TROVADORISMO – Literatura Medieval Portuguesa

FASE MEDIEVAL

(Princípio do Século XVI ao XIII)

TROVADORES

Para que possa o estudante melhor sentir a natureza e a essência da
poesia medieval, a cujo cunho português largamente se mesclaram os in-
fluxos de Provença e de Castela, trasladam-se para a presente edição
algumas trovas, colhidas entre os muitos autores da época afonsina e dio
nisiana, e outras, sacadas ao Cancioneiro Geral de Garcia de Resende —•
documentário em que se enfeixa toda a poesia lusitana do fim do século XV
e se remata o ciclo da lírica trovadoresca na Literatura Portuguesa.

Essa transcrição visa a dar a conhecer o pensamento das composições
ingênuas e sentimentais da época anteclássica, por vezes obscuras e pobres
de matizes, quase sempre feitas de pieguice amorosa e de lamúrias, e nas
quais se vive de suspirar e se morre de amar… Mas nessas cantigas de
amor
e nas de amigo, em que se concentra o lirismo dos trovadores de
então, e, mais que tudo, nas que constituem a coletânea de Resende, há
principalmente, para ver-se, como objeto de estudo, o travejamento da
linguagem, referta de arcaísmos morfológicos, sintáticos e semânticos, e
cuja métrica, implicando leitura cuidadosa, concorre para auxiliar a com-
preensão dos termos e a percepção dos conceitos.

Eis a razão por que, conservando neles a arbitrária e vária grafia
do passado, aqui se inserem tais trechos, cuja leitura, mesmo quando enfa-
donha, é imprescindível a quem quer conhecer a pleno a nossa língua na
sua evolução histórica.

GARCIA DE RESENDE

GARCIA DE RESENDE (Évora, 1470-1536) — Foi historiador e poeta e praticou também a arte do desenho e a música, além de servir o emprego de moço da escrivaninha junto ao rei D. João II.

Do que EI-Rei disse a hü home, que bebia vinho mais do necessário

(Inícios do Séc. XVI)