Continued from:

63, S. ANSELMO, (1033-1109), Arcebispo de Cantuária, foi dos primeiros adversários do nominalismo. A lhe tomarmos as palavras como soam, sua doutrina é um realismo exagerado, mas convém não esquecer, como bem observam os autores, a imprecisão da linguagem científica no see. XI.

Não se limitando à questão dos universais, S. Anselmo tenta uma síntese de todos os conhecimentos anteriores. É, por este motivo, considerado por alguns como o primeiro dos escolásticos. As obras: Monologium, Proslogium, De Veritate, De libero arbítrio encerram suas principais idéias filosóficas das quais lembraremos as seguintes:

A. A relação entre a razão e a fé expressa nas célebres palavras: intelligo ut credam, credo ut intelligam, ou fides quaerens intellectum. A fé conforta e auxilia a razão que se lhe deve submeter com docilidade. Fides nostra contra ímpios defendenda est; Ulis ra-tionabiliter ostendendum quam irrationabiliter nos condemnant (Epist. ad Falconem, L. II, epist. 61). A razão pode confirmar as verdades de fé com argumentos prováveis, não demonstrativos.

Β. O célebre argumento ontológico para provar a priori a existência de Deus. A idéia que temos de Deus é a de um Ser perfeitíssimo. Ora, se Deus não existira não fora perfeitíssimo; faltara–lhe a existência, que é uma perfeição. Logo Deus existe (Prosl. c. 1-3). O argumento foi logo atacado por Gaunilônio, monge de Marmoutiers. S. Anselmo retrucou-lhe e a controvérsia terminou muito cortêsmente. Mais tarde, S. Tomás e quase todos os grandes escolásticos do séc. XIII rejeitaram a prova ontológica, como uma transição ilegítima da ordem ideal para a real. Scoto, Descartes e Leibniz defenderam-no, revestindo-o de novas formas. Ultimamente, o argumento foi objeto de vivas discussões.

BIBLIOGRAFIA

A. Schmitt, O. S. B. começou em 1938 a publicação de uma edição crítica das Opera Omnia S. Anselmi.

— Ch. de Rémusat, Anselme de Cantorbéry2, Paris, 1868; — M. Rule, Life and times of St. Anselm, 2 vols., London, 1883; — L. Vigna, S. Anselmo, filosofo, Milano, 1899; — Domet de Vorges, Saint Anselme, Paris, 1901; — Sentroul, O lugar de S. Anselmo na história da filosofia, Armário da Faculdade livre de filosofia e letras de S. Paulo, 1909; — Ch. Filliatre, La philosophie de Saint Anselme, ses principes, sa nature, son influence, Paris, 1920; Revue de philosophie, número especial de Dez. 1909; — A. Le-vasti, S. Anselmo, Vita e pensiero, Bari, 1929; — R. Allers, Anselm von Canterbury, Leben, Lehre, Werke. Viena, 1936.

64. OUTROS REALISTAS — Além de S. Anselmo, encontrou Roscelino outros adversários que deslizaram abertamente no extremo oposto do realismo exagerado. São mais conhecidos:

Guilherme de Champeaux (1070-1120), discípulo de Roscelino, que, sem ser platônico nem panteísta, professa uma nova forma de realismo exagerado que deveu mais tarde abandonar compelido pelas objeções de Abelardo; Otto de Tournai (m. 113) e Adelardo de Bath, realistas platônicos. Mas o baluarte mais forte do realismo, na primeira metade do see. XII, é a escola de Chartres, onde floresceram os irmãos Bernardo e Teodorico de Chartres, seus fundadores, Guilherme de Conches e Gilberto de la Porrée. Guilherme de Conches professa em cosmologia o atomismo de Demócrito.

No mais aceso das discussões entre realistas e nominalistas surgiu Abelardo.

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.