JOSÉ MARIA LATINO COELHO

Marechal deodoro da fonseca

JOSÉ MARIA LATINO COELHO (Lisboa, 1825-1891), general do exército português e, com melhor direito, das letras lusitanas, fêz severoi estudos na Escola Politécnica de Lisboa e foi membro da Academia das Ciências dessa Capital. Na Escola onde estudou, ganhou por concurso imi.i cadeira de lente.

Apaixonado cultor de línguas vivas e mortas, possuía o mais copioso cabedal de idéias e, ao mesmo tempo, admirável faculdade de expressá-las com propriedade. Têm seus escritos sabor clássico, que aliás não peca por incôngruo purismo.

(252) discernir (do lat. discernere) — separar, distinguir, discriminar; avaliar, notar, medir.

Só a palavra, nas artes a que é matéria prima, fala ao mesmo tempo à fantasia e à razão, ao sentimento e às paixões. Só ela, Pigmalião prodigioso, esculpe estátuas que vão saindo vivas e animadas da pedra ou do madeiro, onde as delineia e arredonda o seu buril. Só a palavra, mais inventiva do que Zêuxis, sabe desenhar e colorir figuras e países, com que se ilude e engana a vista intelectual. Só a palavra, mais audaz que os Ictinos e os Calícrates, traça, dispõe, exorna e arremessa aos ares monumentos mais nobres e ideais que o Partenão de Atenas. Só a palavra, mais comovedora e persuasiva do que o pletro dos Orfeus, encadeia à sua lira mágica estas feras humanas ou desumanas, que se chamam homens, arrebatados e enfurecidos nas mais truculentas alucinações.

JOAQUIM MANUEL DE MACEDO

(44) Floresta é vocábulo de etimologia popular. Se bem que oriundo de foreste (por forensis, exterior, e este, de foras), a analogia semântica com flor ou Flora fêz que no português e no castelhano se lhe introduzisse o — l — desses vocábulos, produzindo assim floresta: diferente do que se deu no ital. foresta, no franc. forêt e no ingl. forest. Não são escassos em nossa língua os casos de etimologia falsa, como este. (45) Quase, com — e — melhor escrita do termo latino quasi (are. quage e café). A língua não possuí anoxí-tonos com — i — final. Os poucos que tiveram entrada no léxico podem mudar em — e — o — / — terminativo e dispensar o acento a que ficariam sujeitos; assim: quase, quepe, jure (e não quási, quépi, júri); e as próprias vozes latinas ou gregas em — is — já vão sendo averbadas com a desinência vernácula: bile por bílis, sepse, raque, pelve, pube, licne, cute etc. (46) Torrão é forma alterada de terrão, pedaço de terra; como tostão é dissi-milação do are. teston, ital. testone, de testa, cabeça. (47) Começar — do lat. *cum initiare (raiz) de initium); are. començar. Cfr. o ital. cominciare e o esp. comenzar.

JOÃO MANUEL PEREIRA DA SILVA

JOÃO MANUEL PEREIRA DA SILVA (Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro, 1818-1897) foi, incontestavelmente, um homem de trabalho e méritos cujos escritos históricos, objeto, aliás, de várias contestações razoáveis não devem ser postos de parte pelos estudiosos das coisas pátrias.

Abrangem esses livros todo o período que vai de 1808, com a chegada da dinastia real de Bragança a terras do Brasil, até 1840, com a procla-