Filosofia e comunicação da arte barroca



FILOSOFIA E
COMUNICAÇÃO DA ARTE BARROCA

por José Geraldo Vidigal de Carvalho

Síntese

O objetivo deste capítulo é enfocar o Barroco Mineiro numa
tentativa de abordagem de sua mensagem sob ângulo ainda não visualizado pela
crítica. A partir de uma realidade que existe, sob o prisma da filosofia da história, uma
interpretação dentro da filosofia da
arte
.

Partindo das premissas de que a obra
de arte é o reflexo da essência do ser
e o artista é um ser situado, passa-se às análises. Uma visão
global do Barroco
revela que o
artista
estava, neste caso, lançado numa situação histórica atormentada que
imergia numa tensão existencial.
Tenta-se pinçar então o caráter
essencial
desta arte, isto é, seu significado marcante.

De acordo com a teoria de Taine, a arte, sendo
a manifestação máxima da consciência comum, deve concretizar num personagem que condensa o tipo ideal, a
alma de toda uma sociedade, como fruto de acurada pesquisa.

No que tange ao Barroco Mineiro
tal personagem é o santo. Os fundamentos desta análise indicam que a
representação da figura de Cristo e dos santos tem, na arte barroca mineira,
peculiaridade que, singularmente, a distingue. Trata-se da expressão de valores
específicos. É o somatório da aspiração suprema da liberdade, da proteção
contra o opressor, do desabrochar para a vida encarnado numa característica
geral.

Conclui-se que o Barroco foi um
processo artístico desencadeado num contexto específico e que,

em Minas Gerais, fez
aparecer, através do santo, todo um estado de espírito. Isto tornou esta região
mineradora profundamente democrática e elevou a massa colonial a povo, pois
o povo é a massa que supera a miséria, a escravidão, o analfabetismo.

O Barroco Mineiro, que gravitou em
torno do santo, mobilizou energias e implantou uma decisão.

Arte e comunicação

Através da Arte se dá uma profunda
comunicação, dado que pela arte o ser
humano tem capacidade de pôr em prática suas idéias,seus sentimentos, valendo-se da faculdade de dominar a matéria.

Abordamos aqui a Arte Barroca
Mineira, pois Minas Gerais se gloria de possuir um acervo artístico no qual
esplende em plenitude a mais profunda manifestação cultural que se pode dizer
genuinamente brasileira.1

O Barroco Mineiro distingue-se do
barroco europeu que no Brasil se manifestou no litoral.2 Recebeu
aqui peculiaridades próprias e se fez expressão, através de uma morfologia
específica, de valores marcantes de uma nova mentalidade, portador de uma
ideologia típica.3 Fixou um instante gnósio-formal fulgurante na
evolução do pensamento pátrio. No bojo das obras mineiras está a comunicação de
um exuberante otimismo, de um palpitante amor à vida, do culto da liberdade, da
repulsa à opressão, contrastando com o sentimento de morte subjacente em tantas
realizações européias.4

O objetivo deste capítulo é
enfocar o Barroco Mineiro numa tentativa de o interpretar sob ângulo ainda não
observado pela crítica.

Não se trata de uma formulação
dogmática.

Ao considerar uma realidade que
fala, sob o prisma da filosofia da
história,
uma apreensão dentro da filosofia
da arte
Gilberto Freyre ensina como “… grande parte do não eu só se deixa esclarecer pelo eu do indagador, pelo seu poder de
compreensão, de empatia, digamos mesmo imaginação ¾ imaginação científica e
mesmo poética ¾ e não apenas pelas técnicas de experimentação e mensuração”.5 Importa, então, perceber o teor humano transmitido através de uma obra de arte,
perquirindo-lhe caracteres particulares. É este o papel da filosofia: detectar
o âmago do conhecimento das coisas. A filosofia não cria os fatos, mas os
depara através da história e então procura compreendê-los, captando aspectos
que até conduzem a uma mais exata visão de um povo, possibilitando estabelecer
uma real ontologia que leva, inclusive, a explicar os destinos nacionais.

No Barroco Mineiro, devidamente
dimensionado, cumpre atinar seu significado mais recôndito, penetrar o universo
de suas significações, objetivando não uma exegese sumária, mas buscando uma
intuição de uma mensagem que sintetiza um período importante de nossa cultura
histórica e artística, ultrapassando o simples plano descritivo, tentando
devassar-lhe sua riqueza ontológica.6

Premissas

Obra de arte: reflexo
da essência do ser

A criação artística surge de uma
formulação íntima. A obra de arte é produto da alma inteira do artista. A arte
é virtude intelectual. É ato humano e, por isto, denso de sentido. O artista
expõe todo um conjunto de inter-relações de dependências, isto é, comunica sua
lógica, sua maneira de observar as coisas e, em síntese, exprime o ser
existente, sua estrutura, pois a produção artística promana da razão humana. É
algo inteligenciado.

Por intermédio da arte se dá a
mais expressiva das comunicações, a tertúlia entre espíritos, pois qualquer
obra de arte é a forma superior da linguagem, em dupla função racional: eclosão
viva de termos intelectivos, que, como tais, podem ser possuídos do mesmo modo
por muitos homens e ser imagem refletida, mas fiel, de quem os concebeu e
tornou manifestos. É uma vivência pessoal em que é possível averiguar a
essencialidade do valor, ou seja, a concretização ideal em presença real que,
numa morfose especial, acentua a apercepção e enriquece com novos dados,
resultando o “urphaenomenon” a ser apreendido. Comunicação exterior que,
primeiramente, invade o campo da intersubjetividade e, em seguida, caminha para
a transubjetividade. Resultado tudo isto da tensão irrecusável entre pessoa e
cosmos, entre individualidade, socialidade e cultura. Donde um processo
interativo todo ele feito de comunicação entre o real, o ideal e o real
espiritualizado, porque prenhe de conteúdo que explica o que é fora do
indivíduo e o que está dentro dele e
vai a outros espaços interiores, num intercâmbio complexo das objetivações de
exigências, provenientes de toda força subjetiva e intersubjetiva, individual e
social, de um contato que clama por diálogo, que exclui o monólogo
esterilizador. O eu que tenta chegar
ao tu para vincular uma série
intrincada de laços entre o ideal e o real, entre a pessoa e a sociedade. Daí
emana, em correntes superabundantes, repletas de significados espirituais, uma
linguagem que é tanto mais sua quanto elaborada nos escaninhos de um mundo lá
de dentro que se extravasa com toda a potencialidade do mais humano meio de
comunicação que é a reprodução artística, pois há uma hipótese da idéia em
universo de realidade meta-empírica e meta-histórica, manifestando sempre
instantes existenciais. É que a
admirável comunicação da ciência do belo flui do âmago daquilo que existe.
Organiza-se eideticamente, expressa-se formalmente e leva à estesia,
impregnando o interlocutor de conceitos à medida que ele alcança esta
experiência da estese, na metamorfose de impressões em expressões que geram
novas impressões que se iluminam no belo e se transfiguram para a eterna
interlocução. O próprio Deus é o primeiro comunicador. As maravilhas que esmou
mundo todo patenteiam o Artista Supremo a dialogar com suas criaturas. O
filósofo da arte refere então fatos, evidenciando como se produziam, vai às
causas e investiga notas qüididativas, certo de que há algo a ser recebido e
transmitido. O artista modifica a relação das partes, dá a elas determinada
acepção que possui uma intenção intrínseca, que transmite uma idéia. É tarefa
do filósofo descobrir tudo isto, tentar atingir o caráter essencial, dado que este é a essência mesma da obra de
arte, o ponto de vista basilar que o artista quer levar a outrem. Esta forma
essencial está plena de signos. Muitas vezes o artista interfere na forma,
porque anseia comunicar. Neste diagnóstico a certeza de que na vida estética
vai implícito algo da qüididade espiritual do homem é luz que orienta.

O artista: ser situado

Além desta premissa se deve
levantar outra: o homem é e será um ser situado. É sempre influenciado pelos
valores de sua cultura e de seu momento histórico. A concepção artística retém
sempre um fundo ideológico, porque o artista não está indene ao que satura um
determinado contexto. Há necessária e exata correspondência entre a obra e o
ambiente em que foi produzida. Cada situação condiciona um estado existencial
vivido. O artista, irreversivelmente, traz à tona necessidades enraizadas no complexo civilizado em que vive. Há
adequação entre a arte e o desenvolvimento intelectual de uma época. Conexão
causal entre o meio, o tempo e a obra de arte. O estado de espírito de um
período envolve o artista. No dizer de Taine qualquer obra atravessa os séculos
comunicando a voz solitária de seu autor, ainda que distanciado pelos anos “mas
junto a esta voz sonora, vibrante, que fere nossos ouvidos, percebemos o surdo
murmúrio, vago rumor, a voz imensa, infinita e vária de todo um povo que
entoava com seus artistas um canto
uníssono”.7 Interesses comuns, idéias subliminares que ostentam o
mesmo ideal, por vezes ainda não claramente definido, podem ser hauridos
através das obras sendo elas mesmas sintoma de uma mudança.

Análises

Visão global

O artista barroco estava imerso
num contexto atormentado que o lançava numa tensão existencial. O homem barroco
era “agônico, perplexo, dilemático, dilacerado entre a consciência de um mundo
novo… e as peias de uma estrutura anacrônica que o aliena das novas
evidências da realidade”.8 O movimento histórico do barroco obedece
à inspiração dos motivos econômicos que levaram à cristalização do
mercantilismo que já revelara em si o esboroar do mundo medieval. Nova situação
surgia em meio a intenso conflito religioso. Uma arte original aparece
exprimido as tendências atuantes. Daí o significado
político
do Barroco9, havendo estrito liame entre esta arte e o
absolutismo, fazendo entrever um típico exibicionismo através de virtuosidade
incrível, da técnica refinada, da deformação das formas naturais. O significado religioso10,
pois a arte barroca se identifica com uma ideologia que é a da Contra-Reforma.
O significado socioeconômico11,
apontando o mercantilismo que palpita nas várias modalidades do barroquismo.

Tudo isto pode conduzir o filósofo
da arte a penetrar no universo barroco e a vislumbrar nele os mais variados
tipos de comunicação.

Sob o ponto de vista lógico o Barroco é sinal ponderosamente
significante. É um mundo formal. Manifesta, com profusão de recursos estéticos,
beleza que desce para iluminar os objetos dos sentidos com o esplendor de
formas perenes. É por excelência visual: um espetáculo para os olhos. É uma
reinterpretação do axioma aristotélico “nil
est in mente quod prius non fuerit in sensu”
. A possibilidade humana de
abstração de uma idéia leva o ser racional a se expressar, a se comunicar. Esta
comunicação é tanto mais perceptível quando passa pelas faculdades sensoriais.
Eis por que singularmente comunicativa é a arte barroca. Com propriedade,
através de formas, o artista barroco expõe toda uma gama imensa de valores que
podem ser captados por um processo altamente lógico.

Saliente-se, além disto, a faceta
metafísica: o barroco é arte que liga o homem e Deus, o finito e o Infinito, a
criatura e o Criador, o terreno e o Eterno. Este dualismo, que lhe é inato, faz
dela uma via luminosa que leva de valores sensíveis a valores transcendentais.
Isto nos domínios da teodicéia.

Sob o ponto de vista ontológico, já agora numa referência
direta ao Barroco Mineiro, esta arte indica a ânsia de emancipação de um povo,
faz surgir sob maneiras inéditas, arrojadas12, originais, um
ser-no-mundo diferente. Fornece, deste modo, elementos para nova ontologia do
homem brasileiro, olhado não tanto pelo aspecto da cordialidade, mas da
liberdade, avesso a modelos estrangeiros, dotado de conata criatividade,
contrário a qualquer tipo de coação.13 O Barroco Mineiro formou um
senso crítico consciente que desabrolha na Conjuração de 1789.

Sob o enfoque cosmológico entrevemos o barroco valorizador da realidade
extradivina, fazendo contemplar uma ordem num conjunto aparentemente violentado
pelas distorções. Todavia, muitos precipitadamente o analisaram antes de
Wolfflin e Burckhart como símbolo de desordem, aberração. É tipicamente arte
situada num universo cuja ordenação só é percebida por quem vai além do que
aparece.

Sob o ângulo psicológico predomina no Barroco o sentimento. No que tange ao
Barroco Mineiro há uma imersão na vida. É arte eminentemente existencial. É um
estado de espírito.

Sua ética irradia uma projeção para um culto autêntico à divindade.14 É uma
reação ao poder absoluto. Ensina que a natureza deve estar a serviço do homem.15

Isto numa visão global que induz a
ligação do filósofo com esta arte que traz consigo, assim, denso conteúdo.

Caráter essencial

É preciso, porém, inquirir qual o
caráter dominante do Barroco. Segundo Taine a arte, sendo a expressão máxima da
consciência humana, se concretiza num personagem, que condensa o tipo ideal, a
alma de toda uma sociedade. Este personagem é “o modelo que seus contemporâneos
celebram e admiram. Na Grécia é o efebo desnudo de formosa progênie, destro por
toda sorte de exercícios corporais. Na Idade Média, o monge extático e
cavaleiro enamorado. No século XVII, o perfeito homem da corte. Em nossos dias,
Fausto ou Werther, triste e insaciável”.17 E no caso do Barroco
Mineiro? Após madura reflexão eis aqui uma possível solução: é o santo. As imagens religiosas da Virgem
Maria, de Santo Antônio, de São Francisco, de São Sebastião, do Padroeiro da
Vila e de outros, sobressaindo a figura de Cristo, se multiplicam, exatamente
pateenteando um personagem que é
como leit motiv dos artistas os
quais se esmeram por apresentá-lo por ser em torno desta pessoa notável que
gira o interesse geral. É o tema central. A qüididade mesma do Barroco Mineiro.
Isto é índice de toda uma situação antropológica expressivamente significativa.
Armazena propensões, inclinações de todo um grupo humano. É que o santo é
símbolo de proteção e se vivia numa
sociedade escravocrata, elitista, absolutista. O santo já está na glória,
portanto, livre, modus essendi ardentemente
desejado por um povo sofredor como o era
a população colonial. O santo é então visto em instante de glorificação.18 É uma contestação da estrutura opressora. É modelo de luta contra o sistema que
oprime. Ele se sacrificou pelos outros. Possui a plenitude da vida. O santo é
uma lição ao dominador, pois é
vitoroso. Vitupera os poderosos19 e ampara os humilhados.

Fundamentos da análise

Mesmo que se considere que sempre
se representou Cristo e os santos, na hermenêutica da obra barroca mineira, ao
se determinar seu caráter essencial, depara-se com uma manifestação peculiar.20 Trata-se de expressão de valores distintos. É um somatório da aspiração superna
da liberdade, da custódia contra quem escraviza, do desabrolhar para a vida,
encarnado numa característica generalizada. Dutra de Moraes foi feliz ao
asseverar que “os Cristos do Aleijadinho não se abandonam à fraqueza humana.
Exibem, com resignação, um sentimento consciente da vitória do Homem-Deus,
intangível à dor e aos ultrajes, rosto jovem, olhar de profunda melancolia,
anatomia impecável, veias entumecidas e somática viril, de que emana o
esplendor místico da glória”.21 O Cristo glorioso22 é sublime. Outro23 alardeia
até o “orgulho do atleta, vencendo a morte”.

Acrescente-se que o Concílio de Trento
imprimiu um rumo diverso à História e o Barroco exprimiu a conseqüente atitude
religiosa, tanto que a propagação do Barroco acompanha no espaço os sucessos da
Contra-Reforma. Ora, o Concílio de Trento incentivou o culto aos santos,
apresentados como aqueles que salvam.25 Libertação não psicológica,
mas ontológica. O povo perseguido da Colônia corporificou, através da arte
tridentina, seus mais recrescentes anelos. Compendiou no santo seus desejos
supremos.

Conclusão

O Barroco foi inspirado pela
Contra-Reforma, alimentado pelo absolutismo, embasado no mercantilismo e,

em Minas Gerais, expressou
através do santo, todo um estado de
espírito. Isto tornou a sociedade mineradora profundamente democrática e elevou
a massa colonial a povo pois povo é a massa que
supera a miséria, a escravidão, o analfabetismo. O barroco Mineiro, que
gravitou em torno do santo, mobilizou um conjunto de mestiços que revelaram a
pujança intelectual de um povo.26 O Barroco com sua vigorosa
mensagem implantou uma decisão.

Notas

1     Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho. O Barroco como expressão
religiosa e cultural do Brasil-Colônia,
Viçosa, Imprensa Oficial,
1970.p.19.

2     Idem, ibidem. p.7.
3     Tomamos o termo ideologia como o conceituamos in Ideologia e Raízes Sociais do Clero da Conjuração Século XVIII Minas Gerais, Imprensa Universitária,
Viçosa, 1978.p.10. Ideologia é aqui considerada como o resultado de uma
conjuntura. A evolução dos acontecimentos condiciona situações novas e delas
surge um sistema de idéias. Este engendra pontos de referências comuns que
giram em torno de interesses de um grupo de homens, conduzindo-os à ação
ideologia estendida então
para “o nível das representações entranhadas em qualquer ação humana”. Sartre
assim a define: “É um pensamento sintético que os fatos sociais produzem em nós
e que tenta por sua vez uma mesma visão”. Segundo Stein “a ideologia no âmbito
político, econômico e social é sempre uma tentativa de realizar uma visão do
mundo incoativamente possuída ou claramente determinada, procurando objetivá-la
com suas verdades na história. A ideologia contém verdades remotas da visão do
mundo, dentro de um esquema concreto do projeto que visa transformar a
realidade social, política e econômica”. Trata-se, com efeito, da perspectiva
de uma nova ordem antevista por uma concepção diferente que intenta explicar a
transformação. Esta ocorre em virtude de inúmeros fatos e surge daí uma
filosofia que vai justificar a nova ordem… O indivíduo, por mais genial que
seja, não é indene ao meio, aos acontecimentos. O grupo social leva-lhe seus
quadros de pensamentos e atividades e, muitas vezes, é impossível não
absorvê-los.

4     Afrânio Coutinho, Do Barroco
ao Rococó in A literatura no Brasil, vol.
I, Rio de Janeiro, Editorial Sul Americana S.A., 1968.p. 143.

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5     Gilberto Freyre, Sociologia, Rio de Janeiro, 1945,
vol.I.p.12.

6     As referências serão feitas
às obras do Aleijadinho porque ele “exerceu tal domínio, que não há, ao seu
redor, outro estilo senão
o seu”. Cf. Germain Bazin; O Aleijadinho, Record, 1971.p.177.

7     Hipólito A. Taine, Filosofia del Arte, Espasa-Calpe S.A.,
Madrid, 1968.p.17.

8     Affonso Ávila, O poeta e a consciência crítica, Editora Vozes Ltda. 1969.p.17.
9     Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho, op.cit.p.3.

10 Idem, ibidem.
11 Idem, ibidem.p.4.
12 “A somática dos personagens
do Aleijadinho, que já vimos em relação à talha, responde a esse sentido de
energia: corpos atarracados, músculos vigorosos, cabeças viris, olhares
arrogantes, mãos e pés largos, o que em parte alguma se exprime melhor que nos
brasões dos estigmas de Ouro Preto e de São João del-Rei”. cf. Germain Bazin,
op.cit.p.166.

13 O artista mineiro libertou-se
até do império despótico do decorativo. Consciente ou inconscientemente era
também uma libertação do splendeur, marca do absolutismo: “A arte ornamental está tão afastada do estilo afetado do
Alentejo e de Lisboa como do lirismo anárquico do Minho-Douro”. cf.Germain
Bazin, op.cit.p.170.

14 “A inspiração artística é um ato de desdobramento. O
Criador faz seu aquilo que ele representa. Explica-se não ser sempre necessário
a um artista crer para ser um artista cristão”. cf. Germain Bazin.p.184. Os
artistas barrocos mineiros, porém, faziam suas obras como um ato de devoção,
participando com todo seu ser naquilo que representavam. Daí a onda de
religiosidade que envolve quem imerge no mundo barroco mineiro.

15 Na arte barroca há até uma
visível dominação dos objetos, uma violação dos mesmos, ostentando mesmo uma
ausência de naturalidade. Cf. Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho, op.cit.p.26.

16 Hipólito A. Taine, op.cit.p.79.
17 Idem, ibidem, p.79-80.
18 cf. nota 19 infra.
19 Sob este aspecto os Profetas
de Congonhas são sumamente expressivos. “Vencedor do leão, Daniel, cingido com o louro, está representado como herói, ciente
de sua força… Abdias, de braço
estendido, ergue para o céu o dedo de justiceiro… Prolongando o gesto de
Ezequiel, Habacuc ergue o braço para
amaldiçoar…” cf. Germain Bazin. p.283. Aliás “o protesto contra a segregação
racial dentro das igrejas aparece no presépio do mestiço, onde um negro adora o
Menino, porque também é filho de Deus”. Cf. Leila Vidal Gomes da Gama, A ânsia
de libertação no barroco mineiro do Aleijadinho in O Estado de Minas, 2a seção, 4.09.1976.p.1.

20 “Os maiores entre os artistas que pintaram ou
esculpiram o Cristo não procuraram fazer uma obra pessoal”. cf. Germain Bazin, op.cit.p.183. A criação do Aleijadinho
é inteiramente pessoal. O mesmo autor mostra como difere um São Joaquim da
Idade Média, representado em êxtase ou como o fez Joseph Holzinger (Altar
Lateral da igreja de Metten) como um ancião enlouquecido diante da alvissareira
notícia dada pelo anjo de que Ana, a esposa estéril, seria mãe. O São Joaquim
do Aleijadinho revela um estado de euforia. Está inebriado de júbilo. Irradia
otimismo. São João da Cruz é mostrado com o ar de “jovem clérigo partindo para
a conquista da vida”. cf. idem, ibidem.p.188.

21 Geraldo Dutra de Moraes, op.cit.p.67.
22 Germain Bazin, op.cit.p.271:
“Nos últimos anos do século “galante” no momento em que a Revolução Francesa
toma a Europa de assalto, num país perdido, do outro lado do Atlântico, um
mestiço paralítico das mãos ainda por cima, produz esta obra sublime, a última
aparição de Deus evocada pela mão do homem!”
Escultura sob o arco de
entrada da fachada da Igreja de São Francisco, de São João del-Rei.

23 Púlpitos de Ouro Preto e de
Sabará.

24 Germain Bazin, op.cit.p.256.
25 Catecismo Romano Catecismo dos Párocos, redigido por decreto do
Concílio Tridentino
Editora Vozes, Petrópolis,
1951.p.412.

26 Em 1780, metade da população
mineira estava ocupada em fazer música. As associações religiosas foram um
centro de concentração de valores. A mentalidade colonial expressa pelo barroco
está, além disto, densa de nacionalismo, de brasilidade, o que revela um
estágio superior de uma população.

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