DOMINGOS BORGES DE BARROS (Visc. da Pedra Branca)

DOMINGOS BORGES DE BARROS (Visc. da Pedra Branca)

Nasceu na cidade da Bahia, a 10 de dezembro de 1779 (5> e faleceu a 20 de março de 1855. Era filho do capitão-mor Francisco Borges de Barros e D. Luísa Clara de Santa Rita.

BIBLIOGRAFIA

1) Dicionário português-)rances e francês-português — Paris, 1821, 2 vols. in 8.°. Não declara o nome do autor, mas Balbi e outros afirmam ser de sua autoria. Filinto Elysio faz referência a esse trabalho, escrito quando o autor se achava em Paris, desprovido de recursos para a sua subsistência.

2) O merecimento das mulheres: poema de G. Legouvé, traduzido por B.*** Rio de Janeiro, Imp. Rég. 1813, 40 págs. in 8.°. Foi antes publicado no Patriota".

3) Poesias oferecidas às senhoras brasileiras por um baiano — Paris, Aillaud Imp. de Farcy, 1825, 2 tomos com 224-208 págs. in 32.

Muitas de suas poesias foram publicadas no "Patriota", bem como a tradução do poema acima aludido.

4) Os túmulos, poema filosófico — Paris, 1826. Foi escrito por ocasião da morte de um filho. Há uma edição da Bahia, 1850, feita por Melo Morais pai.

5) Novas poesias oferecidas às senhoras brasileiras por um baiano. Rio de Janeiro, Laemmert e Cia., 1897, 131 págs. in 32.

6) Ode ao Conde dos Arcos — incluída na "Relação do festim ao Sr. Conde dos Arcos", etc.

No "Florilégio da poesia brasileira", de Varnhagen, há 4 epístolas, mais 14 produções poéticas e o poema "Os túmulos". No "Parnaso Brasileiro", de Pereira da Silva, há 4 liras e 4 cançonetas; no de Melo Morais Filho vêm excertos do poema citado e a poesia "Saudade". No "Florilégio brasileiro da infância" se encontram 2 liras e 2 odes, etc. Na "Grinalda de flores poéticas" há nove poesias. O V.de da Pedra Branca era colaborador assíduo do "Patriota", onde publicou, além de poesias, as seguintes memórias (n.os 12.972 e 13.041 do Cat. da Exp.):

(5) Sacramento Blake diz que nasceu a 10 de outubro de 1780. Franklin Dória deve estar melhor informado, porque precisa até o lugar onde nasceu: no engenho S. Pedro, termo de Santo Amaro da Purificação, província da Bahia, a 10-12-1779.

 

7) Memória sobre a plantação e fabrico do urucu (tomo I, n.° 1).

8) Memória sobre o café, sua história, cultura e amanho (tomo I, n.os 5 e 6 e tomo II, n.° 1).

9) Memória sobre os muros de apoio ou de sustentação das terras (tomo II, n.° 4).

10) Memória sobre os meios de desaguar ou esgotar as terras inundadas ou encharcadas, por método fácil e pouco dispendioso (tomo II, n.° 5.).

11) Vantagens da vida campestre, em resposta à carta em que de Lisboa se despediu, devendo partir para a Bahia, Paulo José de Melo. Escrita em Paris, a 2-5-1806. No tomo I, n.° 5, pág. 37. É uma poesia em verso heróico.

Na "Rev. do Inst. Histórico e Geográfico Brasileiro", tomo 80, pág. 481, encontra-se a sua "Carta ao Marquês de Resende" (1837).

FONTES PARA O ESTUDO CRÍTICO

 Alfredo Gomes — Hist. Literária — Introd. Dic. hist, vol. 1, pág. 1.359.

 Almachio Dinis — Antologia da língua vernácula, pág. 213.

 Barão de Loreto (Franklin Dória) — Rev. Brasileira (3.a fase), vol. 8, págs.129, 221 e 265.

 Barão de Vasconcelos — Arquivo nobiliárquico brasileiro, pág. 344.

 Barbuda (P. J.) — Literatura Brasileira, págs. 129 e 320.

 Chichorro da Gama — Miniaturas biográficas, pág. 146.

 " — Breve dic. de autores clássicos, pág. 22.

Denis (Ferd.) — Résumé de 1’Hist. de la Lit. du Brésil, pág. 579.

 Dicionário biográfico de brasileiros célebres, pág. 39.

 Fernandes Pinheiro — Hist. literária, vol. 2, pág. 433.

 Inocêncio da Silva — Dic. bibliog., vol. 2, pág. 184.

 Macedo (J. M.) — O ano biográfico, vol. I, pág. 353.

 Melo Morais Filho — Parnaso Brasileiro, vol. I, pág. 386.

 Pereira da Silva — Os varões ilustres do Brasil, vol. 2, pág. 360.

 Porto Alegre (M. de Araújo) — Elogio histórico — Rev. do Inst. Hist., tomo 18, pág. 59.

Revista do Inst. Hist, e Geog. Bras. — tomo 64, pág. 22.

 Sacramento Blake — Die. bibliog., vol. 2, pág. 196.

 Sílvio Romero — Hist, da lit. brasileira, vol. I, pág. 510.

 " e João Ribeiro — Compêndio de hist, da lit. brasileira, pág. 113.

 Varnhagen (F. A. de) — Florilégio da poesia brasileira, vol. 3, pág. 167.

 Werneck (Eug.) — Antologia brasileira, pág. 522.

 Wolf (Ferd.) — Littérature Brésilienne, pág. 87.

NOTÍCIA BIOGRÁFICA E SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO CRÍTICO

Domingos Borges de Barros salientou-se como político, desde o período colonial até o segundo império. Ocasionalmente desempenhou funções de diplomata perante o governo da França, quando se proclamou a independência. Dedicou-se, também, à causa da agricultura. Mas deve ser incluído entre os poetas, não só pela sua distinção no gênero, como, principalmente, por ser literário o caráter primordial desta obra. Figurará, portanto, sob essa feição.

Antes, porém, de lhe apreciar a obra, acompanhemos a trajetória de sua vida.

Nasceu no recôncavo de Santo Amaro e ali passou os dez primeiros anos de existência. A saudade atraiu-o para o torrão natal, em duas fases características: durante as delícias da lua de mel e quando sentiu necessidade de repouso espiritual, na quadra final da vida.

Privado dos carinhos maternos aos três anos de idade, recebeu a primeira educação na casa paterna, aos cuidados de outra mãe que não mereceu o nome de madrasta. Completara nove anos, quando o pai o fez seguir para a capital da Bahia, a fim de estudar com Antônio Morais e Silva — o filólogo brasileiro — que ali exercia o cargo de juiz de fora.

Com a idade de 17 anos partiu para Lisboa, a fim de se preparar para a matrícula na Universidade de Coimbra. Estudou no Colégio dos Nobres, onde começou a fazer versos, sob o influxo de Parny, de quem traduziu algumas poesias, publicadas em 1801.

Fez o curso da Faculdade de Filosofia da universidade e recebeu o grau de bacharel, a 3.8.1804. Para aperfeiçoar os estudos de ciências físicas e naturais, transferiu-se, no ano seguinte, para Paris, onde fez os cursos de Cuvier, dos químicos Thénard e Vauquelin, do botânico Desfontaines, do agrônomo Thouin e de outros professores, no Museu do Jardim das Plantas.

Ali conheceu Filinto Elysio, então no exílio, de quem se tornou amigo íntimo, depois de lhe sentir a influência literária e de ser por ele animado a prosseguir no gênero poético. Leu as obras de Raynal e Voltaire, admirou as produções de Delille, a quem visitou várias vezes, dando-lhe a conhecer obras de Camões e Bocage.

Sempre atraído pelo estudo das ciências físicas e naturais, que desejava aperfeiçoar, viajou pela Bélgica, Holanda e Alemanha, durante o ano de 1807.

Fizeram-no sócio correspondente do "Athénée des Arts de Paris", da "Société d’Agriculture du Departament de la Seine" e da "Société Académique des Sciences de Paris".

De retorno a Paris, ficou Borges de Barros impedido de se comunicar com o pai, na Bahia, com os amigos de Portugal e de escrever para a Inglaterra, em conseqüência da guerra napoleônica. Com imensa dificuldade conseguiu permissão para embarcar para os Estados Unidos da América do Norte, tomando o navio Souvarow no porto de Lorient.

Saiu de Paris a 8.9.1810, em uma diligência, e desembarcou em Nova York, a 25.12.1810.

Mereceu bom acolhimento nessa cidade e na de Filadélfia; travou relações com cientistas e literatos norte-americanos e foi admitido como membro da Society for promoting agriculture.

Só a 16.3.1811 tomou passagem no brigue Galeno, partindo de Nova York a 25.12.1810.

Suspeitado como partidário de Napoleão e, portanto, infenso à monarquia portuguesa, por haver permanecido em Paris, foi preso e recolhido à cadeia pública da Bahia, de onde o transferiram para o Rio de Janeiro, a fim de responder a processo inquisitório.

De todas essas peripécias faz referências o poeta, nas Poesias às senhoras baianas e na autobiografia que deixou.

Provada a improcedência da acusação ou da suspeita, for posto em liberdade, com outros brasileiros que também permaneceram em Paris. Permaneceu ele algum tempo no Rio de Janeiro e, em 1813, aparece a sua colaboração literária no "Patriota", jornal fundado pon Manuel Ferreira de Araújo Guimarães, juntamente com a de José Bonifácio, Silva Alvarenga, Mariano J. Pereira da Fonseca, Silvestre Pinheiro Ferreira e outros brasileiros ilustres.

Borges de Barros nele publicou algumas poesias e monografias sobre temas científicos, referidos na bibliografia, além de outras

mencionadas pelo Barão de Loreto, no estudo sobre o Visconde da Pedra Branca.

Seguiu para a Bahia, onde se dedicou à profissão de agricultor. Lá contraiu núpcias e nasceram os dois filhos — um casal.

A 3.9.1821 foi eleito deputado às cortes portuguesas, como representante da província da Bahia, juntamente com Lino Coutinho, Cipriano Barata, Gomes Ferrão, Oliveira Pinto da Fonseca, Agostinho Gomes, Rodrigues Bandeira e Marcos A. de Sousa.

Tomaram assento na assembléia em dezembro do mesmo ano. Apresentou um projeto de emancipação do sexo feminino e recusou juramento à Constituição.

Proclamada a independência, foi ele nomeado para servir como encarregado dos negócios do Brasil junto à corte de França, em substituição ao Vise. de Itabaiana.

Manifestou-se contrário à escravatura e favorável à colonização bem organizada, às sociedades de colonização e agricultura, às caixas de resgate, às vias de comunicação e à fundação de escolas técnicas.

Posteriormente foi eleito membro da câmara temporária, na primeira legislatura (1826), e da vitalícia, escolhido por D. Pedro I, que o agraciou com o título de barão e o promoveu ao de visconde.

Durante o ano de 1830 e parte do imediato viajou com a esposa e a filha pela Itália e Suíça. Foi admitido como membro da Academia de Roma, onde se crismou Aristophonte Mantineu, da Academia Tiberina, da Academia S. Luca e da Academia dei Lincei.

Perdeu a esposa em Paris, a 6.3.1831, e regressou ao Brasil deixando a filha — mais tarde Condessa de Barral — em Boulogne–sur-mer, confiada aos cuidados do Visconde de Itabaiana.

O político não se revelou francamente, durante o longo período de 29 anos, em que exerceu o mandato legislativo no parlamento brasileiro. Eleito deputado na 1.a legislatura, não chegou a tomar assento na Assembléia Geral, porque foi nomeado senador em abril de 1826. No Senado só proferiu um discurso de agradecimento e não compareceu mais às sessões da camará vitalícia.

José Bonifácio estranhava-lhe as atitudes e criticou-o acerbamente na correspondência dirigida a Vasconcelos Drummond.

O diplomata agradou em geral aos compatriotas que dele se acercavam, exceto a Natividade Saldanha e seus companheiros de exílio, que dele muito se queixaram, como perseguidor. Pleiteou e conseguiu o reconhecimento da independência do Brasil, perante a corte francesa, e ajustou o casamento da princesa Amélia de Leuch-tenberg com o imperador D. Pedro I.

O poeta distinguiu-se pelo culto sistemático e quase sem tréguas à mulher. Era galanteador por índole e por educação. Foi grande

amigo de Filinto Elysio, — o seu mestre predileto, ao lado de Delille. Admirava Bocage e Gamões e lia José Agostinho de Macedo, de quem procurou apropriar a feição satírica e a didática, sem vocação para ambas.

A expressão característica de sua inspiração é o lirismo, cuja nota predominante se acentua na simplicidade e na placidez. Cultivou, também, o gênero elegíaco, de que o poemeto Os túmidos é o mais eloqüente exemplo.

Era clássico por educação; árcade por influência da moda reinante, quando estudava em Portugal; lírico por tendência natural; elegíaco, no sofrimento. A sátira e a poesia didática só lhe vieram por imitação de alguns poetas portugueses e franceses.

Mais lhe aprecio as poesias líricas e o culto à mulher.

O poeta foi muito elogiado, sobretudo por Fernandes Pinheiro, Pereira da Silva, F. Denis, Wolf, Porto Alegre, Macedo e Franklin Dória. Deve ser reduzido às justas proporções.

SUMÁRIO PARA O ESTUDO COMPLETO

A infância no recôncavo de Sto. Amaro — Discípulo de Antônio Morais e Silva — No Colégio dos Nobres — Na Universidade de Coimbra — Naturalista em perspectiva. — Conflito entre a poesia e as ciências naturais — Os primeiros modelos do poeta — A amizade de Filinto Elysio — Admirador de Delille e Bocage — Culto a Camões — Idéias liberais num espírito conservador — Complicações no exílio — Suspeita infundada — Carreira política — O diplomata ocasional — Eclipse do político — Sempre atraído pela poesia — As suas viagens — O poeta lírico — Culto às mulheres — As elegias

 Os túmulos — Remanescente do classicismo — Influxos do arca-dismo — Satírico por imitação — Simplicidade e doçura no lirismo

— Justas proporções do juízo crítico.

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