O MUNDO MARAVILHOSO DAS AVES

O MUNDO MARAVILHOSO DAS AVES

Henry Thomas

O espantoso apetite das aves

Se um menino de dez libras comesse tanto quanto um filhote de corvo, durante um período de oito meses, no fim deste tempo o bebê pesaria mais de duzentas libras. Por aí podeis avaliar que as aves, especialmente os filhotes de aves, têm tremendo apetite. Um filhote de corvo come umas 280 grs. de alimento por dia, nas três primeiras semanas de sua vida. Isto soma cerca de treze libras ao todo. Seu cardápio consta de um banquete de muitos escaravelhos, atingindo a 2% de vezes seu próprio peso, uma multidão de gafanhotos igual a duas vezes seu próprio tamanho, uma quantidade de alpiste igual a um quinto de seu tamanho e uma sobremesa de cereais de um e um meio de seu próprio peso. Como acréscimo a esse enton-teoedor regime, o corvo come camondongos, caranguejos dos rios, lagartas, rãs, aranhas e pequenos mamíferos.

Alguns outros pássaros têm, porém, apetite por diferente espécie de alimento. O filhote de pintarroxo, por exemplo, come cerca de 4m,57 de vermes por dia. O pintassilgo escarlate ou tangará, um dos mais brilhantes de nossos pássaros vermelhos, é bem conhecido por consumir seiscentas e trinta lagartas em dezoito minutos, enquanto que o pintassilgo de papo amarelo do norte, no curto espaço de quarenta minutos, pode comer três mil e quinhentos pulgões. Examinando o estômago de pássaros mortos, descobriram os naturalistas que um cuco

de bico amarelo come duzentas e dezessete larvas peludas, . nquanto que outro come duzentas e cincoenta lagartas cabeludíssimas. Dois falcões noturnos comem sessenta i’.ii.mliotos e quinhentos mosquitos cada um. Uma co-tinga provou sua utilidade ao homem, comendo um cento de vermes de gangrena, ao passo que um picanço, espécie de pica-pau, come mil percevejos de chinchila. Alguém já contou cinco mil sementes de joio no estômago duma codorniz e sete mil e quinhentas sementes de azedas e nove mil sementes de erva-de-pombo nos estômagos de duas pombas turturinas. Avaliou-se que um mocho deve comer uma quantidade de alimento equivalente a três camundongos por dia, ou cerca de mil por ano.

Do que fica exposto, podeis ver que, embora tenham os pássaros comida muito escolhida, comem-na em grande quantidade e que toda a ocupação dos pais penígeros é arranjar comida para sua prole. Uma carriça doméstica dá de comer a seus filhotes nada menos de 1217 vezes, em dois terços de um único dia.

Viagens e aventuras maravilhosas das aves

NO ano 79, da era cristã, morreu um dos mais antigos e dos maiores naturalistas. Esse homem, Plínio, o Antigo, comandava naquele tempo a frota romana, e na sua avidez de apreciar de bem perto a erupção do Monte Vesúvio, encontrou a morte. Esse antigo naturalista tem particular interesse para nós agora porque foi o primeiro, pelo que sabemos, a registar a marcação de pássaros. Segundo êle, alguns pássaros eram agarrados nas corridas de carro da Toscana, onde os marcavam com as cores do carro vencedor e deixavam-nos voar de volta para Roma, afim de levarem a notícia aos que estavam ansiosos por saber o resultado das corridas.

Temos interesse na marcação dos pássaros, ou na sua sinalação, como se diz agora, porque é um dos nossos principais meios de saber tudo quanto se refere às espantosas viagens de nossos amigos emplumados. No ano de 1710, foi capturada uma garça na Alemanha. Examinada, descobriram-se numerosos aros ligados à sua perna. Um desses anéis parecia ter sido colocado na ave, na Ásia Menor. Concluía-se evidentemente daí que a ave tinha percorrido todo aquele caminho, da Ásia à Alemanha. O primeiro registo de aves marcadas foi feito nos Estados Unidos por Audubon. Anotando o tempo e o lugar e vários outros fatos importantes relativos às aves na época da Marcação, podemos aprender muita coisa acerca das subsequentes viagens das aves. Aves marcadas na Europa têm sido encontradas na América. Bem estranho, porém, é que aves marcadas na América não tenham sido ainda encontradas na Europa. Uma ave marcada em 1913, nas costas de Northumberland foi achada, um ano depois, na Terra Nova. Uma andorinha do mar, marcada nos Estados Unidos, foi encontrada, quatro anos depois, na África.

Não é preciso acentuar, neste ponto, que o anel de modo algum machuca ou embaraça a ave. As marcas são pequenos aros de metal leve, com um número e o endereço da Inspetoria Biológica. Estes anéis são colocados na perna da ave. No trato com as aves assinaladas, têm sido empregados engenhosos, porém inofensivos, alçapões para apanhá-las. A maior prova de que as aves não são ofendidas consiste no fato de voltarem algumas delas, todas as vezes, para o mesmo alçapão. Muitas aves, porém, são marcadas quando ainda no ninho. As aves ficam sujeitas a muitos perigos e a marca mostra que poucas aves vivem mais de doze anos, a não ser cativas.

As aves se fazem notar não só pela distância, como oela velocidade de seus vôos. A velocidade atingida por uma ave em vôo é muito variável. Um abutre europeu, quando perseguido por um aeroplano, vôa cento e dez milhas por hora. Os martinetes, que são pequenas aves aparentadas com os beija-flores, têm uma velocidade nor-mal de mais de setenta milhas por hora, enquanto que a média das pequenas aves atinge apenas quarenta milhas por hora. Os estorninhos viajam de quarenta e cinco a cincoenta milhas por hora, e os patos e gansos, de quarenta a sessenta milhas por hora.

Notável, também, é o certeiro instinto dos nossos amiguinhos de penas. E’ quase inacreditável o misterioso modo que têm eles de encontrar certos caminhos e de seguirem por eles. Um dos mais extraordinários vôos é da andorinha marítima das regiões árcticas, que atravessa mil e cem milhas do Círculo Árctico à França, ou ao Sul da África, ou à extremidade da América Meridional. E seu instinto a guia, direta e seguramente, do começo ao fim. A tarambola dourada emigra do Labrador à Venezuela, uma distância de duas mil e quinhentas milhas. Supõe-se que seja o mais longo vôo simples de uma ave, porque é feito diretamente sobre a água. E o mais curioso a respeito desse vôo é que as aves voltam sempre por um caminho diferente. A gaivota de cabeça preta da Europa, tem três caminhos à sua escolha. A cegonha branca vai para a África por vários caminhos, nenhum dos quais cruza o Mediterrâneo. Ao partir, essa ave perfaz em média cento e vinte e cinco milhas por dia. Leva de dois a três meses e meio para ir ao sul e cerca de metade desse tempo para voltar. As andorinhas inglesas cruzam o Mediterrâneo, na sua viagem para a África, e frequentemente descem a bordo dos navios para descansar suas asas fatigadas. A andorinha consegue descobrir seu caminho tão cuidadosamente, que pode voltar para o mesmo lugar de aninhamento, todos os anos. Ima-ginai-vos fazendo toda essa viagem de ida e volta è Africa, sem postes sinaleiros, sem rádio, sem bússola para ajudar-vos!

Provavelmente, porém, a mais curiosa de todas as viagens é a das aves que não podem voar. O grande corvo marinho, por exemplo, faz suas ninhadas nas costas da Terra Nova de onde emigra para o sul, até Massachusetts, todos os anos. E essa ave não tem asas! E’ um nadador tão possante, porém, que consegue fazer a nado todo esse caminho do Norte ao Sul.

As espantosas proezas dos pombos correios

UM dos maiores esportes da Europa é a corrida de pombos. Os pombos são excelentes aves de corrida e empregam-se como mensageiros, porque podem ser exercitados para regressar a casa de grandes distâncias, de mil milhas mesmo. Certa vez, um pombo, chamado Kobo, ganhou o record de uma carreira de mil milhas. Perfê-la em nove dias, vinte horas e quinze minutos. Foi esse um notável record, quando consideramos que inclue o tempo gasto pela ave em repousar e em tentar escapar de seus inimigos.

Às corridas de pombo datam quase dos tempos prehistóricos. Pombos correios foram utilizados para levar mensagens em tempo de guerra, desde os dias do cerco de Tróia. Durante a Grande Guerra, os pombos prestaram relevantes serviços. E eis o record dos pombos que serviam as Forças Expedicionárias Americanas:

Ao tempo da ofensiva Aisne-Marne, utilizaram-se setenta e dois pombos e nem um deixou de voltar. Setenta e oito importantes mensagens foram transportadas por esses pombos. Durante a batalha de Saint-Michel, noventa importantes mensagens foram confiadas a aves. Dos duzentos e dois pássaros empregados, vinte e quatro morreram ou se perderam. Na investida do Meuse argonne, quatrocentas e quarenta e duas aves entregaram quatrocentas e três mensagens. E nem uma destas caiu em mãos do inimigo.

Durante a Grande Guerra não foram somente os homens que alcançaram todas as honras individuais. Muitos dos feitos corajosos foram praticados pelas avies. Por exemplo: Soltaram "Big Tom", certo dia, durante intenso canhoneio, e em vinte e cinco minutos entregou uma mensagem, numa aldeia distante vinte e quatro milhas. Uma de suas pernas e parte de seu peito foram arrebatados, mas êle prosseguiu seu caminho, com a men-sagem, a pesar die tudo, "The Mocker" perdeu um olho em ação, mas, mesmo assim, entregou sua mensagem. "The Spike" perfez mais de cincoenta viagens às linhas de Frente e nem uma só vez foi ferido. "President Wilson" foi outra ave que prestou inestimáveis serviços durante a Guerra. O mais estranho, porém, é que o Congresso só tenha demonstrado reconhecimento aos seres humanos.

Tanto na paz, como na guerra, têm os pombos executado espantosas proezas de habilidade e resistência. Observai, por exemplo, os curiosos pombos de corrida da Eu ropa. Essas aves São criadas, alimentadas e exercitadas, tão cuidadosamente como um galgo ou um cavalo de cor ridas. Um exame físico se realiza quando o futuro corredor tem quase dez semanas de vida. Mais tarde, quando os corredores estão familiarizados com os arredores, são levados para longe de sua casa e soltos para um curto vôo de experiência. Cada dia a distância é aumentada, até que o pássaro seja capaz de executar seu vôo de cem milhas. Interessante fato relativo a pombos de corrida é que os concorrentes partem do mesmo ponto, mas chegam a pontos diferentes, isto é, seus próprios pombais. Os modernos pombos de corrida foram primeiramente criados na Bélgica e pesavam cerca de 459 gramas. Esses pombos fazem usualmente cerca de 1.106 metros por minuto. Podem voar continuamente durante treze horas e bater distâncias mais velozmente que nossos mais velozes trens.

Somente pensando em coisas tais como as condições atmosféricas, os gaviões e a fadiga, é que verificamos que proezas maravilhosas executam os pombos correios e de corrida. Como podem fazer esses inteligentes e amáveis correios emplumados o que fazem, é até hoje um mistério. Não chegámos ainda a compreender exatamente como podem eles descobrir seu caminho de volta para casa, de distâncias tão grandes como um milhar de milhas. Durante muito tempo pensou-se que os pombos se perderiam se se mudassem seus poleiros. Contudo, um soldado do exército japonês conseguiu descobrir que os pombos que têm seus pombais em pequenos navios, sempre encontram o que lhes pertence, ao regressarem, a-pesar-de haver o navio se movido nesse contratempo. Daí tirou êle a idéia de ter pombais móveis. Como resultado desta descoberta, o emprego de pombos na guerra tornou-se prático, porque, mesmo que o exército esteja continuamente em marcha, os pombos poderão ser soltos com mensagens e encontrar seu caminho de regresso.

Não nos devemos esquecer, sem dúvida, de que nem todos os pombos são de corrida ou domésticos. Muitos são exercitados para corridas a curta distância, outros para grandes distâncias; muitos são criados apenas pelo seu valor como alimento, enquanto que ainda outros, pela sua beleza ou sua força, como acrobatas. Estes últimos praticam toda a casta de pulos no ar, tais como espirais, voltas e tudo mais. Provavelmente a mais curiosa utilização dos pombos é fazê-los tocar música enquanto voam. Os chineses fixam certo número de delgadíssimos tubos de bambu na cauda do pombo, e quando o pássaro voa, o vento assobia através daqueles tubos, produzindo uma músi ca bem deliciosa.

Como amam as aves

IMAGINAI-VOS gozando vários fins de semana na região antárctica. Poderíeis ser testemunha dos mais curiosos galanteios, em todo o reino plumífero. No gelo, bem longe da água, aparece uma delgada linha em movimento. Mais de perlo, parece ser composta de homenzinhos, em trajes de cerimônia. Um exame mais cuidadoso, mostrará que é uma simples linha de pinguins, essas es-tranhas avezinhas, que andam eretas como seres humanos. Os rapazolas se saracoteiam em fileira, até que alcançam um ponto de terra bem distante do mar. Ali, cada fêmea escolhe um pequeno trato de terreno para si mesma. Depois que a fêmea se instalou confortavelmente num buraco pouco profundo, alguns machos apanham um seixo e levam-no para ela. Se ela aceita o seixo, é sinal que disse "sim" à sua proposta, e em consequência volta êle com outra pedra e mais outra, até ter trazido o bastante para construir um ninho. Então se instalam para formar a família.

Outro tipo de namoro é o das galinhas silvestres. Muitas dessas aves se reúnem em determinado ponto, onde os machos saem a campo dois a dois e travam fingido combate, como costumavam fazer, nos torneios, os cavaleiros de outrora. As fêmeas, sentadas em semicírculo, podem, logo que termina a batalha, escolher os vencedores.

Outras aves recorrem ainda a outros métodos amorosos. O macho de certa espécie de aves-do-paraíso seduzem as fêmeas, formando decorações em forma de conchas brilhantemente coloridas e flores. Os colimbos tentam alcançar o coração de suas companheiras pelo estômago, oferecendo-lhes para comer saborosas gulodices. A maioria das aves vale-se de sua habilidade simiesca, para encantar suas namoradas. Quando ouvirdes o poliglota rompendo uma cantoria, ou o pardal cantador gargantear até perder o fôlego, já sabeis que está oculta nas moitas, ali perto, uma arisca femeazinha a quem são dirigidas essas inspiradas serenatas.

Certamente o mais presunçoso é o método de namoro posto em prática pelos faisõcs. Os machos enfeitam-se e entufam-se, cheios de importância, abrem as vistosas penas da cauda, batem as asas, inclinam-se de pavoneiam-se até que a pobre fêmea fique simplesmente fascinada pelo formoso companheiro, que tem à sua frente.

Choças e palácios das aves

SE houvesse um carteiro entre as aves, acharia êle ninhos que são, realmente, a reprodução de todos os tipos de habitação erguidos pelo homem. Há entre as aves casas de campo, casas fixas, palácios, choças e casas de apartamentos. Há mesmo, entre as aves, vagabundos que nem casa própria têm.

As casas de apartamento das aves são, em alto grau, os mais interessantes tipos de construção de ninhos. No Haiti, certa espécie de papa-moscas vive no que se chama um ninho coletivo. Este consta de um grande feixe de gravetos, ervas e brotos, dentro do qual foram construídos muitos quartos. Cacia pássaro tem uma série de quartos para seu uso. Certo pássaro da América do Sul deu um passo mais adiante. Ali os ovos são postos em um grande ninho, onde todas as partes interessadas têm de chocá-los. Os mais conhecidos moradores em apartamentos são os tecelões. Estes pequenos pássaros reúnem-se e tecem um grande quarto ou dossel, numa árvore. Cada membro da comunidade constrói então seu próprio ninho debaixo do dossel, que serve para protegê-los da chuva e e de qualquer animal de presa, que tente perturbar os ninhos.

Nem todos os pássaros, porém, constróem seus ninhos em árvores. Os picapeixes escavam um longo túnel, em algum banco de areia. Na extremidade dele, cavam um largo quarto e constróem seus ninhos com as espinhas dos peixes, que restaram da comida dos pássaros. Inútil acrescentar que o ninho exala um aroma característico, devido ao tipo do material empregado na construção e à escassa ventilação. As andorinhas dos baixios cavam pequenos túneis na superfície dos mais inacessíveis penhascos. Na extremidade desses túneis, constróem ninhos de relva e de algas marinhas.

Alguns dos construtores de ninhos são pequenos operários maravilhosamente habilidosos. Entre os pica-paus encontramos excelentes carpinteiros, que gastam semanas cavando um ninho resistente em alguma árvore, que não esteja demasiado apodrecida. Encontramos, também, pedreiros entre os pássaros. Os pintarroxos e andorinhas de celeiro, por exemplo, edificam compactos ninhos de erva e lama, à moda de habitações humanas. As aves afeiçoam o ninho, enquanto a lama está mole, sentando-se dentro e ficando a girar, a girar. Por outras palavras, constróem suas casas em torno de si mesmas. Alguns dos construtores de ninhos são perito fiandeiros, tais como os papafigos, por exemplo. Esses pequenos artífices de pena constróem lindos cestos pendentes, com fios de tecer, grama e fibras vegetais.

Há, em seguida, algumas aves que constróem habitações de um, dois e mesmo três andares. Para explicar a razão disto, é necessário mencionar os hábitos doutra espécie de ave, isto é, do pássaro-vaca (melotro). Este preguiçoso camarada abandonou a ambição de possuir um ninho próprio. Em consequência, vai deixando seus ovos pelos ninhos dos outros pássaros. A principal vítima dêsses ovos importunos é a dendróica amarela, espécie de toutinegra. A dendróica parece saber que os grandes ovos do pássaro-vaca não pertencem àquele seu ninho e que quando o filhote do pássaro-vaca sair da casca, obrigará os filhotes legítimos a abandonar a casa muito cheia. E por isso, quando a dendróica -encontra ovos de pássaro-vaca em seu ninho, ergue um segundo andar sobre o ovo do intruso, de modo que o calor da fêmea não chegue a chocar o ovo. Se outro ovo de pássaro-vaca é posto no ninho da dendróica, acrescenta-se um terceiro andar.

Muitas aves não possuem bastantes recursos, ao que parece, para poder ter casa prépria. O falcão noturno, por exemplo, não constrói ninho nenhum, mas põe seus ovos pintados no chão limpo. E alguns pássaros, como o cuco, contentam-se com uma simples choça. Não sabemos se isso provém de preguiça ou de falta de habilidade, mas seja como fôr, o cuco entulha uns poucos gravetos na forquilha duma árvore e põe seus ovos em tão insegura plataforma.

Mas, por outro lado, o que pode ser chamado os palácios edificados por aves são cs ninhos eretos pela águia dourada, pela águia pelada e pela águia marinha. O primeiro daqueles ninhos "é uma pilha de gravetos de 2m,10 de extensão e lm,50 de altura; o segundo tem 2m,40 de tamanho e mais do que isso de altura; o último é maior que qualquer ninho de falcão e mais evidente porque colocado, em geral em algum lugar proeminente, como o cimo de um guindaste. Todos esses três palácios são reparados todos os anos, ajuntando-se-lhes novos materiais, de modo que estão constantemente aumentando de tamanho.

E finalmente, numa espécie de contraste, o menor de todos os ninhos de pássaros é o do beija-flor. Esse, porém, é um palácio, mas um palácio em miniatura, embora, ao mesmo tempo, de grande estilo. O ninho todo não é maior que um relógio de bolso, mas é provavelmente o mais artístico de todos os ninhos. Tem a forma duma taça profunda, enforquilhada a meio dum galho e é forrado de confortável penugem de cardo e decorado, do lado de fora, por líquenes cuidadosamente colocados, adequado lar para a princezinha do reino das penas.

Como mudam as aves de guarda-roupa

DIFERENTEMENTE do sapo, que come suas roupas estragadas, as aves descartam-se das suas, sem comê-las e arranjam, elas mesmas, novo guarda-roupa. Devemos admitir que um lanche de penas estragadas não seria muito apetecível, para não dizer pior. Desde que sai fora da casca até o dia de sua morte, um pássaro muda de trajes muitas vezes. Isto é, despoja-se duma boa porção de suas penas, porque se tornaram gastas e não prestam mais para o vôo, ou porque o pássaro deseja trajar-se brilhantemente, de azul, vermelho ou amarelo, quando vai namorar.

Um dos mais notáveis exemplos de mudança de guarda-roupa é o observado na família dos galos silvestres. No verão, essa ave é dum castanho mosqueado. Com esse traje fica igual ao chão e às folhas secas, de modo que dificilmente pode ser distinguida dentre as coisas que a cercam. De fato, essa ave é tão semelhante ao chão, na tôr, que a gente muitas vezes pisa-lhe em cima sem querer. No inverno, quando a neve cobre o solo, tal traje não teria valia alguma. Em consequência, a ave troca seu treje de verão por uma roupa de inverno, côr de neve, que lhe permite superlativa proteção.

Todos os filhotes de pássaros, que nasceram com uma espessa capa de penugem, mudam as penas ou despojam-se dessa roupa, afim de obterem um terno de penas verdadeiras. De modo aue todos os oássaros fazem uma muda anual. Os patos perdem suas penas tão rápida e completamente depois do choco, que durante algum tempo não podem voar.

A ordem em que se opera essa muda de penas não é a mesma para todas as aves. Como já mencionámos, os patos mudam as penas de uma só vez. O mesmo acontece com os gansos. Outras aves perdem duas penas, de cada vez, uma dum lado do corpo e a correspondente do outro lado. Não se sabe ainda claramente por que ocorre isso assim. Como nos diz o Livro Santo, os caminhos do Céu a respeito das criaturas do mar e das criaturas da terra estão muito além do alcance humano.

Audaciosas aves gatunas

POR mais estranho que pareça, a majestosa águia pelada é um gatuno. Circula no espaço por cima dum falcão pescador, que acaba precisamente de agarrar gordo peixe e obriga o falcão, sobrecarregado pelo peso, a largar seu bem merecido alimento. A águia então apropria-se, "abafa", para usar de baixo calão, aquele jantar.

De reputação mais negra que a da águia pelada, é a gaivota de rapina. Esse empedernido Robin Hood da família das aves ronda sobre os lugares onde se aninham os pinguins. Enquanto os pinguins velhos estão por perto, a gaivota fica fora de seu alcance, porque não é ela adversário para um pinguim grande. Quando o pinguim deixa seus ovos, porém, a gaivota, com a rapidez dum relâmpago, desce veloz sobre o ninho, agarra um ôvo em seu poderoso bico recurvo e voa para longe, afim de comê-lo em segurança. Não contente de roubar ovos, essa gaivota se apodera também dos tenros filhotes dos pinguins, ainda não bastante crescidos para se defenderem sozinhos. Os

pinguins aprenderam um hábil ardil para proteger suas crias contra esse perigo. Logo que os jovens pinguins vão crescendo, os pais avançam cada vez mais longe no oceano. Os filhotes são deixados em pequenos grupos, e cada grupo sob a guarda de um forte pinguim velho, que os vigia, enquanto os pais estão ausentes. Se uma gaivota é tão atrevida a ponto de tentar raptar um filhote, o pinguim velho e guardião rapidamente afugenta o larápio. Essas escolas ou infantários de pinguins, são tão bem organizadas e disciplinadas, que anulam toda a habilidade da gaivota de rapina, no êxito de suas rapinagens.

"Estranhas conversas com aves

RECEAMOS que muitas das conversas com aves te-nham sido exclusivamente de um lado só. Outras foram conversas, bem verdadeiras, mas nas quais não se usaram palavras. Uma conversa deste último tipo foi a que se realizou entre Noé e a pomba enviada à procura de terra, após o dilúvio. Palavras não foram ditas, contudo uma mensagem foi entregue pela pomba a Noé. A pomba voltou à arca, carregando um ramo de oliveira no bico e assim significando que o dilúvio havia cessado. De acordo com uma antiga lenda, a pomba voltou para a arca uma segunda vez, com marcas de barro vermelho nos pés, o que provava que havia terra acima da água. De acordo com essa lenda, Noé pediu a Deus que os pés das pombas ficassem vermelhos, até o fim dos tempos. Hoje todas as pombas e pombos têm os pés vermelhos.

Famosíssima conversa realizou-se entre S. Francisco e os pássaros. Quando o povo o desprezou, S. Francisco seguiu para os bosques onde começou a pregar. Todas as aves do ar e todos os animais da floresta, dizem, reuniram-se em torno dele, afim de ouvir-lhe a mensagem.

Outra famosa conversa, ou antes, uma série de conversas prolongadas por um período de muitos anos, realizou-se entre Robinson Crusoé e seu papagaio falador. Dessa forma o marinheiro náufrago pôde divertir-se durante as longas horas de sua permanência isolada na ilha deserta.

Entre os famosos pássaros faladores, de acordo com os antigos, estava a andorinha. Essa ave não era tolerada pelos gregos, que a consideravam tagarela. Antiga superstição dizia que a andorinha escutava às portas e janelas e repetia aos vizinhos o que acabava de ouvir. Em certa ocasião, porém, prestou um bom serviço a Alexandre, com sua tagarelice. Os membros da família de Alexandre estavam conspirando contra êle. Segundo a lenda, uma pequena andorinha ouviu-lhes os planos e correu a avisar o grande monarca.

Finalmente, existe a atual expressão popular, que se originou da antiga crença de que as aves e os homens podem falar uns aos outros. Pensai nas muitas vezes em que dizeis: "Um passarinho me contou", nunca vos deti-vestes a imaginar donde proveio essa expressão? Surgiu entre os gregos, que acreditavam que poderiam comunicar-se, não somente com pássaros vivos, mas também com os desencarnados espíritos das aves do ar.

Como as aves telegrafam umas às outras

QUANDO um pássaro canta, nem sempre lança as suas melodias por mero prazer. Os pássaros chamam pelos outros, dão-lhes avisos, e guiam-nos no vôo por meio de canções.

O LINCE DO CANADÁ (Lynx canadensis) Fotografia apanhada no momento em que o animal estava sendo acossado por fox-terriers.
O LINCE DO CANADÁ (Lynx canadensis) Fotografia apanhada no momento em que o animal estava sendo acossado por fox-terriers.

Na primavera, um pássaro macho escolhe certo tre-cho de território para si mesmo e passa o tempo cantando ali. Desta forma não somente chama a fêmea para si, mas ao mesmo tempo avisa aos outros machos que o território já está ocupado. Além disso, se ouve outro macho cantando em seu território, imediatamente manda-o tratar de sua vida.

Quando os corvos estão roubando grãos de cereais, nos campos duma fazenda, quase sempre postam várias sentinelas nas árvores próximas. À aproximação do perigo, as sentinelas dão sinal em voz alta, em tons ásperos. As aves ladras do campo atendem à advertência e põem-se a salvo, voando.

Quando um filhote cai do ninho, uma série de gritos de advertência e direção chega aos ouvidos do mais moço vindo do pássaro pai, empoleirado em alguma árvore próxima.

Um dos mais estranhos processos de comunicação dos pássaros é o empregado pelo faisão de gola. No sossego da noite, essa ave de caça estaciona num tronco, onde tamborilhará com as asas. Tão rapidamente batem as asas que só podeis perceber uma mancha, se tiverdes bastante sorte para testemunhar essa curiosa proeza. O tanta flutua no ar tranquilo da noite, e em breve outro pássaro da floresta ouve o chamado, posta-se êle mesmo no seu campo de tamborilheio e telegrafa em resposta.

Se tendes a necessária habilidade de imitar o canto dos vários pássaros, podeis testemunhar por vós mesmos a eficiência do interessante sistema telegráfico por eles utilizado. Um pássaro bom assobiador pode ocultar-se nas moitas e imitar o chamado de certa ave e se esta se encontra nas vizinhanças, responderá ao chamado. Conser-var-se-á chamando, enquanto o assobiador chamar. Sem dúvida estais familiarizados com o ardil dos caçadores que grasnam para os gansos que voam muito no alto, conseguindo que eles baixem e se ponham ao alcance do tiro. Durante os anos, há pouco passados, os produtores cinematográficos fizeram filmes sonoros que não somente demonstram ao auditório os meios telegráficos dos pássaros, mas o capacitam a ouvir as mensagens.

Grandes reservas para aves

S amigos dos pássaros têm ficado tão aterrorizados

diante da proporção de desaparecimento dos nossos pássaros cantores e de caça, que construíram imensas reservas e abrigos de pássaros, por todo o país. Um dos melhores exemplos do que pode ser feito por um autêntico amigo dos pássaros é o refúgio para patos e gansos que Jack Miner, antigo caçador, estabeleceu em sua casa, em Ontário. Alimentando as aves e mostrando-lhes que serão protegidas, o sr. Miner induziu milhares de hóspedes de penas a voltar a sua casa, todos os anos. Numerosas ilhas têm sido reservadas como refúgios para aves marinhas, conseguindo-se que muitas espécies nelas se aninhem para o choco, em grande número e com grande segurança. Por meio do sábio estabelecimento de áreas e abrigos, tem sido possível salvar muitas aves de completa extinção.

Pescando com um corvo marinho

EM sossegada noite, ao longo da costa duma vilazinha chinesa. Um bote chinês flutua tranquilamente, em repouso na água parada. Em linha, ao longo do parapeito, podemos enxergar uma fileira de criaturas de formas estranhas, que desaparecem de vez em quando, para voltar em seguida à primitiva posição. De mais perto, podemos determinar com precisão que espécie de criaturas são essas. Há ali talvez uma dúzia ou mais de possantes aves mergulhadoras, que se chamam cormorões ou corvos marinhos. Os chineses utilizam-se dos corvos marinhos para pescar, não porém, como isca, mas como um substituto do anzol e da linha. O sistema é muito engenhoso. Em torno do pescoço de cada ave há um anel. Quando a ave adestrada mergulha, agarra um peixe, mas não pode engoli-lo por causa do anel que tem em roda do pescoço. Depois que a ave agarrou bastante peixe para seu dono, o homem retira o anel e permite que ela mergulhe n’água para apanhar algum peixe para si mesma, como paga de seu serviço de várias horas. Às vezes usam-se pelicanos em vez de corvos marinhos, mas em ambos os casos o sistema é o mesmo. Esse é outro exemplo dos vários bons usos a que podemos acostumar as aves, se quisermos desistir de destruí-las.

A ave que canta e dança

UMA das mais loucas façanhas praticadas por aves é a da galinhola, a ave cantora e dansarina. No tempo do namoro, o macho exibe sua dansa, inclinando a cauda para a frente >e a cabeça para trás, até as duas quase se encontrarem. Nessa posição, pavoneia-se giratoriamente, tão absorto no que está fazendo, que muitas vezes tropeça nas rochas e nos sarmentos. Durante todo esse tempo, íaz saudações e rapapés diante da fêmea. Afinal, quando consegue atrair-lhe a atenção, prepara-se para sua canção, subindo em círculos de tamanho sempre decrescente, até atingir a altura de mais de trinta metros. E então, precipita-se para baixo, emitindo uma curiosa canção assobiada, até que, com uma súbita descida, aterrissa quase no mesmo lugar donde alçara vôo. Parece que ainda há alguma dúvida no saber-se se a ave produz o assobio com seus órgãos vocais ou com as asas. Seja como fôr, o macho canta e dansa, repetidamente, num esforço para atrair a atenção da fêmea.

Outra curiosa característica da ave cantora e dansa-rina é seu processo de alimentação. A galinhola come minhocas e larvas. Tem um comprido bico, apropriado a meter-se na lama mole e abrir-se para apanhar a minhoca. Alguns observadores afirmam que a ave fura buracos e depois bate no chão com as asas para obrigar os vermes a emergirem de seus esconderijos. Às vezes, essa ave bota a cabeça bem junto do chão para escutar se há vermes debaixo da terra, antes de furar um buraco.

Tudo isso se refere ao macho. Vejamos agora o que diz respeito à curiosa fêmea dessa espécie. Se o ninho fôr frequentemente perturbado, a fêmea agarrará os ovos e os levará para outro ninho. Quando os filhotes estão ainda muito tenros para voar, a mãe muitas vezes os remove, carregando-os entre as coxas ou entre as pernas e o corpo. Diz-se que no inverno, o macho e a fêmea metem-se no ninho, mas voltados em direções opostas, afim de garantir aos ovos, ou aos filhotes, permanente calor. Por tudo isso, a ave cantora e dansarina e sua companheira formam um casal curioso e muito caseiro, interessante de se observar.

Aves que mergulham no fundo do mar

AS aves mergulhadoras são de dois tipos. Há as que mergulham apenas na superfície da água e as que, vindas do ar, mergulham dentro da água. O pinguim é um dos melhores mergulhadores de superfície. Embora

não possa voar, tem duas asas curtas. Quando debaixo d’água, não pode nadar; isto é, não pode utilizar-se de seus pés. Na realidade, voa debaixo d’água. As asas, que são demasiado curtas para permitir que a pesada ave permaneça no ar, tornam-se remos ideais para nadar debaixo d’água. O pinguim pode nadar tão de-pressa como um peixe e é um curioso espetáculo ver um pinguim num tanque de vidro, mergulhando atrás dum peixe e formando um rastro logo abaixo da superfície, batendo com rapidez as asas curtas e espichando os pés para trás como uma cauda.

Outro mergulhador desse tipo, é a procelária. Como o pinguim, essa ave também usa suas asas e voa debaixo d’água. Neste caso, porém as asas são úteis tanto debaixo d’água como no ar. A ave nada debaixo d’água com as asas, voa do fundo para a superfície e continua a voar diretamente de fora d’água para o ar.

Um mergulhador do segundo tipo, e excelente mergulhador, por sinal, é a sula, espécie de pato. Essa ave, com uma larga asa de lm,80, mergulha do ar dentro d’água. A sula usualmente eleva-se no ar a uma altura de 60 metros. Quando avista abaixo um peixe, dentro d’água, dobra as asas para trás, dirige-se quase que verticalmente para o mar, com tremenda velocidade, e desaparece debaixo das ondas, com grande espadanar de água. Poucos segundos depois, reaparece com o peixe. Contam-se casos que esses mergulhadores de primeira classe mergulharam com tal força, que seus bicos se meteram diretamente na boca dos peixes. O resultado é que o caçador morre juntamente com a caça. O peixe morre quase instantaneamente se o bico da ave lhe atravessa a cabeça e a ave, por sua vez, morre afogada por não poder se libertar.

O vôo dos gansos selvagens

SE observardes a face da lua, com um binóculo, quer na primavera, quer no outono, provavelmente divisareis uma silhueta em forma de V, de pequenas manchas negras, que tão de-pressa aparecem como se somem. Essas manchas negras são os gansos migradores, que seguem para o sul ou voltam para o norte. Voam muito ligeiro e a elevada altura, cobrindo grandes distâncias. Essas aves ilustram muito bem o chamado tipo de vôo em bando "direcional". Têm um condutor que dirige o destino do vôo. Quando o condutor cai ferido, todo o bando entra em confusão. Constantes pios e grasnados ajudam a conservar unido o bando de gansos selvagens.

Muitos perigos cercam o vôo dos gansos selvagens. Além das tempestades e outras causas naturais de acidentes e morte, há o constante perigo dos caçadores humanos. Estes aguardam que os gansos pousem para descansar ou para comer, e então atiram em grande número deles. Faróis, balizas e fios telegráficos constituem outra fonte de perigo para essas aves que não voam muito alto. As aves não podem ver os fios ou são atraídas pela luz, e dessa forma atiram-se à morte. Outra desgraça que persegue os gansos selvagens é o constante perigo dos falcões e mochos, físses larápios, piratas do ar, não ousam meter-se no meio do bando com medo de colidir com um dos gansos e quebrar o bico no encontro. Seguem, contudo, de perto, ao longo das filas exteriores do bando e derrubam os desgarrados.

Não há dúvida que o vôo dos gansos selvagens é uma aventura interessante, mas ao mesmo tempo longa, difícil e perigosa.

É indissolúvel o casamento das aves?

UM dos mais tocantes exemplos de fidelidade e devo-tamento é o de um pássaro pela sua companheira. E’ certo que nem toda união de pássaros é indissolúvel. Muitas, porém, o são. E quando um do casal é morto, tem-se visto o outro adoecer e morrer. Tanto mais tempo esteve unido um casal, quanto mais forte é o laço que o liga. Os pássaros velhos não se mostram inclinados a novas uniões, embora os mais moços possam ocasionalmente arranjar nova companheira, no caso da perda da primeira. Algumas andorinhas européias não somente têm o mesmo companheiro, ano após ano, mas voltam para o mesmo lugar de nidificação.

Em contraste com isso, há pássaros, como a carriça, que são totalmente volúveis e levianos. Sua vida é um carrocei de ligações de experiência e de divórcios. E há também machos que se cercam dum completo harém de fêmeas. E mais estranho ainda, há algumas fêmeas que se unem a grande número de machos.

A maioria das aves une-se por um ano, de cada vez. Já que em muitos casos, os machos e as fêmeas emigram por si mesmos, a possibilidade de encontrar o mesmo companheiro, de ano para ano, é um tanto precária.

Há uma ave, porém, que é o tipo do marido tirano. Esta ave constrói seu ninho em buracos. Quando a fêmea nele penetra para pôr os ovos, o macho fecha a entrada tão hermeticamente que ela não pode sair. Contudo, traz-lhe alimento e cuida de que tudo esteja em ordem. O mais estranho dessa história é que, se o macho vem a morrer, os outros machos da vizinhança alimentarão a fêmea e cuidarão de ver se tudo corre bem com ela e com sua ninhada. Parece que as aves, como os homens, adquiriram o instinto de caridade para com os órfãos e as viúvas.

O menor pássaro do mundo

UMA vez um naturalista avistou aquilo que, à primeira vista, julgou que fosse um inseto regularmente grande, voando em torno de algumas flores de seu jardim. Como tivesse na mão uma rede de caçar borboletas pegou com ela o irado animalzinho e com grande admiração verificou que, por engano, havia apanhado um dos menores pássaros do mundo. Essas interessantes criaturinhas são os beija-flores, do quais só uma espécie é encontrada a leste do Mississipi. E’ o colibri. Tão pequeno é esse gorgulho alado, que pode empoleirar-se confortavelmente numa simples folha de capim. Seus ovos não são maiores que ervilhas de meio tamanho e um filhote de colibri é menor que um gafanhoto pequeno. Por mais surpreendente que pareça, uma família de filhotes de colibri apenas enche uma comum colher de chá.

Pequenez de tamanho não é a única singularidade dessas brilhantes jóias emplumadas. Seu processo de voar é espantoso. Somente as mais rápidas máquinas de retratos podem fotografar o batido de suas asas, sem produzir apenas um borrão confuso. Podeis imaginar qual a velocidade de vibração das asas de um pássaro ao considerardes que um pardal bate as asas setecentas e oitenta vezes por minuto! Esta é uma das razoes pela qual consegue um beija-flor manter-se parado no ar.

Outra coisa curiosa a respeito dos beija-flores é o seu bico. E’ muito comprido e fino, de modo que o passa’

ro pode enfiá-lo dentro do cálice das flores para sugar o refrescante néctar que nelas se contém. Esse longo bico tem outra conveniência. Os filhotes de beija-flor são alimentados com comida que já foi digerida pelos pais. Para alimentar o filhote, a mãe enfia-lhe o bico comprido como uma agulha dentro da garganta, a ponto de parecer que vai atravessá-lo de lado a lado. Assim feito, ela ejacula comida de seu estômago para o dele e quando acaba, o filhote grita por mais.

A despeito de seu pequeno tamanho, não julgueis que esses pássaros são facilmente atacados. Mostram-se excessivamente corajosos. Lançar-se-ão contra um inimigo de qualquer tamanho e provavelmente são capazes de vasar-lhes os olhos, com seus agudos bicos. Sua coragem, seu vôo deslumbrante, suas cintilantes cores vermelha e verde, e seu tamanhinho, tudo se junta para fazer dele a mais preciosa das jóias vivas.

A maior ave do mundo

SE comerdes um ovo de avestruz no almoço, equivalerá isso a comer vinte e quatro ovos de galinha. A casca desse enorme ôvo é tão dura que alguns dos nativos africanos a utilizam como depósito de água. A ave que põe essas garrafas d’água já prontas é a maior das aves vivas. O Moa, que se extinguiu há cerca de quinhentos anos, tinha 3m,60 de altura, ou era duas vezes mais alto que um homem de lm,80. Em contraste com esse gigante, o nosso atual gigante das aves, o avestruz, tem apenas 2m,10 da cabeça ao dedo do pé. Pode chegar a pesar duzentas libras e correr a uma velocidade de uma milha por minuto. Suas asas são tão pequenas que não há a mínima possibilidade de a pesada ave subir nos ares. O vôo, para o avestruz, é, pois, coisa com que não pode contar.

Das muitas histórias que correm a respeito de avestruzes, poucas são verdadeiras. Não é certo, por exemplo, que esconda a cabeça na areia para escapar de seus inimigos. Por outro lado, engole êle estranhíssimos objetos. De fato, preso em fazendas de criação de avestruzes, a ave engolirá qualquer coisa que não seja grande demais. Em liberdade, porém, essa gigantesca ave alimenta-se de cobras, lagartos, ervas e capim. Com seu longo pescoço, pode distinguir à distância a aproximação de seus inimigos. É um tanto tímido e dispara a correr, numa velocidade de trem expresso. Diz-se que essa ave é levada a correr em grandes círculos e é essa particularidade que facilita ao caçador, montado em veloz cavalo, agarrar o avestruz.

Antigamente, matou-se tanto avestruz, a ponto de quase extinguí-lo. Mas presentemente milhares deles são criados em fazendas, e se fazem numerosas colheitas de suas plumas sem necessidade de matá-los. Ao ser des-plumada, a ave tem os olhos vendados e é colocada numa baia tão estreita que não pode escoicear. Encolerizado, o macho pode matar um homem, com um simples coice de seu imenso pé. Descobriu-se que o melhor meio de evitar um sério dano, por parte dum ataque de avestruz, é deitar-se rente com o chão, porque o coice perde sua força, na extremidade do golpe. Contudo, a despeito de sua força, o avestruz pode ser domesticado e são tão grandes que podem ser arreiados para puxar carros, em lugar de cavalos.

Fonte: Maravilhas do Conhecimento Humano. Paris, 1949. Trad. e Adapt. de MENDES, O.

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