Chico Miúdo
Chico Miúdo era um rapaz de pequena estatura, mas valente e decidido. Vivia com seus pais que já estavam velhinhos, numa choupana à beira da floresta. Trabalhava, sem descanso, tirando lenha para vender.
Um dia, achando que não podia continuar com aquela vida de pobreza, Chico Miúdo resolveu correr mundo para ficar rico. Deixou algum dinheiro em casa, para as despesas, pediu a bênção aos pais e partiu.
Depois de andar algum tempo pela floresta, encontrou um homem que arrancava árvores do chão como se fossem galinhos de erva. Espantado com tamanha força, perguntou ao homem:
Como se chama? Quer ser meu criado?
— Meu nome é Arranca-tôco. Aceito a sua proposta mas antes vou levar este feixinho de lenha para minha mãe. e reunindo dez grandes árvores, amarrou-as, colocou-as no ombro e levou-as para junto de sua casa, que ficava próxima.
Chico Miúdo continuou a viagem com o seu criado. Daí a pouco , encontraram um homem com uma espingarda apon tada para o ar. Mas não se via nenhuma caça por perto.
Então, Chico Miúdo perguntou-lhe o que estava fazendo. O homem respondeu:
— Estou vendo se acerto o olho esquerdo de uma mosca que está pousada numa árvore a duas léguas daqui. A essa distância nunca perdi um tiro.
Chico Miúdo perguntou ao caçador:
— Como se chama? Quer ser meu criado?
— Meu nome é Tirocerto. Aceito a sua proposta, respondeu o homem.
Seguiram os três, alegremente. Pouco depois, encontraram sete moinhos de vento com as velas a girar com grande rapidez. Mas não havia nenhum sopro de vento. As folhas das árvores estavam paradas.
Chico Miúdo não soube explicar como podiam girar aqueles moinhos, sem vento. Mas, duas léguas mais longe, viu um homem em cima de uma árvore; com o dedo, tapava um lado do nariz e com a outra venta soprava.
Chico Miúdo perguntou:
— Que está você a soprar aí em cima?
— A duas léguas daqui há sete moinhos de vento; estou soprando para os fazer girar; mas só posso soprar com uma venta, para não destruir os moinhos".
— Como se chama? Quer ser meu criado? indagou Chico Miúdo.
— Meu nome é Sopra-vento. Aceito a sua proposta. E lá se foram os quatro companheiros, conversando
alegremente, pela estrada afora. Depois de caminharem uma légua, encontraram um homem que se mantinha sobre uma perna só; a outra perna estava dobrada para trás e amarrada.
Chico Miúdo ficou admirado e perguntou ao homem porque tinha amarrado a perna.
— Sou o andarilho mais veloz do mundo. Para não correr demais, amar ei uma das pernas; com as duas, ando tão depressa que não posso apreciar a paisagem.
— Como se chama? Quer ser meu criado?
— Meu nome é Zéveloz. Aceito a proposta.
Seguiram os cinco, pela estrada, muito satisfeitos. Daí a pouco, viram um homem, de cor pálida, com o chapéu posto de banda, cobrindo a orelha.
Chico Miúdo achou esquisita a posição do chapéu e perguntou:
— Meu amigo, seu chapéu não está direito na cabeça. Por que o deixa assim?
— Não se incomode com isso. Se eu puser o chapéu direito virá um frio tão grande que gelará todas as coisas, à minha volta. Homens, animais e plantas, morrerão gelados.
— Como se chama? Quer ser meu criado?
— Meu nome é Gela-tudo. Aceito a sua proposta. Depois de alguns dias de viagem, Chico Miúdo e seus
criados chegaram a uma cidade cujo rei havia anunciado que daria sua filha em casamento ao homem que a vencesse numa corrida. Mas quem perdesse, seria logo decapitado.
Chico Miúdo apresentou-se e perguntou se poderia ser substituído, na corrida, por um dos seus criados. O rei disse que sim, mas avisou que se o criado perdesse a corrida, êle e o patrão teriam a cabeça cortada.
Ficou combinado que ganharia a corrida quem primeiro trouxesse água de uma fonte que ficava a dez léguas dali. O andarilho e a princesa receberam cada um o seu cântaro e partiram^ ao mesmo tempo.
Mal a princesa começou a correr e já o andarilho havia desaparecido. Parecia levado pelo vento. Num minuto, chegou à fonte, encheu o cântaro e voltou. No caminho, vendo que estava muito na frente da princesa, resolveu descansar um pouco. Deitou-se à sombra de uma árvore e pôs a cabeça sobre uma pedra dura para não dormir. Mas assim mesmo, acabou por adormecer profundamente.
A princesa, que corria bastante, chegou à fonte, encheu o cântaro e tratou de voltar depressa. No caminho, deu com o andarilho deitado e roncando. Ficou contente e disse consigo: — Este está liquidado! Esvaziou o cântaro do dorminhoco e continuou a correr.
Zéveloz estaria, realmente, liquidado se Tirocerto, de longe, não tivesse visto com seus olhos penetrantes o que estava acontecendo. Com um tiro de espingarda, quebrou a pedra que servia de travesseiro e acordou Zéveloz.
O andarilho viu o seu cântaro vazio e percebeu que a princesa estava à sua dianteira. Rápido como o vento, voltou à fonte, encheu de novo o cântaro e conseguiu ainda chegar ao fim da corrida vinte minutos antes da princesa.
O rei e a filha ficaram furiosos com Chico Miúdo e resolveram dar cabo dele juntamente com os criados. Convidaram-nos para um banquete que se realizou numa sala com assoalho, teto, portas e janelas de ferro. Logo que os rapazes entraram na sala, o rei mandou fechar e aferrolhar as portas e janelas.
Ordenou ao cozinheiro para acender o fogo debaixo do quarto até que o assoalho de ferro ficasse em brasa. A ordem foi executada e os seis rapazes, que estavam à mesa, começaram a sentir um calor que foi aumentando, aumen-
tando. Quiseram sair e perceberam que as portas e janelas estavam fechadas. Já não podiam mais respirar de tanto calor.
— O rei quer nos assar vivos, disse Gela-tudo. Mas não o conseguirá.
Dizendo isso, pôs o chapéu direito na cabeça. Fez um frio tão grande que gelou o quarto e quase matou os cozinheiros que estavam acendendo o fogo.
Duas horas depois, o rei, convencido de que os rapazes estavam assados, mandou abrir as portas do quarto. E foi ver, em pessoa, os cadáveres dos infelizes. Quase desmaiou de susto, quando encontrou os rapazes vivos e alegres, dizendo que estavam ansiosos para saírem da sala, pois ali fazia muito frio.
Vendo que não era possível vencer Chico Miúdo pela força, o rei mandou chamá-lo e fêz-lhe a seguinte proposta:
— Se quiser ceder seu direito à mão de minha filha, dar-lhe-ei todo o ouro que desejar.
— Aceito a proposta de Vossa Majestade. Basta que me dê o ouro que um dos meus criados puder carregar.
O rei ficou contente e mandou fazer um saco enorme e pesado. Estava certo de que um homem só não levantaria o saco do chão, quanto mais cheio de ouro.
No dia combinado, Chico Miúdo mandou que Arran-ca-tôco fosse receber o ouro. O rapaz pegou no saco com dois dedos e mandou que trouxessem, para começar, vinte tonéis cheios de ouro. Dez carroças trouxeram os tonéis. Êle apanhou-os com uma mão e meteu-os no saco. Trouxeram mais quinhentos tonéis e, assim, foi passando para o saco todo o ouro do rei. Quando o tesouro real ficou vazio,
Arranca-tôco amarrou o saco e colocou-o às costas como se fosse uma trouxinha de roupa.
Chico Miúdo e seus criados mandaram agradecer ao rei e partiram. Quando o soberano soube que um homem só havia carregado todas as suas riquezas ficou furioso. E deu ordem ao seu exército para que prendesse os rapazes.
De longe, Tirocerto viu os soldados que se aproximavam. Chico Miúdo ficou calmo e esperou que a cavalaria chegasse. Então, perguntou que desejavam dele e de seus companheiros.
— Estão presos. Entreguem o saco cheio de ouro, senão serão degolados.
— Degolados? Esperem um pouco e vão ver, disse Sopra-vento. E tapando uma das ventas, pôs-se a soprar com a outra sobre a cavalaria. Uma ventania medonha levou pelos ares os soldados. Ao ver aquilo, o resto do exército bateu em retirada.
Quando o rei soube o que acontecera, ficou alarmado e disse para o comandante do seu exército:
— Deixe que eles partam sem demora. Aqueles patifes são feiticeiros e podem destruir o meu reino!
Chico Miúdo repartiu as riquezas com seus criados. Depois voltou para junto de seus pais e tornou-se o homem mais rico de sua terra.
Fonte : Contos Maravilhosos – Theobaldo Miranda Santos, Cia Ed. Nacional
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