O PLANALTO: DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA CAFEEIRA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS. A ARISTOCRACIA DO CAFÉ. IMIGRAÇÃO.

O PLANALTO (CONTINUAÇÃO): DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA CAFEEIRA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS. A ARISTOCRACIA DO CAFÉ. IMIGRAÇÃO.

Professor Brasil Bandecchi – 1970.

Julgamos necessário, e mesmo indispensável, que antes de falarmos do café no Planalto, se diga alguma coisa sobre sua introdução no Brasil e sua cultura, no Rio de Janeiro.

A maior consagração oficial que o café recebeu, no Brasil, foi quando, da proclamação da nossa Independência, os heraldistas introduziram o famoso produto como um dos símbolos pátrios. Passou a figurar em nossos brasões.

As cinco quinas lusas deram lugar ao ramo de café.

Está aí, o café, como um dos símbolos das lutas da nossa emancipação, como haveria de ser o mais forte esteio da luta pela nossa independência econômica.

Oficialmente, o café entrou no Brasil em 1727, vindo da Guiana, pelas mãos do oficial brasileiro Francisco de Melo Palheta, o qual recebeu algumas sementes e mudas da esposa do governador daquela possessão francesa.

Melo Palheta foi homem de valor, atingiu o posto de sar-gento-mor do exército português, o que equivale, hoje, a major. Quando se diz ou escreve seu nome, êle logo se associa ao café. No Norte, embora distribuídas as mudas e os grãos em condições de germinar, não teve maior repercussão econômica, o que haveria de acontecer no Rio de Janeiro, em 1760, quando o desembargador João Alberto Castelo Branco, transferido do Pará para a futura capital da nação, trouxe consigo algumas mudas.

Afonso de E. Taunay informa:

"Deu-se, segundo parece, em 1760 a chegada das mudas do chanceler Castelo Branco ao Rio de Janeiro.

Pretendem alguns autores que o primeiro cultivador da ru-biácea em terras fluminenses foi o holandês João Hoppmann, dono dc grande chácara em Mata-Porcos, então nos subúrbios do Rio.

Dizem outros que esses pioneiros da cafeicultura foram os capuchinhos italianos, ou Barbónos, em sua chácara, hoje desaparecida, pois corresponde a uma parte do coração da cidade.

O ilustre botânico Freire Alemão perfilha esta versão. Documentou-a, contando que a plantação dos capuchinhos foi de 1762 e a de Hoppmann de 1770 e realizada a instância do vice-rei marquês do Lavradio.

Em 1782, o cónego Januário Barbosa conheceu duas árvores da primitiva plantação dos capuchinhos, testemunhou-o quarenta anos mais tarde."1

No Rio de Janeiro começa a nova etapa de sua cultura.

Nos primeiros tempos, também no Rio não se dava ao café a importância merecida.

A primeira fazenda de café, ao que tudo indica, foi a do padre Antônio do Couto Fonseca, próspero plantador de cana, e que depois de algum êxito no cultivo da rubiácea, voltou, sem se saber qual o motivo, para a sua antiga lavoura. Assim mesmo, foi um benemérito, pois que distribuiu sementes de café a diversos interessados.

Com a chegada de D. João, em 1808, a cultura do café toma novo rumo. Incentivou sua cultura de tal forma que em 1820 o Rio de Janeiro exportou 97.500 sacas do produto e, 10 anos depois, sendo o Brasil independente há apenas 8, o mesmo porto exportava 391.785 sacas.

Os municípios que mais produziam eram Vassouras, Canta-galo, Valença, Paraíba do Sul etc. O café se transformou em notável fonte de riqueza, e logo a maior do Brasil. Já em 1850 a produção chegava a 1.343.484 sacas e, passados 10 anos, em 1860, atingia 2.127.219. Isto no Rio, até que São Paulo assumiu a liderança, tornando-se o maior produtor de rubiácea do mundo.

Do Rio, o café se irradiou para as províncias de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Atualmente, Paraná.

O período áureo do café no Rio foi a década de 1860-1870, e Vassouras foi a capital do produto. Sobrepujou a cana-de-açúcar que dominava a lavoura.

Zaluar visitou a fazenda de Sousa Breves, ainda em território fluminense, e assim a descreve:

"A casa do sr. comendador José de Sousa Breves, na sua fazenda do Pinheiro, não é uma habitação vulgar de roça; é um palácio elegante, e seria mesmo suntuoso edifício em qualquer grande cidade. Situada sobre uma eminência, domina o vasto anfiteatro de montanhas que a circunda, e revê-se por assim dizer nas águas do orgulhoso Paraíba, que, poucas braças em frente, murmura seguindo o impulso de sua rápida correnteza. Duas pontes, que se encontram sobre uma ilha no meio do rio, dão passagem, mesmo em face da casa do sr. comendador Breves, de uma para outra margem. O aspecto que esta vista apre-senta é realmente pitoresco e faz um efeito admirável a quem contempla com olhos de artista."-

Junto à casa, um belo jardim subia pela colina próxima, e daí partiam duas amplas escadas de mármore que levavam a espaçosa varanda. Num grande salão, entre outras obras do arte, retratos de suas majestades, os imperadores do Brasil, pintados por Cromoeslston. Espelhos de Veneza, candelabros de prata etc, completam os valiosos adornos da casa.

A fazenda é realmente modelar. Possui boas estradas e o café é carregado em sólidos carros de boi e não por escravos, que estão empregados em outros serviços.

Mas não é só o comendador Sousa Breves que quer luxo e bom passadio. Taunay escreve:

"Vendo a prosperidade entrar-lhe pela porta, o lavrador fluminense tornou-se exigente. Quis luxo, melhor passadio, palacete na corte do Império e carruagem; era a aristocracia rural, em que numerosos titulares figuravam no nobiliário do novo império."

Lembra bem o grande historiador quando afirma que o café civilizava o segundo reinado.

Penetremos agora o território paulista e comecemos por conhecer o solo planaltino. O marechal Pedro Müller, em 1838, escreve:

"O território em geral é fértil e ameno: são por isso a maior parte dos habitantes agricultores; porém, a arte da agricultura tem feito pouco progresso; a extensão do terreno, proporcionadamente vasto para seus poucos habitantes, lhes presta meios de escolherem as melhores paragens, donde tirem proveito com manso trabalho. Os campos são destinados para criação de gados; as matas para a cultura, e tanto uns como outros ainda fazem seleção."

Diz que a queimada é um grande mal. E depois de se referir a algumas pequenas serras existentes, aos montes e aos campos naturais e às boas águas que os regam, faz referência ao terreno "para onde corre o rio Paraíba, e seus confluentes". Aqui, além dos "gêneros que plantam para alimento, como milho, feijão, arroz, e mandioca, fazem a força do seu comercio na cultura do café, assim também em aguardente, e tabaco, criação de porcos e gado vacum."3

O vale do Paraíba seria, em breve, a Canaã dos cafeicultores.

"A marcha progresiva da amplidão da lavoura cafeeira em São Paulo, onde tão notável preeminência viria a adquirir, no conjunto da universidade do produto, fêz-se de modo lento, por uma série de causas.

Sobretudo devido a duas circunstâncias de ordem primordial: a dificuldade dos transportes e o receio de grave fenômeno meteorológico: a geada.

Introduzira-se o cafeeiro em São Paulo pelas vias fluminenses do litoral e do planalto (…).

Em 1806 e 1807 haviam sido as exportações da capitania respectivamente 265 e 318 sacas (de sessenta quilos aproximadamente).

Provinha quase toda a exportação do litoral dos distritos de São Sebastião e Ubatuba, escrevia em 1814, o secretário da Capitania, Sousa Chichorro, ao governador conde de Palma.

Por esta época o gênero principal da exportação paulista era o açúcar que correspondera em 1797 a 20.108 sacas, baixara, em 1803, a quase dez mil sacas, para, em 1805, atingir a 23.500, caindo em 1807 a perto de 15.000, assim mesmo quarenta e tantas vezes mais do que o volume da exportação cafeeira."

Em 1835, São Paulo produzia, aproximadamente, 150.000 sacas de café, exportando para outros países, quase 96.500.

A grande força estava no Norte da Província, pois que esta produzia 72,48%, enquanto o litoral produzia 14,39% e o Oeste 13,13%.

No Oeste encontrava-se o grande espantalho: a geada.

Mas o espantalho seria vencido a partir de 1835.

"Depois de 1835, a cultura cafeeira começou a derivar-se para o chamado Oeste, onde vai estender-se rapidamente, favorecida pela terra-roxa e pelo clima adequado. Ainda em 1835-36 o município de Campinas, nessa fertilíssima região, produzia apenas 808 arrobas de café. Mas dentro em pouco, os fazendeiros, seduzidos pelos lucros da Lavoura cafeeira, a ela se dedicaram de preferência, abandonando a cana. De tal arte, já em 1850 a produção do referido município contava mais de 200.000 arrobas de café contra 160.000 de açúcar."4

Em 1854, o café já suplantava a cana-de-açúcar. Assim é que, para 2.168 fazendas daquele havia 667 desta, e o valor da produção do primeiro era de 10.461.173S000 enquanto a segunda era de 1.630.050S000 (açúcar e aguardente).

Na segunda metade do século passado, as vias férreas dariam à rubiácea tal expansão que, em breve, o Rio de Janeiro passaria para segundo plano e São Paulo dominaria, de modo absoluto, o mais notável setor agrícola do Brasil em todos os tempos. Em 1870 sua produção somava 3.342.251 arrobas. E o açúcar caiu tanto que, quase inacreditável, São Paulo passou a importá-lo de outras províncias.

"Quase no fim do regime imperial em 1884-85, quando a corrente imigratória principiou a tornar-se importante, a produção agrícola discrimina-se assim: Café, 9.779.151 arrobas; açúcar, 448.545 arrobas; aguardente, 160.000 hectolitros; algodão, 1.365.551 arrobas; fumo, 133.000 arrobas; vinho, 12.600 hectolitros; e quantidades não conhecidas de milho, feijão, arroz, batatas etc." (…).

O progresso agrícola de São Paulo, a contar das últimas décadas do século passado, foi enorme. "A imigração européia, duplicando a população, proporcionou braços suficientes para incrementar as culturas. As estradas de ferro, avançando pelas florestas e campos, deram transporte vantajoso e fácil à população crescente."5

O braço escravo foi, durante o período colonial e o império, o sustentáculo da nossa lavoura. Em São Paulo o braço era pouco c o transporte difícil. O braço era o escravo, que primeiro arroteou a terra. Depois veio o braço livre, o imigrante. A carga até ao evento da estrada de ferro foi transportada no lombo de burro. Na estatística agrícola do brigadeiro Machado, verificou-se a existência de 35.565 animais de condução. "Mas, contando-se os que existiam nas cidades e que formavam as grandes tropas dos tropeiros, o total de animais de carga devia exceder de 70.000."

Em 1868 foi inaugurada a São Paulo Railway Company, iniciativa do alemão Frederico Fomm, posteriormente encampada por Mauá, São Vicente e Monte Alegre, que cederam seus direitos à empresa britânica. Eram os primeiros 139 quilômetros que cobriam o solo paulista, indo de Santos a Jundiaí. Em 1872, a Companhia Paulista inaugurava a linha Jundiaí-Cam-pinas. Em 1873, a Ituana inicia o seu tráfego. Depois a Sorocabana, a Bragantina e, assim, São Paulo foi formando sua rede ferroviária por onde passou a circular a riqueza da lavoura, e principalmente, o café.

Antes da libertação dos escravos, São Paulo passou a receber imigrantes, que iam para as fazendas de café. Por esse motivo, a abolição não trouxe sérios problemas para São Paulo que pôde continuar o ritmo do seu trabalho, num crescente cada vez maior.

Ao mesmo tempo que São Paulo assumia a liderança da produção do café, o Brasil torna-se o seu maior exportador mundial, pois que de 1871 em diante forneceu ao mercado internacional 56,6% e no decênio de 1881-1890, 61,5%. Neste século manteve sempre margem superior a 50%, sendo que em 1921-1930, a percentagem chegou a 69,9%.

Tal como aconteceu no Rio de Janeiro, o café seria causa de grandes fortunas e, sustentáculo da economia brasileira, deu a São Paulo o grande impulso que o transformou no grande Estado da Federação, e sua Capital, numa das maiores cidades do mundo. A própria indústria nasceu do café.0

São Paulo, de cidade provinciana, se desdobrou em bairros que ostentam na riqueza de suas residências a magnificência da rubiácea. No Império o café fêz nobres e na República criou uma aristocracia. E na trilha do progresso, consolidou o velho espírito democrático das bandeiras, recebendo povos de todas as terras, irmanando-os na comunhão do amor, do trabalho, da inteligência e da cultura.

Imigração

"O desenvolvimento das nossas correntes imigratórias processou-se, como de sobra é sabido, muito lentamente. Portugal, país de pequena densidade territorial, pouco podia povoar sua imensa Colônia sul-americana. Sua população, no século XVI, quando muito, atingia uns quinze habitantes por quilômetro quadrado.

Daí, a imperiosidade de se recorrer ao tráfico escravo, para os reclamos de sua agricultura. Daí, a imposição que incorporou os milhões de africanos trazidos pelas navegações.

As tentativas de colonização branca foram quase nulas, como ninguém ignora. Duas houve mais sérias, como as que levaram a Santa Catarina e ao Rio Grande do Sul, alguns milhares de açorianos e madeirenses. Ou a que encaminhou para a Amazônia Setentrional os refugiados de Mazagão, recém-recuperada pelos marroquinos. A vinda de D. João VI, em 1808, para o seu vice-reinado americano, e, em 1815, reino ultramarino, provocaria a atenção dos dirigentes da monarquia para a necessidade do povoamento por colonos brancos.

Não podia Portugal, sempre despovoado, fornecer senão muito escassos elementos, sobretudo depois da terrível provação por que passou com as guerras napoleónicas.

Poucos ensaios ocorreram, portanto, utilizando reinóis. Cita-se, por exemplo, o caso de Casa Branca, em São Paulo, onde os colonos atirados irracionalmente, a verdadeiro ermo, não poderiam de todo prosperar, como era de esperar e de fato aconteceu. E, aliás, no Brasil o português se adaptou sempre mal às exigências da lavoura, como trabalhador do campo. A escravidão o afastava das culturas."7

A industrialização que se enunciava, embora pàlidamente, no Brasil, em princípios do século XIX e a Revolução Industrial que se sentia de uma forma marcante na Europa, levaram-nos a pensar em substituir o trabalho escravo pelo livre. Mas isto ficou no campo das pequenas iniciativas, pois a libertação dos escravos era ainda considerada remota, e a importação de produtos estrangeiros, devido à deficiência do nosso comércio interno, julgada satisfatória. Foi somente com a perspectiva mais firme da abolição, que se cuidou seriamente da imigração e isto no Sul.

Devido à visão de estadistas e particulares, e suas louváveis iniciativas, deu-se o povoamento da região Sul com imigrantes europeus, o que foi amplamente favorecido pelo clima, que em muito se assemelha às nações superpovoadas de então.

No Rio Grande do Sul, os primeiros colonos, no sentido de imigração orientada, foram os açorianos, que se localizaram no litoral.

No princípio do século XIX, porém, é que começou um movimento migratório mais considerável, com a chegada de alemães, italianos, eslavos e japoneses.8

A primeira colônia alemã no Rio Grande do Sul, foi fundada em 1824, denominou-se S. Leopoldo, e teve êxito. O mesmo não aconteceu com a do Rio Negro (Paraná) que, por ser de difícil acesso, fracassou. Em Santa Catarina organizou-se outra colônia com elementos dessa nacionalidade, a Pedro de Alcântara. E assim se estendeu a colonização alemã no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, até que em 1870, o governo prussiano proibiu a migração para o Brasil.

"Não mais podendo dispor do elemento alemão, resolveu o governo brasileiro solicitar a colaboração do italiano. Em 1870-71 aqui chegou a primeira leva que se localizou no planalto oriental, acima da primeira colônia alemã aqui fundada. Optando pelas terras da mata, próximas aos afluentes do rio Taquari, cuja altitude variava de 600-800 metros, fundam Caxias do Sul, Garibaldi e Bento Gonçalves. A videira aí cultivada se constituiu no principal fator do progresso, que logo se verificou."0

Concomitantemente vieram para São Paulo colonos italianos, na sua grande maioria procedentes do Sul da Itália, região de agricultores.

Como dissemos, a abolição da escravatura que se anunciava cada vez mais nítida, fêz com que os fazendeiros paulistas, com notável descortino, cuidassem de substituir o braço escravo pelo livre.

"Daí a corrente imigratória, sobretudo italiana, cada vez mais intensa, que encaminharam para o porto de Santos. E o empenho em localizar estes imigrantes, radicando-os nas lavouras cafeeiras. Era, aliás, antiga esta política, datava de decênios, inspirada pela clara inteligência e espírito filantrópico do senador Vergueiro, cujo espírito nobilíssimo aborreciam os processos da instituição servil."10

"Em São Paulo a influência de elementos estrangeiros na composição da população pode ser avaliado pela estatística dos imigrantes entrados do Estado durante o período de 1827 a 1921: italianos — 872.705; espanhóis — 332.072; portugueses — 295.802; austríacos — 29.019; diversos — 364.451."11

A partir de 1908, começaram a chegar imigrantes japoneses, tendo o maior número desembarcado entre 1920-1934. Localizaram-se em São Paulo e na Amazônia.

Em um século, o Brasil recebeu, aproximadamente, 5.000.000 de imigrantes, enquanto a Argentina recebeu 7.000.000 e os Estados Unidos 35.000.000, no mesmo período.

A atual legislação brasileira fixou a entrada anual de imigrantes até dois por centro sobre o número dos respectivos nacionais que entraram no Brasil nos últimos 50 anos da promulgação do decreto, que é de 1934, ou seja, de 1884 até aquele ano.

Foi criada uma exceção para os portugueses, que ficaram isentos de qualquer restrição numerária, pois que obedecida aquela porcentagem, o limite à imigração lusa seria de 22.991 pessoas.12

ENTRADA DE IMIGRANTES NO BRASIL NO PERÍODO DE 1819-1959

Portugueses ………………….. 1.718.541 31,04%

Italianos ……………………… 1.614.988 29,17%

Espanhóis ……………………. 694.140 12,54%

Alemães ……………………… 257.114 4,64%

Japoneses …………………….. 222.893 4,03%

Russos ……………………….. 125.688 2,27%

Diversos (com menos de 125.000 cada). 902.671 16,31% Total ………………………… 5.536.035 100,00%

ESTRANGEIROS E BRASILEIROS NATURALIZADOS EXISTENTES NO BRASIL EM 1950

Portugueses ……………………. 336.856 27,7%

Italianos ………………………. 242.337 20%

Espanhóis ……………………… 131.608 10,8%

Japoneses ……………………… 129.192 10,6%

Poloneses ……………………… 48.806 4%

Russos ……………………….. 44.669 4%

Diversas nacionalidades ………….. 148.771 16%

Total …………………………. 1.214.184 100%

Elaboramos os quadros acima com dados colhidos no livro Imigração, Urbanização e Industrialização, de Manuel Diégues Júnior.

AFRICANOS ENTRADOS NO BRASIL

Durante 350 anos, mais ou menos, entraram no Brasil 3.600.000 africanos, assim distribuídos:

Século XVI ………………….. 100.000

XVII ………………….. 600.000

XVIII …………………. 1.300.000

" XIX …………………. 1 600 000

Dados da obra Subsídios para a História do Tráfico Africano no Brasil, de Afonso E. de Taunay.

CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA 1819 A 1970

1819 (conforme Memória sobre a Igreja no Brasil) .. 4.396.000

1920 ( " ) ……………………… 30.635.605

1950 ( *’ ) …………………….. 51.944.397

1965 (estimativa do IBGE) ………………… 82.222.000

1970 (estimativa) ………………………… 94.000.000

Mário da Veiga Cabral dá-nos o limite máximo, anual, de entrada de imigrantes, por nacionalidade: espanhóis — 11.562; italianos — 27.475; japoneses — 3.480; alemães — 2.318; russos — 2.146; e poloneses — 2.035.

E esclarece: "Quanto às quotas dessas três últimas nacionalidades, bem como de todas as outras que não atingem 3.000 pessoas (como sírios, turcos, lituanos etc.) poderá o Conselho de Imigração e Colonização sempre que achar conveniente, elevá-la até esse número."13

De conformidade com a legislação, 80% dos imigrantes de cada nacionalidade deve ser encaminhado para a lavoura, onde deve prestar serviço, pelo menos, durante os quatro primeiros anos.

Esta disposição é sumamente importante e precisa ser rigorosamente aplicada, pois que o excesso de habitantes nas grandes cidades e o despovoamento do interior, ou melhor, das regiões agrícolas, têm trazido sérios problemas ao país. Aumentam as "bocas para comer e diminuem os braços para plantar."

NOTAS

  • 1 A Propagação da Cultura Cafeeiro, Edição do Departamento Nacional do Café, 1934.
  • 2 Peregrinação pela Província de São Paulo, São Paulo, 1945, 2? edição.
  • 3 Ensaio d’um Quadro Estatístico da Província de São Paulo, (reedição literal), São Paulo, 1923.
  • 4 — Paulo R. Pestana, A Expansão Econômica do Estado de São Paulo num Século (1822-1922), Edição da Secretaria da Agricultura de São Paulo, 1923.
  • 5 — Paulo R. Pestana, ob. cit
  • 6 — Sebastião Sampaio, Os Congressos Mundiais do Café, Edição do A. fora de comércio.
  • 7 — Afonso de E. Taunay, Pequena História do Café do Brasil, D. N. C. 1945.
  • 8 Geografia do Brasil (Roteiro de uma Viagem), organizado por Antônio Guerra e Eloísa de Carvalho. I.B.G.E., Rio de Janeiro, 1960.
  • 9 — Idem.
  • 10 — Afonso de E. Taunay, idem.
  • 11 — Paulo R. Pestana, ob. cit.
  • 12 — Resolução n? 34, de 22 de abril de 1939, do Conselho de Imigração e Colonização.

Excerto do Material Didático Didática Irradiante.

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