Conto do Escritor Russo ZOCHTCHENKO

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ZOCHTCHENKO (1895-1958)

Nasceu MICKHAIL MIKHÁIL O VITCH ZOSCHTCHENKO no ano de 1895. Seu pai era
pintor. Quando a guerra explodiu, em 1914, ele era estudante, mas se apresentou
ao Exército voluntariamente e foi ferido e gaseado. Em 1918 e 1919 foi soldado do
Exército Vermelho.

Sua atividade literária começou em 1921.

Zóschtchenko escreveu, então,
numerosos contos humorísticos e satíricos, em que se compraz em rela­tar a vida
da gente humilde e dos simples.

Este autor é considerado o mais corajoso e
o mais original dos humoristas que a Rússia soviética produziu neste últimos
tempos. Desde a sua primeira coletânea de contos aparecido, em 1922 — "Os
contos de Nazár Ilitch", Zóschtchenko revelava a sua originalidade, criando um
tipo de herói narrador das próprias aven­turas, que se exprime na forma chamada
"skaz" (his­tória em que entra alguma coisa de fantástico) segundo o
tipo indicado por Leskóv e conservado por Rémizov. Seu herói era o senhor Sinebriuchov mas depois o próprio autor se
substituiu nas narrativas, passando a contar ele mesmo na primeira pessoa.
Inaugura o autor o que se chamou de "prosa dinâmica" em contraposi­ção
à "prosa estática" convencional. Sua sátira se esconde sob o humorismo, o que o levou a ter grande
aceitação entre os leitores. O gosto do anedótico pode­ria levar a ser o escritor
considerado simplesmente como um prosador cômico. Um conhecimento mais profundo
de sua obra (Zoschtchenkon é um dos escri­tores mais fecundos da atual
literatura russa) mostra o amargor e a tristeza que existe no fundo de seu vinho
espumante, escreve Ettore Lo Gatto na sua grande "Storia delia Letteratura Russa", edição G. C. Sansoni, de Florença. (Homero Silveira)

 

O BONÉ – Conto do Escritor Russo ZOCHTCHENKO  

Somente agora a gente
percebe quanto progredimos nos últimos 10 anos!   Pode-se
observar a vida de um ou de
outro ângulo e vê-se em tudo o desenvolvimento total e o êxito perfeito. E eu,
como os velhos, antigo trabalhador em transportes, vejo perfeitamente como
progredimos nesse setor, o que é muito importante.

Os trens vão a um ponto e a
outro. Os dormentes apodrecidos se substituem, os sinais estão atualizados. Os apitos
silvam como devem. Viajar é verdadeiramente, um prazer, tal a ordem em que
andam as coisas agora. Mas antes! Sim, antes, em 1918, que acontecia? A gente
partia, não há dúvida, partia e, de repente, parada total.   O maquinista, que está na chefia do trem,
grita:

—            Venham até cá, meus amigos!
Evidentemente, os viajantes se reuniam.   E o ma­quinista lhes dizia:

—   Muito bem, o negócio é o
seguinte. Meus caros, eu não posso ir mais adiante por falta de combustível. E
se entre os senhores existe alguém que tem interesse em ir adiante, então que
se mexa e corra ao mato para trazer alguma coisa para ser queimada.

Evidentemente, os passageiros
se aborreciam. Os passageiros estão sempre de mau humor. "Eis os novos
regulamentos!" Mas não há nada a fazer; acabam mesmo indo ao mato para
serrar e meter o machado nas árvores. Serra-se pouco mais de um metro de
madeira e de novo tudo marcha. Mas a madeira, isto é claro! é úmida e faz
fumaça como o diabo! E a viagem não vai nada bem.

Lembro-me agora de uma
história — em 19, mais ou menos. Tínhamos partido, muito modestamente, para
Leningrado. E, de repente, parada brusca. E, em seguida, marcha-ré.   E de
novo, parada.

Evidentemente, os passageiros perguntam:

—   Por que estas paradas ? E por
que estamos sempre em marcha-ré? Valha-nos Deus! Vai ver que teremos de ir
buscar lenha. E o maquinista se afoba na procura de bétulas. Ou, quem sabe se não será uma
história de bandidos?

O foguista informa:

—   Muito bem, o negócio é este.
Aconteceu uma desgraça. O vento carregou o boné do maquinista. E agora êle saiu à sua
procura.

Os viajantes desceram do trem
e se instalaram no aterro. Logo perceberam o maquinista de volta da floresta. Tão
triste. Inteiramente branco. A todo mo­mento, levanta os ombros.

—   Não, diz êle, não o encontrei.
Só o diabo sabe onde êle voou.

Recuam o trem mais uns
quinhentos metros. Todos os viajantes se dividiram em grupos e saíram em busca
exploradora.

No fim de meia hora, um tipo,
desses que compram e vendem de tudo, berra:

—   Pessoal! Vejam onde foi parar
o bendito boné! E todos vimos o boné do maquinista pendurado perto de um espinheiro.

O maquinista botou o boné, amarrou um
barbante pelo botão para que o vento não o carregasse de novo e começou a
esquentar a caldeira.

Ao fim de meia hora acabamos
partindo. É o que lhes digo.  Antes era a barafunda nos trans­portes.  E agora,
não por um simples boné, mas mesmo por um passageiro que seja arrebatado pelo
vento, a parada não irá além de um minuto.

Porque
o tempo custa caro.  É preciso que a gente corra.

 

Fonte: Obras-Primas do Conto Russo.

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