LUÍS GUIMARÃES JÚNIOR (Rio de Janeiro, 1845-1897) é o autor
de dois livros de poesias: Corimbos e Sonetos e Rimas.
Melodioso quanto os mais consumados mestres no poetar, soube à
beleza de forma reunir maviosos sentimentos. Lêem-se os seus versos e,
mesmo sem o querermos, se nos fixam na memória.
Em prosa colaborou como folhetinista no Diário do Rio, e publicou:
dois volumes de Histórias para Gente Alegre; Filigranas; Contos sem
Pretensão; Noturnos; Curvas e Ziguezagues; Biografia do Pintor Brasileiro
Pedro Américo; Biografia do Maestro Brasileiro Carlos Gomes, etc.
Exerceu cargos diplomáticos, principiando como adido de legação no
Chile, e aposentando-se ministro plenipotenciário.
Fora da Barra
Já vamos longe… Os morros benfazejos
Metem na bruma os cimos alterosos…
Ventos da tarde, ventos lacrimosos,
Vós sois da pátria os derradeiros beijos!
As alvas plagas, os profundos brejos
Ficam além, além!… Adeus, gostosos
Tormentos do passado! Adeus, ó gozos!
Adeus, ó velhos e infantis desejos!
Na fugitiva luz do sol poente
Vai-se apagando, ao longe, tristemente,
Do Corcovado a majestosa serra…
O mar parece todo um só gemido…
E eu mal sustenho o coração partido,
Ó terra de meus pais! ó minha terra!
(661) Essa, uma das mais sentidas e eloqüentes páginas da poesia bra-
sileira.
Noite de São João
Noite de S. João! Quantas legendas
Na terra espalhas! Noite imensa e bela!
Quereis senti-la bem e compreendê-la?
Ide aos campos do Sul, ide às fazendas.
Do céu nas alvas e orvalhadas rendas,
Favorita de Deus, nua resvela
A lua cheia… É sua noite aquela!
E das bruxas também, dizem legendas.
Eu, livre pensador, de grave siso,
Eu, que me ria dessas frioleiras,
Depois que vi, ó flor do Paraíso,
Brilhar à luz vermelha das fogueiras
Teu divino semblante num sorriso,
Creio em feitiços, creio em feiticeiras.
A Borralheira
Meigos pés, pequeninos, delicados,
Como um duplo lilás (662), se os beija-flores
Vos descobrissem entre as outras flores,
Que seria de vós, pés adorados!
Como dois gêmeos silfos animados,
Vi-vos ontem pairar entre os fulgores
Do baile, ariscos, brancos, tentadores,
Mas, ai de mim! como os mais pés, calçados.
Calçados como os mais! que desacato!
Disse eu… Vou já talhar-lhes um sapato
Leve, ideal, fantástico, secreto…
Ei-lo. Resta saber, anjo faceiro,
Se acertou na medida o sapateiro:
Mimosos pés, calçai este soneto.
(662) lilás — do persa lilâk, pelo fr. lilás; melhor forma: Má.
Seleção e Notas de Fausto Barreto e Carlos de Laet. Fonte: Antologia nacional, Livraria Francisco Alves.
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