LIVRO SEGUNDO – O LIVRO DAS MARAVILHAS DA CIÊNCIA
Henry Thomas
OS MISTÉRIOS DO PENSAMENTO
A máquina pensante
O CÉREBRO humano é uma maravilhosa máquina pensante. Toma simples sensações e as transforma em pensamentos complexos. Como se faz isto? O processo é perfeitamente simples quando o analisais. Há dentro de nosso corpo um grupo de nervos, ou fios telefônicos. Estes nervos estão recebendo constantemente toda a casta de mensagens através dos vários sentidos: vista, ouvido, tacto, gosto, e olfato. Eles transportam as mensagens, ou sensações, ao cérebro, que por sua vez escolhe as que são mais fortes, agrupa-as, classifica-as e arranja-as em ordem lógica e… pronto, nasceu um pensamento.
Mas isto é apenas a metade da história. Logo que o pensamento é formado, começa a estimular outro grupo de nervos. Este grupo leva o pensamento do cérebro aos músculos do corpo, e o pensamento é assim traduzido em ação.
Por exemplo: Um homem colérico grita convosco e bate-vos no rosto. Vossos nervos do "pensamento" são estimulados através de vossos sentidos da vista, do ouvido e do tacto. Vedes vosso assaltante, ouvis suas injúrias, e sentis sua pancada. Vossos nervos estimulados levam uma tríplice mensagem ao quadro de distribuição mental de vosso celebro: "Eu vejo um inimigo; êle vocifera contra mim; êle me bate!" Nisso o vosso cérebro se ativa. Põe em movimento um grupo de nervos de "ação", que trazem de vojta três ordens numa só, para vossos olhos, vossa língua e vossa mão: "Olha com furor para teu inimigo; retruca-lhe a injúria; bate nele!"
E é assim que o corpo e o cérebro trabalham juntamente nesse misterioso processo de pensamento e ação que nós chamamos a aplicação prática da psicologia. A palavra psicologia significa o estudo do pensamento.
Mas que é o pensamento? O pensamento é a soma total de nossos processos mentais, ou idéias, desde o berço até o túmulo. Cada uma de vossas idéias e cada um de vossos atos, que resultam dessas idéias, participa da formação de vossa mente, de vossa personalidade, de vossa alma. Como um grande psicólogo já o expressou: "Um homem é aquilo que êle pensa."
A magia da memória
PODEIS não ter conciencia do fato, mas sois um escritor. Cada ser humano escreve a história de sua vida nas páginas mentais, isto é, nas células do cérebro. Quando dizeis que vos lembrais de alguma coisa, o que quereis significar é que estais voltando a uma página anterior de vossa própria história, que vós mesmos escrevestes. O misterioso processo que chamamos memória é releitura mental de passada experiência de nossa vida. E’ reevocação de alguma coisa que dissemos, fizemos, pensámos ou aprendemos em prévia ocasião.
Vossa memória depende de vossa habilidade em guardar os fatos. Quanto mais profundamente os gravardes, tanto mais os retereis. Escreveis vossa vida, ou para usar de nossa nova maneira de falar, gravais vossa vida, com os instrumentos de vossos próprios sentidos. Quanto mais instrumentos utilizardes, tanto mais eficiente será a gravação. Se desejais recordar um poema, por exemplo, não o aprendais simplesmente com os olhos. Usai vossos ouvidos e vossa voz também. Em outras palavras, recitai o poema em voz alta para vós mesmos ao aprendê-lo. Se assim o fizerdes, ficará êle por mais tempo na vossa memória.
Esse artifício de memória, por meio de vários de nossos sentidos, é conhecido desde muito tempo. Quando eu era menininho, e ouso dizer que o mesmo é verdade no que se refere a meu avô, no seu tempo de rapazinho, era costume atar um barbante em torno do dedo como lembrança dum recado a dar, o qual doutra forma, poderia ficar esquecido na azáfama do trabalho ou do brinquedo. O que o barbante fazia pela memória era simplesmente isto: somava o sentido da vista (vós víeis o barbante), o sentido do tacto (vós o sentíeis em torno de vosso dedo) com o sentido do ouvido (geralmente recebíeis o pedido da incumbência pela palavra falada, através de vossos ouvidos).
O grande poeta, o grande músico, o grande inventor, é geralmente um homem que possue memória retentiva. E’ capaz de reevocar seus velhos pensamentos e experiências e reenlaçá-los em nova forma. Para cada grande trabalho há novo padrão de velhas impressões. O gênio tem uma memória de cera. Cada impressão marcada sobre êle permanece fixa. O homem médio, porém, tem uma memória de geléia. Nenhuma impressão fica nele gravada por muito tempo. Um famoso professor de psicologia costumava dizer a seus alunos: "Tratem de endurecer sua geléia para formar cera, se quiserem ser, alguma coisa no mundo."
Curiosidades da psicologia
Mesmerismo
EM 1778, um físico austríaco, chamado Franz Mes-mer, causou sensação em Paris, anunciando que havia descoberto novo processo de curar doenças. Chamava seu método de magnetismo animal, ou mesmerismo. Seu consultório vivia repleto de gente, de manhã à noite. Todos em Paris desejavam ser mesmerizados, isto é, ser adormecidos aos influxos do encantamento magnético, para despertar de corpo sadio e com novo gosto pela vida.
A Faculdade Médica de Paris chamou-o de charlatão, mas suas "curas" continuaram a atrair cada vez mais gente ao seu consultório. Afinal o governo nomeou uma comissão para averiguar a verdade de suas afirmações. Um dos membros dessa comissão era o nosso Benjamin Franklin. Do relatório constou que algumas das curas de Mesmer pareciam ser autênticas, mas que seu método não tinha bases científicas. Pelo que tinham podido observar, não havia fluido mágico chamado "magnetismo animal", que passava do cérebro do doutor para o corpo do paciente.
Mesmer foi denunciado como embusteiro e intimado a deixar Paris. Viajou de terra em terra, mas sempre desacreditado por toda a parte. Afinal morreu na Suíça (1815), um desiludido e, como dizia de si mesmo, "perseguido benfeitor da humanidade".
Hipnotismo
O Hipnotismo, ou sono artificial, era conhecido dos magos da Pérsia e dos ioguis indús muito antes da era cristã. Foi Mesmer, porém, quem o introduziu na Europa. Porque o hipnotismo é o mesmerismo assentado em bases científicas. Pouco depois da morte de Mesmer, o hipnotismo se tornou um ramo regular da medicina, em todos os países da Europa. Hoje caiu um tanto em desuso. Contudo, em certos meios, é ainda largamente praticado.
Afim de hipnotizar um paciente, o médico coloca-o numa poltrona ou num sofá, diz-lhe que relaxe o corpo, põe sua mão diante dos olhos do paciente, e baixinho vai-lhe lembrando que seus olhos estão ficando pesados, que o sono está se aproximando, que suas pálpebras se estão fechando, que o sono afinal chegou. Às vezes, para apressar o processo o doutor afaga levemente a fionte do paciente.
O hipnotismo não é difícil, mas não o experimenteis em vossos amigos. Torna-se perigoso quando não se é entendido no assunto.
Quando um homem está hipnotizado, faz automaticamente tudo quanto o hipnotizador lhe ordena que faça, mas não tem conhecimento algum do fato. Quando desperta, não se recorda de nada do que aconteceu durante seu sono. Fica completamente sob a influência do hipnotizador, durante o domínio hipnótico. Há muitos anos, alguns professores franceses realizaram uma interessante experiência em Paris. Fizeram um boneco de palha e o colocaram na cama de um professor muito conhecido. Depois hipnotizaram um dos alunos desse professor. Deram-lhe um punhal e ordenaram-lhe que fosse à cama do professor e lhe atravessasse o coração. O estudante fez como lhe foi ordenado. Felizmente para o professor, tinha sido colocado em seu lugar um manequim de palha.
Em consequência da experiência acima e de outras semelhantes, muitos adversários do hipnotismo exprimiram a crença de que um hipnotizador poderia induzir um paciente a cometer um crime. Esta teoria, porém, foi recentemente desacreditada. Admite-se geralmente agora que, mesmo sob a influência hipnótica, um homem nada fará em contrário dos seus fundamentais princípios de moralidade.
Telepatia
A telepatia é a transferência do pensamento dum cérebro para outro, sem auxílio dos sentidos. E’ um assunto cheio de mistério. Por muitos anos, os principais cientistas insistiram na inexistência da telepatia. Contudo, em nossos dias, estão inclinados a crer que, talvez tal transferência de pensamento sem fio seja possível. O milagre do rádio provou que uma voz pode atravessar o espaço até a distância de milhares de milhas. A questão lógica para o filósofo perguntar e para o cientista responder é: por que não pode também o pensamento atravessar o espaço? Se uma pessoa pode interceptar em Los Angeles uma palavra falada em Boston, por que não poderá também captar um pensamento concebido em Boston?
Para interceptar o som é preciso haver condições atmosféricas próprias e um rádio sensível. Os psicólogos que acreditam na telepatia, sustentam que são necessárias condições mentais próprias e um cérebro sensível, para interceptar o pensamento.
A questão da telepatia abre novo e fascinante campo de pesquisas. Se um pensamento pode comunicar-se com outro, sem auxílio do corpo, então é possível, sustentam certos cientistas, que os vivos possam comunicar-se com os mortos. Entre os que têm acreditado na possibilidade de tais comunicações contam-se alguns dos mais agudos intelectos dos séculos XIX e XX, inclusive homens como Sir Oliver Lodge, Camilo Flammarion, César Lombroso, Conan Doyle e o professor William James.
São conhecidos muitos casos autênticos e interessantes de telepatia. Certa vez, uma mulher ignorante do mecanismo dum cofre, nunca tendo aberto nenhum, ou visto algum aberto, em toda a sua vida, recebeu o segredo do cofre por telepatia e conseguiu abrí-lo sem nenhuma dificuldade. Numerosos casos têm sido citados de pessoas que, num quarto, repetiram um número, ou um nome, ou uma frase, ou mesmo passagens inteiras de um livro, que foram pronunciadas ou escritas por uma pessoa ou por outras pessoas, noutro quarto.
Qualquer pessoa, na opinião de numerosos psicólogos eminentes, pode adestrar-se na leitura dos pensamentos por meio da telepatia. Experimentai-o. Mas antes, preveni vossos amigos para que tenham cuidado no que vão pensar!
Sonhos
Um sonho é uma coisa singular. Dura um instante, e pode levar-vos através de uma vida inteira de aventuras. E, incrível, porém verdadeiro, em cada um de vossos sonhos viveis vossa vida para trás. Não sonhais uma aventura do começo até o fim; vós a sonhais do fim para o princípio. Somente depois que despertais é que vosso pensamento arranja o sonho em ordem lógica.
Um psicólogo conseguiu provar a verdade dessa teoria, com o resultado de um sonho que tivera há anos atrás. Sonhou que ia assistir à representação duma comédia musical e que se encontrava com uma das coristas após o espetáculo. Convidou-a para jantar no dia seguinte e no outro após este. Pouco a pouco apaixonou-se por ela. A princípio sua esposa nada sabia dessa paixão. Mas, depois de um ano ou dois, .descobriu-a. Mulher sensata que era, sugeriu a idéia de mudarem de cidade. Êle concordou com a sugestão dela. Arranjou lugar num colégio situado a muitas centenas de milhas.
Durante cerca de cinco anos, viveu relativamente feliz. Sua paixão pela corista fora esquecida. Mas depois, num dia fatal, volveu a encontrá-la. Tornara-se ela agora uma "estrela", e tinha o principal papel numa peça, que ia ser encenada na cidade universitária, onde êle lecionava. No momento em que a viu pela segunda vez, sua velha paixão reacendeu-se. Sugeriu uma fuga. Ela consentiu. Abandonou êle sua família e sua universidade e foi viver com ela na América do Sul.
Ali viveram, num constante tumulto de ciúmes e brigas, durante cerca de quatro anos e então não pôde êle suportar mais aquilo. Levantando-se bem cedo, quando ela ainda estava dormindo, dirigiu-se a um lago vizinho e jogou-se dentro d’água. A água fria despertou-o…
A água fria despertou-o. Foi assim que êle ficou sabendo que o sonho inteiro tinha durado apenas um instante e que o sonhara de trás para diante. Um filhinho seu lhe havia acidentalmente derramado um copo d’água em cima. Foi essa a causa do sonho. Cerca de vinte anos antes, havia êle encontrado uma interessante corista. Naquela ocasião, ela lhe havia causado apenas ligeira impressão. Mas certamente tinha-lhe "caído no goto". E assim sonhou êle então, começando pela ducha d’água e acabando pela corista, mas ao despertar seu pensamento arranjou as coisas de modo que êle começou com a corista e acabou pela tentativa de afogamento. E o sonho todo durou desde o derramamento da água até o despertar, coisa de um ou dois segundos.
Algumas pessoas são bastante afortunadas. Sonham com planos de grandes romances, com motivos para canções populares e com projetos de proveitosas especulações comerciais. Coleridge conta-nos que arquitetou todo o seu poema de Kubia Khan, idéia, metrificação, palavras e tudo mais, em sonhos.
Modernos pesquisadores do pensamento
Freud
DE acordo com Freud, todo sonho é a realização de um desejo. Tudo quanto nosso coração possa desejar, fama, riqueza, aventura, amor (legítimo ou ilegítimo), poderemos obter em nossos sonhos. A teoria onírica da "realização do desejo" chama-se psicoanálise, termo que significa a análise da alma.
Por causa de suas pesquisas psicoanalíticas, Sigismundo Freud (nascido na Áustria em 1856 e morto em 1940) é conhecido como o "explorador da adega escura do subconciente". Todo pensamento, diz êle, tem seus "andares superiores", que encerram nossos pensamentos diurnos, e sua "adega", que oculta nossos escusos e negros desejos. Êle chama essa "adega", o subconciente, porque está abaixo de nossa conciencia. Nem sempre temos conhecimento desses desejos que se alapardam sob a -superfície de nossos pensamentos. Há dentro de nós um censor que os conserva trancados na adega. Nos nossos sonhos eles saltam para fora, porque o censor está adormecido. Mas nem sempre está dormindo. Muitas vezes fica de vigia mesmo em nossos sonhos, de modo que não sonhamos no momento com a realização de nossos desejos, mas sim com símbolos disfarçados desses desejos. Interpretai o símbolo, ou o disfarce, de vosso sonho, e em geral achareis (sustenta Freud) a realização de um impulso sexual.
Mas estes impulsos são constantemente reprimidos nos nossos momentos de vigília. Conservamos, por assim dizer, a pálpebra mental descida sobre eles. O resultado é um distúrbio menta!» e físico. E aqui surge a psi-coanálisc como auxílio curativo. O psicoanalista, por meio de perguntas e respostas, traz para a luz os impulsos ocultos que vos afligiam. E depois, se fôr êle um honesto seguidor de Freud, mata o desejo abafado, ou "sublima-o", dando-vos um equivalente físico ou mental, tais como um trabalho árduo, ou belo livro, ou um delicado concerto musical, ou coisa parecida. Mas se fôr um charlatão, aconselhar-vos-á que deis largas ao vosso desejo. E é por isso que os pseudo-psicoanalistas deram origem a uma verdadeira maré de ilícita "realização sexual", não só aquí, mas por toda a parte.
Jung
Nascido (em 1875) em Basiléia, na Suíça, Carlos Jung foi, por algum tempo, discípulo de Freud. Mas em 1911 fundou novo sistema de estudo mental. Deu a seu sistema o nome de psicologia analítica, em vez de psi-coanálise.
Há duas importantes inovações na teoria de Jung. Em primeiro lugar, dá êle muito menos importância que Freud ao elemento sexual na vida. Em segundo lugar, divide todos os homens em duas classes: os introvertidos e os extrovertidos. O introvertido (do latim intra, dentro, e mais vertere, volver) é um homem de psicologia voltada para dentro, tranquilo, inativo, tímido e estudioso, tipo artístico. O extrovertido (do latim extra, fora de, e mais vertere, volver) é um homem cuja psicologia está voltada para fora, barulhento, atlético, sociável, político, tipo de homem de ação. A que tipo pertenceis? Qualquer que sejais, os seguidores de Jung aconselham a cultivar um pouco do tipo oposto. O extremo introvertido é um anacoreta. O extremo extrovertido é um tirano. O homem superior à média e o verdadeiro grande homem combinam os melhores elementos de ambos os tipos numa mesma personalidade.
Pavlov
Em 1904 o psicólogo russo, Ivan Pavlov, recebeu a’ maior honraria que pode ser concedida a um cientista: o prêmio Nobel. Tinha 55 anos naquela ocasião. Até sua morte, em 1936, na idade de 87 anos, dedicou-se ativamente a suas maravilhosas experiências psicológicas.
Qual a natureza dessas experiências? Em rápido resumo, são tentativas de estudo do poder mental de cachorros e outros animais inferiores. Era Pavlov ainda rapaz, filho de um obscuro cura de aldeia (pope), quando observou que a saliva gotejava da boca de um cão, no instante em que lhe traziam a comida. Isto deu a Pavlov uma idéia. Preparou um quarto escuro e à prova de som, onde o cachorro não pudesse ser perturbado por nenhuma luz ou ruído exterior, e depois começou a fazer experiências com êle. Colocou-lhe comida à frente e tocou uma campainha. A saliva começou a fluir imediatamente. Em seguida, depois de numerosas repetições desse processo, Pavlov tocou simplesmente a campainha, sem dar comida alguma ao cachorro. A saliva correu como dantes. O cão tinha aprendido a associar o som duma campainha ao alimento. Era capaz de pensar!
Mas Pavlov estava apenas no começo de suas experiências. Êle ensinou seu cachorro e numerosos outros cães, a distinguir diferentes sons. Alguns destes provocaram secreção de saliva; outros deixaram o cão indiferente. Mas, coisa ainda mais estranha, Pavlov aprendeu que os cães podem diferençar várias figuras geométricas. Um círculo, por exemplo, provocava saliva, isto é, fazia-o sentir vontade de comer. Por outro lado, uma elipse, não produzia tais efeitos sobre êle.
Afim de ampliar seu campo de investigação, Pavlov preparou centenas de estudantes para colaborarem com êle. Alguns desses estudantes obtiveram resultados espantosos. Um deles provou, após repetidas experiências, que os caracóis podem pensar. Outro demonstrou que até mesmo os peixes podem distinguir diferentes sons e luzes.
E ainda dizemos que a era dos milagres acabou!
Watson
João B. Watson é um discípulo americano de Pavlov. Mas enquanto Pavlov trabalhava com cachorros, Watson fazia experiências com crianças. Beliscava-lhes os braços, puxava-lhes os dedos dos pés, esfregava-lhes fósforos nas solas dos pés, tudo no interesse da ciência. Procurava saber como procedem as crianças, debaixo de certas condições. Por isso se chama seu sistema psicológico, psicologia do procedimento ou behaviorismo, (de behavior, procedimento, conduta).
Watson crê que o procedimento de um homem através da vida depende d,o ambiente e de sua educação em criança. Como resultado de muitas experiências, chegou à conclusão de que os seres humanos só têm três emoções fundamentais: o medo, a cólera e o amor. E’ possível sustenta êle, reprimir o medo e a raiva de uma criança, e aumentar seu amor, dando-lhe o lar apropriado e a educação devida.
Em 1924, Watson dirigiu uma série de experiências entre 70 crianças, afim de saber quais os métodos efetivos para eliminar, ou pelo menos diminuir, a emoção do medo. O trabalho efetivo das experiências foi confiado a Maria Cover Jones.
A senhorita Jones experimentou os seguintes sete remédios contra o medo:
Primeiro, tentou proteger a criança contra o objeto que produzia o medo. Este método não fez efeito. Não podeis proteger um ser humano toda a vida.
Em segundo lugar, a senhorita Jones tentou arrazoar com a criança. Este, também, não deu resultado. Não podeis convencer uma pessoa de que não deve temer um leão ou um relâmpago.
A senhorita Jones tentou, em seguida, familiarizar a criança com o objeto do medo. Esta resultou um pouco melhor que as outras duas experiências, mas não teve êxito completo. A familiaridade produz desprezo até certo limite, mas não elimina totalmente o medo.
O quarto método adotado pela senhorita Jones foi ò ridículo. Chamou a criança de "maricas" por ter medo. Mas isto foi pior que inútil. Em vez de diminuir o medo da criança, apenas aumentou-lhe a raiva.
Na quinta experiência, a senhorita Jones distraiu a atenção das crianças do objeto temido. Mas isto apenas ajudou-as a esquecer seu medo durante aqueles momentos. Não chegou a destruir o medo de todo.
E em seguida, a senhorita Jones tentou produzir um estímulo agradável, no mesmo instante em que o objeto desagradável do medo era apresentado. Uma criança teve medo de um coelho. A senhorita Jones colocou um apetitoso prato de comida, na mesa, junto da criança, e um coelho na outra extremidade. Este plano obteve êxito em alguns casos. A criança saboreou tanto a comida que se esqueceu do medo do coelho. Em outros casos, porém, o plano produz justamente o efeito contrário. A criança ficou com tanto medo do coelho que se esqueceu da comida.
Finalmente a senhorita Jones recorreu ao remédio social. Os seres humanos são animais imitadores. Toda criança gosta de fazer o que as outras fazem. Mostrai a uma criança que as outras não têm medo e, em consequência, cessará de ter medo. Este método foi o mais bem sucedido de todos.
Essas e muitas outras experiências levaram o dr. Watson à convicção de que é possível transformar o grupo médio das crianças em homens e mulheres de primeira classe, por meio da educação social. Um ambiente saudável e correta educação, sustenta êle, muito contribuirão para produzir uma raça superior.
Fonte: Maravilhas do conhecimento humano, 1949. Tradução e Adaptação de Oscar Mendes.
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