ALPHONSUS DE GUIMARAENS — (AFONSO HENRIQUE DA
COSTA GUIMARÃES) nasceu em Ouro Preto, a 24 de julho de 1870,
e aí recebeu a primeira instrução no Liceu Mineiro, matriculando-se, em
1890, na Faculdade de Direito de São Paulo, onde, mais tarde, lhe foi
colado o grau de bacharel. Encetou desde logo a carreira da\ magistra-
tura e foi juiz de Direito em Conceição do Cerro, transferindo-se em
seguida para Mariana, onde habitou durante os quinze últimos anos de
sua vida, de 1906 a 1921, em que se extinguiu, a 15 de agosto.
Alphonsus de Guimaraens — nome de que fêz uso como artista
— além de dar-se às lides jornalísticas, foi, como poeta, um dos mais
convictos simbolistas, e a sua lira suave e comedida oscila entre o amor
e a morte, em versos muitos deles ungidos de doce misticismo religioso.
As produções do seu estro nasceram-lhe da alma, no sossego da cidade
mineira, onde viveu entre autos judiciais e livros de poetas prediletos,
como Verlaine, Stecchetti e Heine, dos quais verteu vários poemas.
Chefe de família extremoso, intemerato juiz, conjugou às funções e
às afeições, o gozo e o sofrimento de poetar, deixando uma obra em
que palpitam as veladas e doloridas fantasias da sua imaginação.
Publicou: Kiriale, Dona Mística, Câmara Ardente, Setenário das Do-
res de Nossa Senhora, Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte, Escada
de Jacó e Pulvis. Essas obras foram reunidas, em 1938, no volume
Poesias, dado a público pelo Ministério da Educação e Saúde, e orga-
nizado sob a direção do poeta Manuel Bandeira.
Tercetos de Amor
Senhora, não pode quem
Sofre assim como sofreis
Querer mal e querer bem.
Bem-querida vós sereis
Por toda a corte do Céu
E pelas cortes dos reis:
Mas querer-vos tal como eu
Ninguém no mundo vos quis
Nem mostras de amor vos deu.
Ora o vosso olhar me diz
Que nem por sombras me quer,
Com seus olhares sutis,
Ora que não, que mulher
Sendo, amar inda podeis,
Se o vosso peito quiser.
Afortunada sereis,
Se vos condoerdes de nós,
Pois o que sofro sofreis.
Atendei à minha voz,
Que sendo minha como é,
Não deixa de ser de vós.
Amemo-nos a la fé.
(Pastoral aos Crentes do Amor
e da Morte, 1923, pp. 75-76).
Soneto XXV
Além do mundo, muito além, divaga
Uma cintilação de oiro e de argento.
Mortuàriamente, só a lua alaga
A terra com o seu beijo sonolento.
Do mar ao céu ressoa a humana vaga
Que às nuvens leva o nosso atroz lamento.
E vai tombando a escuridão pressaga
Por sobre nós, como um esquecimento.
E, enquanto este deserto em que vivemos
Morre, rebrilham com vigor profundo
Das naus do céu os estrelados mastros;
E entre clarores límpidos, supremos,
O olhar de Deus, que abandonou o mundo,
Dá nova luz ao resplendor dos astros.
(Ibidem, p. 123)
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar.. .
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…
E no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar. ..
Estava perto do céu,
Estava perto do mar…
E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…
As asas que Deus lhe deu
‘ Rufiaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…
(Ibidem, p. 89)
Seleção e Notas de Fausto Barreto e Carlos de Laet. Fonte: Antologia nacional, Livraria Francisco Alves.
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