SUMÁRIO DA VIDA DE POMPEU
I. O ódio
dos romanos contra Estrabão e amor a seu filho Pompeu. II. Causas dessa
estima. III. Extremo apego da cortesã Flora a Pompeu. IV. Apesar
de sua reserva, é acusado de ser inclinado às mulheres. V. Sua
sobriedade. VI. Como salva a vida de seu pai e apazigua a sedição de
seu exército. VII. É citado em justiça. VIII. Origem do brado Talássio nos casamentos romanos. IX. Cina
é morto. X. Pompeu reúne as tropas para se unir a Sila. XI. Vantagens
alcançadas por Pompeu sobre os diversos chefes do partido oposto. XII. Honras
que lhe rende Sila. XIII. Pompeu passa à Gália para ajudar Metelo. XIV. Pompeu
repudia sua mulher Antistia para se casar com Emília. XV. Marcha contra
os chefes do partido oposto na Sicília. XVI. Sua conduta
em relação a Carbo e Quinto Valério. XVII. Perdoa a cidade dos himérios
em favor de Atenas. XVIII. Passa à África. XIX. Conquista a
vitória e vence Domício. XX. Submete toda a África em quarenta dias. XXI. E
chamado por Sila. XXII. Dá-se-lhe o cognome de Grande. XXIII. Obtém as
honras do triunfo apesar da oposição de Sila. XXIV. Pompeu expulsa Lépido da
Itália. XXV. Vai à espanha para guerrear Sertório. XXVI. Mudança
que a chegada de Pompeu traz aos negócios de Sertório. XXVII. Batalha do
Sucron. XXVIII. Pompeu escreve ao Senado solicitando o dinheiro .
necessário para o soldo de suas tropas. XXIX.: Morte de
Sertório. A guerra termina pela prisão e morte de Perpena. XXX. Pompeu
retalha em pedaços o remanescente dos escravos revoltados. XXXI. É
nomeado cônsul com Crasso. XXXII.
Restabelece a autoridade dos tribunos. XXXIII. Pompeu
e Crasso reconciliam-se. XXXIV.
Conduta de Pompeu e de Crasso após o seu
consulado. XXXV. Origem da guerra dos piratas. XXXVI. Seus sucessos. XXXVII.
Sua insolência. XXXVIII. Pompeu é nomeado para guerrear os piratas. XXXIX. Oposição de todas as pessoas de bem ao excesso de poder
dado pelo povo a Pompeu. XL. Pompeu arrebata. XLI. Rapidez de seus sucessos.
XLII. Volta a Roma e vai a Atenas. XLIII. Como êle termina toda aquela guerra. XLIV.
Sua conduta em relação aos corsários em Crato. XLV. E nomeado para guerrear Mitrídates. XLVI. Falsidade de Pompeu tomando
conhecimento desta notícia. XLVII. Conduta reprovável de Pompeu com respeito a
Lúculo. XLVIII. Mitrídates, fechado em seu acampamento por Pompeu, foge. XLIX.
Batalha onde Mitrídates é vencido. L. Tigranes põe sua cabeça a prêmio. LI.
Pompeu reconcilia-se com Tigranes. LII. Derrota os albanos e os iberos. LIII. Nova
vitória de Pompeu sobre os albanos. LIV. Estratônica entrega a Pompeu o castelo
onde estavam os tesouros de Mitrídates. LV. Apodera-se de outro castelo onde
encontra as cartas de Mitrídates. LVI. Pompeu conquista a Síria e a Judéia.
LVII. Insolência de um liberto de Pompeu chamado Demétrio. LVIII. Pompeu toma
conhecimento da morte de Mitrídates. LIX. Presentes que Farnace lhe envia. LX.
Vai a Mitileno, a Rodes e a Atenas. LXI. Como destrói os rumores que se haviam
espalhado em Roma contra êle. LXII. Catão recusa o pedido de casamento que
Pompeu lhe faz de suas duas sobrinhas para êle mesmo e para seu filho. LXIII. Triunfo
de Pompeu. LXIV. Reflexões sobre a conduta pela qual Pompeu preparou, êle
mesmo, sua desgraça. LXV. Suas ligações com César. LXVI. Discurso sedicioso de
Pompeu. LXVII. Violências praticadas por Pompeu. LXVIII. Insolência de Clódio.
LXIX. Pompeu faz chamar Cícero. LXX. E encarregado de suprir Roma de trigo.
LXXI. Pompeu traz grande quantidade – e restabelece a abundância. LXXII. César vem
a Luca. LXXIII. Conspiração entre César, Pompeu e Crasso. LXXIV. Pompeu e
Crasso fazem-se nomear cônsules à força. LXXV. Fazem prolongar por cinco anos o
governo de César na Gália. LXXVI. Morte de Júlia. LXXVII. César
e Pompeu separam-se. LXXVIII. Pompeu é nomeado cônsul. LXXIX. Casa-se com
Comélia. LXXX. Faz continuar seu governo por quatro anos. LXXXI. Solicita o
consulado para César, que se achava ausente. LXXXII. Louca presunção de Pompeu. LXXXIII. César avança sobre a Itália.
LXXXIV. Preparativos de Pompeu contra César. LXXXV. César
passa o Rubicon. LXXXVI. Pompeu com plenos poderes. LXXXVII. Pavor universal.
LXXXVIII. César chega a Roma. LXXXIX. Torna-se senhor de toda a Itália. XC. Forças de terra e mar reunidas por Pompeu. XCI. Personagens distintos que se
reúnem a Pompeu. XCII. Pompeu recusa um acordo proposto por César. XCIII.
Vantagem de Pompeu sobre César, de que não se aproveita. XCIV. Presunção louca
que esse sucesso inspira a Pompeu e ao seu partido. XCV. Pompeu persegue César.
XCVI. Rumores espalhados contra Pompeu. XCVII. Pompeu delibera se deve ou não
dar a batalha. XCVIII. Ordem de batalha de César. XCIX. Ordem dada por Pompeu.
C. Reflexões sobre a obstinação ambiciosa de César e de Pompeu. CI. Empenha-se
a batalha. CII. César conquista a vitória. CIII. Fuga de Pompeu. CIV. Petício
recebe-o em seu. navio. CV. Vai encontrajr Cornélia em Lesbos. CVI. Aconselha aos mitilênios que se submetam a César. CVII. Retira-se para o Egito.
CVIII. Ptolooneu determina fazê-lo assassinar. CIX. Envia Aquiles. CX. Seu
assassinato. CXI. Seu liberto Filipe queima seu corpo. CXII. César vinga sua
morte.
Desde 648 até o ano 706 de Roma, 48 A. C.
VIDA DE POMPEU, por PLUTARCO
Capítulo de Vidas Paralelas in "Vidas dos Homens Ilustres"
Tradução brasileira de Carlos Chavez baseada na versão em francês de Amyot, com notas e observações de Brotier, Vauvilliers e Clavier.
Fonte: Ed. das Américas, 1962
O
povo romano parece ter igual afeição para com Pompeu, desde seu início, como
Prometeu, em uma tragédia de Esquilo (1), mostra ter para com Hércules, depois
de ter sido libertado por ele, quando diz:
Do filho tanto me é a pessoa cara,
Como tiüe a contragosto o pai.
O
fato é que os romanos jamais deram demonstração de ódio mais agudo, nem mais
áspero contra qualquer capitão, como fizeram contra Estrabão, pai de Pompeu; é
verdade que enquanto viveu, eles duplicaram seu poder nas armas, pois que ele
era sem dúvida, um grande guerreiro; mas quando morreu, fulminado por um raio,
arrancaram o corpo de sobre a cama, arrastando-o sobre a terra, e lhe fizeram
infinitos ultrajes e vilanias; e, ao contrário,
jamais romano algum teve o amor do povo tão veemente, tão prematuro,
mais florescente em sua prosperidade, nem.,
que mais constantemente perseverasse em sua adversidade, do que Pompeu.
(1) Ver as Observações.
II.
Não havia senão uma coisa que fez assim odioso seu pai: era uma avareza extrema
e uma cobiça insaciável; mas, ao contrário, o filho era amado devido a
temperança de sua vida, por ser destro nas armas, eloqüente no falar, cumpridor
da palavra; irradiava simpatia pessoal nas reuniões e agradável acolhimento a
quem precisasse dele, de sorte que não havia quem desfrutasse mais acolhimento
nem que demonstrasse maior prazer quando o procuravam, pois dava sem arrogância
e recebia com dignidade. Sua vantagem, nos primeiros anos, era seu rosto, que o
ajudava muito no primeiro encontro a ganhar as boas graças de cada um, falando,
por assim dizer, antes de sua voz; pois tinha um não sei quê de doçura
agradável aliada a uma serena gravidade, e desde a flor e vigor de sua
juventude, mostrou logo em seus costumes e pelas suas maneiras, uma venerável
altivez de majestade. Tinha também os cabelos um pouco ondulados, o olhar terno
e doce movimento dos olhos, que causavam aquela semelhança que tinha, conforme
se dizia, mas que não aparentava, com as efígies do rei Alexandre, o Grande;
assim, muitos lhe davam esse nome e ele mesmo já não o refutava, de sorte que
acontecia às vezes que, brincando, chamavam-no de Alexandre, razão por que
Filipe, varão consular, não trepidou em dizer publicamente, em um de seus
discursos, o que faria em seu favor e que não era nenhuma maravilha, porque
sendo ele Filipe, amava Alexandre.
III. Dizem
que a cortesã Flora, já bem idosa, tinha grande prazer em falar sobre o
convívio que tivera em sua mocidade com Pompeu, dizendo ser impossível, quando
se deitava com ele, sair sem mordê-lo. Contava também que um de seus familiares,
que se chamava Gemínio, tornou-se uma vez enamorado dela, batendo a cabeça, à
força de implorar e solicitar seus favores continuamente; ela respondia-lhe que
não faria nada, devido a afeição que devotava a Pompeu. Por isso Gemínio falou pessoalmente
com Pompeu a respeito, o qual, querendo ser-lhe agradável, permitiu, mas depois
nunca mais tocou-a nem falou com ela, se bem que parecesse ainda apaixonado; e
ela não recebeu isto como mulher de sua categoria, mas ficou durante muito tempo
doente pela dor e pelo arrependimento; e, no entanto dizem que Flora era tão
famosa por sua graça e sua beleza, que Cecílio Metelo, fazendo ornar e
embelezar o templo de Castor e Polux, com belos quadros e belas pinturas, aí
mandou colocar entre outros o retrato dela ao natural) dada a excelência de
sua beleza.
IV. Pompeu tratou duramente e sem liberalidade, contra seu
natural, a mulher de um de seus escravos libertos chamado Demétrio, que quando
vivo havia tido grande prestígio a seu lado e morrera rico, com quatro mil talentos (2), temendo sua
beleza, que era singular e bastante famosa, com receio que o considerassem
apaixonado. Mas se bem que fosse nisto comedido e tão previdente, no entanto
ainda não pode evitar que o censurassem; pois o caluniaram, dizendo que para
gratificar e ser agradável às mulheres, deixava de lado e não fazia menção de
ver muito as coisas que diziam respeito ao bem público.
V. Quanto
à facilidade e simplicidade de seu viver comum, contam a propósito, um fato
notável pelo que disse uma vez, quando se achava enfermo, estando sem paladar e
não podendo comer; pois, para lhe fazer voltar o apetite, o médico ordenou-lhe que
comesse um tordo. Procuraram por toda a parte e não encontraram tordo à venda,
porque estava fora de sua estação; mas houve alguém que informou poder
encontrar aquela ave em casa de Lúculo, que a criava o ano todo: — "Como,
disse ele, se Lúculo não fosse guloso, Pompeu não viveria?" E deixou a
prescrição do médico, mandou que o vestissem e que o cobrissem mais
facilmente; mas, quanto a isto, falaremos depois.
(2) Dois milhões e quatrocentos mil escudos. Amyot.
VI. Sendo
ainda muito jovem, no campo com seu pai, que guerreava Cina, tinha por familiar
e companheiro, alojado na mesma tenda, um Lúcio Terêncio, o qual tendo sido
adquirido por prêmio em dinheiro, havia prometido a Cina matá-lo e outros
conjurados haviam também prometido atear fogo dentro da tenda de seu capitão.
Esta conspiração foi descoberta a Pompeu quando estava à mesa, com a qual não
se espantou, mas ao contrário, mostrou ainda melhor cara a Terêncio, como não
estava habituado a fazer; mas, quando chegou a hora de se retirar para dormir,
esquivou-se secretamente de sua tenda e foi dar ordens, visando a segurança de
seu pai, para se manter em casa. Terêncio, quando julgou que a hora de executar sua empreitada tinha chegado, levantou-se e foi com a espada nua na mão, ao
leito onde dormia Pompeu e deu vários golpes de ponta dentro do colchão. Isto
feito, levantou-se um grande tumulto por todo o acampamento, pelo ódio que
tinham ao capitão e querendo os soldados a toda força se entregar ao inimigo,
começavam já a desarmar suas tendas, a amarrar a bagagem e tomar suas armas;
quanto ao capitão, temendo esse tumulto, não ousou sair de sua casa, mas seu
filho atirou-se no meio dos soldados amotinados, suplicando-lhes humildemente,
com lágrimas nos olhos, que não pregassem mais esta má peça ao seu capitão, e
finalmente, atirou-se de rosto contra a terra a todo o comprimento, através da
porta do acampamento, dizendo-lhes que passassem sobre seu corpo se tinham tão
grande vontade de ir; diante disso ficaram tão envergonhados, que voltaram a
sua casa, e mudando de pensamento, reconciliaram-se com seu capitão, exceto
oitocentos que se foram.
VII. Mas, logo depois, após o falecimento de seu pai, que se chamava
Estrabão, ficou como seu herdeiro e foi chamado perante a justiça em lugar
dele, a quem acusavam de desvio e fraude dos dinheiros públicos; êle, porém,
descobriu e evidenciou que era um de seus escravos libertos, chamado Alexandre,
que havia subtraído a maior parte e o apresentou aos juizes; todavia, ainda o
sobrecarregaram em seu nome próprio e particular, por haver subtraído as telas
e redes de pesca, e livros de que se haviam apoderado na cidade de Asculo. Isto
era verdade, pois seu pai lhos havia dado na tomada dessa cidade; mas êle os
havia perdido depois, quando os satélites de Cina, à sua volta dentro de Roma,
entraram à força dentro de sua casa e a pilharam. Houve nesse processo diversos
defensores antes da sentença definitiva, nos quais Pompeu se demonstrou esperto
diante dos juizes, de bom entendimento e firme, como se tivesse mais idade e adquiria
tão boa reputação e tão grande graça, que Antistes, que então era pretor e
presidia essa causa, pela boa opinião que formou a seu respeito, estimou-o e
mandou-lhe oferecer a mão de sua filha em casamento, levando-lhe sua palavra
por meio de seus amigos; Pompeu o aceitou e foram feitas secretamente as
promessas entre eles.
VIII. Todavia,
o povo percebeu bem, pelo trabalho e o cuidado que Antistes tinha em favorecê-lo,
de tal modo, que quando foi pronunciada a decisão dos juizes, que era
absolvição, a assistência, sem mais nem menos, como se fosse impelida por uma
só ordem, pôs-se a gritar a uma voz: Talassio, Talassio, que é o brado
usado, de toda a antigüidade, nas núpcias em Roma, tendo tal costume procedido,
segundo se diz, do seguinte: na ocasião em que os principais e mais nobres
romanos roubaram as filhas dos sabinos, que vieram a Roma para presenciar os
divertimentos dos jogos públicos que ali se realizavam, houve pessoas de baixa
condição, como vaqueiros e pastores, que roubaram uma das moças, muito bela,
alta e elegante, e com medo que outros de melhor situação a tomassem, foram
gritando pelas ruas Talassio, Talassio, como se quisessem dizer, é por
Talassio, por causa de Talassio, que era um jovem nobre do campo, conhecido e
querido por todo o mundo. De tal forma fizeram, que aqueles que ouviram citar
este nome, puseram-se a bater as mãos em sinal de alegria e a gritar também, Talassio
com eles, louvando a escolha que haviam feito. Daí, dizem, veio o costume,
de sempre depois gritarem essa palavra aos que se casam, uma forma de augúrio
para que o casamento da noiva fizesse feliz a Talassio. É o que me parece mais
verossímil de tudo que contam a respeito desse grito nupcial.
IX. Poucos dias, portanto,
depois desse julgamento, Pompeu esposou Antístia, indo depois ao acampamento
de Gina, onde. lhe fizeram mal e o caluniaram por alguma coisa de que teve medo e por
esta razão se esquivou secretamente; e, porque não comparecia mais, correu logo
um rumor no acampamento de que Cina o havia mandado matar; isto deu margem para
que aqueles que de há muito andavam irritados contra Cina e o odiavam, corressem
contra a sua pessoa. Procurou pôr-se a salvo rapidamente, mas foi logo
alcançado por um dos capitães que o seguia com a espada traidora na mão; vendo
isto, Cina atirou-se aos seus pés e lhe entregou seu anel, no. qual estavam
gravadas suas iniciais e que valia muito; mas o capitão lhe disse, fortemente
ultrajado: — "Não vim aqui para selar nenhum contrato, mas para castigar
um tirano cruel e mau"; e, dizendo isto, matou-o ali mesmo (3). Cina,
tendo sido morto assim, Carbo sucedeu-o, tomando os negócios em suas mãos,
sendo ainda tirano mais cruel do que o primeiro e logo depois sobreveio Sila,
desejado pela maioria dos romanos, pois as garras que os oprimiam eram tão
fortes, que não consideravam consolo mudar de senhor, tanto as misérias
passadas tinham reduzido a cidade de Roma, a qual não esperava mais poder
recuperar sua liberdade e não procurava mais senão uma servidão mais eqüitativa
e agradável.
(3) Ver Appien, Das
Guerras Civis, L. I, cap. 78, que narra um pouco diferente a morte de Cina,
C.
X. Ora, estava Pompeu então naquela parte da Itália que
se chama o Passo de Ancona (4), onde possuía terras, mais por aquele amor e
aquela benevolência, hereditários, de pai para filho, que se devotava às
cidades do país, do que por outra coisa; e, vendo que os mais nobres e as
pessoas mais reputadas entre os romanos abandonavam suas casas e seus bens para
fugir de todos os lados, como um porto de salvação para o acampamento de Sila,
não quis ir à sua presença como fugitivo, sem nada contribuir para o aumento de
suas forças, como pessoa destituída de todos os meios que não procurasse senão
se salvar, mas quis ir honrosamente levando forças, como aquele que quisesse
ser o primeiro a causar prazer; começou então a sondar as vontades e a
solicitar aos cidadãos do país, que o ouviram voluntariamente e não quiseram
fazer nada em favor daqueles que vinham da parte de Carbo, entre os quais
estava um chamado Vindio, o qual se adiantou para dizer que Pompeu, ao sair da
escola, tornou-se rapidamente capitão, pelo que ficaram tão furiosos que se
atiraram sobre ele e o mataram na hora. Depois disso, Pompeu, que não tinha
senão vinte e três anos, sem esperar que pessoa alguma lhe desse autorização
para comandar, tomou-a por si mesmo e mandou levantar no meio da praça de
Auximo, grande e poderosa cidade, um tribunal, onde ordenou aos seus dois
irmãos, que se chamavam (5) os Ventidianos, que os dois primeiros homens
daquela cidade, que em favor de Carbo resistissem ao que ele fazia, que
incontinenti e sem perda de tempo saíssem da cidade, e começou a arrolar gente,
estabelecendo capitães, sargentos de tropas, centuriões e outros postos,
segundo as ordens da disciplina militar.
(4) Picenum, antiga
região da Itália, no Adriático, hoje o território que forma as províncias de
Ancona, Macerata e Ascoli.