Augusto dos Anjos – Biografia e Obras:
AUGUSTO DE CARVALHO RODRIGUES DOS ANJOS, nasceu a
20 de abril de 1884, na então província de Paraíba do Norte. Diplo-
mou-se em Direito pela Faculdade do Recife, em 1907, e, três anos
depois, transferiu-se para o Rio de Janeiro e aí viveu dos parcos pro-
ventos do magistério. Coligiu então as suas primeiras produções poé-
ticas, enfeixando-as em volume a que deu nome Eu.
Augusto dos Anjos foi um poeta triste, insatisfeito e movido de
viva sensibilidade. Sua lira deixou-se penetrar dos fenômenos melancó-
licos da morte e de angústias e conturbações da vida. Nela não se
descobre o culto da beleza feminina nem as atrações naturais do amor;
mas, rudemente, e, às vezes, sob matizes científicos, gemem nos seus
versos consternações e dúvidas e fluem verdades e protestos dolorosos.
Combalido no corpo e torvado na alma, o bardo sofredor infunde às
expressões meditativas laivos fortes de dor e de negativismo. "Materia-
lista em Filosofia — disse dele Antônio Torres — foi nos sentimentos
um idealista na; mais nobre, na mais vibrante e, digamos, na mais dra-
mática acepção do vocábulo".
Não completara ainda trinta anos, quando o abateu a morte, em
Leopoldina, Minas, aos 12 de novembro de 1913.
Suas obras: Eu, poemas, Rio, 1912; Eu, e outras poesias, 9.a edição,
Rio, Bedeschi, 1941.
O Lamento das Cousas – Poesia de Augusto dos Anjos
Triste, a escutar, pancada por pancada,
A sucessividade dos segundos,
Ouço, em sons subterrâneos, do Orbe oriundos,
O choro da Energia abandonada!
É a dor da Força desaproveitada,
O cantochão dos dínamos profundos,
Que, podendo mover milhões de mundos,
Jazem ainda na estática do Nada!
É o soluço da forma ainda imprecisa…
Da transcendência que se não realiza…
Da luz que não chegou a ser lampejo…
E é, em suma, o subconsciente ai formidando
Da Natureza, que parou, chorando,
No rudimentarismo do Desejo!
(Eu, e outras poesias, 9.a ed.
Bedeschi, 1941, p. 203). Obra de Augusto dos Anjos
Ricordanza delia mia Gioventíi – Soneto de Augusto dos Anjos
A minha ama de leite Guilhermina
Furtava as moedas que o Doutor me dava.
Sinhá-Mocinha, minha Mãe, ralhava…
Via naquilo a minha própria ruína!
Minha ama, então, hipócrita, afetava
Suscetibilidades de menina:
— Não, não fora ela! — E maldizia a sina,
Que ela absolutamente não furtava.
Vejo, entretanto, agora, em minha cama,
Que a mim somente cabe o furto feito…
Tu só furtaste a moeda, o ouro que brilha. ..
Furtaste a moeda só, mas eu, minha ama,
Eu furtei mais, porque furtei o peito
Que dava leite para a tua filha!
(Ibidem, p. 132). Obra de Augusto dos Anjos
O Sarcófago – Poema de Augusto dos Anjos
Senhor da alta hermenêutica do Fado,
Perlustro o átrium da Morte… É frio o ambiente
E a chuva corta inexoravelmente
O dorso de um sarcófago molhado.
Ah! Ninguém ouve o soluçante brado
De dor profunda, acérrima e latente,
Que o sarcófago, ereto e imóvel, sente
Em sua própria sombra sepultado!
Dói-lhe (quem sabe?) essa grandeza horrível,
Que em toda a sua máscara se expande,
À humana comoção impondo-a, inteira…
Dói-lhe, em suma, perante o Incognoscível,
Essa fatalidade de ser grande
Para guardar unicamente poeira!
(Ibid., p. 221). Obra de Augusto dos Anjos
Seleção e Notas de Fausto Barreto e Carlos de Laet. Fonte: Antologia nacional, Livraria Francisco Alves.
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