Não deve faltar neste livro de leitura o nome glorioso do grande estadista que deu o primeiro golpe na escravatura do Brasil, que tomou a iniciativa emancipadora, de que a lei de 13 de maio de 1888 foi a derradeira conseqüência.
Filho de um negociante português, nasceu José Maria da Silva Paranhos na Bahia a 16 de março de 1819. Seguiu primeiro a carreira da marinha, depois a do exército de terra, e, tendo feito um curso brilhantíssimo, não tardou a ser chamado a reger várias cadeiras de matemática nas mesmas escolas que freqüentara. Ao mesmo tempo estreava-se brilhantemente no jornalismo, logo depois
no parlamento, e em 1859, sendo o marquês de Paraná incumbido de uma missão diplomática no Rio da Prata, pediu a Silva Paranhos que o acompanhasse como secretário. Deu tantas provas de tino político que o marquês de Paraná, logo que foi chamado pelo imperador a organizar ministério, confiou- lhe uma das pastas. Ministro em diversos gabinetes, não tardou a ser chamado êle mesmo , à presidência do conselho. Teve.a glória de dirigir as negociações que puseram têrmo à guerra do Paraguai e de apresentar e sustentar a lei emancipadora, aprovada em 28 de setembro de 1871, que declarou livres todos os negros que nascsssem de mulheres escravas. Esta lei e esta iniciativa foram saudadas no Brasil e no mundo inteiro com extraordinário entusiasmo. Foi coberto de flores o generoso estatista, que assim redimia o Brasil, redimindo os escravos. A escravidão estava abolida, a lei de 13 de maio de 1888 não fêz senão precipitar a completa execução da lei emancipadora. Chefe do partido conservador, agraciado com o título de Visconde do Rio Branco, Silva Paranhos continuou ainda a representar por alguns anos um papel importantíssimo na política brasileira, mas, por mais que fizesse, não podia acrescentar nem um raio ao esplendor com què lhe aureolara a fronte a sua generosa iniciativa. Depois de ter ido em 1878 à Europa, onde foi acolhido com o respeito que merecia, o Visconde do Rio Branco, voltando ao Brasil, morreu no Rio de Janeiro a 1-5-1880. A sua morte foi luto para a nossa pátria, foi luto para a humanidade.
Fonte: Seleta em Prosa e Verso dos melhores autores brasileiros e portugueses por Alfredo Clemente Pinto. (1883) 53ª edição. Livraria Selbach.
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