
O CAIPORA
O aspecto do caipora varia conforme a impressão que causa e a pessoa que êle tem que arruinar e fazer infeliz.
Frequenta, de ordinário, as encruzilhadas e as curvas dos caminhos. Antigamente, só espantava os caminhantes a pé ou a cavalo, fazendo este passarinhar e dar com o cavaleiro ao chão. Atualmente, êle coloca pedras nas estradas de rodagem para fazer capotar os autos e caminhões; serra as vigas das pontes e dos mata-burros para causar desastres. De tempos em tempos, êle se hospeda nas povoações, cercado de inúmeros caiporinhas, que são outros tantos diabinhos, que entram no couro do pessoal festeiro, isto principalmente na época do carnaval e da queima do Judas.
Uma vez, contam que êle, o manata, o Caipora chefão, encarnou numa onça pintada, que ficou azarando numa ponte que dava passagem para uma cidade e ali multava os roceiros que lá iam vender farinha e mais comestíveis, leitões e frangos. Todo o mundo, vindo à noite, tinha medo de passar naquela ponte.
Aí chamaram um benzedô mestre e curado de quebranto, para dar jeito no lugar. Êle arranjou duas galinhas pretas, nanicas esporudas peou-as com palhas de milho ca-tete, pôs numa manguara e foi passar pela ponte. O bicho investiu nele em pé e urrando como uma vaca parida. O cabra negou o corpo, puchou de uma garrucha picapau, que trazia, e pregou um perdigoto, rezado e fundido em sexta-feira da Paixão, bem no rumo do bucho do atacante. Este gemeu, esperneou, estrebuchou e faleceu.
Era de noite. No dia seguinte, muito cedo, quando o carimbamba foi ver o que era, deparou com uma pintada macota, esticada, de banda, com a boca ensanguentada, e isto foi uma fufuta na cidade. Toda a gente queria ver o merracho. Mas uma moça que puchou o rabo dela ficou tampadinha de sarna na mesma hora e teve um suspenso que durou até o casamento dela com um turco das Arábias.
A ponte ficou livre e desembaraçada de estrepolias e encantos; porém o carimbamba, curado e benzedô, por castigo, virou lobo e saiu disparado pelo chapadão a fora.
.. .E o contador concluiu a narrativa dizendo:
— Eu não tenho medo do Caipora nem do Saci, seu companheiro; pois tenho uma "sampatia" que é um porrete. Ali pra minhãzinha eu lavo a cara com urina e dou um nó na fralda da camisa.
A "muié" lá em casa fomenta o imbigo com azeite e pó de fumo, todos os dias, antes de deitar para "drumi".
I. G. Americano do Brasil: Lendas e Encantamentos do Sertão.
Edições e Publicações Brasil, São Paulo, 1938, pp. 58-59.
Fonte: Estórias e Lendas de Goiás e Mato Grosso. Seleção de Regina Lacerda. Desenhos de J. Lanzelotti. Ed. Literat. 1962
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