O Império Marítimo Português

Fichamento do texto O Império Marítimo Português de Charles Boxer.

Miguel Duclos

O texto aborda o domínio português nos mares asiáticos, especialmente no Oceano Índico, durante um longo período que inicia-se com as viagens de Vasco da Gama, de 1498 a 1945. Este domínio marca a posição dos países europeus como predominante até o surgimento dos Estados Unidos e Japão como potências navais, nos fins do século XIX.

A costa oriental da África estava incluída na geopolítica asiática, sendo a ela associada, quando os portugueses iniciaram suas incursões, de forma que a associação de regiões distintas com o chamado “Estado da Índia” e com a árabia tornou-se comum no vocabulário das conquistas.

A civilização islâmica, persa e árabe, exercia influência na região da costa leste africana, mesclando-se a ela também em termos étnicos e culturais, através de sucessivas gerações, com graus distintos de alcance da religião em cidades bastante desenvolvidas da sociedade suaili, especialmente nas transações comerciais de variados produtos.

Embora a Abissínia, hoje Etiópia, tivesse a religião cristã copta como principal, outras regiões já se configuravam conforme a influência islâmica: o império mameluco, que ia do egito até a Síria, obtia lucro através da cobrança de impostos de produtos que moviam-se pelas rotas comerciais ligadas à Europa pelo Golfo Pérsico.

A cidade de Ormuz era rica por ser um entreposto comercial, e sua moeda corria por todos os portos da Índia, Pérsia e Malaca. O xá de ormuz exercia alguma liderança sobre as diversas tribos de beduínos nômades e outros povos da Arábia. Na Pérsia, o xá Ismail I aumentava seu poder de forma a ameaçar colapsar com as fronteiras dos turcos otomanos.

A Índia estava dividida entre muçulmanos e hindus, sendo o império de Bisnaga o estado maior e mais poderoso dentro do território indiano, embora outras regiões tivessem sido conquistadas ou sofressem pressão de invasores maometanos. Embora a Índia setentrional fosse predominantemente hindu, e as regiões ao norte, muçulmanas, partes do território tinham convivência pacifica entre os povos das duas religiões. No Ceilão, porém, o budismo ainda mantinha-se predominante. O porto de Goa era um dos mais importantes do territórios.

Myanma, Vietnã, Laos e Cambodja eram ocupadas por vários povos guerreiros, de orientações distintas, embora o hindu e a influência brâmane se fizesse sentir. O antigo império Khmer já não existia, e das grandiosas edificações de sua civilização só restavam ruínas.

O importante porto de Malaca, que sediava um rico sultanato, foi visitado pelos portugueses quando estava em seu auge. Da indonésia até a península malaia fixavam-se os reinos Patani, Singora e Lingor. Além de Malaca, Ormuz, no outro lado, eram os dois polos que mantinham rotas para o comércio de itens de luxo, como especiarias. Este porto, além da Índia e China, recebia benjoim, ouro e pimenta da ilha de Sumatra, ocupada por vários povos diferentes. Em Java ainda soçobrava o anterior império de Madjapahit, que foi depois suplantado pela expansão islâmica. Outros sultanatos alcançam Guiné e Borneu, e estavam inclusos na produção e exportação das drogas condimentadas e produtos que alimentavam o comércio.

Na China predominava a dinastia Ming. A costa chinesa tinha alguma ligação comercial com os portos islâmicos, mas não de forma regular e intensa. Piratas atuavam na região, alguns oriundos do Japão. No japão os senhores feudais lutavam entre si, diante do poder enfraquecido do Shogun. Na Coréia o governo pacífico reconhecia a suserania chinesa.

Os navios que trafegavam na região podiam ser de pequeno ou grande porte, porém, voltados para o comércio, careciam de potencial bélico, o que facilitou a incursão portuguesa. Os portugueses chamavam de mouros aos muçulmanos e klings aos hindus, embora houvesse ainda o comércio realizado por islâmicos de origem indiana, convertidos. Passaram a combater os árabes com a força ao invés de tentar integrar-se pacificamente, usando a estratégia de conquistar portos fortificados. A conquista de Goa por Afonso de Albuquerque possibilitou uma base para as operações dos europeus na região. Conquistando o apoio dos hindus, obtiveram sucesso para entrar nas rotas comerciais estabelecidas. Esta vitória foi precedida por bases estabelecidas em Moçambique (1505) e Sofala (1507). Os portugueses também conseguiram conquistar o porto de Malaca, obtendo influência estratégica. O controle do Mar Vermelho, porém, continuou sendo disputado com os árabes por um longo período, apesar da base portuguesa em Ormuz. As posições portuguesas garantidas a partir dos três pontos estratégicos foram fortalecidas com conquistas subjacentes do sudeste da África até as Ilhas Molucas, na Insulíndia. Acordos feitos com goverantes asiáticos garantiram também a eles que exercessem suas atividades fora do território conquistado.

“Senhor da conquista, navegação e comércio da Etiópia, Índia, Arábia e Pérsia” era o título de Dom Manuel, que a coroa manteve postumamente e mostra o quanto os portugueses intentaram impôr um sistema monopólico de controle e tributos nestas vastas regiões. Apesar disso, o sistema não podia ser considerado totalitário, embora a presença portuguesa impusesse-se de forma constante no Oceano Índico, especialmente a partir de suas bases. Conflitos com frotas indonésias ocorreram, e também a penetração com as rotas chinesas ocorreram sob limitações e confrontos.

Apesar da superioridade naval, as conquistas portuguesas ocorreram depois de muitas batalhas e derrotas, e também se valeram de conflitos internos que assolavam os povos e reinos vizinhos das regiões asiáticos, os enfraquecendo diante da invasão européia, além das já mencionadas alianças, inclusive com governos dos “mouros”. O autor menciona que a aliança com a Pérsia, por exemplo, era necessária para fazer frente à ameaça turco-otomana.0

O império marítimo português estabeleceu-se assim de forma dispesa a partir de bases semi-isoladas numa extensa região, não somente na parte asiática, mas abrangendo a outra costa da África até o litoral brasileiro. O autor assinala várias vezes a importância dos estrategemas do gênio militar de Afonso de Albuquerque (1453-1515), decisivas para as vitórias dos lusos no século XVI e o estabelecimento do Império na região asiática. A rota portuguesa do Cabo da Boa Esperança ligava a importação dos produtos e especiarias da Ásia à Europa e ao mundo mediterrâneo, onde eram renegociada em troca de itens europeus. Todos os ciclos eram feitos num espaço grande de tempo, demorando mais de um ano para a ligação dos portos e o comércio dos produtos. Albuquerque defendia que a partir das quatro bases o império podia ser mantido com cerca de 3 mil portugueses trafegando com suas frotas pelo mar.

A manutenção do Império era garantida pela saída da maior parte da jovem população masculina adulta e apta, o que representava um grande sacrifício para a população da Metropóle, contrariamente ao que ocorria na Espanha, que fornecia uma mão-de-obra mais reduzida. Além disso, muitos portugueses morriam durante as campanhas, por exemplo, de Malária ao chegarem na África. Poucas portuguesas entravam nas embarcações, de forma que era prática comum dos homens ao chegarem na Ásia coabitarem com as nativas cativas, fora do casamento, para desgosto dos missionários jesuítas, mas como estratégia importante para a longevidade do império português, sempre carente de material humano a partir do reino de origem. Além da miscigenação, o com tigente de escravos e de marinheiros de outros povos ajudavam a completar a tripulação nas embarcações. Essa escassez é contraposta com a grande quantidade de navios existes sob a bandeira lusitana, mais de 300 no ápice durante o século XVI. A mandeira empregada na indústria naval era pouco obtida em Portugal, boa parte na europa, e mais tarde, nas florestas da Índia e outras regiões da Ásia, que forneceram o material necessário para a construção de barcos mais rápidos e leves do que os da metropóle, de maior porte e durabilidade.

Opinião:

O autor oferece um panorama vasto e preciso do tema proposto, num recorte abrangente em vários aspectos, sendo os mais salientes a vastidão geográfica, onde sobressae-se a complexidade de regiões, povos, reinos e religiões e a elasticidade do tempo. Os elementos fornecidos permitem adentrar dentro da matéria de forma propositiva, porém, é dificil formar um quadro geral que reflita a proposta do autor. Para um iniciante, existe uma dicotomia entre a familiaridade e a importância do tema e seu total desconhecimento. Essas dificuldades podem talvez serem vencidas com leituras suplementares e seguindo as fontes referenciadas, assim formando um juízo sintético mais preciso e podendo trafegar livremente, tais quais os conquistadores portugueses fizeram em seus vastos mares, para posteriores adensamentos e análises.

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