DESCARTES: A METAFÍSICA SOB O JUGO DA RAZÃO

Resumo: Vamos mostrar que Descartes é produto de um momento histórico em que havia uma crise hegemônica pela qual a racionalidade burguesa ainda não se afirmara de todo e a metafísica escolástica ainda não houvera perdido totalmente a sua hegemonia, embora a tivesse significativamente debilitada. Ou seja, ele estava, teórica e metodologicamente, em um rito de passagem entre a velha ordem que vinha sendo desconstruída pelas prática e ideologia burguesas e a nova ordem burguesa em processo de construção. O método por ele proposto pode aparentar uma conciliação entre o velho e o novo, mas, a rigor, por meio de uma prudente e sofisticada sutileza, ele se posiciona contra a velha ordem e a favor da nova. Contra o fundamentalismo religioso ainda então vigente e a favor do racionalismo científico de natureza burguesa.

Resenha do livro, Ética e finitude de Zeljko Loparic

A comunidade acadêmica de filosofia já dispõe da 2ª edição revisada e ampliada do livro Ética e finitude. O trabalho, assinado pelo Professor Zeljko Loparic, é contribuição relevante não só àqueles que buscam pensar a ética na contemporaneidade, mas aos que se ocupam em tratar de seus desdobramentos no pensamento de Heidegger.

DIOGO ANTÔNIO FEIJÓ (padre feijó – Regência)

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7. História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.  LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica) Artur Mota (Arthur Motta) (1879 – 1936) CAPÍTULO VI AS REGÊNCIAS (continuação) Pertencia ao conselho do imperador, era conselheiro de Estado, dignitário da ordem do Cruzeiro, comendador da … Ler mais

Indústria Cultural e Semiformação: a produção da subjetividade

A indústria cultural poderia ter sido um instrumento de formação cultural, assumindo fins pedagógicos, mas ela se tornou em sua história um instrumento de deformação da cultura e da consciência. Ela significou para a sociedade capitalista não somente uma indústria que cria produtos e entretenimentos padronizados, mas também um poderoso instrumento de coesão social, que incuti valores, preceitos, crenças, modos de ser, pensar, agir e valorizar, servindo de referencial para todos viverem de forma pacifica. Foi ela que ajudou a construir e universalizar os valores da sociedade do consumo. 

A MÃE DAS COBRAS – mito indígena brasileiro

lenda indígena

A MÃE DAS COBRAS A velha cidade goiana, engastada num declive aurífero e recortada pelo arroio Lavapés amanhecera gárrula e enfeitada dos melhores ornamentos domingueiros: pelas ruas bandos juvenis, moços e moças corriam apressados ao apelo do envelhecido sino; velhinhas iam murmurando já suas orações pelos caminhos, enquanto uma onda de escravos crescia na direção … Ler mais

Os princípios históricos de Minas Gerais – História do Brasil

Gottfried Heinrich Handelmann (1827 – 1891)

História do Brasil

Traduzido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (IHGB) Publicador pelo MEC, primeiro lançamento em 1931.

TOMO II

CAPÍTULO XI

A capitania geral de São Paulo (continuação)

A província vizinha ao norte, filha da de São Paulo, a (capitania geral) de Minas Gerais, à qual passamos agora, abrange, segundo os dados comuns, uma área de 15.000 léguas quadradas, e, por sua conformação, é um planalto de rica articulação montanhosa, que constitui para todo o continente brasileiro o próprio núcleo central de rocha. Mais ou menos no centro da região, e estendendo-se dali para oeste, na direção de Goiás, está o nó de todo o sistema de montanhas brasileiras, do qual decorrem para todos os lados as cadeias de montanhas e planaltos, bem como os grandes rios: para sudoeste o Paraná, para o norte o Tocantins, para nordeste, o São Francisco, e para leste os rios costeiros Jequitinhonha, Mucuri e Doce.

Firmino Rodrigues Silva e Álvaro Teixeira de Macedo – Literatura Brasileira

Silvio Romero – História da Literatura Brasileira (ebook por capítulos)

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TRANSIÇÃO

POETAS DE TRANSIÇÃO ENTRE CLÁSSICOS E ROMÂNTICOS (continuação)

Firmino Rodrigues Silva (1816-1879). — A literatura do Brasil é em grande parte, na máxima parte, uma colaboração de vadios, ou de infecundos.

Nas páginas de sua história há de figurar sempre e sempre um grande número de sujeitos que deixaram três ou quatro poesias, três ou quatro artigos de prosa, e nada mais.

Entre nós há tal poeta, cujo título de benemerência é uma só poesia. Odorico Mendes é o poeta do Hino à Tarde; Rodrigues Silva é o poeta da nênia Niterói. Como riscar este homem de nossa história literária, se sua produção maitresse é um dos mais saborosos frutos da poesia nacional?

Firmino Rodrigues Silva era fluminense, nasceu no ano de 1816. Estudou Direito em São Paulo, formando-se em 1837. Atirou-se à política, foi jornalista de algum mérito, ainda que inferior a Justiniano da Rocha. Era conservador e acabou senador do Império.

Barão de Paranapiacaba

Silvio Romero (Lagarto, 21 de abril de 1851 — 18 de junho de 1914) – História da Literatura Brasileira

Vol. III. Contribuições e estudos gerais para o exato conhecimento da literatura brasileira. Fonte: José Olympio / MEC.

TERCEIRA ÉPOCA OU PERÍODO DE TRANSFORMAÇÃO ROMÂNTICA — POESIA (1830-1870)

CAPITULO II – continuação

PRIMEIRA FASE DO ROMANTISMO: O EMANUELISMO DE GONÇALVES DE MAGALHÃES E SEU GRUPO

Veja a entrada para o Barão de Paranapiacaba na Antologia Nacional de Escritores

João Cardoso de Meneses e Sousa, Barão de Paranapiacaba (1827…)65 — É também um mito literário este, ao gosto e pelo jeito do Brasil.

A mitologia literária entre nós segue andar inverso a toda mitologia em geral.

Esta foi sempre uma representação do pensamento primitivo, idealização do passado obscuro e longínquo. Aqui a cousa é diversa; os heróis divinizados são sempre recentes e a canonização dura enquanto o indivíduo existe aí em carne e osso e pode prestar algum favor… Morto o homem, desaparecido o semideus, esvai-se a lenda e lá fica um lugar vazio no altar dos crentes fervorosos e… interessados.

Qual o brasileiro notável falecido a distância de mais de dez ou vinte anos, que seja o objeto de uma veneração especial da parte de nós outros, povo superficial e prodigiosamente ingrato?

Silvio Romero sobre Manuel de Araújo Porto-alegre

Silvio Romero (Lagarto, 21 de abril de 1851 — 18 de junho de 1914) – História da Literatura Brasileira

Vol. III. Contribuições e estudos gerais para o exato conhecimento da literatura brasileira. Fonte: José Olympio / MEC.

TERCEIRA ÉPOCA OU PERÍODO DE TRANSFORMAÇÃO ROMÂNTICA — POESIA (1830-1870)

CAPITULO II – continuação

PRIMEIRA FASE DO ROMANTISMO: O EMANUELISMO DE GONÇALVES DE MAGALHÃES E SEU GRUPO

Manuel de Araújo Porto Alegre (1806-1879). — Este escritor ainda não foi bem estudado. Coberto de exagerados elogios pela velha crítica do país, alçado ao sétimo céu por Fernandes Pinheiro e Wolf, não é diretamente conhecido pelo público. Sabe-se que foi autor de uma coleção de versos sob o título de Brasilianas e de um enorme poema em dous volumes sobre Colombo. Hoje a idéia geralmente aceita é a de ser esse homem a encarnação da poesia prosaica, empolada, campanuda. Entretanto, é preciso rever estes juízos e estudar o amorável rio-gran-dense com doçura e imparcialidade.

E um tal estudo não é fácil, como à primeira vista se pode supor.

Araújo Porto Alegre teve uma vida trabalhosa e exercida em mais de uma atividade. Foi pintor, arquiteto, poeta lírico, poeta épico, dramatista e crítico. Seus produtos de pintor e de arquiteto estão quase esquecidos.

Não são de uma grandeza que se imponha; o selo da mediania é neles irrecusável. Os principais dentre todos são: um Hércules na fogueira, um retrato de D. Pedro I, o quadro da fundação da Academia das Belas-Artes, a antiga decoração do teatro de S. Pedro de Alcântara, a galeria da Sagração de D. Pedro II, o plano da igreja de SanfAna e do Banco do Brasil. O desenho é bom; a pintura de pouca vida, e a arquitetura sem audácias e sem originalidade.

Os ensaios de Porto Alegre para o teatro são também de pequena monta. Não assim os produtos do lirista, do épico e do crítico.

Por eles é que o ilustre rio-grandense é um imortal para este país. É onde vai ser o centro de minhas apreciações. A biografia do autor do Colombo vem muito bem traçada em Fernando Wolf, sobre apontamentos fornecidos pelo próprio escritor. Darei uns ligeiríssimos toques.

Porto Alegre nasceu em Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, em 1806; estudou Humanidades na capital da província. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1826. Estudou Pintura com João Batista Debret; viajou a Europa de 1831 a 37. De volta ao Brasil residiu no Rio de Janeiro até 1859.23 Neste ano abraçou a carreira consular na Europa, onde morreu, em 1879, vinte anos depois.

23. Le Brésil Littéraire, págs. 169 e segs.
24. Brasilianas, Viena, 1863, Observação.

 

Para bem compreender a vida intelectual de Porto Alegre e assistir à sua evolução íntima, é mister recorrer às datas de suas obras.

A pintura foi seu ponto de partida; a escola das Belas-Artes serviu-lhe de aprendizado (1826-1828). Seus primeiros quadros são de 1829 e 30. Isto foi passageiro; de 1835 em diante a poesia, a crítica, a literatura em geral, são a sua principal preocupação.

Em 1836 redige com Magalhães e Torres Homem a pequena revista Niterói em Paris; aí aparecem um estudo sobre a Música no Brasil, um artigo de viagem sobre os Contornos de Nápoles, e o Canto Sobre as Ruínas de Cumas.

O Prólogo Dramático é de 1837; os primeiros artigos sobre a escola fluminense da pintura de 1841; Angélica e Firmino de 1843; deste ano são O Voador e diversos artigos de crítica artística publicados na Minerva Brasiliense.

A Destruição das Florestas é de 1845; o Corcovado de 1847, a Estátua Amazônica de 1848.

Estas datas não vêm a esmo; servem bem para marcar o lugar do escritor em nossa literatura e determinar os degraus de sua evolução intelecto-emocional.

Geralmente se repete que Porto Alegre foi um discípulo subserviente de Magalhães, por um lado, e por outro, o pai intelectual de Gonçalves Dias. Erro e erro nocivíssimo. O próprio poeta era o primeiro a colocar-se assim por aquele modo incorretamente. No prólogo de suas Brasilianas declara ser discípulo e continuador de Magalhães e dá a entender que influiu noutros poetas: "O nome Brasilianas, que dei a este livrinho, provém das primeiras tentativas que se estamparam há vinte anos na Minerva Brasiliense, e da intenção que tive; a qual me pareceu não ter sido baldada, porque foi logo compreendida por alguns engenhos mais fecundos e superiores, que trilharam a mesma vereda.

"Assim, pois, esta pequena coleção não tem hoje outro merecimento além do de mostrar que também desejei seguir e acompanhar o Sr. Magalhães na reforma da arte, feita por ele em 1836, com a publicação dos Suspiros Poéticos, e completada em 1856 com o seu poema da Confederação dos Tamoios."24

Não há contestar uma tal ou qual influência de Magalhães no espírito de Porto Alegre, quanto às tendências gerais da poesia.

Uma influência oriunda das relações da amizade e nada mais.

Porto Alegre era talento muito diverso e muito mais bem dotado. Tinha mais objetividade intelectual, mais imaginação, maior profusão de linguagem, mais colorido, mais vida em suma.

Em Porto Alegre predominava o talento descritivo, em Magalhães um filosofismo impertinente que lhe inspirava declamatórias tiradas.

De resto, os dois amavam-se muito e citam-se nos respectivos poemas. Pode-se dizer que o poeta rio-grandense pertencia ao cenáculo de Magalhães, mas "entrava em perfeito pé de igualdade.

JOÃO CARDOSO DE MENESES E SOUSA – Barão de Paranapiacaba

JOÃO CARDOSO DE MENESES E SOUSA, Barão de Paranapiacaba,
nasceu em Santos (Estado de São Paulo) no ano de 1827 e faleceu em
1915 no Rio de Janeiro. Era formado em ciências jurídicas e sociais pela
Faculdade de São Paulo. Para o magistério se volveram primeiro as
suas preferências e foi professor no Liceu de Taubaté. Passou depois
a trabalhar no Rio de Janeiro, em 1857, como advogado e funcionário
público, sendo durante longos anos procurador fiscal do Tesouro. Na
Câmara dos Deputados representou a província de Goiás, de 1873 a
1876.

De infatigável aplicação às letras dão prova os muitos primores do
seu opulento espólio. Desde que, em 1846, estampou um primeiro livro
de versos, a Harpa Gemedora, título que assaz denuncia o influxo ro-
mântico a que obedecia o poeta, até aos últimos dias da sua longa
existência, nos quais se ocupava de coligir e limar o que de melhor
havia produzido, publicando em 1910 as Poesias e Prosas Seletas, nunca
João Cardoso cessou de consagrar à Literatura uma devoção sincera, e
que nem por despremiada admitia desânimo.

Quando em si não achava a força das grandes concepções poéticas,
folgava de nos outros encontrá-las, e constituía-se tradutor. Assim tra-
duziu Lamarttne, tornando vernáculo o Jocelyn; e ao português tras-
ladou Byron e La Fontaine, na versão de cujas fábulas excedeu pela
fidelidade, aliada ao impecável da forma, todos quantos nesse tentame o
haviam precedido.

"A tradução é ao pé da letra (disse por ocasião da morte do velho
Paranàpiacaba o Jornal do Comércio), palavra por palavra e na mesma
ordem: mas por um milagre vemos os versos franceses transformarem-se
à nossa vista em deliciosos versos portugueses, doce, cantante, com a
frescura e simplicidade do meigo poeta gaulês."

Voltando-se depois para as literaturas antigas, traduziu em verso
uma comédia, A Marmita (Aululária), de Plauto; o Alceste, de Eurí-
pedes; a Antígone, de Sófocles; e as Nuvens, de Aristófanes. Posto
que não fosse propriamente um helenista, êle com admirável sagacidade,
pelo confronto de outras versões e do texto, sempre atinava com o sen-
tido real ou mais plausível. Sua excelente versão poética do Prometeu,
de Ésquilo, foi composta sobre a tradução literal, em prosa, que da
célebre tragédia fizera o imperador D. Pedro II.

Em outro ramo da sua atividade escreveu Paranàpiacaba um alentado
e apreciadíssimo volume: Teses sobre a Colonização do Brasil.

Fêz parte do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; e nos "Anais"
do nosso Parlamento figuram discursos seus, literariamente elaborados e
que, quando êle os proferia, mais se realçavam pela varonil presença,
voz sonora e corretíssima dição do orador.

A Serra de Paranapiacaba

Dorme; repousa em teu sono,
 Da força pujante emblema,

Visconde de TAUNAY – biografia e obra Inocência

ALFREDO D’ESCRAGNOLLE TAUNAY (Visconde de Taunay), nascido no Rio de Janeiro, em 1843 e falecido em 1899, foi um operoso polígrafo que brilhantemente se distinguiu no jornalismo, na tribuna parlamentar, na história, no romance e no teatro.

Carlos Gomes – Crônica de Olavo Bilac

Carlos Gomes – Olavo Bilac Inaugura-se hoje, em Campinas, a estátua de Carlos Gomes. Haverá, decerto, muitas flores, muita música, muitos discursos. De todos os pontos do Brasil, chegarão telegramas, em que palpitará o entusiasmo nacional. Os noticiaristas rebuscarão, para descrever a festa, os seus mais belos adjetivos; os poetas, com as tiorbas engrinaldadas de … Ler mais

Vôo Noturno – Antoine de Saint-Exupéry

Vôo Noturno – Antoine de Saint-Exupéry I Na tarde dourada, já as colinas, sob o avião, iam cavando o seu rasto de sombra. Os campos tomavam-se luminosos, duma luminosidade perene: naquelas regiões, os campos não cessam de espalhar o seu ouro, assim como no inverno não findam a sua apoteose de neve. E o piloto … Ler mais

Biografia de Júlio César do Império Romano. Plutarco – Vidas Paralelas

mapa roma itália

RESUMO DA BIOGRAFIA DE JÚLIO CÉSAR Inimizade entre Sila e César. II. César é aprisionado por corsários: altivez com que ele os trata durante seu cativeiro. Fá-los enforcar. III.César ocupa o segundo lugar entre os oradores do seu tempo. Teria podido ser o primeiro. IV. Favor de César perante o povo. V. Faz a oração … Ler mais