Branca Flor
O rei D. Carlos tinha o vício de jogar. Estava acos tumado a ganhar sempre, pois os seus súditos não se atreviam a vencê-lo no jogo.
Um dia, recebeu a visita de um príncipe de outro reino e o convidou para jogar. O rapaz não sabia que o rei ficava furioso quando perdia, de modo que jogou sem se importar com o resultado. Ganhou todos os jogos.
Vendo-se derrotado, o rei ficou louco de raiva. Declarou ao príncipe que êle não sairia vivo do seu reino. E não lhe daria a mão de uma filha, pedida pelo príncipe.
O rapaz ficou muito triste e procurou um velhinho, que morava perto da floresta, do qual diziam ser um bom feiticeiro. O velho aconselhou o príncipe a ficar escondido junto de um lago, onde costumavam banhar-se as três filhas do rei. As moças eram encantadas e, por isso, se transformavam em patas, nessa ocasião.
O velho disse ao rapaz que escondesse a roupa da princesa mais jovem, quando ela se despisse. Depois do banho, a moça havia de procurar a roupa e, não a encontrando, ficaria muito aflita e prometeria toda a proteção a quem a restituísse.
O príncipe seguiu o conselho do velho, foi para junto do lago e escondeu-se. Daí a pouco, chegaram as moças. Tiraram a roupa, transformaram-se em patas e correram para o lago onde ficaram nadando.
Terminado o banho, as que encontraram a roupa, vestiram-na, voltaram à forma humana e seguiram para o palácio. A princesa mais jovem, não tendo achado a sua roupa, ficou desesperada e começou a gritar, prometendo uma recompensa a quem restituísse o seu vestido.
Nesse momento surgiu o príncipe, que lhe entregou a roupa e disse:
— Protege-me, princesa, contra teu pai, que me quer matar.
— Cumprirei minha promessa, respondeu a princesa. Quando estiveres em perigo, grita por meu nome, que é Branca Flor.
A rainha, mãe de Branca Flor, era feiticeira, por isso as princesas tinham nascido com poderes mágicos.
O príncipe voltou então à presença do rei e declarou que faria tudo para conseguir a mão da princesa, que lhe fora prometida. O rei fechou a cara e disse o seguinte:
— Se quiseres casar com minha filha, hás de fazer primeiro o que te vou ordenar. Vês aquele campo em frente do palácio? Pois bem: ordeno-te que, de hoje até amanhã, vás semeá-lo de trigo; que do trigo faças farinha; que da farinha faças cem pães para serem postos na minha mesa.
Retirou-se o príncipe muito preocupado. Como poderia cumprir a ordem do rei? No caminho, encontrou Branca Flor que lhe disse para ficar tranqüilo, pois, no dia seguinte, tudo estaria pronto.
Realmente, na manhã seguinte, quando o rei foi ver o trabalho do príncipe, ficou maravilhado. Mas não ficou satisfeito e disse para o rapaz:
— Já que tens tanto poder, quero que tragas para junto do palácio aquelas grandes pedreiras, que se avistam lá ao longe.
O príncipe afastou-se muito triste, mas logo encontrou Branca Flor que o acalmou, dizendo que faria tudo aquilo durante a noite.
No dia seguinte, o rei ficou admirado quando viu o palácio rodeado de pedreiras. Mas mesmo assim, não ficou satisfeito e ordenou ao píncipe:
— Desejo agora que tragas o mar para perto do meu palácio.
Como das outras vezes, Branca Flor apareceu e ajudou o rapaz a cumprir a ordem do rei. E no dia seguinte, lá estava o mar, com as suas ondas, pertinho do palácio.
O rei percebeu então que tudo tinha sido feito por Branca Flor. Por isso, resolveu matá-la juntamente com o príncipe. Mas a moça adivinhou a intenção de seu pai e resolveu fugir com o rapaz.
À noite, dirigiu-se para o quarto do príncipe, avisouo do que ia acontecer e ordenou-lhe que fosse à estrebaria real e selasse os cavalos que corriam tanto quanto o vento. Quando batesse meia-noite, eles fugiriam do palácio. Assim fez o príncipe. Na hora combinada, os dois partiram a toda disparada.
Quando amanheceu o dia, o rei deu por falta do rapaz e da filha e ficou fu.ioso. Mandou selar o cavalo que voava como o pensamento e saiu, à toda, para pegar os fugitivos.
Pouco depois, os avistou. Mas Branca Flor, graças ao seu poder mágico, transformou os cavalos num mar, os arreios num barco, o príncipe num barqueiro e ela própria numa tainha.
Chegou o rei e, vendo que nada podia fazer, voltou para o palácio e contou tudo à rainha. Esta ficou louca de raiva, montou a cavalo e partiu, a toda pressa, em perseguição dos fugitivos. Mas encontrou ainda tudo no mesmo lugar. Branca Flor tinha adivinhado a vinda da rainha, de modo que não voltou à forma humana.
A rainha ficou furiosa ao ver que não podia continuar sua viagem por causa do mar. Regressou ao palácio, mas antes, apelou para seus pod res de feiticeira e rogou uma praga a fim de que o príncipe fosse ingrato para sua filha e a desprezasse.
Assim aconteceu, tempos depois. O príncipe ficou noivo de Branca Flor e foi residir, em sua companhia, num belo palácio, /las, antes do casamento, separou-se dela e esqueceu-a completamente.
Um ano depois, o príncipe contratou casamento com outra princesa. Chegou, finalmente, o dia da cerimônia da boda, seguida de muitas festas e de um grande banquete.
Na ocasião do banquete, estavam todos jantando, quando, ao partirem o bolo do casamento, saíram do seu interior um pombo e uma pomba, que foram banhar-se num vaso cheio dágua, colocado no centro da mesa. Depois, pousaram nos ombros do príncipe, arrulhando docemente, até que a pomba perguntou ao pombo:
— Não te lembras de quando meu pai te quis matar, e tu escondeste a minha roupa no lago e eu te prometi livrar de todo o perigo que te ameaçava?
E o pombo respondeu:
— Não me lembro, não me lembro! Voltou a pomba a perguntar:
— Não te lembras de quando meu pai mandou que semeasses um campo de trigo e o colhesses, e com o trigo fizesses farinha e com a farinha fizesses pão; e eu te salvei, fazendo tudo aquilo?
— Não me lembro, não me lembro! respondeu o pombo.
— Não te lembras de que meu pai te ordenou que trouxesses, primeiro umas grandes pedreiras e depois o mar, para junto do palácio, e eu fiz tudo isso, para te salvar?
Nisto, respondeu o pombo:
— Parece que me estou lembrando… Sim, sim, tenho uma vaga idéia…
E a pomba perguntou com mais firmeza: • — Não te lembras de que meu pai nos queria matar e fugimos à meia-noite, nos cavalos que corriam como o vento ?
— Estou-me lembrando… respondeu o pombo.
— Não te lembras, continuou a pomba, de que meu pai correu atrás de nós e os cavalos viraram num mar, os arreios num barco, tu num barqueiro e eu, numa tainha?
— Agora, sim, já me lembro, já me lembro! exclamou o pombo.
Enquanto os pombos conversavam, o príncipe ia também se lembrando de tudo quanto se havia passado entre ele e Branca Flor. Num certo momento, ergueu-se da cadeira e exclamou:
— Agora, eu também me lembro! Se ainda existe aquela que tantas vezes salvou a minha vida, apareça, pois é só a ela que amo!
Nesse instante, os pombos fugiram e apareceu Branca Flor, lindíssima, com um vestido de seda azul, coberto de diamantes. Tendo na mão uma coroa real, disse ao príncipe:
— Põe esta coroa de rei, porque meu pai, minha mãe e minhas irmãs já morreram e tu serás, daqui por diante, meu esposo e meu senhor.
O contrato de casamento com a outra princesa foi desfeito. E o novo rei, alegre e feliz, casou com a sua protetora.
Fonte : Contos Maravilhosos – Theobaldo Miranda Santos, Cia Ed. Nacional
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