O simba e os Pombos – Fábulas populares

O SIMBA E

OS POMBOS


(Contos e Lendas Populares)

(Moçambique)

O Simba (Gato bravo), uma vez, andava à caça.

Andou, andou muito tempo e foi ter a uma planície onde estava um bando de pombos que andavam a brincar na terra. O Simba foi muito devagarinho, pé-ante-pé… Mas os pombos tiveram muito medo, voaram e foram poisar na árvore que estava ali mais perto.

Então o Simba, com uma voz muito boa, disse: Pombos amigas, porque é que vocês têm medo ?.. Eu sou o Rei dos Simbas. Eu tenho o feitiço de matar todos os animais que fogem de mim. Posso voar mesmo como vocês. Venham cá para baixo que eu quero comer dois ou três para matar a minha fome.

Os pombos estavam com muito medo, e desceram da árvore, e o Simba comeu cinco dos mais gordinhos, deixando os outras ir embora.

No dia seguinte o Simba voltou àquele sítio, disse a mesma coisa e comeu mais cinco pombinhos dos mais gordinhos.

Durante uma semana o Simba foi todos os dias ao mesmo sítio e sempre comeu cinco pombos dos mais gordinhos.

Outro dia os pombos foram beber água a um rio e encontraram lá a Coruja, que era amiga deles. A Coruja viu que faltavam muitos pombos e perguntou onde é que eles estavam. Então o chefe do bando contou o que acontecera com o Simba. A Co ruja teve muita pena dos pombos e disse-lhes que o Simba falara mentira, êle não podia matar todos os animais que fugissem dele e também não podia voar porque não tinha asas. E depois disse-lhes que não fizessem o que o Simba dizia.

Agora o Simba. chega à planície, à mesma hora. Os pombos logo que o viram bateram as asas e foram poisar na árvore mais alta que ali estava. O Simba ficou então muito admirado. Chegou ao pé da árvore e com uma voz muito boa disse-lhes que descessem.

Mas os pombos não quiseram. Eles disseram ao Simba que já sabiam que êle não tinha o feitiço de matar todos os animais que fugissem dele, e que não podia voar porque não tinha asas.

O Simba perguntou quem é que lhes havia ensinado aquelas coisas.

 Foi a nossa amiga Coruja — respondeu o chefe.

O Simba, todo zangado, fez juramento de tirar vingança. Foi à procura da Coruja, que estava ao pé do rio, e disse-lhe:

 O’ Coruja! Que faria você agora se viesse o vento sul?

 Eu não tenho medo do vento sul porque fazia assim — e pôs-se a bater com as asas.

 Hum!… E se fosse o vento norte?

 Também não tinha medo porque fazia assim a mesma cousa — e pôs-se outra vez a bater com as asas.

Então o Simba deu um grande salto e agarrou-a! Quando o Simba tinha a Coruja agarrada, disse-lhe:

 Então você conhece-me melhor que os pombos?! Você não acredita que eu tenho feitiço? Mas agora eu agarrei você, "mamana"…

 Está bem — disse a Coruja. Você é o Sim j ba mais esperto que eu conheço. Agora você agarrou-me e pode fazer de mim o que quiser. Mas eu já aviso você: a mim ninguém me pode. comer sem primeiro chamar, de joelhos e com os olhos fechados, o espírito dos meus antepassados.

O Simba ajoelhou e fechou os olhos. A Coruja saltou-lhe para o dorso, filou-o com as garras, levantou o voo e levou-o assim pelo ar.

Quando já ia muito alto, a Coruja disse:

 Eu não quero fazer mal a você. Mas agora precisa mostrar que pode voar como eu. Vou soltar você.

E o Simba veio por aí abaixo, voltando no ar as pernas pela cabeça.

Conto dos pretos Maputos, versão colhida pelo sr. J. Serra Cardoso, "Moçambique", n.° 4, Outubro-Dezembro de 1935, Lourenço Marques, pp. 77-80.

Muito popular também no Brasil do nordeste e norte. José Carvalho registou uma variante do Ceará, entre a raposa, as rolinhas e o canção (Cyanocorax cyanoleucus) que desmascara a raposa, "O Matuto Cearense e o Caboclo do Pará", Belém, Pará, 1930, pp. 85-87. João Ribeiro, "O Folk-Lore", p. 245, Rio de Janeiro, 1919, narra a história como sendo um apólogo árabe do filósofo Sindabar, entre a raposa, os pombinhos e o pardal, que ensina a vencer a manha vulpina. Há um conto dos negros ‘ Kabilas, que Leo Frobenius registou. O chacal ameaça comer todos os pintos da galinha, subindo ao monte íngreme, se esta não os atirar em certa porção diária. A águia termina com essa tragedia, revelando a mentira do chacal e depois, como a Coruja dos Maputos, levando-o pelos ares e jogando-o de alto, "African Gene sis", trad. de Douglas C. Fox, p. 83, New York 1937. Aurélio M. Espinosa, "Cuentos Populares Españoles", III, pp. 493-4, encontrou versões em Toro (León) e Rasueros (Ávila), "La pega y sus peguitos", "La zorra y el alcaraván". Neste último repete-se a libertação da ave pelo mesmo processo do "Mocho e a Raposa", Stanford University, California, 1926. Ha urna variante no "El Conde Lucanor", exemplo XII. (Câmara Cascudo)

Fonte: Os melhores contos Populares de Portugal. Org. de Câmara Cascudo. Dois Mundos Editora, 1944.

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