DEFESA DO TERRITÓRIO – Os Franceses no Brasil

franceses no Brasil

   A   DEFESA DO  TERRITÓRIO
Os franceses no Brasil – Antônio Borges-Hermida, Compêndio de História do Brasil

 

a) Os franceses na costa do Brasil

Até a criação do govêmo-geral os franceses eram apenas contrabandistas: procuravam os trechos menos defendidos da costa brasileira para a exploração de produtos da colônia, principalmente pau-brasil. Muito hábeis, sabiam conquistar a amizade dos índios que os ajudavam nesse comércio e até nas lutas contra os portugueses.
D. João III tentou todos os meios para impedir esse contrabando: primeiramente protestou junto ao rei de França mas não foi atendido; organizou então, para  castigar os franceses,  expedições guarda-costas, como a que foi chefiada por Cristóvão Jaques, ern 1526; mas, sendo a costa brasileira muito grande, os navios portugueses não podiam tomar conta dela em toda sua extensão. D. João III compreendeu afinal que só havia um meio para afastar os contrabandistas: promover o povoamento do Brasil. Com esse propósito, ele criou o regime das capitanias hereditárias e, poucos anos depois, estabeleceu o govêrno-geral.
Como, porém, não se pode, em pouco tempo, povoar uma costa tão grande, como a do Brasil, os franceses continuaram, mesmo depois da criação do govêrno-geral, a freqüentar as regiões litorâneas onde os portugueses ainda não haviam chegado, como Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Pará.
Em duas ocasiões, porém, os franceses não se contentaram apenas em ser contrabandistas: quiseram fundar colônias no Rio de Janeiro e no Maranhão.

b) A França Antártica

Durante as lutas na Europa, entre católicos e protestantes, Nicolau Durand de Villegagnon resolveu fundar no Brasil uma colônia, que se chamaria França Antártica. Depois de obter para o seu plano o apoio do almirante Coligny, um dos chefes do partido protestante na França, Villegagnon organizou pequena expedição que, em 1555, chegou ao Rio de Janeiro.
Na ilha que os índios chamavam Scrigipc (atualmente Villegagnon) foi construído o forte de Coligny. No litoral pretendiam fundar a cidade de Henriville, que seria a capital da nova colônia francesa.
Villegagnon tratava bem os índios e, por isso, conseguiu a amizade e a aliança dos tamoios. Era, porém, muito severo para seus companheiros, o que provocou até um levante, logo debelado com energia. Essesfatos muito desgostaram Villegagnon e ele resolveu abandonar a colônia, deixando em seu lugar o sobrinho, Bois-le-Comte, que viera da França com reforços.
O governador-geral D. Duarte da Costa nada pôde fazer para a expulsão dos franceses. Mas seu sucessor, Mem de Sá, iniciou a luta contra os invasores, em 1560. Depois de destruir o forte de Coligny, o governador voltou para a Bahia sem fundar uma povoação para a defesa do Rio de Janeiro. Por isso os franceses, que se haviam internado nas matas do litoral, voltaram a ocupar suas antigas posições.
Em 1565 chegou de Portugal uma esquadra, sob o comando de Estado de Sá, sobrinho do governador, com a missão de expulsar os invasores e colonizar o Rio de Janeiro., Na capitania do Espírito Santo juntaram-se a essa expedição os índios Temiminós ou Maracajás, chefiados pelo bravo Araribóia, depois batizado com o nome de Martim Afonso de Sousa.
Estácio de Sá fundou junto ao morro do Pão de Açúcar a cidade de São Sebastião e, durante dois anos, sustentou luta contra os franceses. Em 1567, sabendo da difícil situação em que se encontravam as forças portuguesas, Mem de Sá partiu imediatamente para o Rio de Janeiro a fim de ajudar o sobrinho.
A luta decisiva começou no dia de São Sebastião (20 de janeiro).

Houve dois combates importantes: o de Uruçu-Mirim, forte que ficava na praia do Flamengo, e o de Paranapecu, nome que os índios davam à ilha que depois se chamou Governador. No combate de Paranapecu foi ferido por flecha Estácio de Sá, que morreu no mês seguinte (fevereiro de 1567).

O governador-geral transferiu a cidade para um morro, que depois se denominou do Castelo, e entregou seu governo a outro sobrinho. Salvador Correia de Sá.

c) Os franceses no Maranhão

Expulsos do Rio de Janeiro> em 1567, continuaram os franceses a percorrer a costa do Brasil. Estiveram no Nordeste (Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará), onde praticavam o contrabando dos produtos da terra, ajudados pelos índios. Mas foi no Maranhão que quiseram fundar outra colônia, como a do Rio de Janeiro, dessa vez com o nome de França Equinocial.
Chefiava a expedição de três navios Daniel de Ia Touche, Senhor de Ia Ravardière, que partiu da França em 1612, trazendo, além de outros nobres, quatro frades para catequizar os índios. Desembarcando na ilha do Maranhão, La Ravardière fundou o forte de São Luís, origem da cidade do mesmo nome, atual capital do Estado.
Governava, nessa ocasião, a França a rainha Maria de Medicis, mas como regente, porque o seu filho, depois rei com o nome de Luís XIII, era ainda uma criança. A rainha interessou-se tanto pela expedição que chegou a oferecer-lhe uma bandeira com a seguinte incrição: "Uma mulher é chefe de tão grande empresa".
Em 1614, com reforços comandados por Diogo de Campos, Jerônimo de Albuquerque fundou na praia, em frente à ilha do Maranhão, o forte de Santa Maria. La Ravardière desembarcou com suas forças no continente e atacou os portugueses, mais foi derrotado.
Essa vitória sobre os franceses foi considerada um verdadeiro milagre; pois as tropas portuguesas, em número muito menor, estavam fatigadas de tantas marchas e não tinham roupas nem alimentos. Por isso essa expedição teve o nome . de Jornada Milagrosa.
Apesar de derrotado, La Ravardière não tinha ódio aos vencedores; quando soube que entre eles havia muitos feridos, mandou seu médico socorrê-los e enviou-lhes medicamentos.
Entre os dois chefes, La Ravardière e Diogo de. Campos, ficou estabelecida uma trégua, até que viessem novas ordens da Europa, mas no ano seguinte (1615), a luta recomeçou, sob o comando de Alexandre de Moura, e ainda com á participação de Jerônimo de Albuquerque, o velho mameluco, com quase setenta anos de idade. Os franceses, derrotados, voltaram para a Europa, menos aqueles que se haviam casado com índias do Maranhão e que preferiram ficar como colonos.

d) Ataques franceses ao Rio de Janeiro em 1710 e em 1711

Houve na Europa uma guerra, chamada Guerra de Sucessão da Espanha, em que a França e a Espanha lutaram juntas contra a Inglaterra. Portugal a princípio foi aliado da França mas, depois, passou para o lado da Inglaterra; os franceses ficaram indignados e resolveram, por vingança, atacar o Rio de Janeiro, em 1710 e em 1711.
A primeira expedição era comandada por Duclerc que, com suas tropas, desembarcou no lugar chamado Guaratiba. Guiados por um preto, os franceses fizeram difícil caminhada até entrarem no Rio de Janeiro, onde chegaram descalços e esfarrapados.
O governador, Francisco de Castro Morais, pouco fèz pela defesa: apenas reuniu tropas no centro da cidade, quando devia esperar os invasores nos subúrbios. Essas tropas teriam facilmente vencido o inimigo. Entretanto, elas nem chegaram a lutar. Foi a população que resistiu heroicamente; enquanto muitos moradores combatiam nas ruas, outros atiravam das janelas, sobre os franceses, móveis, pedras e até azeite fervente.
No lugar que depois se chamou Largo do Paço e hoje é a Praça Quinze de Novembro houve o combate final, sangrenta luta onde os inimigos tiveram muitos mortos. Vendo-se perdido, Duclerc refugiou-se com o resto de suas tropas num trapiche (depósito de mercadorias). Só então apareceu o governador para intimá-lo a render-se.
Duclerc ficou prisioneiro da cidade: morava numa casa, oferecida pelo governo, andava pelas ruas como qualquer pessoa, mas não podia afastar-se do Rio de Janeiro. Apesar de sempre vigiado, foi misteriosamente assassinado em 1711.
Para vingar a morte de Duclerc, organizou-se outra expedição contra o Rio de Janeiro, dessa vez uma poderosa esquadra, de 18 navios, sob o comando de um famoso marinheiro, chamado Duguay-Trouin.
Duguay-Trouin chegou à baía de Guanabara em setembro de 1711 e começou o bombardeio da cidade, abandonada pela população apavorada e pelo próprio governador, ainda Francisco de Castro Morais. Em seguida, desembarcaram os invasores e entraram pelas casas, destruindo tudo que não podiam carregar. Para retirar-se do Rio de Janeiro, Duguay-Trouin recebeu, como resgate, 600 mil cruzados, 100 caixas de açúcar e 200 bois.
Francisco de Castro Morais foi acusado de não ter querido defender a cidade: por esse ato de covardia sofreu a pena de degredo, com prisão perpétua numa fortaleza da índia, além da perda de todos os seus bens.

Rio de Janeiro  antigo.   Ao fundo  a Igreja  do  Castelo. (Aquarela   do   RUGENDAS ),
Rio de Janeiro  antigo.   Ao fundo  a Igreja  do  Castelo. (Aquarela   do   Rugendas ),

 

RESUMO Os franceses no Brasil

a)    Os  franceses na  costa  do  Brasil

O  contrabando feito pelos franceses:  nas costas   desertas  do  Brasil.
Medidas tomadas por D. João III: reclamações junto ao rei de França, expedições  guarda-costas, sistemas de colonização   (capitanias e  govêrno-geral).
Trechos da costa freqüentados pelos franceses: Sergipe, Paraíba, Bio Grande do Norte, Ceará e Pará.

b)    A França Antártica

Ação de Villegagnon: ocupação da ilha de Serigipe (atualmente Villegagnon), fundação do forte Coligny, bom tratamento dispensado aos índios.
Discórdias na França Antártica: desentendimentos entre colonos e Villegagnon; substituição  de Villegagnon por seu sobrinho Bois-le-Comte.
Ação dos portugueses: ação de Mem de Sá (1560); ação de Estácio de Sá (1565-1567);  os combates  de Uruçu-Mirim e Paranapecu.

c)    Os  franceses no Maranhão

A França Equinocial: Daniel de Ia Touche, Senhor de Ia Bavardière, chefia a expedição patrocinada pela rainha Maria de Medicis.
Vitória da Jornada Milagrosa: tropas chefiadas por Diogo de Campos e Jerônimo   de  Albuquerque.
Fim da trégua entre franceses e portugueses: vitória de Alexandre de Moura
(1615).                                                         

d)  Ataques   franceses  ao  Rio  de  Janeiro  em   1710   e   em   1711

Causas dos ataques ao Rio de Janeiro: aliança de Portugal com a Inglaterra.
Ataque de Duclerc (1710): desembarque em Guaratiba e derrota no Largo do Paço  (atual Praça Quinze de Novembro).
A morte misteriosa de Duclerc: "pretexto para o ataque de Duguay-Trouin (1711).
Vitória de Duguay-Trouin: resgate de 600 mil cruzados, 100 caixas de açúcar e 200 bois.
Condenação de Francisco de Castro Morais: pena de degredo, prisão perpétua e perda de todos os bens.
invasão francesa no Brasil, frança antártida
Assinatura de D. Pedro II.

QUESTIONÁRIO – Estude Questões de História do Brasil sobre as invasões francesas.

  1. Quais as medidas tomadas por D. João III para evitar o contrabando feito pelos franceses na costa do Brasil?
  2. Quem foi Bois-le-Comte ?
  3. Que papel tiveram  os índios na luta  entre franceses  e portugueses no Rio de Janeiro ?
  4. Quais  os combates  em que foram  derrotados os franceses ?
  5. Que era  a França Equinocial ?
  6. Que é Jornada Milagrosa ?
  7. Quem  foi   Alexandre   de   Moura ?
  8. Quem foi Maria de Medicis ?
  9. Qual a origem da capital do Maranhão ?
  10. Por   que   os   franceses   atacaram   o   Rio   de   Janeiro   em   1710   e   em   1711?
  11. Quem foi  Francisco de  Castro  Morais?
  12. Como Duclerc foi derrotado?
  13. Como morreu Duclerc ?
  14. Que resgate exigiu Duguay-Trouin para abandonar o Rio de Janeiro ?
  15. Que  aconteceu  a Francisco  de  Castro  Morais ?

 

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