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Católicos e liberais

A Bélgica apresenta desde sua organização autônoma a divisão entre católicos e liberais que caracteriza toda sua história política: somente durante a revolução estiveram unidas as duas parcialidades. O partido católico reclamou, em nome da liberdade, a independência completa da Igreja com relação ao Estado, e na separagão concordaram os adversários, mas o regime foi deturpado na sua aplicação. Libertada a Igreja dos poderes leigos, cabia ao papa a nomeação dos bispos e a estes a dos curas, e as ordens monásticas gozaram de plena e absoluta franquia religiosa e jurídica; mas a Igreja conservou seus privilégios anteriores, os eclesiásticos continuaram a receber do Estado suas côngruas, os cemitérios não foram secularizados, os clérigos seguiram dispensados do serviço militar e a Igreja acabou por fiscalizar a escola.

Opuseram-se assim as duas instituições, obtendo o partido católico em 1842 que nas escolas primárias houvesse ensino religioso dado gelo clero; ao que os liberais responderam com a fundação da Aliança de 1846, com o lema — independência do poder civil, em prol do ensino leigo. Toda a vida parlamentar da nação belga girou em torno desta questão até a guerra de 1914, tendo, porém, o liberalismo deixado quase de existir para ficarem de um lado o partido católico e do outro o socialista. Como escreve Seignobos, era aquela mais do que uma luta entre dois partidos: era uma luta entre dois regimes, entre duas sociedades guiadas por princípios opostos.

Carlistas e cristinos na Espanha

 

Na Espanha as correntes absolutista e liberal eram profundamente divergentes, mas a revolução de 1830 animou muito os constitucionais que pouco depois, em 1833, quando morreu o soberano, tiveram que se medir em guerra civil com os que passaram a ser denominados \ carlistas, porque defendiam o direito à sucessão do infante D. Carlos. Este irmão de Fernando VII fora excluído pela tardia abolição da lei sálica, introduzida pelos Bourbons e revogada em proveito da princesa Isabel, filha do monarca falecido e de sua última esposa, Maria Cristina de Nápoles, a qual ficava como regente.

O carlismo escudava-se com um ferrenho catolicismo e baseava-se na defesa dos fueros das províncias do norte, que o liberalismo ameaçava. Sua força de resistência era por isso nas Províncias Vascongadas e na Navarra, onde conseguiu manter uma luta de 7 anos, que a quádrupla aliança de Londres (1834), formada pela Espanha constitucional com a França, Inglaterra e Portugal, não logrou dominar e apenas foi vencida em 1840 pelo general cristino Espartero (duque da Vitória), que privou a rainha mãe da sua autoridade de regente para ser por sua vez dela despojado em 1843 pelo general Narvaez. O governo representativo data na Espanha de 1837, mas a adaptação foi longa e dificultada pelos repetidos pronunciamentos militares.

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