MULHERES FASCINANTES DA HISTÓRIA – Livro das Maravilhas

MULHERES FASCINANTES DA HISTÓRIA

Henry Thomas

Safo, a maior lírica do amor

O PROMONTÓRIO meridional de Santa Maura, no Mar Egeu, é conhecido pelo nome de Salto dos Amantes. Poucos marinheiros ousam aproximar-se dele, tão ríspido é o vento, tão forte a maré que o cerca.

Na antiga Grécia, chamavam-no o promontório de Leucádia, onde muitas mulheres belas e cruéis sentavam-se a cantar canções, para atrair os marinheiros que passavam, fazendo-os naufragar contra os rochedos.

Ali viveu a poetisa Safo, chamada por Swinburne "a maior lírica dos tempos". Compunha ela canções ardentes em verso e lecionava, numa escola de moças, a arte de escrever poesia. Pouco se sabe a respeito de Safo. Nasceu pelo ano 600, antes de Cristo.

Consta que tinha intrigas amorosas com suas jovens discípulas. Lesbianismo é o termo com que se designa esse gênero de anomalia sexual, e tem conexão direta com Safo e a ilha de Lesbos, onde ela vivia.

Ela era belíssima, ardente e ímpia. Errava pelas ilhas da Grécia, compondo música como o vento e versos arrancados das estrelas. Seus versos líricos são "poucos, porém rosas verdadeiras". Era apaixonadamente jovial e terna. Além dos fragmentos de sua obra, dois de seus poemas chegaram até nós. Um deles é uma Ode a Afrodite, Deusa do Amor,

Para os que não apreciam a beleza do conceito grego da vida, Safo é incompreensível, uma mulher perversa, embora fascinante, que amou sem freio e que escreveu poemas, merecedores da admiração dos maiores críticos.

Sua poesia é a poesia do amor, envolta numa ardente simplicidade, que não se conseguiu reviver com êxito, nestes dois mil e quinhentos anos. Servia, com alma e corpo, à causa da beleza. Era erótica, sensível e sutil, viveu com a louca intensidade duma mulher livre de todos os freios. Era natural como a terra, que absorve a chuva, e o orvalho e o sol, para transformá-los no poema épico da vida.

A beleza é a imperfeição; contém tanto o impuro como o imaculado. Não é a humanidade sublimada, mas a humanidade mergulhada no turbilhão da vida. Pode expressar não só a serenidade como a inquietação. Tempos há em que a fraqueza é adorável, a maldade, patética, o sofrimento, sublime.

A tradição conta que Safo se lançou do alto do rochedo de Leucádia, quando seu amor pelo jovem Faon foi rejeitado e viu preferida a sua própria criada.

Ali, onde os vagalhões troam como trovões e as marés investem contra o peito da rocha, ali, na agitação incessante dos ventos, das ondas e dos rochedos, permanece o espírito de Safo, a primeira das poetisas e a mais fascinante das amorosas que o mundo já possuiu.

Teodora, a cortesã que se tornou rainha

TEODORA era filha dum domador de urso, do anfi-teatro de Constantinopla, na primeira parte do sexto século. Aos cinco anos, era uma atriz perfeita; e aos doze, cortesã profissional. Tornou-se famosa nesse mister;

e no curso de suas viagens profissionais fixou residência em Constantinopla, onde atraiu a atenção do imperador Justiniano. Era pequenina, mas de corpo admiravelmente plasmado, com uma pele alabastrina, adoráveis olhos negros e uma boca vermelha, digna de beijos. Justiniano apaixonou-se pela cortesã e jurou por seus antepassados que casaria com ela. Mas sua tia real, a imperatriz Eufêmia, juntamente com toda a sociedade decente de Constantinopla, opôs-se com tenacidade ao casamento.

Contudo, em 523, morreu a imperatriz Eufêmia. Havia uma lei que proibia aos imperadores casarem-se com mulheres que já tivessem pisado o palco. Justiniano aboliu a lei e casou-se com Teodora.

Quando Teodora se tornou imperatriz, tinha apenas vinte e quatro anos. Mas se havia erguido de um circo ao trono de mais alto valor da Cristandade. E, maravilhoso de ouvir-se, a frívola cortesã tornou-se então uma das mais sábias rainhas. Não tardou muito a subjugar completamente seu marido.

Quando seus súbditos se insurgiram em terrível revolução, recusou a seu marido permissão para fugir do palácio e, com seu próprio exemplo de firmeza, deu-lhe a coragem de salvar sua coroa. Cercava-se de pompa e cerimonial. Todos quantos se aproximavam dela deveriam curvar-se até o chão. Soldados e governadores eram obrigados a jurar fidelidade não só a ela como a seu marido. A traição não era admitida. Espalhou uma rede de espiões por todo o império, os quais lhe relatavam tudo quanto se dizia contra ela e contra o rei.

Lembrando-se de seu próprio passado, tomou a seu cargo proteger as mulheres, surpreendidas no ato de adultério. Contudo, pôs em vigor toda a casta de leis contra o vício em geral. Expulsou quinhentas prostitutas da capital e construiu um "Asilo de Arrependimento", para elas, na margem asiática do Bósforo.

Deu a Justiniano uma filha. Antes de seu casamento fora mãe de um filho. Esse menino, quando cresceu apareceu de repente em sua presença, vindo da Arábia, e ameaçou-a de apresentar-se ao rei. Depois dessa ameaça, desapareceu êle misteriosamente e nunca mais se ouviu falar a seu respeito.

Durante vinte anos ocupou Teodora o centro do palco nos negócios do mundo, porque seu marido era uma simples argila em suas lindas mãos. Prematuramente, na idade de quarenta e quatro anos, morreu de câncer.

Poucos dias antes de sua morte, adornou-se com todo o aparato e deu audiência na sala do trono, pois desejava que seus súbditos conservassem a lembrança, não de uma mulher doente, mas de uma rainha magnificente.

Nascida atriz, foi atriz perfeita até o último instante.

Cleópatra, a "vampiro" fascinadora

ERA coherdeira do trono do Egito com seu irmão, Ptolomeu. Mas quando seu pai morreu, foi defraudada de sua herança real. Por esse tempo, César chegou a Alexandria e apaixonou-se loucamente por essa mulher pequenina. Passava as noites com ela na sua barca de ouro e púrpura, sobre o rio Nilo, e em seus braços sedutores esqueceu-se da obrigação de combater em defesa do estado romano. Tal era o poder de Cleópatra e a magia do luar egípcio. Tornou-a rainha do Egito e convidou-a a ir viver com êle em Roma. Cleópatra aceitou o convite. Foi para Roma e mudou o destino do mundo. Porque tinha a ambição de tornar César o senhor do mundo e a si mesma a senhora de César. Conhecia o poder que exercia sobre o susceptível velho. Sentia perfeitamente que êle daria sua vida por ela. E assim aconteceu. Sob sua influência, êle estendeu a mão para uma coroa. Mas em vez desta, recebeu vinte e sete punhaladas.

Cesarião, filho seu e de Cleópatra, foi assassinado. Cleópatra regressou então ao seu trono egípcio. Envenenou seu irmão, catorze anos mais velho, com o qual fora casada, e lançou seus olhares ardentes sobre Marco Antônio, apolíneo jovem romano, que parecia mais indicado a herdar o manto de César. Acabava êle justamente de ganhar a batalha de Filipi, e tudo prenunciava que seria o primeiro imperador de Roma.

Ela viajou para encontrar-se com Antônio, em Tarso, num magnífico navio, debaixo dum dossel de ouro, vestida como a deusa Vénus, e cercada de meninos e meninas de extraordinária beleza, que representavam os Cupidos e as Graças.

Como César, foi Antônio captivado por aquela feiticeira do Nilo. Acompanhou-a a Alexandria, onde se entregou, de corpo e alma, ao prazer e a Cleópatra. Outorgou-lhe o mais opulento dos bens, não custosas pérolas e rubis e diamantes, que eram simples jóias para Cleópatra, mas ricas e poderosas regiões. Fê-la senhora de Cirena, de Chipre, da Síria, da Fenícia, de Creta, da Arábia e da Judéia. Se lhe tivesse sido possível arrancar as estrelas dos céus, têlas-ia amontoado no regaço de Cleópatra, tão completamente subjugado pelo seu mágico encanto estava êle. Porque Cleópatra não gostasse de sua mulher Otávia, divorciou-se desta. Casou-se com Cleópatra e prometeu-lhe, como presente de núpcias, fazê-la imperatriz do Universo.

Mas em Roma havia um rapaz que tinha outros planos a respeito do mundo. Esse homem era um sobrinho de César, chamado Otávio.

O jovem Otávio ambicionava tornar-se imperador de Roma e era bastante astuto para não misturar sua ambição com amores. Odiava as mulheres, coisa afortunada para um soldado e político romano. Vendo a paixão louca de Antônio por Cleópatra, decidiu que seria aquela, ótima oportunidade para varrer Antônio de seu caminho.

Declarou guerra a Antônio. Mas a guerra era um despertar demasiado amargo para António, naquele momento. Era muito mais doce conservar-se sonhando nos braços de Cleópatra. Levou um ano inteiro a preparar-se para seu encontro com Otávio.

Chocaram-se numa batalha naval, em Actiuma. Cleópatra levara para Antônio um reforço de sessenta navios. Mas no meio da batalha, ela se amedrontou e deu ordem a seus navios para retirarem-se.

Antônio foi derrotado e suicidou-se.

Dois de seus paladinos estavam agora mortos. Mas Cleópatra tinha ainda a ambição de tornar-se senhora do mundo. Envolvendo-se no seu semitransparente vestido verde, côr do Nilo, e adornando-se de suas mais preciosas jóias, foi visitar Otávio. Mas seus encantos não tiveram efeito sobre o frio coração e sólida cabeça deste.

Mandou prendê-la. Ela, porém, exccdeu-o em astúcia. Ela, que fora senhora de dois romanos, recusou tornar-se amante de um terceiro. Pedindo a suas criadas que lhe trouxessem uma áspide, escondida num cesto de frutas, expôs o peito à picada venenosa. Quando os soldados de Otávio chegaram para prendê-la, encontraram-na morta.

E assim terminou a carreira da mais ambiciosa mulher da história, a feiticeira que destruiu dois conquistadores e inspirou milhares de poetas. Porque todo poeta foi amante de Cleópatra!

Maria, a trágica rainha da Escócia

UM ano depois do nascimento de Maria Stuart (1543), fizeram-na noiva de Eduardo, filho de Henrique VIII, da Inglaterra. Como resultado desse noivado esperava Henrique anexar a coroa da Escócia. Mas os escoceses ergueram-se enraivecidos e denunciaram o noivado. E assim, na idade de cinco anos, Maria foi novamente dada como noiva, desta vez, porém, ao delfim de França (o herdeiro do trono francês). Aos quinze anos, casou-se com o delfim. Em novembro do mesmo ano, Isabel tornou-se rainha da Inglaterra. Mas, aos olhos do Papa, Isabel não era realmente a herdeira legítima do trono inglês, já que Henrique se divorciara antes de casar com a mãe dela. Por isso a Europa católica incitou Maria a declarar-se logo rainha da Inglaterra.

Quando seu marido morreu, em 1561, a jovem viúva (tinha apenas dezoito anos) deixou a França pela sua nativa Escócia. Lá encontrou forte oposição protestante, encabeçada pelo calvinista João Knox. Ela, porém, dirigiu sua barca por entre aquele labirinto político, "com o tacto de uma mulher e a coragem de um homem".

Cometeu, todavia, dois sérios enganos: apaixonou-se por seu secretário, Rizzio e casou com seu primo, Henrique Darnley. Esse seu primo era um velhaco dissoluto. Tinha seus projetos a respeito do trono, e não lhe convinha partilhá-lo com Maria. Em consequência, fingiu-se enciumado (embora êle próprio tivesse muitos casos amorosos), passou-se para o lado dos inimigos políticos de Maria e planejou matar Rizzio.

A 9 de março, soldados descobriram Rizzio nos aposentos privados da rainha. Foi arrastado para fora e morto, sem nenhuma possibilidade de defender os seus atos.

Os assassinos fugiram para a Inglaterra e Maria e seu marido se reconciliaram. Mas foi coisa simplesmente temporária. Nasceu-lhes um filho, a 19 de junho de 1556. Darnley recusou-se estar presente ao batismo. Logo depois disto, adoeceu gravemente e foi viver com seu idoso pai, em Glasgow. Maria foi visitá-lo e ofereceu-se para transportá-lo a um castelo, onde pudesse receber melhores cuidados médicos. O oferecimento foi aceito.

Pouco depois da chegada de Darnley ao castelo, este foi destruído por uma explosão de pólvora. Henrique morreu.

O homem responsabilizado pela morte de Darnley, cometida sem dúvida por sugestão da rainha Maria, era Bothwell, jovem oficial da guarda real. Os súbditos de Maria sentiram-se afrontados diante desse crime. Ameaçaram de tomar conta dos negócios do reino. Mas Maria desafiou-os. Casou-se com Bothwell, o assassino de seu marido.

Isso passou da conta. Os chefes escoceses ergueram-se em armas, denunciaram a rainha e Bothwell, e foram-lhes ao encontro com um exército, em Carberry Hill. Du Croc avançou para Maria e exigiu-lhe que se separasse de Bothwell. A rainha consentiu em entregar-se como prisioneira, contanto que Bothwell pudesse partir livremente em paz. O pedido foi aceito.

Levaram-na para o castelo da ilha de Lockleven, onde assinou um ato de abdicação, em favor de seu filhinho. Foi depois metida na prisão.

Mas um rapazola de dezoito anos, chamado Guilherme Douglas, um dos destacados para vigiar a amável rainha, apaixonou-se por ela e ajudou-a a fugir.

Seguiu de Bote para o continente, armou um exército e marchou contra os chefes escoceses. A 13 de maio, foi derrotada. Fugiu do campo de batalha, viveu por muitos dias de sopa de aveia e de soro de leite, e dormia de noite no chão duro. Pensando que Isabel da Inglaterra a ajudaria a reconquistar a coroa, aportou afinal em Cumber-land. Mas não conseguiu auxílio de Isabel. Pelo contrário, foi detida e acusada de morte de Henrique Darnley.

Durante catorze anos conservaram-na prisioneira, no castelo de Schrewsbury. Quando a acusaram de conspirar contra Isabel, respondeu, piedosamente, que então só aspirava a um reino: o dos céus.

Apesar-disso foi condenada à morte.

Por algum tempo Isabel hesitou em assinar a sentença de morte, porque o filho de Maria já crescera e era rei da Escócia, e Isabel não tinha certeza do modo por que êle reagiria diante da execução de sua mãe. Mas quando o jovem rei declarou que estava mais interessado por sua

sucessão no trono inglês do que pela vida de sua mãe, e que, se lhe fosse garantido que a execução dela não prejudicaria sua aspiração ao trono, êle "digeriria" seu ressentimento, Isabel pegou da pena…

Maria recebeu a machadada do verdugo a 8 de fevereiro de 1587, às oito horas da manhã. No momento de morrer, rezou em voz alta por sua alma, pela prosperidade da Escócia, por Isabel, por seu filho e por todos os seus inimigos. "Perdoai-nos a todos, ó Pai do Céu, porque não sabemos o que fazemos."

Florence Nightingale, anjo de piedade

FLORENCE NIGHTINGALE, uma das mais ilustres filhas da Inglaterra, nasceu, não na Inglaterra, mas em Florença, na Itália. Daí o nome que lhe deram.

Em 1854, quando servia Florence como superintendente do Hospital de Inválidos, espalharam-se notícias na Inglaterra a respeito dos horríveis sofrimentos dos soldados feridos na Criméia. Devido à ignorância dos doutores e à falta de cuidados dos enfermeiros, os soldados nos hospitais morriam como moscas. Sir Sidney Herbert, Ministro da Guerra, escreveu a Miss Nightingale: "Minha pergunta é simplesmente esta: quer aceitar o meu pedido e seguir para lá, afim de superintender a tudo?"

Ela partiu com uma comitiva de trinta e oito enfermeiros. Alcançou Scutari justamente a tempo de receber os feridos de Balaklava. O que ela fez desde então na barraca-hospital de Scutari tornou-se uma lenda. Longfellow imortalizou-a em "Filomena": "Ela se entregava de corpo e alma" a seu serviço. Ficava a trabalhar vinte horas a fio, para que nenhum ferido ficasse sem cama. E todas as noites, antes de retirar-se, passava uma revista solitária pelas enfermarias, dando uma palavra de conforto a todos os que sofriam.

Nessa humana e infatigável tarefa, foi constantemente contrariada pelas autoridades militares, que a olhavam como uma perigosa inovadora. Mas afinal venceu. A porcentagem de mortes nos hospitais foi reduzida de 42% a 2%.

Por fim, exhausta de tanto trabalhar, ela mesma adoeceu de febre da Griméia. Durante doze dias esteve às portas da morte. Quando se restabeleceu, recusou-se a deixar seu posto, até que o último soldado britânico houvesse deixado a Turquia, em 1856.

E depois, quando seu trabalho se completou finalmente, um navio de guerra foi enviado para transportá-la à Inglaterra, onde magnífica recepção a aguardava. Mas Florence abandonou discretamente a Turquia, a bordo dum navio francês, e chegou à Inglaterra, sem estrondos de trombeta e rufos de tambores, pois era uma trabalhadora demasiado sincera para cuidar de aplausos.

A rainha Vitória disse uma vez a respeito de Miss Nightingale: "Que cabeça! Desejava que a tivéssemos no Ministério da Guerra!"

Mas aquela grande "cabeça" encimava agora um corpo devastado. Os terríveis meses de Scutari cobravam agora seu tributo.

Na verdade, ela nunca deixou de parte sua obra de misericórdia. Fundou escolas para enfermeiras, dirigiu reformas sanitárias, nos hospitais militares, e abriu uma enfermaria em Liverpool. Mas era apenas uma sombra da infatigável mulher de outrora. Desejava fazer tanto, dizia ela, e só podia fazer tão pouco!

Viveu até avançada idade. Mas durante muitos anos antes de sua morte, não passou de uma autêntica prisioneira em seu quarto. Aliviava-lhe os sofrimentos, a lembrança dos muitos soldados cujas feridas curara com suas mãos gentis. E viveu para gozar plenamente do fruto de seu trabalho. Seus métodos de tratamento foram adotados em todo o mundo. Na idade de oitenta e sete anos, recebeu a mais alta recompensa, a Ordem do Mérito, como mãe das modernas enfermeiras. Tinha noventa anos quando morreu.

Betsy Ross, a imortal costureira

JORGE WASHINGTON, Roberto Morris e o general Jorge Ross bateram a uma pequena loja de tecidos, na rua do Arco, onde a viúva Ross se mantinha de costuras. A senhora Ross era a mais destra costureira da cidade de Filadélfia. O próprio general Washington usava jaquetas feitas por ela. E dela eram também os galões das mangas de seu paletó.

Brava mulherzinha, que se mantinha à sua custa, após a morte do marido. João estivera a serviço do Exército Continental. Enquanto vigiava a pólvora num cais, uma explosão matou-o, em janeiro de 1777.

Com que sonhava Betsy naquele quente dia de junho, quando Washington, Morris e o general Ross, sobrinho de seu marido, bateram à porta de sua lojinha da rua do Arco? Muito presumivelmente estava sonhando com José Ash-burn, com quem em breve se casaria, pois era ainda jovem.

O senhor Washington vinha fazer um estranho pedido a Betsy. Queria que ela lhe costurasse uma bandeira. Betsy respondeu-lhe que nunca fizera nenhuma, mas que poderia tentar.

Fora Jorge Ross quem sugerira ao Congresso Continental a necessidade de ter o exército uma bandeira, um pedaço de seda simbolizando as treze colônias que estavam lutando para viver. Naquele mesmo dia, Washington traçou um tosco desenho e mostrou-o a Betsy. Ela examinou-o e, percebendo que as estrelas tinham seis pontas, ousou sugerir que pareceriam melhor se tivessem apenas cinco pontas.

"Cinco pontas devem ficar melhor, — disse o general Ross — Mas não é mais fácil fazer uma estrela de seis pernas?

"Não — respondeu Betsy, pegando duma tesoura — Veja!" Com um golpe de tesoura, cortou no papel uma estrela de cinco pontas. — "É fácil desse jeito." Imediatamente Washington modificou seu desenho.

— Boa sorte com sua bandeira, Betsy, — disse êlc. E foi embora.

Betsy trabalhou demorada e fielmente, na sua histórica missão. Deu afinal às colônias uma bandeira que se tornou o símbolo dum país unido.

No dia seguinte ao em que o Congresso aceitou o emblema que ela fizera, Betsy casou-se. Enquanto seu marido, o capitão Àshburn, viajava pelos mares, continuou ela a fazer bandeiras para o Governo. Mas embora tivesse sorte na fabricação de bandeiras, era infeliz com maridos. Seu segundo esposo, tendo sido capturado pelos ingleses, morreu na prisão em 1787.

Um de seus companheiros de prisão, João Claypoole, foi posto em liberdade, terminada a guerra e voltou a Filadélfia.

De novo, Betsy começou a misturar sonhos com costura de bandeiras. A 13 de junho terminou outra bandeira e a 15, casou-se com João Claypoole.

Betsy morreu aos oitenta e quatro anos. No tope de elevada nogueira, da manhã à noite, ondula a "Brilhante Bandeira Estrelada" sobre o seu túmulo.

Betsy é a única costureira da história cujo nome se tornou imortal


Tradução e adaptação de Oscar Mendes para a Globo de Porto Alegre, 1949

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