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ARTIGO II OUTRAS CORRENTES FILOSÓFICAS

68. ESCOLÁSTICA DISSIDENTE — O chefe da escolástica dissidente é Scoto Erígena (800-877). Incontestàvelmente é o homem mais erudito de seu tempo, o único no see. IX, que tenta a construção de uma síntese original. Estudos recentes parecem es-coimá-lo da acusação de panteísta. Seu sistema, inspirado no neo-platonismo alexandrino, exerceu em todo este período notável influência. O racionalismo de Abelardo, o misticismo heterodoxo e sobretudo o panteísmo do século XII, representado por Bernardo de Tours, Almerico de Benes e David de Dînant dele naturalmente derivam.

69. FILOSOFIA ARABE

— Depois das primeiras conquistas, consagraram-se os árabes ao estudo das letras e das artes. A tradução para a própria língua das obras de Aristóteles, obtida por intermédio dos cristãos sírios, deu grande impulso a este movimento. Os centros principais de cultura são Bagdad, no Oriente, e Córdova, no Ocidente.

Em Bagdad, floresceram Al-farabi (m. 950), comentador de Aristóteles; Ibn-Sina (Avicena), (980-1036) que procura conciliar as emanações neoplatônicas com as doutrinas peripatéticas por êle falseadas em mais de um ponto (61); Algazel (Gazali, 1058-1111), que defende o Corão e em nome da ortodoxia muçulmana condena os filósofos contra os quais escreveu a obra intitulada Destructio Philo-sophorum. “Non tam fuit peripateticus quam peripateticae philoso-phiae depravator”, dele escreveu S. Tomás.

Depois de Algazel, a filosofia árabe decaiu no Oriente para ressurgir mais pujante na Espanha. O seu maior representante no Ocidente é o médico Averroes (Ibn Roschd, 1129-1198), de Córdova. Escreveu contra Algazel a obra Destructio destructions e comentou largamente Aristóteles a quem tributa um culto excessivo (62). Suas doutrinas, sobretudo as que se referem à unidade do intelecto ativo, exerceram considerável influência, suscitando entre os escolásticos vivas polêmicas. Atribui-se-lhe também a teoria das duas verdades, pela qual uma proposição pode ser verdadeira em filosofia e falsa em teologia (63).

(61) Segundo S. Tomás e Alberto Magno a teoria da unidade e transcendência da Inteligência ativa é Interpretação devida a Avicena de um texto obscuro do estagirita.

(62) “Aristotelis doctrina est summa Veritas, quoniam ejus intellectus fuit finis human! intellectus”. Proemium in Aristotelis Physica.

(63) Esta teoria, tantas vezes invocada pelos filósofos da renascença, é, sem dúvida, de proveniência árabe sem que lhe possamos determinar exatamente o primeiro autor. Vestígios dela já se encontram certamente nas obras de Avicena.

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