JOSÉ AGOSTINHO DE MACEDO

JOSÉ AGOSTINHO DE MACEDO (Beja, 1761-1831) teve em a
Nova Arcádia o título de Elmiro Tagídeo. Professou na Ordem dos Ere-
mitas de Santo Agostinho e em 1793 logrou secularizar-se presbítero.

Tornou-se notável pela prodigiosa variedade dos seus conhecimentos e
pela sua índole inquieta e acerbamente polemística. Foi pregador, poeta
épico (O Oriente), didático (A Meditação) e satírico (Os Burros). Garrett
escreveu que a Meditação fazia suma honra ao nome português. Hodier-
namente se desencadeia a crítica, nos juízos de Lopes de Mendonça,
Castelo Branco e Teófilo Braga, contra o mísero polígrafo; mas antes
nos inclinamos, com o eminente Menendes Pelayo, a pensar que — contra
José Agostinho ainda perduram antigos ódios, e que muito se tem de
passar antes que se diga toda a verdade sobre esse fero batalhador.

Para dar uma idéia da sua fecundidade literária, basta ponderar que
o catálogo das obras deste escritor enche 131 páginas do Dicionário Bi-
bliográfico
de Inocêncio Francisco da Silva.

Combate do Gama com Timoja

Todo fogo e vingança, a vista estende
Onde a refrega é erma e mais acesa:
Tal das nuvens o açor, que os ares fende,
Se precipita demandando a presa:
Nem a vulgares campeões atende,
Só Timoja procura, os mais despreza;
Como a Tancredo se oferece Argante,
Assim Timoja se lhe põe diante.

Turquesco alfange esgrime e, denodado,
Afeito à guerra, intrépido o vibrava,
Em nobre sangue português banhado,
Com militar exemplo os seus mandava:

De todo o cobre escudo sobraçado.
Plumagem rica o elmo lhe assombrava; (742)
Veste, não qual gentio inerte e imbele,
Dum tigre mosqueado a hirsuta pele.

Qual massílio leão, que vem ferido
De mouro caçador, coa lança dura,
Que a cauda bate a grenha, enfurecido
Entre milhares o agressor procura;
Tal corre o Gama forte e destemido
De vis arábios pela turba escura;
Pula-lhe o sangue, a raiva lhe recresce,
Quando o soberbo campeão conhece.

"Aprende, ó fero, a conhecer a espada
(Lhe diz, parando, o capitão valente)
Vê como d’honra ao grito provocada
Até agora venceu na África ardente;
Foi eleita do Céu, do Céu mandada
Mudar o fado (743) ao lúcido Oriente;
E pois despreza a paz, e acende a guerra,
No mar a sinta, e sentirá em terra".

Disse, e de ponta o fere; êle, turbado,
A esta, àquela parte eis luta ansioso,
Qual aos golpes do rígido machado
Ferido, antes que caia, o freixo anoso;
Tenta esgrimir a cimitarra irado,
Porém da morte o manto lutuoso,
O cobre; o sangue em borbotões derrama,
Expira, blasfemando, aos pés do Gama.


Seleção e Notas de Fausto Barreto e Carlos de Laet. Fonte: Antologia nacional, Livraria Francisco Alves.

 

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