DESCARTES: A METAFÍSICA SOB O JUGO DA RAZÃO

Resumo: Vamos mostrar que Descartes é produto de um momento histórico em que havia uma crise hegemônica pela qual a racionalidade burguesa ainda não se afirmara de todo e a metafísica escolástica ainda não houvera perdido totalmente a sua hegemonia, embora a tivesse significativamente debilitada. Ou seja, ele estava, teórica e metodologicamente, em um rito de passagem entre a velha ordem que vinha sendo desconstruída pelas prática e ideologia burguesas e a nova ordem burguesa em processo de construção. O método por ele proposto pode aparentar uma conciliação entre o velho e o novo, mas, a rigor, por meio de uma prudente e sofisticada sutileza, ele se posiciona contra a velha ordem e a favor da nova. Contra o fundamentalismo religioso ainda então vigente e a favor do racionalismo científico de natureza burguesa.

A INVEJA – Capítulo V de O Homem Medíocre de Ingenieros

O Homem Medíocre (1913)

José Ingenieros (1877-1925)

Capítulo V – A INVEJA

I. a paixão nos medíocres. —II. psicologia dos invejosos. — III. os roedores da glória. — IV. uma cena dantesca: o seu castigo.

I — A paixão nos mediocres

A inveja é uma adoração que as sombras sentem pelos homens, que a mediocridade sente pelo mérito. É o rubor da face sonoramente esbofeteada pela gloria alheia. É a grilheta que os fracassados arrastam. É o áloc que os impotentes mastigam. É um humor veneno-no que se expele das feridas abertas pelo desengano da própria insignificância.

Por suas forças caudinas passam, cedo ou tarde, os que vivem como escravos da vaidade; desfilam, lívidos de angústia, trovos envergonhados da sua própria tristeza, sem suspeitarem que o seu ladrar envolve uma con sagração inequívoca do mérito alheio. A inextinguível hostilidade dos néscios sempre foi o pedestal de um mo numento.

É a mais ignóbil das torpes cicatrizes que afetam os carácteres vulgares. Aquele que inveja, rebaixa-se, sem o saber; confessa-se subalterno; esta paixão é o estig ma psicológico de uma humilhante inferioridade, senti da reconhecida.

Não basta ser inferior para invejar, pois todo ho mem o é de alguém, num sentido ou noutro; é necessá rio sofrer em conseqüência do bem alheio, da felicidade alheia, de qualquer enaltecimento alheio. Nesse sofrimento está o núcleo moral da inveja; morde o coração, como um ácido; carcome-o, como polilha; corrói, como a ferrugem, ao metal.

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