JOAQUIM NABUCO

JOAQUIM NABUCO

Oliveira Lima

Joaquim Nabuco! Quem não conhece no Brasil esse mancebo tão instamente célebre pelas suas nobres e avançadas idéias? Quem Dão conhece em todo o Império o atual chefe do partido abolicionista, desse partido tão generoso que pugnou, pugna e pugnará sempre até vencer, pela nobilíssima idéia da emancipação dos míse-ros escravos. O nome de Joaquim Nabuco, o talentoso advogado e inspirado tribuno, e simpático a todos os brasileiros e mesmo estrangeiros, que conhecem um pouco a história moderna do Brasil, e que antevêem o porvir brilhantíssimo da antiga colônia de Santa Cruz.

Filho de um hábil jurisconsulto e sábio estadista, o falecido Senador José Tomás Nabuco de Araújo, conselheiro de estado, muitas vezes ministro e um dos mais belos ornamentos do partido liberal, Joaquim Nabuco herdou de seu pai o talento, a prudência e o fino tato; e possui, além disso, a impetuosidade de um fogoso caráter. Depois de um brilhante curso acadêmico na faculdade de Olinda, o Dr. Joaquim Nabuco ilustrou o seu nome como advogado e granjeou no Foro as maiores simpatias.

Eleito deputado em diversas legislaturas, foi o primeiro que rompeu na Câmara a discussão a favor da completa emancipação dos escravos, e ornou a nossa eloqüência parlamentar com brilhantíssimos discursos, onde se refletem toda a nobreza e honradez do seu caráter.

Diversos obstáculos se opuseram sempre à prossecução do seu intento, e desgostoso retirou-se para Londres onde presentemente estabeleceu a sua residência, tratando com o maior desvelo e interesse os litígios dos seus compatriotas.

A sua proposta designando um prazo fixo para a libertação total dos escravos, defendida com vigor no Parlamento por êle, e pelos seus correligionários, não teve a aceitação da Câmara transacta, liberal por maioria! Os discursos veementes de Joaquim Nabuco, Cunha Beltrão, José Mariano e outros foram ouvidos com prazer pelos seus amigos e adversários; mas, apesar da opinião pública, manifestada nas galerias por vivos aplausos quando orava Joaquim Nabuco ou outro abolicionista, pode-se dizer que foram formulados em vão, porque a atenção da Câmara estava fixa em outros assuntos de menor importância, mas que serviam de pretexto para iludir o glorioso fim do eloqüente tribuno!

A proposta de Joaquim Nabuco devia ter sido aceita, embora se diminuísse ou ampliasse o prazo marcado; porque oferecia inúmeras vantagens e entre outras a de fazer com que os proprietários e fazendeiros se precavessem para o futuro, sabendo que dentro de certo e determinado tempo não existiriam mais escravos.

Não são bastantes os atos de filantropia dos particulares e o fundo de emancipação do Império, é urgentemente necessário mais uma lei que, salvaguardando os interesses dos proprietários e a prosperidade da agricultura brasileira, faça brotar no ânimo dos pobres escravos nascidos antes de 1871 mais um raio de esperança!

O ano passado pela sua viagem à Europa recebeu Joaquim Nabuco as mais inequívocas demonstrações de alto e bem merecido apreço, tanto por parte dos seus amigos como por parte das autoridades e funcionários públicos. Na Câmara dos Deputados, em Lisboa, foi-lhe concedida uma honra, raríssimas vezes dispensada aos estrangeiros, a de tomar assento no seio da representação nacional para assistir a uma das suas sessões.

Esperamos que o distinto chefe dos abolicionistas sairá em breve do seu voluntário desterro, em Londres, ainda mais rico de conhecimentos e de tino político adquiridos naquele país clássico da liberdade; e regressará à cara mãe pátria que aguarda com impaciência esse seu ilustre filho, um dos mais luminosos talentos da América e que seguramente de futuro há de representar na política interna do Brasil um dos mais brilhantes papéis.

Um bravo sincero a Joaquim Nabuco pelo seu sempre leal e exemplar procedimento com respeito à sublime luta da emancipação dos escravos, a questão mais grave que atualmente ocupa o Brasil na sua qualidade de nação liberal e civilizada!

Fonte: Oliveira Lima – Obra Seleta – Conselho Federal de Cultura, 1971.

Leia também Joaquim Nabuco e a Imigração Chinesa – Nei Duclós

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