da rua:
— Quem quer trocar lâmpada velha por lâmpada nova? Dou
uma lâmpa
nova de presente em troca de sua lâmpada velhal
Quem gritava assim era o mago, inimigo de
Aladim, que se aproveitava da ausência do jovem para tentar recuperar a lâmpada
mágica. Com nu cesta cheia de lâmpadas novas embaixo do braço, pusera-se a
gritar diante das janelas do palácio de Aladim.
Budur comentou com uma de suas servas a
estranha maneira de aquel< homem fazer negócios, e a moça aconselhou:
— Por que a senhora não troca a lâmpada velha que está
no quarto de seu marido por uma nova?
— Você tem razão, vá buscar depressa aquela lâmpada
para trocar.
Budur chamou o mago que ela pensava que fosse um
mercador, ofereceu a lâmpada velha, imaginando que ele ia recusar. O mago
reconheceu logo a lâmpada mágica, deu outra em troca e afastou- se Muito feliz,
tratou logo de esfregar a lâmpada e o gênio apareceu:
—
Pronto, Aladiml Mas você não é
Aladiml O mago riu maldoso e respondeu:
—
Claro que não sou Aladiml Sou seu
novo senhor, o mago africano. O gênio percebeu logo que se tratava de um mau
amo e disse:
—
Mas eu não sei se posso…
—
Deixe de conversa e obedeça.
—
Sim, meu -senhor!
—
Carregue para a África o palácio
de Aladim com todos os seus habitantes. Rápido, vamos!
—
Será cumprida sua ordem, meu
senhor. A esplêndida morada de Aladim será levada para a África neste mesmo
momento.
Quando o pobre Aladim voltou da guerra,
nao encontrou mais seu palácio, nem sua esposa. Tudo tinha sido levado para a
África. Por sua vez, o imperador estava furioso:
— Se minha filha não estiver de volta dentro
de quarenta dias, mandarei cortar sua cabeça!
Aladim, tristíssimo, retirou-se para um lugar isolado
e esfregou
o anel. Imediatamente apareceu o escravo, a quem
Aladim ordenou:
Traga de de volta minha esposa e meu palácio!
esposa e meu
— Não tenho poderes sobre os encantamentos do gênio da
lâmpada — explicou o gênio do anel ao desconsolado Aladim. — Posso apenas, se
meu senhor quiser, conduzi-lo até o seu palácio na África.
Em seguida Aladim se encontrou na janela do seu palácio e chamou que se
alegrou muito em vê-lo. Aladim, sem perder tempo, explicou:
—
Vim libertá-la! Isto é um
narcótico violento, derrame-o no vinho do mago para que ele durma. O resto fica
por minha conta.
—
Farei o que você diz, mas fuja
daqui. O mago ameaça mandar cortar sua cabeça.
Naquela noite o mago bebeu o narcótico e
e dormiu profundamente. Aladim, que ficara escondido, apoderou-se da
lâmpada e a esfregou. O gênio apareceu,
dizendo:
— Ordene, mago! Mas veja só! É o meu senhor Aladim!
— Eu mesmo! Depressa, carregue o mais rápida possível
para a ilha mais deserta que você encontrar!
E a nós e ao castelo, leve para a Chir!
O imperador e a mãe de Aladim nem podiam
acreditar quando viram os filhos de volta, tal a felicidade que sentiram. Daí em diante Aladim e Budur foram outra vez muito felizes e o mago nunca mais saiu da ilha deserta.
Depois de ganhar e perder Aladim já
não abusa da lâmpada e seu poder. Sabe que o que se usa com controle e medida
não causa preocupação e dura pra toda a vid
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