A cabeça decepada de Tiradentes em Vila Rica – Inconfidência Mineira

UMA CABEÇA HISTÓRICA Era pelos fins do século XVIII, em mil setecentos e oitenta e tantos. A capital de Minas, nesse tempo, com justa razão, tinha o nome de Vila Rica. Era opulenta e populosa como poucas cidades do Brasil. Os governadores e fidalgos rodavam em ricas carruagens tiradas por possantes mulas ao longo dessas … Ler mais

Os princípios históricos de Minas Gerais – História do Brasil

Gottfried Heinrich Handelmann (1827 – 1891)

História do Brasil

Traduzido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (IHGB) Publicador pelo MEC, primeiro lançamento em 1931.

TOMO II

CAPÍTULO XI

A capitania geral de São Paulo (continuação)

A província vizinha ao norte, filha da de São Paulo, a (capitania geral) de Minas Gerais, à qual passamos agora, abrange, segundo os dados comuns, uma área de 15.000 léguas quadradas, e, por sua conformação, é um planalto de rica articulação montanhosa, que constitui para todo o continente brasileiro o próprio núcleo central de rocha. Mais ou menos no centro da região, e estendendo-se dali para oeste, na direção de Goiás, está o nó de todo o sistema de montanhas brasileiras, do qual decorrem para todos os lados as cadeias de montanhas e planaltos, bem como os grandes rios: para sudoeste o Paraná, para o norte o Tocantins, para nordeste, o São Francisco, e para leste os rios costeiros Jequitinhonha, Mucuri e Doce.

Joaquim Norberto de Souza e Silva – por Sílvio Romero

Autor: Silvio Romero (Lagarto, 21 de abril de 1851 — 18 de junho de 1914) – História da Literatura Brasileira

Vol. III. Contribuições e estudos gerais para o exato conhecimento da literatura brasileira. Fonte: José Olympio / MEC.

Joaquim Norberto de Sousa Silva (1820-1891). — Filho do Rio de Janeiro, nasceu em 1820, no mesmo ano de Macedo, e três anos antes de Gonçalves Dias e Dutra e Melo. Não se graduou em academia alguma; fez alguns estudos de Humanidades em sua cidade natal e meteu-se ainda moço no funcionalismo público, empregando-se na Secretaria do Ministério do Império.

Bem cedo jogou-se ao cultivo das letras e às lutas da imprensa.

É um dos brasileiros que mais escreveram e em esferas mais variadas.

Sua obra é uma das mais opulentas, e, em compensação, das mais confusas das produzidas neste país.

Daí certa dificuldade em bem tomar os traços fisionômicos e característicos do escritor.

Dividir é uma condição para bem compreender; devo praticá-lo com Joaquim Norberto. Sua vasta obra, parte publicada em livros, parte esparsa em jornais e revistas, pode sofrer a seguinte divisão: novela, teatro, poesia, crítica literária e história.

33. As Fatalidades da Dous Jovens, vol. 2.°, págs. 36 e segs. Rio de Janeiro, edição de 1874.

Será preciso juntar a isto a estatística; porque o primeiro trabalho que tivemos no gênero é devido à pena deste autor. Quero falar do Censo Geral do Império, escrito e organizado por Norberto Silva, na sua qualidade de empregado público. É produção de valor, merecedora de atenção e aqui desde já citada, por ser apta a dar uma das notas, um dos tons da fisionomia espiritual do notável fluminense: a paciência de esmiuçar, pesquisar, inquirir e verificar os detalhes.

Não é aí, porém, que vou fazer o centro da minha análise.

Das cinco regiões em que se manifestou a vida espiritual de Norberto, na esfera puramente literária, a novela e o teatro não são aquelas em que ele mais se distinguiu. Os poucos ensaios praticados por este lado devem ser considerados tentativas em gêneros para os quais o autor tinha pouquíssima aptidão. São produtos fracos, de leitura maçante, e hoje completamente esquecidos.

No conto e novela pouco mais publicou além do volume intitulado Romances e Novelas, aparecido em 1852 em Niterói, e d’0 Martírio de Tiradentes ou Frei José do Desterro, impresso trinta anos mais tarde, em 1882, no Rio de Janeiro. No teatro seus principais produtos são a tragédia Clitemnestra e o drama Amador Bueno. São obras de pequena monta, passos errados de um homem que procurava seu caminho. Tanto a tragédia, como o drama, são de 1843; desse tempo da puerícia do autor são também as narrativas reunidas no citado volume de 1852.

É na poesia, na história política e na história literária que mais acentuada se nos mostrará a feição do autor. Ainda nestas três esferas podem-se fazer divisões e reduções, tendentes a mostrar qual a especialidade em que foi ele mais eminente. Suponho que os seus maiores títulos estão nos trabalhos de história literária.

Ver-se-á, adiante. Por agora, e quanto antes, o poeta.

Na poesia a obra de Joaquim Norberto é das mais avultadas no Brasil. Sem falar de Clitemnestra, que é em verso, ele tem nada menos de cinco volumes de poesias: Modulações Poéticas, Dirceu de Marília, O Livro dos Meus Amores, Cantos Épicos, Flores Entre Espinhos, e possui espalhada em jornais e periódicos matéria para mais três ou quatro. A tanto deve montar o grande número de balatas, de canções americanas e doutras composições poéticas espalhadas por Norberto un peu partout. Já não falo nos grandes poemas que dizia possuir intitulados O Brasil e Os Palmares. Destes existem apenas fragmentos publicados; difícil se torna saber se os ultimou. Já não talo também nas promessas feitas pelo poeta de diversas coleções líricas sob a denominação de Novas Modulações Poéticas, Cancioneiro das Bandeiras ou Cantos Tradicionais dos Antigos Paulistas, e outras assim. Estas provavelmente nunca existiram. O escritor fluminense por certo trabalhou muito, um pouco demais talvez, mas foi também muito pródigo em promessas, e algumas delas irrealizáveis.

Onde foi, por exemplo, que Joaquim Norberto coligiu os Cantos Tradicionais dos antigos bandeirantes? Onde os encontrou? O autor era fácil nestas pequenas fraudes, capazes de iludir espíritos pouco perspicazes. Obedecendo a este sestro, deu as pretendidas respostas de Marília às liras de Gonzaga.

A mesma inspiração levou-o à insinuação de serem suas americanas cantos tradicionais dos nheengaçaras ou bardos do Brasil... Onde encontrou Norberto os nheengaçaras e os seus cantos?

Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa

Autor: Silvio Romero (Lagarto, 21 de abril de 1851 — 18 de junho de 1914) – História da Literatura Brasileira

Vol. III. Contribuições e estudos gerais para o exato conhecimento da literatura brasileira. Fonte: José Olympio / MEC.

Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa (1812-1861). — Foi um mestiço, filho de uma pobre família de Cabo Frio, na província do Rio de Janeiro.

Tendo apenas o ensino das primeiras letras, foi forçado em 1822, por apertos pecuniários dos pais, a aprender o ofício de carpinteiro.

Neste mister, já em Cabo Frio, já no Rio de Janeiro, para onde passou-se em 1825, conservou-se até 1830. De volta então à sua cidade natal, foi nomeado mestre-escola, emprego que exerceu largos anos, sendo em 1855 despachado escrivão do comércio no Rio. Faleceu em 1 de dezembro de 1861.

Foi um homem ativíssimo e de muito bons desejos. É o nosso poeta artesão. Escreveu bastante, tentando gêneros diversos. Publicou duas ou três tragédias, um grande poema épico sobre a Independência do Brasil, uma espécie de poema lírico sobre uma tradição de sua terra, grande porção de cânticos líricos, e seis ou sete romances.

É uma bagagem literária assaz pesada e de um manejar dificultoso. É um grande inconveniente escrever muito, especialmente quando esse muito escrever não obedece a um plano e a uma idéia dirigente.

Torna-se a obra de um escritor desses um matagal daninho em que se perde improficuamente o leitor, e donde sai irritado o crítico, lastimando o precioso tempo perdido em atravessar matos e barrancos.

Causa dó a cegueira, a inópia de um escrevinhador, de um sporcatore di carta, gastador de tinta e papel…

O nosso Teixeira e Sousa não é precisamente um tão profuso e difuso produtor de livros. Mas teria andado bem em escrever menos. Nas letras as mais das vezes o silêncio é de ouro, e a sobriedade é sempre de brilhante.

As tragédias e o longo poema épico fazem mal à reputação literária de Teixeira e Sousa. Fora melhor que os não tivesse produzido. Quase o mesmo se pode dizer de seus fracos e enfadonhos cânticos líricos.

Postos estes produtos à margem, ainda restam o poema lírico e os romances do escritor para dar a medida e mostrar a índole de seu talento.31

Primeiro o poeta, e isto rapidamente.

31. Estes escritos de pouco valor sao as tragédias — Cornélia, O Cavaleiro Teutànico; as coleções de poesias sob o titulo de Cânticos Líricos; o poema épico denominado — A Independência do Brasil.

Quando digo que o poeta de Cabo Frio era bem intencionado, avanço uma verdade. Era patriota e nacionalista; forcejava por tomar parte nos esforços da geração de seu tempo no empenho de dotar o Brasil com uma literatura. Então não tínhamos ainda vergonha de ser brasileiros, sonhávamos ainda com a formação de uma pátria autônoma e progressiva. Como a mulher perdida que abre a sua porta ao primeiro viandante, o espírito nacional não havia ainda desesperado de si, não desejava ainda escancarar as nossas casas a quantos desconhecidos queiram tomar conta delas. Nacionalismo não era ainda sinônimo de atraso e emperramento; era apenas a salvaguarda das tradições, a consciência de um povo que se queria formar livre e forte, aproveitando as lições das nações cultas, sem perder sua índole, sua feição peculiar. O poeta ainda estava, pois, no bom terreno.

O romantismo brasileiro no seu primeiro momento foi uma prolação do espírito da velha Escola Mineira. Ao menos em parte foi assim.

Depois é que a imitação do romantismo francês, a macaqueação, o plagiato impensado do francesismo sufocou em nossa literatura o sentir nacional.

O poeta estava cheio de boas intenções; porém em literatura as boas intenções, que se não realizam, ou realizam-se mal e incompletamente, não têm valor, são como bilhetes brancos, papéis que nada valem.

É o caso de Teixeira e Sousa.

Por mais bondoso que eu queira ser nesta geral excursão pelos domínios da literatura pátria, não posso sofismar a minha impressão no estudo das obras deste escritor.

O poeta se me revelou acanhado, ermo de graças, de vida, de movimento, de seiva, de entusiasmo. Nem força e masculinidade, nem graciosidade e meiguice. Não tem quase nenhum dos sinais distintivos dos bons poetas, ou ainda dos poetas secundários, mas interessantes na sua inferioridade.

Poucas leituras conheço em qualquer literatura tão enfadonhas e tão nulamente compensadoras como a do poema Os Três Dias de Um Noivado.

O estilo é áspero, a métrica pesada e dura; o fundo um amálgama de trivialidade e de fantasmagoria de insuportável contextura. Nada mais fácil do que aduzir trechos para lançar aí diante dos olhos dos cépticos as provas absolutas do que afirmo…

É bastante indicar ao leitor toda a conversação no canto quatro do poema entre o protagonista Corimbaba e o velho Solitário que ele encontrou nas brenhas dè uma mata, e ainda mais particularmente as cenas do quinto canto, passadas entre o mesmo Corimbaba e os bruxos e entes sobrenaturais do Rochedo Encantado, onde o moço amante e recém-marido de Miriba vai inquirir do futuro. Oh! leitura displicente!… Peço dispensa de trazê-la para aqui. Prefiro mostrar o trecho que me pareceu mais agradável em todo o poema. São no 2.° canto os descantes entre os dous amantes em a noite do noivado. Corimbaba começa e Miriba lhe responde. É por esta forma:

Cronologia da História do Brasil

Material Didático de História do Brasil

Professor Pedro Bandecchi, 1970

1453 — Queda de Constantinopla; fim da Idade Média e começo da Idade Moderna.

1487 — Bartolomeu Dias dobra o Cabo das Tormentas que passa a chamar-se Cabo da Boa Esperança.

1492 — Cristóvão Colombo, a serviço da Coroa Espanhola, descobre a América.

1493 — O Papa Alexandre VI assina a Bula Inter Cetera, que fixava que: o domínio espanhol começava 100 léguas a oeste das Ilha dos Açores e Madeira, numa linha traçada longitudinalmente de Norte a Sul. Com a Bula Inter Cetera parte alguma do Brasil ficou pertencendo a Portugal.

1494 — Espanha e Portugal assinam o Tratado de Tordesilhas, mais tarde referendado pelo Vaticano, modificando a linha divisória da Bula Inter Cetera, a qual passaria a 370 léguas das ilhas referidas. Com isto um terço do atual território brasileiro ficou pertencendo a Portugal. 1498 — Vasco da Gama chega à Índia, contornando a África.

Formas de Governo, Sistemas de Governo, tipos de regime de governo

O Estado

Estado — vem do latim "status" e designa uma "comunidade jurídica", isto é, significa um conjunto de indivíduos, submetidos à mesma legislação e à mesma autoridade política. O Estado através dos tempos assumiu as mais variadas formas de governo até chegar ao moderno Estado democrático. Sua prin-

cipal obrigação é promover o Bem-Comum. Os Estados modernos gozam da prerrogativa da soberania, isto é, têm poderes autônomos e não estão sujeitos a nenhum outro governo estranho.

Os indivíduos que integram um Estado constituem o povo.

O Brasil é um estado soberano e os que nascem aqui constituem o povo brasileiro.

— Você não deve confundir Estado soberano e Estado-mem-bro. O Brasil, por causa de sua grande extensão territorial, é dividido em 22 Estados. Estes são Estados-membros da União Federal. Seus governos só são relativamente autônomos e subordinam-se nas suas bases estruturais ao Governo Federal.

A Nação

Resumo completo de História do Brasil até o fim da escravidão

Marechal deodoro da fonseca

Descobre-se uma nova terra

 

ERA
um
domingo festivo. Na praia do Restelo, em Portugal,
apinhava-se uma multidão variegada e entusiasta, que contemplava
com orgulho os mastros de uma numerosa esquadra, prestes a partir para as
índias, afim de levar o Evangelho aos povos do Oriente, combater os mouros c
negociar especiarias.

Celebrava-se uma
missa solene, na ermida
da
praia. Lá estavam, na tribuna de honra, o próprio rei, D. Manuel, o Venturoso,
o
almirante da esquadra a partir, Pedro Álvares Cabral e o bispo de Ceuta, D. Diogo de Ortiz. O bispo benze um
estandarte, que o rei entrega ao almirante.

Forma-se depois
um cortejo solene, em que se vêem padres e frades, cantando, carregando cruzes
e relíquias, oficiais da armada e o povo contente, barulhento, aplaudindo os
atrevidos marinheiros, que partiam a alargar os domínios de Portugal. Levam o
almirante e os seus homens até a praia, onde embarcam.

Mas só no dia
seguinte, 9 de março de 1500, parte aquela esquadra de dez caravelas e três
navios de transporte. Vai às índias, seguindo o caminho que Vasco da Gama já
devassara. Aventuram-se as naus pelo "mar de largo", isto é, oceano
afora. Desviam-se, porém, de seu roteiro. Para fugir às calmarias, prejudiciais à
navegação? Ou obedecendo a instruções secretas e propósitos determinados?
Discute-se ainda hoje o caso.

OS MAIS BELOS QUADROS DO MUNDO – MARAVILHAS DA ARTE

OS MAIS BELOS QUADROS DO MUNDO

Dádivas da Grécia

ONDE estão as antigas pinturas gregas de Zeuxis e as obras-primas de Polignoto? Onde está a obra de Apeles, pintor da corte de Alexandre, o Grande? Praticamente, nada se salvou das devastações do tempo. Mas peias recordações históricas sabemos que aquelas pinturas tinham a dignidade e a grandeza das outras artes da Grécia. Porque o grego antigo conhecia o ritmo, o equilíbrio, a simetria e o desenho. Um povo que podia construir um Partenão não haveria de fracassar nas outras artes. Felizmente, temos uma fase da pintura grega bem representada, na maior parte dos museus da arte mundial, isto é, o vaso.

A história dos Vasos Gregos é emocionante. Deveis lembrar-vos de que aqueles vasos de tão elevado preço, delicados como são, de forma e de côr, eram justamente a louça diária dos gregos. Somente um dos numerosos tipos se usava para derramar o óleo sagrado sobre os cemitérios. Todos os outros vasos usavam-se para as prosaicas funções cotidianas de lavagem, bebida, conserva de frutas e carreto d’água. Tão amantes eram, porém, os gregos da beleza, que davam delicada forma e côr até aos mais comuns de seus utensílios.

O SENTIMENTO NACIONAL – História do Brasil – Ary da Matta

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A Medicina popular condenada pela Inquisição

A Medicina popular condenada pela Inquisição Paper sobre o texto "Fray Martin de Porres: santo, ensalmador y sacamuelas" de Fernando Iwasaki Cauti Ida Duclós Originalmente apresentado para a FFLCH/USP Entre as vítimas da Inquisição – séculos XVI e XVII -encontramos várias pessoas que praticam a medicina ‘popular, não somente utilizando-se de rezas e benzeduras, como … Ler mais