John Locke – biografia e pensamentos

John Locke (1632-1704) nasceu em Wrington, Inglaterra.
Wrington fica perto de Bristol, de onde era a família de Locke. Eles eram burgueses, comerciantes. Com a revolução Inglesa
de 1648, o pai de Locke alistou-se no exército. Locke estudou inicialmente
na Westmuster School. Em 1652 foi para a Universidade de Oxford. Não
gostou da filosofia ali ensinada. Manifestou, mais tarde, opiniões
contrárias à filosofia de Aristóteles. Julgou o peripatetismo
obscuro e cheio de pesquisas sem utilidade. Além de filosofia ,
estudou medicina e ciências naturais. Recebeu o título de
Master of Arts em 1658. Nesse período , leu os autores que o influenciaram:
John Owen (1616-1683) que pregava a tolerância religiosa, Descartes
(1596-1650) que havia libertado a filosofia da escolástica e Bacon
(1561- 1626), de quem aproveitou o método de correção
da mente, e a investigação experimental. Interessou-se pelas
experiências químicas do também físico Robert
Boyle (1627-1691), que inovaram introduzindo o conceito de átomo
e elementos químicos. Foi um avanço em relação
à alquimia que dominou durante a Idade Média e a concepção
de Aristóteles dos quatro elementos. Locke atuou nos campos de medicina,
filosofia, política, teologia e anatomia. Não gostava de
matemática. Redigiu em Latim, Ensaios sobre a lei da natureza.
Já nessa época apresentava gosto pela regra experimental,
de onde deriva sua filosofia empirista.

John Locke


Em 1666, John Locke tornou-se médico de um futuro conde,
Ashley Cooper. Participou, como assessor do futuro conde de Shaffesbury,
da elaboração da constituição da colônia
inglesa de Carolina, na América do Norte. Fazia parte do grupo de
intelectuais da época. Foi nesse período que começou
a redigir sua principal obra: Ensaio Sobre o entendimento humano,
que só seria publicado em 1690. Em 1668 se tornou membro da Royal
Society de Londres. em 1672 se tornou secretário do agora sim, conde
Shaffesbury. Então passou a ter uma vida política ativa e
efetiva. Cooper opunha-se ao rei Carlos II, que tentava fortalecer o absolutismo.
Em 1675 , aconteceu a queda do conde. John Locke, que participara de uma séria
de acontecimentos políticos, foi obrigado a abandonar essa vida.
Viajou então para a França, onde se relacionou com os intelectuais
cartesianos. em 1679, voltou a Inglaterra, onde ficou ao lado do ex-conde,
que estivera preso. Como o Cooper não era bem quisto pela corte,
Locke passou a ser vigiado.


Os dois mudaram-se então para a Holanda, onde estava
mais avançada a liberdade de opiniões. John Locke participou
dos preparativos para a expedição de Guilherme de Orange, rei da Holanda. viaja com ele para Londres. Na Holanda ainda era perseguido.
Usa nome falso e colabora com numerosos artigos em um periódico.


Em 1691, transferiu-se para um castelo em Essex, hóspede
de Francis Masham e sua mulher, Damaris. O ensaio sobre o entendimento
humano havia sido editado em 1690. Morreu em Essex em 1704.


Locke desenvolveu, a partir da obra de Bacon, uma teoria
voltada para melhorar o uso do intelecto.Para isso, precisou analisar os
meios que o intelecto tem para conhecer, como chegou ao ponto em que entende
o mundo, e o interpreta. John Locke enfatizou o lado gnosiológico da origem
das idéias e representações. A idéia para Locke,
é “tudo que o espírito percebe em si mesmo, e que é
objeto imediato de percepção e pensamento.”Portanto, essa noção de idéia foi feita e corresponde com
a idéia cartesiana. Não tem a ver com a idéia platônica,
que aliás John Locke rebateu por ser contrário ao inatismo. A
idéia em John Locke deve ser compreendida como o conteúdo da consciência,
o material do conhecimento. Ele foi contra o inatismo presente em Platão
e Descartes, e defendeu a teoria de que o conhecimento deriva da prática.
Compara a mente a uma tabula rasa, uma folha de papel em branco. O intelecto
humano não pode formular idéias do nada, nem o espírito
traz em si memórias e conceitos presentes a priori. Para
Locke, todos os dados da mente derivam da experiência. A experiência
é a fonte e o limite do intelecto.


Locke formulou suas críticas ao inatismo, argumentando
contra os pensadores platônicos da escola de Cambridge, entre os
quais Ralph Cudworth, que sustentava que a idéia da existência
de Deus provinha de uma noção inata. Para Cudworth, a teoria
empirista que Locke adota, segundo a qual não há nada na
mente que não tenha estado antes nos sentidos, deve ser combatida,
por ser ateísta.


O livro I do Ensaio é dedicado à crítica
do inatismo. Locke julga o inatismo uma doutrina de preconceito que leva
ao dogmatismo individual. Mostra que há outros modos de se chegar
ao consenso universal, que na verdade não existe. Ele dá
exemplos de coisas que crianças e deficientes não possuem,
como o princípio da identidade, não contradição
e fundamentos éticos. Até mesmo a concepção
não é inata, pois apresenta diversidade e varia a crença
de cada povo. Em alguns , até não existe essa crença.


Locke afirma ser absurdo existir certos princípios
inatos, mas não se estar consciente disso. Se há algo na
alma , há a consciência desse algo. também é
assim com os princípios morais. Locke fala que em certos lugares
coisas são repreensíveis, e em outros as mesmas coisas são
motivo de mérito. Locke também destitui de validade o argumento
ontológico para a existência de Deus, da autoria de Santo
Anselmo.


Para o argumento de que o intelecto pode criar idéias, John
Locke responde que ele pode apenas combinar as idéias percebidas
pelos sentidos. Mas não pode criá-las, nem tampouco destruí-las.
Concluindo, Locke aponta a experiência como a única fonte
possível de idéias. A alma trabalha o material percebido
depois.


Locke aponta duas fontes para o conhecimento empírico:
ele é derivado da experiência sensível ou da reflexão.
As idéias estão no intelecto, e no mundo objetivo existe
algo que tem o poder de fazer o intelecto entendê-las como tal. Um
corpo tem qualidades primárias, como a extensão, a solidez,
a figura. E secundárias como a cor o odor e o sabor. As secundárias
são variações das primárias, são subjetivas,
parecem como são para os sentidos. As idéias simples forçam
uma passividade por parte do sujeito , que pode operar sob diversos modos
sob os dados dos sentidos e sob a reflexão, formando assim as idéias
complexas. As idéias se conservam depois de percebidas. A memória
é necessária para a ação intelectual, pois
faz representações. A atividade do intelecto produz idéias
complexas, dividas em três grupos principais:


a) de modo: estado e constituições de coisas
e processos, não existem por si mesmas, mas dependem da sensação.
Os modos simples tem componentes homogêneos (por exemplo um número)
os modos mistos tem componentes heterogêneos (por exemplo muitas
sensações que dão idéia de beleza). Exemplos
de idéias de modo: a gratidão e o homicídio.


b) de substância. Nascem do hábito de ver
idéias simples juntas, que são tomadas como uma complexa.
Não nos tornamos conscientes sem saber porque nem como isso acontece.
Nesse grupo estão a representação de coisas como o
homem e de coletividade, o universo. Deus também pertence ao grupo
de idéias complexas de substâncias.


c) relações- nascem da comparação
e confronto entre as idéias que o intelecto percebe. Por exemplo,
o conceito de pai, filho, sogro, diferença e semelhança.


O infinito, para Locke, é um modo simples. Não
podemos realmente conceber o infinito. O infinito é a repetição
de número, duração e espaço. O infinito portanto
não é anterior, a causa última do finito.


Na filosofia anterior a Locke, havia a teoria de que a
substância constitui a essência das coisas. Essa noção
estava em Descartes. Locke observa que a essência não pode
ser a substância. Ou melhor, a substância não é
conhecida pelos sentidos na sua essência. A identidade, o eu, está
fora da substância.


A abstração, para Locke, é a ressaltação
de certas qualidades das idéias, portanto reduz e parcializa as
idéias complexas.


No quarto livro do Ensaio, Locke trata do conhecimento.
As idéias são o material do conhecimento, que nasce da percepção
delas, e faz conexões, concordâncias, contrastes e discordâncias
entre as idéias. A correspondência entre duas idéias
é importante para o conhecimento. São de quatro tipos:


a) identidade e diversidade . Uma idéia se diferencia
da outra.


b)relação. A ciência nasce da relação
entre idéias diferentes.


c)coexistência ou não de um mesmo objeto.
Pertence às substâncias.


d)existência real. Independente do eu individual
que a percebe.


A percepção da realidade pode ser feita
de dois modos:


a) por intuição- é claro e certo,
não necessita de prova. Vem da evidência imediata.


b) por demonstração- o espírito percebe
as diferenças e semelhanças das idéias, mas não
de imediato. Procede e se desenvolve por concatenações, associação
das intuições. A existência de Deus pode ser demonstrada
racionalmente. John Locke usa a prova cosmológica para isso. Sabemos,
de forma intuitiva, que algo existe desde a eternidade, pois se não
existisse, o início teria de vir de alguma outra coisa. Para John Locke,
a certeza que Deus existe é mais absoluta que as impressões
dos sentidos. Nesse ponto, ele concorda com Descartes.


John Locke reconhece duas classes de ciências: as reais
(naturais e metafísicas) e as idéias (matemática e ética)
. A matemática deve trabalhar com modelo próprio. A ética
também se refere ao conteúdo que provém da mente humana.
Assim, não há liberdade total e Estado juntos. Todo o delito
deve ser castigado.


John Locke atuou também politicamente. Ele foi contrário
aos teóricos do absolutismo, como Hobbes. Disse que não
há poder inato, nem direito político divino. Para ele, uma
boa ação concorda com uma norma. Existem três tipos
de normas morais: a divina, a política , e a da opinião pública.
O bem é o prazer, ou aquilo que o provoca, e o mal é a dor,
ou aquilo que a provoca.


Todos os homens nascem e são iguais por natureza.
Usam a razão, um bem comum, para construir a sociedade, e dela partilhar
os resultados. O Estado vem do direito natural, como o direito à
vida, à liberdade, à propriedade. O Estado deve promulgar
o bem estar geral. O governo não pode ser tirânico, nem patriarcal.


O Estado não deve ser baseado na fé, nem
na religião. Um governante, um príncipe, é necessário
para assegurar a validade do pacto social, mas o direito dele vem do povo,
não da religião. E ele é submisso às leis.
Não pode tudo, como outros teóricos afirmaram. (Maquiavel, por exemplo) Se falhar, o povo tem direito à revolução.


John Locke foi o fundador do liberalismo constitucional, que
concebe o Estado submetido à um contrato. O direito natural da propriedade,
fruto do trabalho é o fundamento do valor econômico vital
do trabalho. John Locke influenciou o liberalismo de Adam Smith (1723- 1790)
e Ricardo (1772-1883). Ele também dividiu , na teoria, os poderes
em dois: Legislativo e Executivo. Esses poderes são necessários
para garantir a validade da lei e a ausência de tirania.


Até a época em que atuou, John Locke foi o filósofo
moderno que mais tinha bem definida suas opiniões políticas
e filosóficas. Bacon fizera sugestões. Hobbes estava desacreditado,
e Spinoza era extremista. John Locke fez a ponte entre Descartes e o que viria
a ser o Iluminismo. Influenciou Berkeley e Hume que partiram de sua filosofia
empírica, mas não radicalmente empírica, pois admite
a existência do sobrenatural. Era racionalista, mas acreditava na
revelação divina. Achava que a existência de Deus
podia ser provada racionalmente. Leibniz escreveu uma resposta ao Ensaio,
em que defende uma volta ao inatismo.

Erros tipográficos comuns: Jonh Locke Lock

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