Os rafeiros e o gôzo

Os rafeiros e o gôzo Morreu um nédio cabrito, Sem que a nova agradecesse, E o guardador, dono dêle, O convidado rafeiro, Depois de tirar-lhe a pele, Atrás do gôzo matreiro Aos cães no campo o deitou. De corrida caminhou. Logo dum monte chegado, Eis que à prêsa se aproxima, Tomando os ventos[1]) e o … Ler mais

O passarinho preso – Fábula de Manuel Maria Barbosa Du Bocage

  O passarinho prêso   Na gaiola empoleirado, Um mimoso passarinho Trinava brandos queixumes Com saudades do seu ninho. “Nasci para ser escravo, (Carpia o cantor plumoso) “Não há ninguém neste mundo “Que seja. tão desditoso. “Qu’é do tempo que passava, “Ora descantando amores, “Ora brincando nos ares, “Ora pousando entre flores? “Do entendimento! ah … Ler mais

A tocadora de realejo – Fialho de Almeida.

A tocadora de realejo José Valentim Fialho de Almeida. (1857 – 1911) A primeira vez que a viram na cidade, era ela criança, tími­da, rósea, de um perfume alpestre da alta Sabóia, e o seu olhar claro, de uma lucidez inocente, penetrava sem pejo e sem maldade tôdas as coisas que via. Tinha um vestidinho … Ler mais

O Califa e o plantador octagenário – Latino Coelho

O Califa [1]) e o plantador octogenário Ia o Califa Harum-el-Raxid[2]) por um campo, aonde :i) an­dava a folgar à caça, quando sucedeu de passar[3]) por pé de um homem já mui velho, que estava a plantar uma noguerinha. Então disse o Califa aos de seu séquito [4]) : “Em verdade, bem [5]) louco deve … Ler mais

O alfaiate e o banqueiro

O alfaiate e o banqueiro Morava numa aldeia um alfaiate, que apenas ganhava o ne­cessário para o sustento, mas sempre contente com a sua sorte. A mulher, igualmente resignada e laboriosa, nunca o amofi­nava pelas precisões da casa: antes o ajudava a levar a cruz da vida com uma satisfação, que muitos ricos podiam invejar; … Ler mais

As aves – Seleta em Prosa e Verso dos melhores autores brasileiros e portugueses

As Aves No fundo da chácara, numa touceira 1) de arbustos, um me­nino encontrou um ninho, onde três avezinhas mal emplumadas dormiam. Contente do seu achado e no desejo inconsciente de se apo­derar dêle, o menino meteu o braço por entre a trama dos galhos e das fôlhas e aproximou1) a mão cubiçosa dos pobres … Ler mais

O assobio — ou — não gastes o teu dinheiro em coisas inúteis

O assobio — ou — não gastes o teu dinheiro em coisas inúteis Quando tinha sete anos, os meus parentes presentearam-me num dia de festa com algumas moedas de cobre. Apenas me vi senhor daquele dinheiro, corri imediatamente para uma loja, onde se vendiam x) brinquedos de criança. No caminho, porém, encon­trei outro rapaz com … Ler mais

Ninguém deve rir-se dos pobres

Ninguém deve rir-se dos pobres Certo professor, conhecido pelo nome de amigo dos estudan­tes, passeava, uma tarde pelos arrabaldes da cidade com um dos seus discípulos. Ã beira da estrada deram com um par de sapa­tos todos 1) enlameados, que pertencia a um pobre homem que andava a trabalhar num campo. “Vamos nós, disse o … Ler mais

O NATAL DE UM LADRÃO – Arthur Quiller-Couch

natal de um ladrão

Sobre o autor (biografia) Sir Arthur Thomaz Quiller Couch, "scholar", homem de letras e conferencista dc literatura clássica em Oxford, nasceu em Cornwall em 1863 e completou a sua educação freqüentando várias escolas, inclusive o "Abbott College", o "Clifton College", etc. Desde 1912 é membro do "Jesus College" e professor de literatura inglesa na Universidade … Ler mais

A MULHER CURIOSA E MÁ – conto popular com animais falantes

mulher curiosa sentada no colo

A MULHER CURIOSA E MÁ Era uma vez um homem que recebeu de Deus o dom de entender as falas dos animais. Estava passeando pelo mato com a sua mulher. De vez em quando, êle dava risada. A mulher perguntava por que. — Èle dizia: à tôa. Mas ela foi ficando curiosa. Tanto o apertou, … Ler mais

A VINGANÇA DO CORONEL

A VINGANÇA DO CORONEL O ano correra bem e seu Brás, homem devoto, que nunca perdia missa ou terço rezado nas circunvizinhanças do povoado de Jataí, havia colhido, a poder de mutirões e de promessas, nada menos que onze sacas de feijão mulatinho — um despropósito! Veio, então, pressuroso, à vila, vender a mercadoria, e … Ler mais

O Doutor grilo – contos de exemplo

O DOUTOR GRILO

ERA uma vez um camponês que tinha um filho muito ladino mas muito preguiçoso. De tanto viver deitado, sem nada fazer, irritou-se o pai e pô-lo para fora de casa. O rapaz, que se chamava João Grilo, foi parar a uma cidade. Nos arredores viu muitos cavalos amarrados aos postes, animais que traziam coisas para vender ao mercado da cidade.

O CAMAREIRO DO REI – Contos com Moral

ERA uma vez um rei muito amigo dos seus camaristas, e prometeu a cada um um dote para &e casarem. Um deles quis ir viajar para escolher mulher que fosse linda, esperta e honrada. Chegou a uma grande quinta, e logo nos primeiros degraus que davam para a casa encontrou uma menina linda a mais não ser. Pediu pousada, e veio um velho lavrador que o recebeu com boas maneiras e foi-lhe mostrar a casa:

O boi bragado – contos de exemplo

É versão simples de um conto muito popular em Portugal. Boi Cardil na ilha da Madeira e no Algarve (Teófilo Braga), Boi Rabil em Coimbra, registado por Adolfo Coelho. Em ambas as versões há versos, sendo em formapoética a madeirense, Contos Tradicionais do Povo Portuguez, 58.°, Contos Populares Portuguezes LVI, Romanceiro do Archipelago da Madeira, p. 273. No Brasil, encontrei uma versão no Natal Querino, vaqueiro do rei, e outra foi-me enviada das Alagoas, O boi leição, figurando ambas no meu Contos Tradicionais do Brasil. Na Espanha ha El toro barroso, de Soria, 48.° do Cuentos Populares Españoles do prof. Espinosa. Teófilo Braga, notas, II, 207-208, indica bibliografia. Versões semelhantes são apenas a siciliana de Laura Gonzenbach, uma cabra em vez do boi, o Scheik Chehabeddin no “Quarenta Visires”! Os demais parecem variantes. A origem oriental está notoriamente documentada. Fábula V da terceira “Noite” de Straparola.

Os corcundas – conto irmãos grimm

É um registo de Teófilo Braga, opus cit., I.°, p. 177. Cita, nas notas, Gubernatis, "Botanique Zoologique", C. 3, II, p. 2(49, que alude a um livro de Pedro Piperno, "De Nuce maga bene-ventana", do século XVII.