O ESPÍRITO LIBERAL E O ESPÍRITO CONSERVADOR. A EUROPA DE 1820 A 1848

Liberais e Conservadores

A revolução de 1820 e a Vilafrancada

A arma da Santa Aliança foi a intervenção aplicada às nações que davam mostras de querer dotar-se de instituições liberais. Em Nápoles intervieram os austríacos para derrubar a constituição imposta ao rei. No Piemonte um movimento análogo foi abafado, instalando-se em Turim uma guarnição austríaca e sendo dizimados os patriotas lombardos. Foi nessa ocasião que Sílvio Pelico, por haver celebrado a liberdade, foi condenado a 15 anos de “cárcere duro”, onde, no isolamento e na tortura da alma, escreveu esse livro patético — Minhas Prisões, que, no dizer de um historiador, preparou uma nova geração de patriotas italianos, essa geração que em 1846 julgaria encontrar no papa Pio IX o centro da independência nacional e um fator decidido da liberdade na Europa, e que, desiludida dessa esperança que eles próprios destruíram por seus excessos, se lançaram com Mazzini e Garibaldi no caminho da revolução sem tréguas.

HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DA CIVILIZAÇÃO MEDIEVAL

A Idade Média tem sido simultâneamente considerada uma época de obscurantismo, porque durante ela decaiu extraordinariamente a cultura clássica, e uma época de fermentação, porque no seu decorrer se preparou a nova civilização. De fato a cultura greco-romana sofreu um abatimento considerável, posto que mais aparente do que real: sob a agitação, porém, produzida pelas invasões bárbaras, o mundo moderno se foi organizando pela remodelação política e social da Europa, na qual o fator germânico veio a colaborar com o latino para o progresso comum da humanidade. Com suas fortes qualidades de raça, o teutão contribuiu para a florescência da civilização de que se apropriou e na qual modelou sua mentalidade. Nas formas latinas, já tradicionais, inoculou o espírito germânico o sentimento de liberdade pessoal que desaparecera sob o despotismo do Estado romano, conseguintemente o sentimento de independência: assim se exprime no seu magistral trabalho sobre a civilização na Europa o historiador francês Guizot, dos mais notáveis pela austeridade e pela elevação.

O ROMANCE DA LITERATURA INGLESA

maravilhas das antigas civizações

Quem escreveu as peças de Shakespeare?

TEM havido grande controvérsia entre os estudiosos para saber se as chamadas peças de Shakespeare foram escritas por Shakespeare ou por Bacon.

Os baconianos sustentam que Shakespeare foi um inculto ’empregado de açougue, crescido num meio ignorante e totalmente jejuno do vasto cabedal de cultura, que entra na criação das peças, vindas a lume com seu nome.

A este argumento respondem os shakespearianos que, em primeiro lugar, Shakespeare não era totalmente inculto, e, em segundo lugar, que há muitos casos na literatura de homens de pouco cultivo haverem produzido obras geniais. A inspiração, dizem eles, é muito mais importante do que a educação. Além disso, apontam eles o fato de cometer sempre Shakespeare enganos tais que Bacon jamais poderia cometer. Porque Shakespeare é um poeta c Bacon um erudito. Shakespeare, cuja inspiração é maior do que seus conhecimentos, atribue um litoral à Boêmia, que não passa de um país interno; faz Heitor citar Aristóteles, que viveu cerca de 700 anos depois de Heitor; e dá o nome de Lupercais, que eram uma festa romana, a uma colina de Roma. Além disso, declaram os shakespearianos, Bacon jamais poderia alçar-se às culmi-nâncias poéticas de Shakespeare. Todo o vigor de Bacon como filósofo acentua sua fraqueza como poeta. Um homem, cujo pensamento é todo precisão, nunca pode elevar-se nas asas loucas da fantasia.