MÁRIO PEDERNEIRAS, natural da cidade do Rio de Janeiro.
Nasceu a 2 de novembro de 1867 e faleceu nessa mesma Capital, aos 8
de fevereiro de 1915. Encetou a vida literária no jornalismo, escrevendo
em folhas diárias e periódicos, e fundou em 1908 a revista semanal
Fon-Fon. Fêz-se a sua formação literária sob o influxo dos poetas franceses
da escola simbolista: deu então a lume o seu primeiro livro,
Agonia, onde se deixa ver a inclinação às novas formas de expressão
artística. Depois fixou com características próprias, a sua maneira clara
e simples de poetar, servindo-se já dos moldes consagrados, já dos versos
vários e livres, através dos quais se lhe extravasava, original e forte, às
vezes pungitiva, a inspiração. Mário Pederneiras amou intensamente a
cidade em que nasceu, posta em seus versos com sentimento e encanto; e
fêz vibrar em suas páginas, em forma justa e em nítida expressão, as
doçuras do lar e as agruras da vida.
Deixou as seguintes obras: Agonia, livro inicial, Rondas Noturnas
(1901), Histórias do meu Casal (1906), Ao léu do Sonho e à mercê da
Vida (1912) e Outono (1914).
Meu Casal
Fica distante da cidade e em frente
À remansosa paz de uma enseada,
Esta dos meus romântica morada,
Que olha de cheio para o Sol nascente.
Árvores dão-lhe a sombra, desejada
Pela calma feição de minha gente,
E ela toda se ajusta ao tom dolente
Das cantigas que o Mar lhe chora à entrada.
Lá dentro o teu olhar de claros brilhos,
Todo o meu bem e todo o meu empenho,
E a sonora alegria de meus filhos.
Outros que tenham com mais luxo o lar,
Que a mim me basta, Flor, o que aqui tenho:
Árvores, filhos, teu amor e o mar.
(História do meu Casal, 1906, p. 9). Obra de MÁRIO PEDERNEIRAS
Dor Suprema
Que esta Suprema Dor que minh’Alma envelhece,
Que tanto me acabrunha e tanto desalenta,
Que repele a Ilusão, como o Sonho afugenta,
Que não cede ao clamor, como não cede à prece;
Que esta Suprema Dor que me prende e acorrenta
À mágoa de esperar o que nunca aparece, \
Que se entranha na Vida e se alarga e que cresce
E de encontro à Alegria em lágrimas rebenta,
Seja o meu calmo abrigo, o meu sereno asilo
Onde minh’Alma vá, toda branca e alquebrada,
Pedir o Pouso e a Paz para um viver tranqüilo.
E que exsurja da Treva em que agora ando imerso,
Para eterna viver aqui — marmorizada —
Na tristeza imortal da Lágrima e do Verso.
(Ibidem, p. 49). Obra de MÁRIO PEDERNEIRAS
Crepúsculo
Eu sempre fui amigo dos estios,
Dos longos dias claros e sadios,
Da Cigarra, do Sol, que a vida encerra,
Que alegra a luz e que fecunda a Terra.
Mas estou hoje num estado d’alma,
Tão de indolência e calma
E tão avesso às emoções bizarras
Que não quero saber de Sol nem de cigarras..
Nada de força, de vigor, de músculos,
De desejos agudos,
Nem dos desatinos,
A que, às vezes, me atiro,
De alguma estranha fantasia nova;
Hoje alegrias e vigores domo
E prefiro
À meia tinta morna dos crepúsculos,
Num macio carinho de veludos,
A plangência católica dos sinos
Num fim de tarde, quando a luz repousa,
Ou então qualquer cousa
Como
Na alma de um violoncelo a surdina da trova.
Olho este fim de tarde e esta sombra que desce
E em tudo alonga e tece
A trama tênue do seu véu de luto…
A alma sentindo evocativa e boa,
Emocionado, escuto
O saudoso rumor do dia que se extingue…
E o dia azul que foi, apenas se distingue
Por um resto de luz que nas alturas sobra,
Por um sino que dobra
Ou uma asa que voa. ..
Hora triste de aspectos
Em que vive a emoção de umas largas distâncias,
Feita para sentir as venturas e as ânsias
Da saudade infeliz de uns extintos afetos,
E esta réstia de luz, clara, forte e sadia,
Numa longa impressão de vigor e de assomo
Suavemente
Esquecida,
Neste trecho de céu em silêncio e ensombrado,
Evocando
A ventura do dia,
É como,
No agitado rumor de uma vida presente,
A saudade de um som evocando o passado
E a cadência de um verso a lembrar uma vida.
(Outono). Obra de MÁRIO PEDERNEIRAS
Seleção e Notas de Fausto Barreto e Carlos de Laet. Fonte: Antologia nacional, Livraria Francisco Alves.
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