Ilíada de Homero – Canto XVI

Ílíada de Homero
Resumo e apresentação da Ilíada
Prefácio a Ilíada de Homero
Canto I
Canto II
Canto III
Canto IV
Canto V
Canto VI
Canto VII
Canto VIII
Canto IX
Canto X
Canto XI
Canto XII
Canto III
Canto XIV
Canto XV
Canto XVI
Canto XVII
Canto XVIII
Canto XIX
Canto XX
Canto XXI
Canto XXII
Canto XXIII
Canto XIV
Canto XV
Canto XVI
Canto XVII
Canto XVIII
Canto XIX
Canto XX
Canto XXI
Canto XXII
Canto XXIII
Canto XXIV

Ilíada de Homero – Canto XVI
Versão brasileira de Manoel Odorico Mendes

ARGUMENTO DO LIVRO XVI

Patroclo vai ter com Aquiles, e depois
de lhe haver pintado as

desgraças dos Gregos, pede-lhe suas
armas para combater com os

Troianos. — Aquiles concede-lhas.
— Ajax enfraquece. — Aquiles

apressa o seu companheiro a partir,
ordena os Tessálios e faz libações

a Júpiter. — Atemorizam-se os Troianos
à vista de Patroclo. — Dá-se

um combate junto aos navios, fogem
os Troianos e são perseguidos. —

Só Sarpédon resiste. — A Glauco é
reservado o cuidado de vingar

a morte de Sarpédon. — Os Troianos
dão ataque. — Feitos de Patroclo.

— Valor de Glauco. — Os Gregos não
se deisam abater; despojam o

corpo de Sarpédon. — Patroclo esquece
as recomendações de Aquiles

e avança aos muros de Tróia. — Luta
de Patroclo com Heitor. — É

aquele morto por Euforbo e Heitor.
— Heitor persegue a Automedon.

Da nau fervia o prélio, e ao divo
Aquiles

Vem Patroclo a verter cálido choro,

Como de celsa rocha em fio brota

Fundo olho d’água. Comovido o encontra

O amigo velocípede: "Patroclo,

Pranteias molemente? És qual menina

Que, da mãe apressada após, retém-na

Pelo vestido, e em lágrimas olhando,

Insta-lhe até que em braços a receba.

Aos Mirmidões, a mim, que novas trazes
?

Veio de Ftia um núncio? Vivem, consta,

Menetes e Peleu, cujo trespasso

Tinha de entristecer-nos. Ou lamentas

Os que ante as cavas naus ingratos
morrem ?

N ã o me ocultes, amigo, as mágoas
tuas . "

Gemente assim Patroclo: "Não
te agastes,

Aqueu sem-par; dor grave oprime os
nossos:

Os mais valentes já feridos jazem,

De lança o Atrida e Ulisses, e frechados

Na coxa Eurípilo e no pé Diomedes.

Médicas mãos os curam cuidadosas;

Mas não se dobra teu rancor, Pelides.

Nunca ira tal me cegue, herói funesto!

Quem mais em teu valor fiar-se pode,

Quando não livras da ruína os Gregos?

Nem te gerou, cruel, Peleu nem Tétis;

Filho és do turvo mar, de broncas
penhas.

Se agouros temes, se de Jove arcanos

Declarou-te a mãe deusa, ao menos
dá-me

Teus Mirmidões, e aos nossos lume
escasso

Talvez serei. Tua armadura emprestes:

Crendo-te em liça os Teucros, é factível

Cessem do assalto, e aos márcios Gregos
deixem

Útil breve respiro em tanta lida;

Frescos nós outros, o inimigo lasso

Fácil do campo e naus rechaçaremos."

Ail néscio implora, e o fado e a morte
chama.

Suspira Aquiles: "Como! eu, bom
Menécio,

De agouros me temer! de Jove Tétis

Nada me revelou. Mas dói-me o agravo

De um prepotente par, que o prêmio
ganho

Por minha lança na invadida praça,

A jovem bela escrava, arrebatou-me;

Dói-me sim que esse Atrida ma tirasse,

Como das mãos de ignóbil vagabundo.

Olvide-se o passado, nem perpétuo

Ódio quero nutrir: de não depô-lo

Voto fiz, sem primeiro à minha esquadra

Chegar o estrondo e a pugna. O arnês
que pedes,

Veste-o, conduz os Mirmidões fogosos:

De Teucros nuvem basta as naus circunda;

Pouca ourela da praia aos Dânaos resta;

Ílio em peso concorre e afouta inunda.

Oh! não vêem mais luzir meu capacete:

Se o rei me fora justo, em fuga tinham

O fosso de cadáveres enchido;

Ora, opugnando, o exército encurralam.

Não mais braveja a Diomédea lança,

Os Dânaos resguardando; a voz calou-se

Das goelas do Atrida abominável:

A de Heitor homicida aos seus troveja;

Guerreiros vivas o triunfo aclamam.

Sus, Patroclo, das naus remove a peste,

Anda, acomete; a frota não se abrase,

Que nos deve repor na doce pátria.

Ouve e do meu conselho não te olvides,

A fim que honras os Dânaos me prodigucm,

E a cativa gentil me restituam

Com magníficos dons: repulsos, volta;

Embora o esposo altíssimo de Juno

Te apreste a glória, os bélicos Hectóreos

Não combatas sem mim, que me é desdouro;

Nem ávido exultando na carnagem,

Aos muros de ílio o exército avizinhes;

Pois descerá do Olimpo um dos Supremos,

Talvez o Longe-vibrador que os ama.

Salva as naus e retorna; eles pleiteiem

Em raso campo. Ó sempiterno Padre,

Minerva e Apoio, a morte a nenhum
Teucro

E a nenhum Grego poupe; escapos ambos,

Sós ílio sacra derribar nos caiba."

De rojões, entretanto, Ajax vexado,

Mal se sustinha, que o domava Jove

E o dardejar contino; em torno às
fontes

O elmo hórrido rouqueja, que o brilhante

Artífice cocar alvo é dos tiros.

Do pavês o ombro esquerdo já tem lasso,

Mas quedo apara a chuva de arremessos;

De anélito açodado, os membros todos

Escorrendo em suor, nem resfolgava,

Aumentando um perigo outro perigo.

Musas do Olimpo, recontai-me como

O fogo se ateou na Argiva armada.

Onde a espiga se encava, de montante,

Corta o Priâmco o freixo ao Telamónio,

Que mutilado vibra hastil inútil,

E cai no chão tinindo a cúspide énea.

Treme o indómito Ajax reconhecendo

Que obra é celeste, que o senhor do
raio

Decide e quer aos Teucros a vitória;

Enfim recua. A infadigável chama,

Remessada ao baixei, inextinguível

Pega de popa a proa; então veemente

Bate Aquiles na coxa: "Eia, Patroclo,

Vejo lavrar tenaz o hostil incêndio;

Não se nos tolha o meio à retirada;

Já já te arneses, e eu reúno as hostes."

Cinge o Menécio deslumbrante saio;

Com prata afivelando, as finas grevas

Ajusta às pernas; estrelada e vária

Aos peitos liga a do veloz Pelides

Érea coiraça; o claviargênteo gládio

Pendura; o grã pavês, sólido ombreia;

Põe à forte cabeça o casco insigne,

De nutante penacho e horrente crista;

Válidas lanças a seu pulso adapta,

Que a do Eácida exímio, por disforme,

Argeu nenhum, só ele, manejava:

Cortou Quiron seu freixo no alto Pélion,

De heróis futuro dano, a Peleu dado.

A Automedon manda aprontar o coche,

A quem mais preza após o rompe-esquadras,

Pajem fiel, no afogo das batalhas.

Este junge os ligeiros Xanto e Bálio

Ao vento iguais: Podarga harpia, ao
sopro

De Zéfiro num prado os concebera

Junto ao rio Oceano. Ata à boleia

Com imortais corcéis Pédaso fero,

Preia de Aquiles d’Eetion nos muros.

O filho de Peleu, de tenda em tenda,

Arma os seus. Quando crus vorazes
lobos,

O estômago a instigá-los, dilaceram

Montes cervo ramoso, em alcatéia,

Rubros os queixos, com delgadas línguas,

Lambem de cima a funda escura fonte;

E, teso o ventre, a impar, cruor vomitam,

Mais gana inda os instiga e os acorçoa:

Dos Mirmidões os príncipes, não menos,

O amigo audaz famintos e animosos

Do Eácida ladeiam, que os ginetes

E adargados belígero afervora.

Cinqüenta lestes naus a Tróia Aquiles,

Caro ao Satúrnio, trouxe, com cinqüenta

Remos em cada uma, e a cabos cinco

Diviso o mando, presidia a todos.

Menéstio cncoiraçado era o primeiro,

Que a Espéquio rio, génito de Jove,

Polidora pariu, de Peleu filha,

Gentil mulher que ao deus se unira
assíduo:

Nado o criam de Bóros Periério,

Que lhe esposara a mãe com dote imenso.

Era Eudoro o segundo, que houve oculta

A de Filas garbosa Polimela:

O Argicida Mercúrio amou-a, vendo-a

Cantos guiar e danças da auri-archeira

Diana estrepitosa, e manso ao quarto

Subindo virginal, teve este egrégio

Rápido campeão; mas, dês que ao lume

Do sol o deu cruíssima Ilitia,

Casou com Polimela o Actório Equecles,

Dotando-a com mil dons: o avô cuidoso

O criou como seu. Era o terceiro

Pisandro Memalides, que excedia

Na lança os Mirmidões, Patroclo cxepto.

Quarto, o équite Féníx; era o quinto

Alcimedon famoso Laerceio.

Tudo Aquiles ordena, e diz severo:

" N ã o vos esqueça, Mirmidões,
que a bordo

Ameaçáveis os Troas ; que freqüente,

Condenando meu ódio, me exclamáveis:

— De fel a mãe te amamentou, Pelides;

Tirano, os sócios à inacção constranges;

Pois que a ira fatal caiu-te n’alma,

De volta a casa o pélago sulquemos.

Ei-lo o conflito pelo qual bramíeis:

Quem tiver coração, corra aos Troianos
. "

A voz regia afogueia as filas todas.

Como, a prova dos ventos, o arquitecto

Em parede superba ajunta a-s p e d
r a s ;

Ajuntam-se, elmo a elmo, escudo a
escudo,

Lado a lado, os varões: tocam-se e
ondeiam

Indistintos penachos e cocares.

Sós dois, Patroclo e Automedon, concordes

Em ferir a batalha, os precediam.

Vai logo à tenda Aquiles, abre a tampa

Da que a mãe argentípede, à partida,

Lhe dera arca louça, de agasalhados

Capotes cheia, e túnicas e mantas

E tapetes felpudos: copa tira

De alto lavor, em que ele só bebia

E a Jove só libava; com enxofre

Untada a expurga e em água a purifica;

Também lavando as mãos, purpúreo vinho

Despeja, e em meio dos guerreiros
posto,

Nos céus a vista, ao fulminante Padre,

A seus rogos atento, assim brindava:

"Jove Pelasgo, tu que longe habitas

E imperas em Dodona hiberna e fria,

Dos Selos teus intérpretes cercado,

Que de pés andam nus e em terra dormem,

Perfaze ora os meus votos, já que
os Dânaos

Por honrar-me afligiste: eu permaneço,

E de muitos à testa envio o sócio;

Dá-lhe vitória, altíssono, e a coragem

No peito lhe confirma; Heitor aprenda

Se é de si forte o amigo, ou se invencível

É só quando combate à minha ilharga.

Mas, depois que do assalto as naus
liberte

E do tumulto, incólume aqui volte,

Com meu arnês inteiro e os meus soldados."

Previsto Jove, anui somente em parte:

Salve Patroclo as naus, mas não se
salve.

Depois que liba súplice, o Peleio

Entra na tenda, e a copa na arca fecha;

À porta volve, e espectador ainda

Quis ser da atroz mortífera batalha.

Como Patroclo bizarro as hostes marcham,

Té que aos Troas remetem corajosas.

Quando as vespas, que encelam-se na
estrada,

Insensatos meninos irritando,

Público mal preparam buliçosos,

Por descuido se as toca o viandante,

Elas com forte coração rebentam

Em defesa do enxame: assim prorrompem

Os Mirmidões, e a cuquiada ruge.

Grita Patroclo: "Ó sócios do
Pelides,

De quem sois recordai-vos, com façanhas

Esse herói dos heróis honremos hoje:

O amplo-dominador confesse a culpa

De agravar o fortíssimo dos Gregos."

Com tal estímulo, adensados ruem;

Das naus em torno o alarma horrível
soa.

Vendo ao Menécio coruscar nas armas

E o mesmo auriga, trépidos os Teucros

Se desconcertam; cuidam congraçado

O Eácida veloz, e olhando em roda

Cada qual busca efúgio à instante
Parca.

Patroclo estréia, com fulgente lança,

Onde mais tumultuam, junto à popa

Do grã Protesilau: fere o armo dextro

A Pirecmeu, que os équites Peónios

Caudilha de Amidon e do Áxio largo;

Vai de costas, no pó gemendo rola,

E a flor dos seus espavoridos fogem.

Remove e extingue o fogo, e atropelados

Da nau já semiardida os Frígios deita:

Por entre as outras, com ruído enorme

Derramando-se os Dânaos, os repulsam.

Se alquando espalha Júpiter fulgúrco

O negrume do cimo da montanha,

Aberto o máximo éter, aparecem

Rocas, píncaros, bosques; tais os
Dânaos,

Livres do incêndio, um pouco respiraram:

Porém dura inda a pugna; que os Troianos

Costas não davam todos, mas forçados

Iam deixando o campo e resistindo.

Cada chefe um contrário acossa e mata.

Logo a bronze o Menécio de Areilico

Fractura o fémur e o debruça em terra.

A Toas, que do peito arreda o escudo,

Prosterna Menelau. Na arremetida,

Meges lanceia a perna, onde há mais
polpa,

Ao nobre Anficlo, e os nervos lhe
descose;

Letal escuridão lhe cega os olhos.

Antíloco Nestório de érea ponta

A Atínio espeta o lado e o prostra.
Máris,

Ante o fraterno corpo, ao Grego vibra;

Mas Trasimedes, prevenindo o golpe,

No ombro lhe mete a cúspide, e lhe
corta

Os músculos do braço e o osso escarna:

Baqueia Máris em medonha treva.

E dois irmãos a Dite assim remete,

Ambos hasteiros, a Sarpédon caros,

Filhos de Amisodar, que, infensa a
muitos,

A Quimera nutria insuperável.

Na baralha a Cleóbulo impedido

O Oilíades empolga, e na garganta

Lha ensopa toda e em sangue a espada
aquece:

Purpurea morte o imerge era noite
escura.

Lícon e Peneleu, que se entrechocam,

Botes errando, às lâminas recorrem:

Lícon no hostil cocar imprime o gládio,

Que pelo punho estrala; sob a orelha,

Peneleu de um revés lhe fende o colo,

E a cabeça, da pele só retida,

Lhe dependura e os órgãos lhe desata.

Merion desenvolto após Acamas,

Ao montar, o escalavra no ombro dextro:

Ofusca-se-lhe a vista e rui do coche.

De pique atroz Idomeneu, de Erimas

Por sob o cérebro atravessa a boca,

Racha alvos ossos e desloca os dentes:

Os olhos dois infiltram-se de sangue,

Sangue das ventas bolha e abertas
fauces;

Da nera morte o envolve a nuvem baça.

Cada herói Grego assim talha uma vida.

Como lobos roazes que, de espreita,

A mães roubam cabritos ou cordeiros,

Cujo pastor os descuidou no monte,

E aos balantes imbeles despedaçam;

Dão sobre os Troas, que olvidando
o brio,

Só na horríssona fuga se afiuzam.

Ansioso o grande Ajax a Heitor procura;

Que, adargando experiente os ombros
largos,

Dos tiros o zunido ou silvo observa,

E inclinada a vitória, inda constante

Vela nos companheiros. Qual do Olimpo

Ao céu vai nuvem, se o nimboso Padre

O éter sereno tolda, as naus expedem

O trépido Tumulto: os de Heitor passam

Em debandada, e os rápidos ginetes

Apartam-no dos seus, que o fosso embarga.

Quantos corcéís, na escarpa escorregando,

Quebram temões, donos e coches largam!

Uns alenta o Menécio, outros acossa

Com ígnito furor: em gritos fogem,

As estradas enchendo, e os corredores,

Por turbilhões de pó que os ares turvam,

Das naus e tendas à cidade voam.

Trota e se envia onde há maior distúrbio,

E minaz urra: sob os eixos muitos

Rolam dos voltos clamorosos carros.

Os imortais unguíssonos dos deuses,

Dom preclaro a Peleu, transpõem o
fosso

De um pulo; e de ir o impulso tem
Patroclo

Sobre Heitor, que é da biga arrebatado.

No outono, quando Júpiter, sanhudo

Contra o julgar dos homens que a justiça

Do foro banem sem temor dos numes,

A negra terra agrava de chuveiros,

Com tal fúria desfecha, que em dilúvio

Rios dos montes, sementeiras e agros

Arrasando, a gemer se precipitam

No vasto mar purpúreo: assim nitrindo

Iam na desfilada as Teucras éguas.

Rotas as hostes, para as naus Patroclo,

De ílio tolhendo o ingresso desejado,

As repulsa, e entre a praia e o Xanto
e o muro

Gira a vingança e a morte. Nu de escudo

Fere a Pronos o peito; os membros
laxa,

E fragoroso expira. De outro bote

Prostra o Enópio Testor, que perturbado

No assento encolhe-se e demite as
rédeas:

Pela dextra maçã lhe fisga os dentes,

A si contrai a lança; e, qual se pesca

De linha e anzol, de cima de um rochedo,

Grã sacro peixe, pela boca hiante

Do carro abaixo o tira inanimado.

Joga uma pedra a Eríalo que arrosta,

O elmo parte e a cabeça racha em duas;

Por terra se debruça, e a morte o
cinge.

Patroclo, um após outro, ao chão derriba

A Erimas e Anfotero, Epalte e Pires,

Équio e Ifeu, Tlcpolemo Demastório,

A Polímelo Argeiades e Evipo.

Dele Sarpédon vendo os seus domados,

Repreende os nobres Lícios: "Que
vergonha 1

Onde, Lícios, fugis? Como sois ágeis
1

Corro a provar o armipotente braço,

Que a tantos campeões tolhe os joelhos."

Do carro eis salta e apeia-se Patroclo,

Quais, de bico recurvo e garra adunca,

Sobre alta penha aos guinchos dois
abutres,

Travam-se eles gritando. — Ao contemplá-lo,

Para a consorte e irmã suspira Jove:

"Dos homens o mais caro, ai!
meu Sarpédon,

À lança do Menécio está votado:

Hesito n’alma se na Lícia o ponha,

Subtraído ao combate lutuoso,

Ou se ao cruel destino o deixe entregue."

Mas a augusta olhitáurea: "Que
proferes,

Ó formidável Júpiter? salvares

Mortal à triste Parca já fadado!

Salva-o, porém do Céu não tens o assenso.

Digo mais, e reflecte, à pátria vivo

Se envias teu Sarpédon, outros numes,

Da injustiça irritados, hão-de os
filhos

Muitos livrar que ante llio estão
pugnando.

E do teu predilecto se hás piedade,

Mal do Menécio a mão do alento o prive,

Consente à Morte e ao Sono que o transportem

À opulenta alma Lícia: irmãos e amigos

Façam-lhe exéquias e lhe sagrem pios

Túmulo e cipó, aos mortos honra extrema."

O pai de homens e deuses resignou-se;

Mas pelo filho, a quem da pátria longe

Na feraz Tróia imolará Patroclo,

Asperge a terra de sangüíneo orvalho.

Já se contrastam; mas Patroclo ao
bravo

Pajem do rei Sarpédon, Trasimelo,

Vulnera no imo ventre e solta a vida.

Sarpédon brande a lança impetuosa,

E o golpe errado a pá direita fere

De Pédaso corcel, que em vascas geme

Na arena a espernear e arcando expira.

Xanto escouceia e Bálio; o jugo estala,

E as bridas se embaraçam no que atado

Ao temão jaz no pó. Na afronta, o
hasteiro

Automedon prove: de junto à coxa

Robusta saca a lâmina aguçada,

E ao da boleia presto aos loros talha.

Direita a imortal biga ao freio açode.

Aos dois rói nova sanha e fogo novo:

Inda a Sarpédon falha a cúspide énea,

O ombro só roça esquerdo; mas certeiro

Patroclo o pique lhe enterrou por
onde

O coração as vísceras torneiam.

Como o carvalho, ou choupo ou celso
pinho,

Para naval fabrico, ao truz desaba

De afiada secure; ante os cavalos

E o carro jaz, e o pó sangüíneo apalpa,

Os dentes a estrugir. Qual fulvo touro,

Suberbo entre a flexípede manada,

Sob os colmilhos do leão morrendo,

Muge, inda se debate; assim, vencido,

Gemente o rei dos adargados Lícios,

A bracejar, o camarada chama:

"Dilectíssimo Glauco, mais que
nunca,

Mostra o que és, sê pugnaz, o mando
assume.

Por Sarpédon concita os cabos todos

A pelejar; tu mesmo a lança enrestes.

Infâmia e opróbrio te será perpétuo

Os Gregos despojarem-me o cadáver,

Onde os Lícios heróis as naus disputam.

Eia, as tropas inflama, inabalável."

Cala, afila o nariz e empana os lumes,

Revolto em morte. O Aqueu lhe calca os peitos,

A cúspide lhe saca e entranhas e alma.

Os Mirmidões retêm corcéis que vagam

Açodados, sem coches nem senhores.

De Sarpédon a voz contrista a Glauco,

Nem este lhe valeu, que na mão preso

Tinha o braço, e a frechada o confrangia

Do Aquivo Teucro na mural contenda;

Mas ora a Febo: "De ílio, ou
da possante

Lícia, escuta-me, ó nume arcipotente;

Queixas em qualquer parte e rogos
ouves

De afligido mortal: picadas sinto

Lancinantes, o sangue não se estanca,

O ombro é pesado, o pique mal sustento.

Nada posso empreender; mas jaz Sarpédon,

Sem que ao valente filho acuda Jove.

Ó rei, sequer me sara esta ferida,

Alivia-me, a fim que esforce os Lícios

E o cadáver eu mesmo lhe defenda."

Benigno Febo, as dores já lhe acalma,

Veda o sangue e o robora. Exulta Glauco

Da protecção do deus; primeiro os
chefes

Lícios procura, e a cheio passo aos
Teucros

Agenor se dirige e Polidamas,

Mais a Eneias e Heitor, e a este exprobra
:

"Sócios esqueces que da pátria
e amigos

Longe perecem, nem salvá-los queres
1

Sarpédon morto jaz, da Lícia apoio,

Valoroso, eloqüente e justiceiro;

Pelas mãos do Menécio o prostrou Marte.

Indignai-vos, consócios, de que o
dispam

E insultem Mirmidões, vingando irosos

Aos que ante as naus a botes aterrámos."

Lavra um luto geral; que, estranho
embora,

Esteio era de Tróia, e o mais galhardo

Entre os galhardos Lícios. Por Sarpédon

Chameja e os guia Heitor; Patroclo,
os Dânaos,

Instigando os Ajax de si fogosos:

"Vós Ajax, dantes sempre os mais
estrénuos,

Hoje aos Teucros. O herói que entrou
primeiro

No Graio muro, em terra está, Sarpédon.

Possamos nós despi-lo e encher de
afrontas,

A bronze escarmentar os que se oponham!"

De estímulo os Ajax não careciam.

Uns e outros firmam-se em renhida
pugna,

Teucros e Lícios, Mirmidões e Aquivos,

Com medonho alarido e fragor de armas.

Para estrago maior em torno ao corpo

Do amado filho, Júpiter estende

Lôbrega noite sobre o atroz conflito.

Olhinegros Aqueus primeiro afrouxam,

Ferido um Mirmidon não lerdo, prole

De Agacles valoroso, Epigeu divo,

Que em Budeia magnífica imperava,

E morto um primo audaz, súplice veio

A Tétis argentípede e ao marido,

Que a Tróia em poldros fértil o enviaram

Do seu rompe-esquadrões na comitiva:

Sobre Sarpédon quando a mão já punha,

De uma pedrada o elmo Heitor partiu-lhe

E em duas a cabeça; do cadáver

Descai por cima, e a feia Parca o
cinge.

Qual açor caça a gralhos e estorninhos,

Entre os primipilares, anojado

Pelo defunto sócio, tu Menécio,

De chofre dás nos Lícios e Troianos.

De seixo a Atenelau Itemeneides

Os tendões rompes da cerviz; recua

Com seus primipilares o Priâmeo:

Quanto, ou no jogo ou na homicida
guerra,

Alcança um tiro de esforçado pulso,

Ganham tanto os Aqueus e os Teucros
perdem.

Glauco o primeiro se voltou, matando

O caro filho de Calcon, Baticles,

De Hélade opulentíssima habitante

E o Mirmidon mais rico: este após
ele,

Já quase o apanha; de repente o Lício

Vira-se e a lança embebe-lhe no seio:

Ao baquear do braço, um grito soltam,

Com mágoa os Dânaos, com prazer os
Troas,

Que em derredor se apinham; mas briosos

Vêm de encontro os Aqueus. Merion
derriba

O audaz Laogono, de Onetor progénie,

Do Ideu Jove ministro e um nume ao
povo;

Sob a orelha e a maxila o fere e prostra:

A alma afunda-se logo em treva horrenda.

O Anquíseo a Merion dispara, crendo

Sob o escudo o enfiar na arremetida;

Ele previsto se proclina, e o freixo

Por cima zune, enterra-se na areia,

E o conto fixo treme, até que Marte

A fúria impetuosa lhe aquieta,

Pois dardou mão robusta o bote inútil.

E Eneias irritado: "És bom dançante;

Mas o pique, Merion, certeiro fosse,

Que para sempre te afracara as pernas."

Ao que retorque o hasteiro: "És
forte, Eneias;

Mas nem a todos que arrostar-te ousarem,

Tu contes extinguir. Mortal nasceste;

A tocar-te o meu bronze, embora sejas

Na dextra afouto, me darias glória,

Tua alma ao rei da lúgubre quadriga."

Mas o Menécio a Merion censura:

"Que te presta o falar, valente
amigo?

Antes que um morda o pó, com feros
nunca

Arredarás os Teucros do cadáver;

O braço à guerra, ao parlamento a
língua;

Não palavras, sim obras". Nisto
avança,

Marcha e o ladeia Merion deiforme.

Qual soa ao longe a mata, em fundo
vale,

Dos lenhadores aos contínuos golpes,

Ei-los em todo o campo o estrondo
excitam

De éneos arneses, bipontudas hastas,

Elmos, lorigas, e broquéis e espadas.

Desconhecera o experto ao Lício cabo,

Desde a cabeça aos pés de pó coberto

E sangue e tiros: cercam-no e vozeiam,

Como em curral, na primavera, moscas

De alvos tarros de leite em roda zumbem.

Júpiter, fitos no combate os olhos,

Medita ansioso de Patroclo o fado:

Se ali sobre Sarpédon o Priâmeo

O imole e dispa, ou se ele a vários
inda

Lance no extremo afã. Por fim resolve

Que o fâmulo de Aquiles à cidade

Com matança repila o chefe e os Teucros.

O coração primeiro a Heitor quebranta,

Que à pressa monta e exorta os seus
que fujam,

A balança Díal pender sentindo.

Nem os Lícios resistem, vendo em meio

Jazer seu rei de um vasto morticínio,

Pois sobre ele muitíssimos caíram,

Quando o Satúrnio o prélio exasperava.

Despem-lhe as éreas coruscantes armas,

Que às naus remete o vencedor Patroclo.

Diz a Febo o Nubícogo: " Anda,
filho,

De sob os dardos meu Sarpédon ergas,

Puro do negro sangue, a parte, em
veia

Limpa o lava, e de ambrosia perfumado

Veste-lhe imortal roupa, e o dá que
o levem

Os dois gêmeos cursores Morte e Sono

À opulenta ampla Lícia: irmãos e amigos

Façam-lhe exéquias e lhe sagrem pios

Túmulo e cipó, aos mortos honra extrema."

Dócil Apoio, do Ida ao campo desce:

De sob os dardos a Sarpédon ergue,

Puro do negro sangue, a parte, em
veia

Limpa o lava, e de ambrosia perfumado

Veste-lhe imortal roupa, e à Morte
e ao Sono

O dá, que na alma Lícia o depuseram.

A Automedon excita e aos inimigos

Deita o coche Patroclo; e, se os preceitos

Louco não desprezasse do Pelides,

O trespasso evitara. Mas os de homens

Vence o aviso de Jove, que afugenta

E ao forte que instigou tolhe a vitória,

Ao Grego estimulando. — A quem, Menécio,

Derribaste primeiro, a quem postremo,

Quando a morrer os deuses te chamaram?

A Adresto e Equeclo e o Mégades Perimo,

E Autonoo, e Epistor e Melanipo;

Depois a Elaso e Múlio, enfim Pilarte:

Mata-os, os mais persegue. E a de
altas portas

À tremebunda lança ajoelhara,

Na grã torre se Apoio não parasse,

Em mal dos Dânaos e a favor dos Troas.

O herói pelo espigão do altivo muro

Três vezes trepa, três a eterna dextra

O empurra e bate-lhe o fulgente escudo;

Qual deus indo a investir, minaz o
impede

O Longe-vibrador: "Não mais,
Patroclo,

À brava lança tua os fados vedam

Ílio santa arrasar; compete a braço

Que o teu muito mais forte; ao grande
Aquiles."

Temendo a frecha do agastado Apoio,

Retrograda o Menécio. Às portas Ceias

Tem-se Heitor, cogitando se os cavalos

De novo atire à turba, ou clame às
tropas

E as congregue ante o muro; e, enquanto
hesita,

Aproxima-se Apoio em forma de Ásio,

Tio seu maternal, mas verde e guapo,

De Dimas geração, que às Frígias margens

Do Sangário habitava, e assim lhe
fala:

"Que vil moleza, Heitor 1 Oh!
quanto em forças

Te cedo, eu te excedesse, que da inércia

Te havia de pesar. Anda, coragem!

A Patroclo os unguíssonos propele;

Busca matá-lo, e dê-te a glória Febo."

Disse, e torna à refega: Heitor ordena

Ao belaz Cebrion que açoute as éguas

E entre em peleja. O deus corre as fileiras,

Turba e assusta os Aqueus, exalça
os Teucros.

Despreza os mais Heitor, só trata
e marcha

Contra o Menécio, que do coche pula,

Na sestra o pique, na direita um branco

Áspero seixo oculto, e forcejando

Errado o joga, mas não foi baldio

Que acerta em Cebrion, Priâmco espúrio,

Tendo as rédeas auriga: às sobrancelhas

O esmecha a pedra e o osso lhe espedaça,

Aos pés vaza-lhe os olhos na poeira;

Ele exânime ao chão vai de mergulho.

E Patroclo a zombar: "Oh! como
é ágil!

De nau saltara no piscoso ponto,

Como da sela, e a mergulhar nas vagas,

Sustentara de ostrinhos a maruja.

São bons mergulhadores os Troianos."

Aqui, remete a Cebrion, em guisa

De agro leão, que ao devastar o cerco,

É malferido, e nímia ardência o perde.

Pronto apeia-se Heitor. Qual num cabeço

Crus também dois leões esfomeados

Morta corça tetérrimos disputam;

Os dois, Patroclo e Heitor, da pugna
mestres,

Cortarem-se almejando a sevo bronze,

Brigam por Cebrion: dos pés o aferra

O Menécio, e o Priâmeo da cabeça;

Teucros e Argeus frenéticos se abarbam.
Quando, em floresta ou brenha, de Euro e Noto

O certame sacode o cortiçoso

Corniso e o freixo e a faia, gemebundos

Seus longos ramos confundindo, estralam

Num contínuo fragor: tais se entrelaçam,

Não pensando na fuga desastrosa,

De Cebrion em roda os contendores,

Em recíproco ataque a trucidar-se.

Lanças pregam-se e dardos, setas voam

Dos nervos rechinando, e a rodar pedras

Aos combatentes os broquéis abolam;

Da boleia esquecido, o herói se estira

De pó num turbilhão por grande espaço.

Enquanto o Sol montava, a tiros morrem

De parte a parte; mas no seu declive

Era imensa dos Gregos a vantagem,

Que a Cebrion arrancam do tumulto

E do acervo das armas e o despojam.

Patroclo a Marte igual, medonho urrando,

Três vezes rui, três vezes mata a
nove;

Mas ah! da quarta, ó campeão divino,

Luziu teu fim! Terrível sai Apoio;

Oculto em nevoeiro, a mão pesada

Lhe carrega no dorso e largos ombros;

Vidra-lhe os olhos súbita vertigem;

Desenlaçado o esguio capacete,

Rola aos pés dos unguíssonos tinindo;

Sangue e pó suja as crinas e a cimeira,

Nunca dantes manchadas, quando ornavam

Do divo Aquiles a venusta fronte:

Na cabeça de Heitor, para seu dano,

Pôs Jove esse elmo. Reforçado e rijo

De Patroclo nas mãos rebenta o pique;

Dos loros o pavês se lhe desliga;

Mesmo Febo a coiraça lhe desprende.

Quedo e estúpido, os membros entorpece:

Traspassa-o pelas costas o Pantóídes

Jovem Euforbo, auriga e hasteiro ínsigne,

Celérrimo e adestrado, que dos carros

Novel já despenhou vinte inimigos,

E a ti, Menécio, te feriu primeiro,

Sem derribar-te; e, assim que extrai
a lança,

Mete-se no tropel; pois não se atreve

Encarar com Patroclo, bem que inerme.

Este, opresso de um nume e vulnerado,

Aos seus retrocedendo, ia salvar-se;

Mas Heitor, ao magnânimo ferido

E em retirada, vem por entre as alas,

No vazio lhe ensopa o aéneo gume:

Tomba o herói com fracasso, e os Gregos
gemem.

Qual se um leão com javali forçudo,

Beber ambos querendo em fonte exígua,

Luta cruel empenha em árduo cume,

Té que o cerdo açodado enfim sucumbe;

Tal ao Menécio, a tantos pernicioso,

Desalma Heitor. Sobre ele ovante o
insulta:

"Creste assolar, demente, a pátria
nossa,

E à tua, subtraído o livre dia,

As Teucras embarcar: por defendê-las

Desse dia servil, é que os sonípedes

Cerdosos de Heitor à pugna o levam;

Por guardar seu decoro, é que na lança

Os Troianos supero belicosos.

Hão-de comer-te, mísero, os abutres!

Nem vale o forte Aquiles, que ao ficar-se

Recomendou-te certo: — Às naus bojudas

Não me revertas, cavaleiro amigo,

Sem que de Heitor ferino aos peitos
rasgues

A cruenta loriga. — Essas palavras

Seduziram-te, louco, e te perderam."

E lânguido o Menécio: "Ora blasonas!

Domado eu fui por Júpiter e Apoio,

Que o próprio arnês dos ombros me
arrancaram.

Sem eles, como tu vinte guerreiros

Pelo meu dardo acabariam todos;

Mas fatal sorte e o filho de Latona,

E entre os mortais Euforbo, me renderam;

És terceiro e despojas um finado.

Escuta, e fixo o tenhas; longo tempo

Não viverás; a Parca já te espera

Sob a lança do Eácida invencível."

Disse, e expira: dos membros desatada,

A alma voa aos infernos lamentando,

O seu viril esforço e mocidade.

Ao morto fala Heitor: "Por que
me agouras

Destino tal? Quem sabe se inda ao
nado

Da pulcrícoma Tétis hei-de a vida

Extinguir?" Nisto, o calca, e
o éneo pique

Da ferida sacando, o ressupino

Corpo com ele afasta; o enresta ansioso

Trás o pajem deiforme do Pelides,

Automcdon, que os imortais ginetes,

A Peleu dom celeste, arrebataram.

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