AS DOZE PALAVRAS DITAS E RETORNADAS

Ouvi muitas vezes esse conto ao Antônio Portel. Deve ser, esta versão, uma persisténcia da velha história, tão rara em seu enredo total que, nos versões lidas, encontro-a como orações e ensalmos, para agonizantes. Jaime Lopos Dias, “Etnografia da Beira”, III, 131, Lisboa 1929, transcrevé-a, com pequeninas modificações, colhida em Idanha-a-Nova e Monforte da Beira, recomendando-se: — “Para serem recitadas à cabeceira dos moribundos. Quem as começa deve acabá-las sem se enganar e não as deve começar sem as acabar”, na forma do antiquíssimo rosa rio apressado, ainda corrente no interior do Brasil. Joaquim Pires de Lima e Fernando Pires de Lima, “Tradições Populares de Entre-Douro -e-Minho”, Barcelos, 1938, 174, registam o conto como uma oração, a CXIV, com outra disposição estrófica. Na versão beirã é Cristóvão, e na Minhota, Custódio, repetindo-se sempre o: Custódio, sim, amigo, não! No “Cuentos Populares Españoles”, 1, 60, conto — 14, vem “Las doce palabras retorneadas”, um pouco diversa, mas com enredo semelhante à versão portuguesa que ouvi no Brasil. O prof Aurelio M. Espinosa recolheu-a em Cuenca. O anjo da guarda é substituído por S. José. O erudito professor da Universidade de Stanford, na Califórnia, estudou o assunto, dizendo-o de origem oriental, Vêr, “Origen oriental y desarrollo histórico del cuento de las doce palavras retorneadas”, na Revista de Filologia Española, XVTI, 390-413, Madrid.

Intencionalidade e Naturalismo

maravilhas das antigas civizações

Jamais
pensou a mente tanto sobre si própria. Em fins do século XX, ciência e
filosofia trilham uma cruzada em busca de compreender a consciência e suas
capacidades. Três séculos e meio após Descartes, respostas dualistas não mais
são suficientes; quer-se compreender a mente enquanto um fenômeno fisicamente
gerado, que toma parte no mundo físico. Em filosofia, esta postura denomina-se
naturalismo.

Não
obstante as exceções, algumas renomadas, como Karl Popper (1962), há muito a
forma naturalista de compreender a consciência domina a filosofia. Na tradição
que aqui abordaremos, a analítica, anglo-americana, as bases deste estudo
remontam a autores como Sellars e seu Empiricism and Philosophy of the Mind (1956),
Quine, em Palavra e Objeto (1960) e Putnam com Minds and Machines (1960).