LÍNGUA ÁRABE, FILOSOFIA ÁRABE, LITERATURA ÁRABE

Fig. 219 — Inscrição ornamental' formada pela combinação de caracteres cúficos.

LÍNGUA, FILOSOFIA, LITERATURA E HISTÓRIA
– A LÍNGUA ÁRABE. Parentesco do árabe com as línguas semíticas. A escrita árabe. O idioma adotado para a redação do Corão fixou a língua. O árabe tornou-se a língua universal de todos os povos que professaram o islamismo. Vestígios deixados pelos árabes no espanhol e no francês. II — FILOSOFIA DOS ÁRABES. Ela deriva da filosofia grega. Cultura da filosofia nas universidades muçulmanas. Ceticismo geral dos filósofos árabes. III — LITERATURA DOS ÁRABES. Poesia árabe antes de Maomé. Trechos de alguns poemas. Considerável influência dos poetas entre os árabes. Cultura da poesia durante toda a duração da civilização árabe. Invenção das rimas pelos árabes. Romances e novelas. As sessões de Hariri. As mil e unia noi tes. Indicações psicológicas fornecidas pelo estudo desta obra para a reconstituição de certos sen’, mentos entre os orientais. Fábulas e provérbios. Sua importância. Enumeração dos mais notáveis. História. Os historiadores árabes: Tabari, Almas-sudi, Abul-Faradj, Ibn Khaldun, Almakrisi, An-nuairi, etc. A retórica e a eloqüência entre os árabes …………………………………….

HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DA CIVILIZAÇÃO MEDIEVAL

A Idade Média tem sido simultâneamente considerada uma época de obscurantismo, porque durante ela decaiu extraordinariamente a cultura clássica, e uma época de fermentação, porque no seu decorrer se preparou a nova civilização. De fato a cultura greco-romana sofreu um abatimento considerável, posto que mais aparente do que real: sob a agitação, porém, produzida pelas invasões bárbaras, o mundo moderno se foi organizando pela remodelação política e social da Europa, na qual o fator germânico veio a colaborar com o latino para o progresso comum da humanidade. Com suas fortes qualidades de raça, o teutão contribuiu para a florescência da civilização de que se apropriou e na qual modelou sua mentalidade. Nas formas latinas, já tradicionais, inoculou o espírito germânico o sentimento de liberdade pessoal que desaparecera sob o despotismo do Estado romano, conseguintemente o sentimento de independência: assim se exprime no seu magistral trabalho sobre a civilização na Europa o historiador francês Guizot, dos mais notáveis pela austeridade e pela elevação.

História das Ciências exatas na Idade Moderna

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

História Universal – Césare Cantu.

CAPÍTULO XXXVI

Ciências exatas

Diferentes italianos se aplicavam então às matemáticas, uns continuando os trabalhos dos antigos, outros aperfeiçoando a álgebra. Entre os primeiros distin-gue-se Francisco Maurolico (1491-1570), de Messina, que, aperfeiçoando Arquimedes, Apolônio e Diofonte, os levou a novos resultados. A bela cidade em que ele tinha nascido e que cercava de fortificações contornou-lhe generosamente uma pensão de cem escudos de ouro, para que continuasse seus trabalhos e a história do país. Carlos V e Dom João da Áustria o liveram em alta estima, em razão dos cálculos astrológicos por meio de que êle predissera a vitória ganha em Lepanto sobre os turcos. Êle empreendeu, mas não terminou uma enciclopédia das matemáticas simples e aplicadas, traduzindo os gregos e comentando-os. Os quatro últimos dos oito livros de Apolônio sobre as seções cónicas tinham-se perdido; sabia-se somente que êle tratava no quinto das linhas retas, maiores e menores, que terminam nas circunferências das seções. Ora, Maurolico aplicou-se a refazer esse livro com excelentes regras; porém foi excedido por Viviani, que empreendeu a mesma tarefa numa época mais ilustrada. Maurolico fêz uma notável aplicação, notando que as linhas traçadas pelo ponteiro do gnômon são sempre das seções cónicas, variadas segundo a natureza do plano sobre que elas se projetam. Êle escreveu também poesias italianas e sicilianas, assim como tratados sobre a filosofia, gramática, teologia e principalmente sobre a ótica. Determinou o centro de gravidade de vários sólidos; e se não deixou descobertas originais, mostra-se observador muito atento e filólogo de muita finura.

A MAGICA DAS MATEMÁTICAS

A MAGICA DAS MATEMÁTICAS

Henry Thomas

 

A estranha aritmética dos romanos

CURIOSO sistema de notação aritmética tem persistido desde o tempo dos romanos até nossos dias. Esse sistema pouco manejável, embaraçoso, e contudo dotado de extraordinária tenacidade, é ainda o habitualmente usado nos mostradores dos relógios de parede ou de bolso. Imaginai-vos fazendo vossas complicadas somas, multiplicações ou divisões, sem o auxílio dum sistema decimal! Que tal se tivésseis, fazendo o serviço de escrituração, de dividir 30.692 por 1.821, com esses números escritos assim: XXXDCXCII dividido por MDCCCXXI? Não obstante, pode ser feito e com rapidez e facilidade, se conhecerdes o jeito. Os romanos usavam esse sistema e não eram nada maus calculistas.

Os números romanos eram indicados por certas letras. A letra I representava uma unidade; V, 5 unidades; X, 10 unidades; L, 50; C, 100 (a inicial de centum cem); D, 500 e M, 1.000. Para obter números maiores do que podiam ser convenientemente indicados por essas letras, foi adotado o recurso de colocar uma barra ou risco sobre uma letra; esse risco multiplicava seu valor por 1.000. Assim X representava 10.000, e assim por diante. Ora, o meio de conseguir alguém formar números grandes era fazer uma enfiada de números pequenos. Assim 83 é representado por 50 + 30 + 3, ou LXXXIII. A exceção ocorre ao representar um número que é uma unidade menor que qualquer letra. 90 pode ser escrito assim: LXXXX, mas também pode ser escrito: XC, isto é, 100

— 10. De modo que, uma cifra menor posta à esquerda duma maior, significa que a menor deve ser subtraída da maior. Por exemplo: os romanos escreviam nove desta forma IX; 97, XCVII; 982, CMLXXXII. Imaginai-vos a escriturar as contas de vossos negócios diários com esse embaraçoso método!

Para os cálculos rápidos, usavam os romanos uma caixa ou uma ardósia, chamada ábaco, contendo certo número de pequenas pedras (calculi é a palavra latina que significa pedrinhas, da qual se derivam as palavras calcular, cálculo e outras). A caixa estava dividida em quatro colunas, encabeçada pelas letras M, C, X, e I, respectivamente. Ora, colocando o número devido de pedras em cada coluna, podemos representar certa cifra. Como exemplifica o seguinte desenho: