Pré-Socráticos

FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS  

     Os pré-socráticos são filósofos que viveram na Grécia Antiga e nas suas colônias. Assim são chamados pois são os
que vieram antes de Sócrates, considerado um divisor de águas na filosofia.
Muito pouco de suas obras está disponível, restando apenas fragmentos. O
primeiro filósofo em que temos uma obra sistemática e com livros completos é
Platão, depois Aristóteles. São chamados de filósofos da natureza, pois
investigaram questões pertinentes a esta, como de que é feito o mundo. Romperam
com a visão mítica e religiosa da natureza que prevalecia na
     época, adotando uma forma científica de pensar. Alguns
se propuseram a explicar as transformações da natureza. Tinham preocupação
cosmológica. A maior parte do que sabemos desses filósofos é encontrada na
doxografia de Aristóteles, Platão, Simplício e na obra de Diógenes Laércio
(século III d. C), Vida e obra dos filósofos ilustres. A partir do século VII
a.C., há uma revolução monetária da Grécia, e advêm a ela inovações
científicas. Isso colaborou com uma nova forma de pensar, mais racional. Os
pré-socráticos inspiraram a interpretação de filósofos contemporâneos como
Nietzsche, que nos iluminou com a sua obra A filosofia na época trágica dos
Gregos e Hegel, que aplicou seu sistema na história da filosofia.
Leia aqui alguns Fragmentos
pré-socráticos
.

     Tales de Mileto-
     Anaximandro-
     Anaxímenes-
     Pitágoras-
     Xenófanes
     Heráclito-
     Parmênides-
     Zenão de Eléia-
     Empédocles-
     Anaxágoras-
     Leucipo de Mileto-
     Demócrito-
 
 

 Tales de Mileto

Tales de Mileto – (+ ou- 640-548 a. C)
Tales é considerado o pai da filosofia     grega, o
primeiro homem sábio. Foi um homem que viajou muito. Os   pensadores
de Mileto iniciaram uma física e uma cosmologia. O universo era  
considerado um campo com pares opostos das qualidades sensíveis. É de
Tales   a frase de que á água é a origem de todas as coisas. Tudo
seria alteração da  água, em diversos graus. O alimento de toda a coisa é
úmido. Aristóteles afirmou que ele foi o primeiro a atribuir uma causa material
para a origem do  universo. Também era matemático, geômetra e físico. Aparece
nas listas dos Sete Sábios da Grécia. Outra frase que pode ser dele é a de que
tudo está  cheio de deuses, ou seja, a matéria é viva. Dizem que previu um
eclipse solar e  calculou a altura de uma pirâmide. Em Aristóteles há um
trecho dizendo que era sabido ser uma afirmação de Tales que a alma é algo que
se move. Teve como  discípulo Anaximandro.
 

 Anaximandro

Anaximandro – (+ ou – 610-547 a. C) é
um filósofo da escola jônica, natural de    Mileto e discípulo
de Tales. Foi geógrafo, matemático, astrônomo e político.   Escreveu
um livro, Sobre a natureza, que se perdeu. É considerado autor de  
um mapa do mundo habitado e iniciador da astronomia. Afirmou que a origem de
todas as coisas seria o apeíron, o infinito. O mundo se dissolveria
nele    também. É apenas um mundo dentre muitos. Ao contrário de
Tales não deu à  gênese um caráter material. O apeíron é eterno e indivisível,
infinita e indestrutível. O princípio é o fundamento da geração de todas as
coisas, a ordem do mundo evoluiu do caos em virtude deste princípio. Teve
como  discípulo Anaxímenes.

 Anaxímenes

Anaxímenes – (+ ou – 588-524 a.C.) foi
um filósofo da escola jônica, que tem  como característica básica explicar
a origem do universo ou arché a partir de  uma substância única
fundamental. Refutando a teoria da água de Tales, e do ápeiron de Anaximandro, Anaxímenes
ensinava que essa substância era o ar     infinito, pneuma
ápeiron
. O universo resultaria das transformações do ar, da sua rarefação,
o fogo, ou condensação, o vento, a nuvem, a água e a terra e por último pedra.
Esse era o processo por qual passava uma substância primordial, e resultava na
multiplicidade, os quatro elementos. O ar tinha o eterno  elemento.
Escreveu uma obra, como Anaximandro: Sobre a natureza.    
Dedicou-se à  meteorologia, foi o primeiro a considerar que a lua recebe a
luz do  sol. Era companheiro de Anaximandro. Hegel diz que Anaxímenes
ensina que nossa alma é ar, e ele nos mantém  unidos, assim um espírito e
o ar mantém unido o mundo inteiro. Espírito e ar são a mesma coisa.
         A substância da origem volta a
ser uma coisa determinada como em Tales.  Anaxímenes identificou o ar
talvez porque tenha visto seu movimento  incessante, e que a vida e o ar
andam juntos, na maioria dos casos. A respiração é um processo vivificante,
dependemos dela durante toda a nossa vida. Ele via     que
no céu existem nuvens, e que a matéria possui diferentes graus de solidez.
         Outra frase que consta nos
fragmentos é "O sol largo como uma folha".
 

Pitágoras de Samos

 Pitágoras

Pitágoras – (século
VI a.C.) Conhece-se muito pouco sobre a vida desse filósofo, pois foi uma
figura legendária, e é difícil distinguir o que é verdade e o que é mentira.
Nasceu em Samos, em uma época em que na Grécia estava instituído o culto ao
deus Dioniso. Os órficos (de Orfeu) acreditavam na imortalidade da alma e em
reencarnação (metempsicose), e para se livrar desse ciclo, necessitavam da
ajuda de Dioniso, deus libertador. Pitágoras postulou como via de salvação em
vez desse deus, a matemática. Acreditava na divindade do número. O um é o
ponto, o dois determina a linha, o três gera a superfície e o quatro produz o
volume. Os pitagóricos concebem todo o universo como um campo em que se
contrapõe o mesmo e o outro. É de Pitágoras o teorema do triângulo retângulo.
Fundou uma seita, em que a salvação dependia de um esforço humano subjetivo, e
que tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as
coisas segundo sua doutrina, e são a verdade eterna. O número perfeito é o dez,
por causa do triângulo místico. Os astros são harmônicos. Foi Pitágoras que
inventou a palavra filosofia – (amizade ao saber).
        A escola de Pitágoras gerou os pitagóricos,
que procuraram aperfeiçoar o sistema filosófico original. Eles floresceram em
uma colônia grega na Itália. Pregavam o ideal da salvação do homem, tinham um
caráter místico e espiritualista, e davam à matemática um caráter matemático.
Muitos filósofos foram também matemáticos, que atribuem ao universo a lógica
dos números e em muitos pontos de sua doutrina buscam a matemática para
fundamentar a sua lógica. É uma visão mecanicista, que identifica no mundo o
raciocínio matemático. Platão exaltava a geometria, por essa ter um caráter
abstrato. Outros filósofos matemáticos importantes foram Descartes, Leibniz e
Bertrand Russel. Spinoza escreveu um livro chamado A ética demonstrada pelo
método geométrico, que é o método euclidiano de expor.
 

Xenófanes de Colofão

 Xenófanes de Colofão –(século IV a. C)
atribui-se a ele a fundação da escola de Eléia. Levou vida errante, passou
parte dela em Sicília, tendo fugido de sua terra natal por causa da invasão dos
medas. Alguns duvidam de sua ligação com Eléia. Em seus fragmentos defendeu um
deus único, supremo, que não tinha a forma de homem. Realçou isso afirmando que
os homens atribuem aos deuses características semelhantes a eles mesmos, que
mudam de acordo com o povo. Se os animais tivessem mãos para realizarem obras,
colocariam nos deuses suas características. Restaram de suas obras alguns
fragmentos, sendo que uns satíricos. Foi contra a grande influência de Hesíodo
e Homero (historiador e escritor gregos). Zombou dos atletas, preferindo a sua
sabedoria aos feitos atléticos, que não enchiam celeiros. O deus segundo
Xenófanes está implantado em todas as coisas, o todo é um, e é supra-sensível,
imutável, sem começo, meio ou fim. Teve como discípulo  Parmênides.
     Segundo Hegel os gregos tinham apenas o mundo sensível
diante de si, e não encontravam satisfação nisso. Assim jogavam tudo fora como
sendo não verdadeiro, e chegavam ao pensamento puro. O infinito, Deus, é um só,
pois se fosse dois haveria a finitude. Hegel identifica a dialética* em
Xenófanes, uma consciência da essência, pura, e outra de opinião, uma
sobrepondo a outra, indo     contra a mitologia grega.
 

       *Dialética – Em Platão a
dialética é o processo pelo qual a alma se eleva, em degraus, da realidade
sensível ao mundo das idéias. É um instrumento de busca da verdade.
     Em Hegel, é o movimento racional que nos permite
superar uma contradição. Assim, na história  vemos uma tendência, e a ela
volta-se uma oposição, criando uma tensão, que é superada por uma nova tese que
traz a solução. É o movimento tese, antítese e síntese. Não se restringe apenas
a história, mas deve ser encarada como parte do real, uma forma de pensar
evolutiva

Heráclito de Éfeso

 
        Heráclito – (+
ou – 540-470 a. C) nasceu em Éfeso, cidade da Jônia, descendente do fundador
da  cidade. É considerado o mais importante dos pré-socráticos. É dele a
frase de que tudo flui. Não entramos no mesmo rio duas vezes e o sol é novo a
cada dia. É o filósofo do devir, a lei do universo, tudo nasce se transforma e
se dissolve, e todo o juízo seria falso, ultrapassado. Desprezava a plebe, não
participou da política e desprezou a religião, os antigos poetas e os filósofos
de seu tempo. É o primeiro pré-socrático com um número razoável de pensamentos,
que são um tanto confusos, e por isso tem o nome de Heráclito, o obscuro. São
aforismos. Foi muito crítico.  Chama a atenção, além da pluralidade, para
os opostos. Tanto o bem como o mal são necessários  ao todo. Deus se
manifesta na natureza, abrange o todo e é crivado de opostos. O logos é o 
princípio cósmico, elemento primordial, e a razão do real, a inteligência. A
verdade se encontra no devir, não no ser. Com sentidos poderosos, poderíamos
vê-lo. O pensamento humano participa e é parte do pensamento universal. O fogo
é eterno, um dia tudo se tornará fogo. O sol seria da largura de um pé humano.
A felicidade não está nos prazeres do corpo. A morte é tudo que vemos despertos,
e tudo o que vemos dormindo é sono. Existe a harmonia visível e a invisível. A
alma não tem limites, pois seu logos é profundo e aumenta gradativamente. O
pensar é comum a todos. A terra cria tudo, e tudo volta para ela.
     Hegel identifica em Heráclito a dialética: Heráclito
concebe o absoluto como processo, com a dialética, exterior, um raciocinar de
cá para lá e não a alma da coisa da coisa dissolvendo-se a si  mesma, a
dialética imanente do objeto, situando-se na contemplação do sujeito, objetividade
de Heráclito, compreendendo a dialética como princípio. O ser não é mais que o
não ser. O fogo condensa-se, e apagado vira água. Encontramos em Heráclito algo
comum entre os sábios: o desprezo pelo populacho, (como era comum Nietzsche
dizer) e instituições dominantes. Teria sua experiência lhe dado base para
isso?
     Ele pode ter contemplado com os seus próprios olhos o
devir, movimento inteligente do universo e maravilhoso. Encontrou fogo na alma
humana, comparou-a com uma chama que se apaga na morte.  Identificou o
infinito na natureza, não apenas o matemático, mas o que constitui a essência
das coisas. Pois todas as coisas têm uma essência, e o fluxo da alma é tão
fundo que não tem fim.
 
 

Parmênides

 Parmênides – (+ ou – 544-450 a. C)
filósofo da escola eleática, da região de Eléia, hoje Vília, Itália. Foi
discípulo de Amínisas. Conheceu a filosofia de sua época. Escreveu um poema,
cujo preâmbulo tem duas partes, a primeira trata da verdade, a segunda da
opinião. Suas conclusões são contrárias às de Heráclito, seu contemporâneo. Na
primeira parte do poema proclama a razão absoluta, que é
o     discurso de uma deusa. Para se chegar à verdade não
podemos confiar nos dados empíricos, temos de recorrer à razão. Desta forma
nada pode mudar, só existe o ser, imutável, eterno e único, em oposição ao não
ser. Teve como discípulo Zenão, também de Eléia.
     Segundo Nietzsche, foi em um estado de espírito que
Parmênides encontrou a teoria do ser,   considerando o vir a ser. Pensou:
algo que não é pode vir a ser? Não. – Temos de ignorar os sentidos e examinar
as coisas com a força do pensamento. O que está fora do ser não é o ser, é
nada, o ser é   um.
     Ao colocar como “imperativo categórico” o ser, e com
ele a verdade que se chega na razão, Parmênides inaugura uma manifestação
humana de conseqüências funestas. A refutação dos dados  empíricos, em
favor do que pode ser comprovado com a razão age sobre o resultado final
dos  mesmos. Assim, com o possível de ser explicado em primeiro plano,
deixamos de lado um aspecto da percepção: a mudança, pois mudar é deixar de
ser. O devir, nesses parâmetros é uma ilusão,   o fluxo da natureza também
e o que é confiável é aquilo que é assimilado e compreendido. Põe se barreiras
na percepção pura, que provêm da mente aberta, para usar um termo de Aldous
Huxley.
 

Zenão, de Eléia  

        
Zenão, de Eléia (século V a. C)- cerca de quarenta anos mais jovem que o seu
mestre e conterrâneo Parmênides. Nasceu na Eléia, e interviu na política, dando
leis à sua pátria. Zenão teria deixado cerca  de quarenta argumentos,
sendo que nove foram conservados pelo doxógrafos. São dispostos em problemas de
grandeza, do espaço, do movimento e da percepção sensível. Ele parte da divisibilidade
infinita do espaço, pois um corpo percorrendo um espaço infinito em um tempo
finito   estaria imóvel. Seus argumentos constituem-se verdadeiras
aporias (caminhos sem saída), indo até ao absurdo. Foi considerado por
Aristóteles o inventor da dialética, no sentido de diálogo que parte das
premissas do adversário e o põe em contradição, numa posição insustentável.
Defendeu as teorias do ser de seu mestre, Parmênides, contra os seus
adversários, notoriamente os pitagóricos, que pregavam o ser múltiplo e
divisível. O infinito não pode ser percorrido num tempo finito, só em um tempo
infinito. Seus argumentos ficaram conhecidos como paradoxos de Zenão.
         Paradoxo de Aquiles: o mais
lento na corrida jamais será alcançado pelo mais rápido, pois o que persegue
deve sempre começar a atingir o ponto de onde partiu o que foge. Outro
argumento pretende afirmar que uma flecha está em repouso ao ser projetada. É a
conseqüência da suposição de que o tempo seja composto de instantes.
         Ele demonstra que quando há o
múltiplo, há o grande e o pequeno. Quando grande, o múltiplo é  infinito,
segundo a grandeza.
         Para Hegel, a dialética de
Zenão possui mais objetividade que a atual. Ele ainda se conteve com os 
limites da metafísica.
         Segundo muitas lendas,
tornou-se célebre em sua morte, quando salvou um Estado de seu tirano,
sacrificando sua vida, pois foi torturado e não delatou seus companheiros de
conjura. Por isso foi  assassinado.

Empédocles  

 Empédocles (+ ou – 490- 435 a. C)
natural de Agrigento na Sicília. A democracia estava em fase de implantação e
ele a defendeu. Virou figura lendária, um misto de cientista, de místico, de
pitagórico e órfico. Escreveu dois poemas. No primeiro apresenta uma única
visão do processo cosmogônico, e o segundo é religioso. Refutou as teses que
atribuem a origem do universo a um único elemento.
         Identificou quatro substâncias
básicas, que ele chamou de raízes: a água, a terra, o fogo e o ar. Tudo se
consiste desses quatro elementos, e as transformações que advêm a eles seriam
visíveis a olho nu.
     Essas substâncias são eternas, imutáveis. Jostein
Gaardner afirma que talvez Empedócles tenha visto uma madeira queimar, alguma
coisa aí se desintegra. Alguma coisa na madeira estala, ferve, é a  água,
a fumaça é o ar, o responsável é o fogo, e as cinzas são a terra. As verdades
não seriam mais absolutas, como nos eleatas, mas proporcionais à medida humana.
As coisas são imóveis, mas o que    percebemos com os sentidos
não é falso. Duas forças atuariam nas substâncias, o amor e o ódio. O amor
agiria como força de atração e união, o ódio como força de dissolução. Em
quatro fases, existe a alternância do amor e do ódio. Estabelece um ciclo, com
a tensão da convivência dessas forças motrizes.
     Empédocles dizia que alguns animais vêem melhor de dia
do que de noite, e vice versa. O   pensamento se produz com a
sensação.
     Admitiu a multiplicidade de itens de uma criação, como
um pintor que mistura diferentes pigmentos em sua obra. Fala muito da deusa do
amor Afrodite, portadora da vida e da beleza. Em sua filosofia todos os animais
têm pensamentos. A inteligência cresce de acordo com os dados sensoriais do
tempo presente.
     Hegel afirma que para Empédocles, outros elementos que
não os quatro básicos, não são em si e para si. Não poderíamos visualizar o
mundo sem os quatro elementos básicos. Nietzsche traça um perfil de Empédocles:
cabelos longos, sandálias de couro nos pés e uma coroa na  cabeça. Com
vestido cor de púrpura. É um filósofo trágico, pessimista, ativo. Queria provar
que era um deus, atribuía-se qualidades místicas. Todos os movimentos, segundo
ele nasceram de uma    natureza não mecânica, mas levam a um
resultado mecânico.
     Conta a lenda que se atirou no vulcão Etna para provar
que era um deus.

Anaxágoras
 

     Anaxágoras (+ ou –
499-428 a. C)- filósofo da escola jônica nascido na Ásia menor, foi o primeiro

filósofo a se transferir para Atenas, de onde foi banido por considerar o sol
uma pedra incandescente e a lua uma Terra, negando a divindade desses corpos
celestes. Interessava-se muito por astronomia. Houve um processo que acabou por
condena-lo, apesar de ser amigo de Péricles, seu mestre e protegido. Péricles
foi um grande líder político. Sócrates que nasceu cerca de trinta anos depois
de Anaxágoras também foi condenado. Atenas considerava a novidade, a filosofia,
uma impiedade e ateísmo. Anaxágoras se recusava a prestar culto aos grandes
deuses gregos. Era filho de Hegesibuldo. Disse que as coisas corpóreas eram
infinitas, e elas pareciam engendrar-se e destruir-se pela combinação e
dissolução. No início, todas as coisas seriam infinitas em quantidade e
pequenez, pois o pequeno também era infinito. Toda a matéria estava condensada.
O ar e o éter são o maior conjunto de coisas. Muitas coisas de todas as
espécies são contidas em todos os compostos e sementes. Em tudo há um pouco de
tudo. Em cada minúscula partícula, ou semente, há uma parte de todas as coisas,
pois todas as coisas são formadas por essas sementes. Essas coisas se resolviam
e separavam pela força e rapidez, a força é a rapidez que produz. E o espírito
começou a se mover, e em todo movimento havia uma separação, e as partículas se
desdobravam, o espírito sempre é, sempre afirma. O compacto, o fluído, o frio e
o sombrio se colocaram onde se formou a terra, e o ralo o quente e o seco forma
para longe do éter. As visões das coisas invisíveis são aparentes, a lua
reflete os raios de sol, em sua filosofia. E as coisas, que estavam juntas
foram separadas por esse espírito inteligente e puro (nous), que
ordenava a matéria e se movia, separando os opostos e criando os seres
diferenciados. Os graus de inteligência dos seres animados (animais e plantas)
dependem da estrutura do corpo em que o nous está ligado sem se
misturar. Para Hegel, Anaxágoras foi um sóbrio entre os ébrios. Fundamenta sua
crítica dizendo que ele foi o primeiro a dizer que o pensamento é universal, em
si e para si, o puro pensamento é verdadeiro. Universal pela noção de
causalidade. Essa noção, se não é universal, se não considera a coisa em si,
costuma dizer coisas como: a causa da existência do capim é servir de alimento
para os herbívoros, e a destes é servir de alimento para os carnívoros, os
troncos fluem para determinado lugar, pois estão precisando deles lá e assim
por diante. O nous de Anaxágoras é universal, move-se para diante. Cada
idéia é um círculo de si mesma, e o bem universal de sua espécie. O nous
é a alma que a tudo move, que liga e separa, uma atividade que põe uma primeira
determinação como subjetiva, mas essa é feita objetiva, e assim se torna outra,
e de novo esta oposição é sobreposta, assim até o infinito. Isso é dialética. Topo
 

Leucipo

     Leucipo (século V a. C)
Filósofo grego, criador da teoria atomista, que foi desenvolvida por Demócrito.
É considerado discípulo de Zenão, mas também especula-se sobre ser na verdade
discípulo de Parmênides e Melisso*. Atribuem a Leucipo uma obra: A Grande ordem
do Mundo. Neste livro diz que nenhuma coisa
se engendra ao acaso, mas a partir da razão e da necessidade. Seria natural de
Mileto ou Eléia.
        Segundo Hegel, Leucipo concebeu a
determinabilidade não de modo superficial, mas de maneira especulativa. Haveria
no mundo a matéria e o vazio. A matéria é constituída de átomos, que se movem
em torvelinho. O absoluto é o átomo, o verdadeiro. O um e o princípio são
abstratos. Princípio do um é ideal, o pensamento é a essência das coisas. Sua
filosofia, para Hegel, não é empírica. Os átomos movem-se por necessidade, se
chocam e se rechaçam. São distintos entre si pela ordem e pela posição.
        Leucipo queria aproximar o
pensamento do fenômeno e da percepção sensível, para Aristóteles. A alma também
se constituiria de átomos.
Leucipo explicou o fenômeno do peso de acordo com o tamanho dos átomos e suas
combinações. Os átomos seriam partículas minúsculas e indivisíveis por sua
pequenez. O mundo teria a parte cheia e a parte vazia. Foi o primeiro a
conceber uma parte vazia no universo. A parte cheia seria constituída de
átomos. Rejeitou a descoberta dos pitagóricos de que a Terra é esférica.

Melisso  

Melisso – floresceu em
cerca de 444/41 a.C. Nasceu em Samos, ilha do mar Egeu, e era filósofo e
político, tendo derrotado os atenienses com uma esquadra que comandou. Defensor
de Parmênides, atacou Empédocles. Escreveu um poema, Sobre o ser. Disse que o
todo é imóvel, pois se movesse haveria vazio e o vazio é um não ser. Para ele
tudo sempre existiu, e sempre existirá. O mundo é infinito.

Demócrito

     Demócrito (+ ou –
460-370 a. C) – nasceu em Abdera (Trácia). Foi discípulo e sucessor de Leucipo,
desenvolveu sus teoria atomista e participou da escola iniciada por seu mestre
em sua terra natal. De sua vida sabem-se poucas coisas seguras, mas fala-se que
viajou muito, recebeu homenagens de seus concidadãos. É famosa a tradição que
lhe atribui um riso constante, presente para qualquer coisa. É um dos primeiros
materialistas. Teria deixado cerca de noventa obras. Para resolver o impasse
surgido nas teorias de Heráclito e Parmênides, desenvolve a teoria de que tudo
seria composto por partículas minúsculas indivisíveis e invisíveis a olho nu,
inclusive a alma. Os átomos da alma se desintegrariam no momento da morte.
Portanto, não acredita na imortalidade da alma, embora gostasse de Pitágoras.
Trabalhou muito, dizia que os trabalhos feitos de bom grado fazem mais leves as
cargas dos impostos a contragosto. Na sua filosofia, o trabalho continuado
torna-se     mais leve por causa do átomo. Um trabalho bem
feito e terminado dá mais satisfação que o descanso, e um trabalho em que não
há retorno causa muito desprazer. O homem sensato dosa a avareza com o gasto, e
suporta com brandura a pobreza. Quanto à forma, a emanação é igual às coisas.
Os átomos são indivisíveis, pois se fossem divisíveis em partículas ainda
menores. A natureza acabaria por se diluir. E como nada pode surgir do nada,
são eternos. O movimento existe, pois o pensamento é movimento, e também os
átomos se movem. Quando os átomos estão em equilíbrio, são tão numerosos que
não podem mais se mover, os mais leves são    repelidos para o
vazio exterior (portanto, o vazio existe) e os outros permanecem juntos,
formando um conglomerado. Cada um desses conglomerados que se separam das
massas dos corpos é um mundo, e existem infinitos mundos. Esta é uma visão
nietzscheana da teoria de Demócrito. A essência da alma está na sua natureza
animadora, de movimento. A alma é feita de átomos sutis, que se movem, lisos e
arredondados. O fogo faz parte da essência do homem. Se a respiração cessa, o
fogo interior escapa, e ocorre a morte. O homem é infeliz porque não conhece a
natureza. Temos de nos contentar com o mundo tal como ele é. Os átomos
constituem a explicação última da natureza. Foi o mais lógico dos pré-socráticos.
Nietzsche o considera um poeta, Aristóteles admira sua    
universalidade. Sua doutrina seguiu adiante, e temos outros atomistas, como
Epicuro. Topo


Fragmentos Pré-Socráticos

 

Filosofos Pre-socraticos – Barnes, Jonathan – Criando o primeiro vocabulário realmente científico e oferecendo argumentos racionais para suas opiniões, os pré-socráticos faziam algo novo e profundamente importante; também formularam questões que permanecem até hoje no centro da filosofia. Jonathan Barnes mostra que às vezes é necessário um hábil trabalho de detetive para reconstituir as idéias desses pensadores a partir dos fragmentos que restaram de seu trabalho.


Introducao a Historia da Filosofia 1 dos Pre Socraticos a Aristoteles – Marilena Chaui Este livro é a nova edição revista e ampliada do primeiro volume da “Introdução à História da Filosofia”, série em que Marilena Chaui acompanha o trajeto da cultura filosófica desde os pré-socráticos aos pensadores modernos. O objetivo é oferecer informações básicas sobre a história do pensamento filosófico, dirigidas aos leigos e aos que se iniciam nos estudos de filosofia. Por seu caráter pedagógico, esperamos que estimule os estudantes no exercício do pensamento, auxilie os professores a preencher lacunas bibliográficas na preparação de suas aulas e convide os não-especialistas à descoberta do conhecimento filosófico.

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