Lobisomem existe? Conto de Terror do Folclore Brasileiro

O LOBISOMEM

No meu bom tempo de criança, naquela vilazinha sertaneja, minha terra natal, ouvia lindas histórias. A maioria está hoje esquecida. Uma porém, por haver tido existência real naquela época, impressionou-me tanto que me recordo dos seus menores detalhes. Seu protagonista foi um desses tipos de rua que toda gente conhece e estima por compaixão.

Porfírio era um velhinho baixo, amarelo e de barbicas no queixo. Era por demais conhecido em toda Bom Jesus dos Meiras. Dedicava-se a uma única profissão e não tinha concorrentes. Pilava arroz a quinhentos réis a quarta e reputava bom preço. Quem o visse nas ruas a arrastar-se de uma das pernas, escorado naquele bordão, não poderia ajuizar da tenacidade e persistência com que se detinha diante de um pilão, só o abandonando para a refeição que o próprio freguês lhe oferecia. Calmo e resignado, não deixava de ser irascível, quando as brincadeiras lhe não convinham. Era muito procurado e só trabalhava de empreita. Tinha família numerosa, morava distante da vila e não admitia que seus filhos o sustentassem, de vez que podia pilar arroz. Era reverente, cuidadoso e sincero. Condenava a fraude como o maior dos pecados e temia o inferno como tribunal impiedoso de além-túmulo. Tomava rapé e fungava em excesso, o que o identificava à distância.

A garotada vadia era o seu terrível flagelo. Evitava-a medroso e irado, como satanás a cruz. Alguns já lhe conheciam o peso do bordão e se mantinham cautelosos e arredios. Passaram a adotar uma tática que a experiência lhes havia ensinado.

Em minha casa encontrava sempre trabalho para o seu ofício. De começo, éramos bons amigos. Cedo, porém, nos tornamos em cão e gato.

Chefiando a molecada travessa, não podia acender uma vela e dois senhores.

Quando ia à cozinha, a cata de algum torresmo, encontrava-o no alpendre. Passava por êle, fingindo boa in-

tenção e nos olhávamos com respeito. Êle resmungava qualquer coisa que eu não entendia e continuava seu trabalho. Brigávamos sempre nas ruas, fora do alcance do bastão ou detrás dalgum obstáculo. Meu grupo batia em retirada, numa confusão dos diabos.

De uma feita, ia êle entrando em minha casa, quando lancei o grito de guerra:

— Lobisomem!. ..

Êle virou-se rápido. Percebendo que a distância não lhe concedia vantagens, atirou-me o bordão com violência. Desviei-me com calculada precisão, indo o projétil atingir, em cheio, o Cassimiro. Com um grito de dor, largou-se rua abaixo, numa carreira incerta e ridícula.

— Você é um deles, não perdi o meu tempo — exclamou satisfeito vindo em busca do pau.

— Nosso grupo se dispersou, receando uma surpresa.

Minha mãe atendia àquela série interminável de queixas, às quais eu havia de reparar com oneroso tributo. Obrigava-me a vestir um camisolão de pano ordinário que, de tão grande e frouxo, tirava-me toda a agilidade. O próprio Porfírio teria compaixão de mim, naquele traje.

— Assim ficarás em casa — dizia ela.

Na verdade, era-me perigoso qualquer excursão dentro daquele pastel, como era conhecida tal vestimenta. Eu, sem o querer, assumia o aspecto grotesco de um peregrino saído de Canudos. O pano era tecido ali mesmo, no Tanque de Pedra, com o algodão mais barato da safra.

Dentre os cães que se intrigaram comigo, em virtude de camisola, um se destacava pela tenacidade e ousadia com que me importunava. Era o afamado "Tamandaré" de propriedade do dr. Mário Meira. Assemelhava-se a um espião inteligente~~e sua jurisdição estendia-se até minha porta. Às vezes, cansado, por certo, de perambular pelas ruas, deitava-se no meu terreiro. Apenas punha eu os pés fora de casa, saltava ele de lá, furioso, obrigando-me a recolher rápido.

lenda lobisomen foto

Houve uma ocasião, na qual saí de camisola, contra os meus hábitos. Esta aventura notabilizou-se na vila, em virtude do desfecho burlesco que teve. Pelo espaço de duas semanas fiquei em casa, envergonhado, desmoralizado.

Munido de todas as normas de precaução, saíra para "dar uma voltinha’ no velocípede do Parmênio. O cão dormia no terreiro e não me foi difícil chegar até lá.

— O velocípede está no quintal — disse-me êle.

Fui buscá-lo e escolhi a calçada para meus exercícios. Uma garota que eu tinha como namorada, observava minhãs acrobacias. Esquecendo, por momentos, a pavorosa saia listrada, empenhava-me num sensacionalismo infantil, na pretensão de ampliar meu prestígio junto à amada. Meus olhos procuravam os seus, como se pudesse ler neles o entusiasmo de uma aprovação. Talvez por isso mesmo, ao fechar uma curva no alto da calçada, um das rodas traseiras repuxou-me a barra do vestido. Senti o perigo mas não pude evitá-lo. Fui atirado ao solo, o velocípede a cavaleiro. Este acidente representou, para mim, uma catástrofe moral e física. 0 ruído despertou o cachorro. Num instante, investiu contra mim, sem dar tempo a que me defendesse. Num relance adivinhei a desigualdade da luta e encontrei uma solução: a fuga.

Disparei-me pela praça em fora, em busca de casa, numa corrida cuja velocidade faria inveja a qualquer campeão no gênero. 0 medo e a vergonha obrigaram-me àquela retirada sem precedentes. O vento deslocado enfunava a camisola, como se fosse um balão, prestes a se elevar. Esta circunstância protegia o meu cruel perseguidor que, por duas vezes a alcançou com os dentes. Desastradamente também, por duas vezes, fui ao chão, numa nuvem de poeira. A turba gozava aquele espetáculo. Eu, por força de um cão desaforado, desempenhava o papel perigoso de um palhaço improvisado. As vaias enchiam o espaço e golpeavam-me o rosto, onde o sangue acorria, num pudor incon-tido. Não contentes com as zombarias instigavam, em altas vozes, o desumano carrasco. 0 fundo do meu vestuário havia desaparecido: "Tamandaré" já o estraçalhara com os dentes.

Agora eu corria quase nu, o que me ampliava as preocupações futuras.

— Ecô!… Ecô!… Pega!… Pega — gritavam.

Não podia e nem tencionava olhar para trás. O receio de um atropelo e a nudez posterior não me permetiam isso.

Finalmente alcancei a casa, exausto e em farrapos. Numa tal situação, não há filosofia capaz de equilibrar o sistema nervoso de um Diógenes.

O "galo" da testa doía muito mais do que os arranhões da face e as dentadas das pernas.

— Perdi a namorada — murmurei, desolado. Com este escândalo fiquei desmoralizado, caí no ridículo…

Minha mãe surgiu, como sempre, bondosa e enérgica, para os necessários curativos.

— Aí está! — censurou-me. Devias ter pejo de uma coisa desta. Ainda terás coragem de sair assim? Já te esqueceste da "Borboleta"?

Eu não estava para apreciações. A água-de-sal ardia-me terrivelmente. Maior, porém, era a dor moral de haver perdido a namorada e desmerecido a confiança dos meus soldados.

O velho Porfírio deveria dar boas gargalhadas, se me visse em tal estado. Não lhe dei, contudo, este prazer; escondi-me. Certamente estaria êle estranhando minha ausência e desejando que a mesma se prolongasse. Fiquei com raiva do velho.

Nosso grupo achava-se reunido na porta de casa, naquela noite. A Filinha, ao passar, encarou-nos desconfiada, resmungando entre dentes:

— Os capetas estão reunidos…

Já não se falava mais na "história do Tamandaré". Eu me reabilitara completamente e a namorada era a mesma. Contávamos casos e traçávamos planos de caçada. Na roça do coronel Santos existiam preás. Na Cavalhada, um quarto além, havia juritis.

O "Lindo Preto", assim chamado por causa da côr da pele, era perito em abelhas. Sempre tínhamos mel.

— Sei de três arapuás, no Fonte-do-Meio, dizia.

— Achei duas camas de preás — afirmava o Sinhô de Júlia. j

Isto me fazia pensar na espingarda de cano de guarda–chuva, cuja construção havia deixado a cargo de Virgínio. O Manoel Antônio tomou a palavra:

— Vocês já pensaram no velho Porfírio? A quaresma está perto.

— Deveras! — exclamou o Cassimiro, como se ainda sentisse a bordoada nas pernas. Dizem que êle "vira" lobisomem.

— É preciso ter cuidado! advertiu o Ariston de Cazuza. Êle não gosta de nós…

— Isso será verdade? — indaguei.

— Ora se é! — retrucou Manoel Antônio. Toda a gente da vila acredita. É só reparar nele, depois da Páscoa. Fica todo arranhado e fraco que só vendo…

— Como é que se "vira" lobisomem? — perguntou o Sinhô de Júlia.

— Os mais velhos contam assim:

Por ocasião da Quaresma, pressentindo a aproximação do encanto, Porfírio desaparece. Abandona a casa e interna-se no mato, em busca de uma capoeira velha. Na Quinta-Feira-Santa, por volta da meia-noite, deita-se num espojador de animais, aí permanecendo a rolar de um lado para outro, envolto em poeira. Quando no relógio da Igreja soa a derradeira badalada das vinte-e-quatro horas, a transformação começa. Em primeiro lugar os pés, em seguida os braços e finalmente a cabeça e o resto do corpo. Depois se levanta, sacode as orelhas enormes e emite um uivado lúgubre e prolongado. Em seguida, parte em louca disparada, atacando todo o vivente que encontra. O sacudir das orelhas colossais produz um ruído característico, como se um bombo gigantesco vagueasse no escuro da noite, tocado por mil demônios. Tem predileção por criancinhas e cabritos. As galinhas são ingeridas com as penas, as quais, por inúteis, são vomitadas no dia seguinte, à sombra de uma gameleira. Os cães o perseguem sempre, entrando, com êle, em lutas desesperadas. É perigoso ser alvejado com arma de fogo, a menos que seja atingido no dedo-mindinho.

Pai João disse-me que, se êle chegar a ser ferido nesse dedo, a visão do sangue quebrará o encanto.

Ontem mesmo "seu" Teófilo estava dizendo que havia presenciado, escondido, o velho "virando" lobisomem.

Nossa atenção estava fixa na história do companheiro, que era o mais velho da turma. Somente a sua voz ressoava no ambiente, modulando no ar a impressão de um perigo que nos rondava.

— Fecha a boca, Lindo Preto! — reclamou o Ariston, intrigado com o hábito do outro.

O preto resmungou amuado e corrigiu, com disfarce, a posição dos lábios.

— É como estou falando, companheiros — continuou o Manoel Antônio. Se duvidam, é só reparar no velho Porfírio. Êle desaparece naquele espaço entre a Quarta-Feira–de-Cinzas e o Domingo-de-Páscoa…

Estávamos em plena Quaresma. A apreensão era grande e uma forte tensão de espírito nos tirava o sossego.

Tínhamos bem presente a última recomendação do amigo:

— Depois da meia-noite, quando a vila quase toda estiver dormindo, prestem ouvidos. A cachorrada fica assanhada. Num dado momento larga a correr no encalço de um grande cão de orelhas desmedidas e olhos enormes e afogueados.

O velho Porfírio sumira-se, havia dias. Ninguém sabia dizer onde se achava. Nosso grupo ardia em curiosidade, pondo-se de atalaia ou dedicando-se a sérias investigações. Pouco havíamos conseguido, no entanto, pois o medo nos acompanhava em toda a parte. Sem embargo, alguma coisa tínhamos descoberto: o velho desaparecera.

A derradeira pancada da meia-noite acabava de soar, no relógio de minha casa. Ecoou como uma vibração sinistra e agourenta, agitando o manto escuro e misterioso de uma noite mal-assombrada.

Uma atmosfera de receio nos envolvia pesadamente, contornando toda a praça num silêncio de morte. Impacientes e muito quietos, procurávamos um vislumbre de ruído dentro das trevas.

— Está demorando — disse um do grupo.

Súbito, um barulho longínquo para as bandas do Es-cônço. Aos poucos, foi-se tornando mais perceptível, a medida que se aproximava da vila, até se tornar numa algazarra ensurdecedora. A julgar pela confusão dos uivos e latidos, deviam ser numerosos os componentes daquele grupo infernal.

— Lá vem a coisa! — falou o Manoel Antônio. Vamos entrar e fechar as portas.

Num movimento instintivo, corremos para dentro, fazendo eu questão de não ser o último.

O ruído avançava vertiginoso, cada vez mais forte, a medida que se ampliava o número dos perseguidores. Defronte o vetusto cemitério interdito, o cortejo estacou ruidoso. Uma luta dantesca se generalizou. Uivos lancinantes de cães batidos chegaram até nós, numa espécie de lamento que nos causava arrepios. Bruscamente o desfile precipitou-se na direção da praça. Ao dobrar a esquina, tivemos a impressão nítida de que vinha sobre nós. Algumas das poucas casas abertas, fecharam-se com estrépito. A estranha comitiva atravessou célere a Praça do Mercado, enveredou-se pela Rua do Paço, até não mais ser ouvida.

De vez em quando percebíamos um leve murmúrio para os lados da Rua da Gameleira, ao pé da ponte.

— Será que foram embora? — indaga o Lindo Preto, que morava por lá.

— Vocês ouviram o barulho das orelhas? — perguntou Manoel Antônio.

— Eu ouvi.

— Eu também.

E assim estivemos comentando o estranho fato. Nosso historiador de costume, descia a minúcias sobre a biografia do enigmático velhinho.

A certa altura lançou-nos esta advertência:

Deixem de andar importunando o velho! Com quem "vira" lobisomem, não se brinca…

— Ariston! — Chamou o Lindo Preto —, que vamos fazer agora?

Colhido de surpresa sobre uma questão que não lhe havia passado pela mente perturbou-se e esteve algum tempo meditando.

— Só há um jeito — disse. Ficarmos aqui, com o Azarias.

— Com muito gosto — secundei.

Essa decisão voltou a tranquilizá-los. O Sinhô de Júlia e o Cassimiro eram meus vizinhos; não tinham problemas.

— Escutem! bradou o Altamirano de Virgínio. O "negócio" vem voltando.

Na verdade, o tropel retomava a nossa direção, com mais furor e balbúrdia. Com as janelas semicerradas procurávamos lobrigar o perigo, sem maiores cuidados. Já agora estava tão perto que nos obrigou a fechá-las. O bando chegou ao nosso terreiro, onde a refrega assumiu proporções excessivas. Dois cães foram lançados à distância, soltando uivos aflitivos. Mas outros retiraram-se ganindo.

— Não faça isto, Cassimiro! — vociferou o Manoel Antônio. Você está louco! Êle nos pega!… Feche a janela!…

Pouco depois o séquito dirigia-se para a Rua de Cima e enveredava-se pelo caminho donde surgira, deixando no espaço notas soltas de uma sinfonia macabra.

Passada a Semana-Santa, o velho Porfírio continuava desaparecido.

Casualmente encontrei-me com um de seus filhos, o Zé Barriguinha, como era conhecido.

— Olá, Zé! Onde está o seu pai?

— Está doente. Foi cortar lenha, feriu-se com o machado. Vim buscar remédios.

— Onde foi o ferimento?

— Numa porção de lugares.

Todos nós sabíamos que o velho não era lenhador, em virtude de uma enfermidade que o impedia. Além do mais, um machado, por mais desastrado que fosse o seu manejo, não causaria tantos ferimentos, de uma só vez, e em pontos diversos.

Certo dia reapareceu em minha casa. Lá estava êle todo encolhido a um canto do alpendre, sentado no lugar predileto.

Minha mãe perguntou-lhe:

— Como vai passando "seu" Porfírio?

— Nem bem nem mal, D. Ciça… Como Deus é servido.

Havia naquela voz uma tristeza tão profunda, que não resisti a tentação de observá-lo mais de perto. Fingindo que ia à procura de um objeto na cozinha, parei-me junto dele, em atitude pacífica. Espantei-me com o aspecto deplorável do seu rosto. Pareceu-me que se empenhara num tremendo duelo com dezenas de gatos.

Voltei a meditar nas palavras de Manoel Antônio. Um arrependimento poderoso apossou-se de mim. Senti que o remorso tocava, de maneira impressionante, a fibra mais sensível do meu coração. Tive compaixão do infeliz e atribulado velhinho. Ia dirigir-lhe a palavra, num desabafo de conciliação, quando êle se levantou de mau-humor, en-caminhando-se para o quintal. Notei-lhe demasiada fraqueza no corpo. O andar bamboleante fazia-o dobrar as pernas trôpegas, numa ginástica excruciante para evitar uma queda. Senti uma pressão no peito e me afastei desapontado.

No ano seguinte, o mesmo drama se repetiu. Mil demônios percorreram a vila em desabalada correria e pavorosa confusão, levando o terror e a inquietação a todos os lares.

Uma semana depois, uma notícia que consternou a todos espalhou-se dolorosamente por toda a povoação de Bom Jesus dos Meiras.

A alferes Cirilo havia dito, na feira:

— O velho Porfírio morreu…

Seu corpo fora encontrado numa capoeira velha, dentro de um espojador de animais.

Mário Rizério Leite: Lendas de Minha Terra. Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, Goiânia, 1951, pp. 45-60.

Fonte: Estórias e Lendas de Goiás e Mato Grosso. Seleção de Regina Lacerda. Desenhos de J. Lanzelotti. Ed. Literat. 1962

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